A partir de qual ano a China começou a ter bons resultados em sua economia

Revista: CE Contribuciones a la Econom�a ISSN: 1696-8360



Autores e infomación del artículo

Ivana Aparecida Ferrer Silva

Henrique Clemente Coura

Willian Luan Rodrigues Pires

Alexandro Rodrigues Ribeiro

Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil


Resumo:

O objetivo deste trabalho é identificar os fatores que contribuíram para o rápido crescimento econômico chinês. Esta investigação é extremamente importante para o desenvolvimento econômico dos países emergentes, dentre os quais está o Brasil. A pesquisa é descritiva e viabilizada através de levantamento bibliográfico e de estudo multicaso com 50 empresários chineses. Através das inferências e leitura, identificou-se que a abertura do país ao investimento externo, tanto econômico, quanto científico e tecnológico, adotando uma medida protecionista ao mercado interno e cambial. Foram fatores essenciais, os investimentos em logística, políticas públicas de estado, capacitação pessoal, desoneração fiscal ao capital de investimento externo, foram alguns dos fatores identificados como fundamentais para o crescimento econômico chinês.

Palavras-chave: Crescimento Econômico, Crescimento Industrial, Milagre Econômico Chinês.

Abstract:

The objective of this study is to identify the factors that contributed to the rapid Chinese economic growth. This research is extremely important for the economic development of emerging countries, among which is Brazil. The research is descriptive and made possible through literature and multi case study of 50 Chinese entrepreneurs. Through reading and inferences, it was found that the country's openness to foreign investment, both economic, as science and technology, adopting a protectionist measure to the domestic and foreign exchange market. Were key factors, investments in logistics, state public policies, staff training, tax relief to foreign investment capital, were some of the factors identified as key to China's economic growth.

Keywords: Economic Growth; Industrial growth; Chinese Economic Miracle.

Classification - JEL: L16, O14

Para citar este art�culo puede uitlizar el siguiente formato:

Ivana Aparecida Ferrer Silva, Henrique Clemente Coura, Willian Luan Rodrigues Pires y Alexandro Rodrigues Ribeiro (2016): �Fatores de crescimento da ind�stria chinesa e an�lise do contexto atual do setor de exporta��es�, Revista Contribuciones a la Econom�a (enero-marzo 2016). En l�nea: http://eumed.net/ce/2016/1/exportaciones.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/CE-2016-1-exportaciones


1.0 INTRODUÇÃO

O potencial da China no contexto global é um assunto muito discutido atualmente, haja vista sua expansão econômica nas últimas três décadas. Segundo Marques (2008), crescimento econômico chinês está acima de qualquer outro país. Em termos numéricos, a China teve um crescimento anual médio de 9% ao ano desde 1979 aos dias de hoje ao passo que o restante do mundo progrediu 3% ao ano no mesmo período.
Em comparação o milagre brasileiro com o milagre chinês, temos uma clara diferença entre o fundamento econômico de ambos. No Brasil dos anos 1960/1970, faltou proteção financeira contra ataques especulativos, o que não ocorreu na China, que abriu seu mercado para investimentos em joint venture voltadas para exportação e manteve a política comunista. Temos que no final dos anos 80, Brasil e China participavam cada um com 1% da economia mundial, temos no contexto atual a participação do Brasil ainda com mesmos 1% e a China participando acima de da economia mundial representando 7%. Mesmo com o cenário da crise econômica iniciada com o mercado imobiliário americano, nos anos 2008/2009, o resultado do PIB chinês se manteve positivo, apesar de menor em relação aos anos anteriores, despertando atenção dos principais agentes econômicos do mundo em relação aos efeitos colaterais de médio e longo prazo no país. Segundo Marques (2008) a China é a segunda maior economia do planeta, ficando atrás apenas dos Estados Unidos que participam com 23% do PIB do planeta.
Observando este fenômeno e suas consequências, despertou-se o interesse acerca do tema e da observação de modo a esclarecer o porquê do destaque da China na economia mundial, porquê de vender tantos produtos para o mundo todo a preços mais competitivos.
Em um primeiro momento, antes da pesquisa, havia a hipótese do fator de  transformação da economia chinesa ser sua enorme força de trabalho. Levanta-se então o seguinte questionamento: Quais foram os fatores que promoveram o crescimento da economia chinesa?
Neste sentido, faz-se necessário explorar e ilustrar os fatores que a tornaram, rapidamente, de tamanha importância, no cenário econômico mundial. Portanto, o objetivo principal deste artigo é de identificar e descrever os fatores que possibilitaram o crescimento vertiginoso da economia chinesa, sendo fonte de análise a indústria, já sabido ser, o “carro chefe” do crescimento. Além disso, pretende-se expor e caracterizar o setor da indústria de exportação expondo as consequências dos fatores de crescimento econômico nessas indústrias.
Para atingir o proposto, a pesquisa teórica objetivará a exposição do contexto histórico do país a partir do período de transição do governo de Mao-Tse-Tung e Deng Xiaoping. Ilustrar as medidas tomadas pelos governos para transformação, investigar os fatores mais importantes que foram agentes transformadores e suas consequências, fazer a observação de empresas do setor da indústria voltado à exportação a partir do estudo multicaso.

REFERENCIAL TEÓRICO

A Abertura Econômica Ao Capital Externo

Mao Tsé-Tung proclamou a Fundação da Republica Popular da China em 1949 após um período marcado pelo domínio europeu, segunda guerra mundial e guerras civis. A política do país então foi de estreitamento econômico com o exterior. O governante lançou a campanha de “Grande Salto”, entre 1958 e 1960. Esta campanha teve propósito de transformar o sistema semicolonial em curso, bem como estímulo a industrialização do país, e então tornar a nação socialmente desenvolvida. No campo, o objetivo era a coletivização, esperando-se a elevação de área plantada e consequentemente, da produção. Porém, o interesse do Estado contrastou com os objetivos dos camponeses, uma vez que ao governo não interessava aumentar a parte do consumo que cabia às famílias. Tendo que pedir empréstimo ao partido nos anos de fome intensa. A outra vertente do Grande Salto visava a industrialização, sendo que tudo deveria ser feito em tempo recorde, e a expectativa de uma vida melhor na cidade provocou forte migração, com resultado catastrófico para o projeto. Não foi possível absorver tanta gente, e muitos morreram de fome, motivo pelo qual foi decretado o fim do Grande Salto, que ficou conhecido nos anos vindouro como Grande Salto Reverso.
Mao declarou a Revolução Cultural entre 1966 e 1969, que pregava a revisão partidária, cujo objetivo era manter o fervor revolucionário e a manutenção do Partido Comunista no poder. Esta revolução teve como destaque a participação de estudantes e trabalhadores, e dela se originaram a constituição chinesa. Este período é lembrado pela estagnação material e tecnológica. Durante este período, nas décadas de 1960 e 1970, os chineses viveram regressões e crescimento (recuperação), tendo seu recorde ocorrido em 1970. Apesar das iniciativas de Mao Tsé-Tung não terem dado certo, elas prepararam terreno para um novo tempo, o de Deng Xiaoping.
Contudo segundo Marques (2008), desde que o plano de Xiaoping fora instalado, as taxas de variações econômicas foram somente positivas, sem depressões econômicas, em 1984, teve o melhor desempenho do milagre chinês (15% positivo) e em 1980/90, a ocorrência dos resultados mais modestos. Sendo assim, podemos dizer que a China cresce a taxa média de 10% ao ano sob a condução de Deng Xiaoping. Apesar das reformas serem iniciadas em 1979, sua estrutura começou a ser formada antes do governo de Deng, que assumiu o comando da República Popular da China em 1979 e adotou a proposta das Quatro Modernizações (agrícola, industrial, cientifica e tecnológica) Este programa serviria para preparar a política de portas abertas para o capital estrangeiro.
De acordo com Marques (2008), Deng Xiaoping continuou os investimentos do governo de Mao Tsé-Tung no campo, entregando terrenos para produção, tornando-a diversificada, aumentando a produção e, como resultado diminuindo preços dos alimentos. Após esta reforma, o governo manteve sua propriedade sobre a terra. O governo estabeleceu condições favoráveis aos produtores, bem como restrições de plantio de forma a garantir a variedade de cultura, que fora triplicada ao fim da década de 80. No segundo setor, o industrial, foi criado as ZEEs (Zonas Econômicas Especiais) com início em duas províncias de Guangdong e Fujian. Logo, o projeto fora ampliado e o planejamento formulado para diferentes estágios de desenvolvimento com a criação em 1984 das Zonas Econômicas e em 1988 a criação de Parques de Ciência e Tecnologia.

A proposta das zonas de desenvolvimento é de atrair o Investimento Externo Direto (FDI) para promover tecnologia doméstica, aprender intercâmbio exterior, e principalmente, acelerar o crescimento econômico. ETDZs1  e STIPs 2 foram estabelecidas após a experiência de sucesso das Zonas Econômicas Especiais, que eram concentradas em Guangdong e Fujian, ambas as províncias do sudeste. O estabelecimento das ETDZs foi encabeçado pelo Ministério do Comércio em 1984 para atrair o Investimento Externo Direto, e estes gradualmente transformaram sua estrutura industrial do trabalho intenso para indústrias de alta tecnologia. Por outro lado, STIPs foram lançadas em 1988 e governadas pelo Ministério de Ciência e Tecnologia. Notoriamente, destinadas originalmente para fomentar indústrias de alta tecnologia e promover indústrias locais. Ao final do ano de 2008 eram 54 ETDZs e 54 STIPs localizadas em cidades de leste a oeste sendo que em 30 destas, abrigam ambos os modelos de zonas de desenvolvimento. (LIU e WU, 2009 p. 02)

O primeiro no período entre 1984 e 1991 chamado de exploratório, entre 1992 e 1998 o estágio de rápido desenvolvimento e no período de 1999 ao presente, o estágio do desenvolvimento estável.

Com a introdução da política de abertura das portas da China no fim dos anos de  1970, quatro SEZs (incluindo Shenzhen, Zhuhai, Shanto e Xiamen) foram criadas. Estas quatro zonas beneficiaram com politicas tais como concessão de isenções tarifárias sobre materiais importados, de modo a atrair o Investimento Externo Direto. Pela experiência de sucesso das SEZs e o otimismo expresso de Deng Xiaoping em  sua primeira visita à região sul em 1984, o governo chinês decidiu estender a política de abertura para mais cidades da China estabelecendo as ETDZs. O desenvolvimento das ETDZs pode ser dividido em três estágios Hu (2005). O primeiro deles (1984- 1991) foi o estágio exploratório, no qual grande resistência a ideologia capitalista era prevalente. Todas as 14 ETDZs foram estabelecidas em áreas costeiras; a maioria estabelecida em regiões rurais remotas a fim de estabelecer distância entre os cidadãos chineses e os investidores externos Wong e Tang (2005). O segundo estágio, (1992– 1996) foi um período de rápido crescimento, que foi estimulado pelo entusiasmo de Deng Xiaoping em sua segunda visita à região sul em 1992. Foi também o período  no qual o programa de ETDZs foi estendido à região central e leste da China. Notoriamente, as 18 novas ETDZs foram adicionadas neste período. O terceiro estágio ocorre de 1997 até o presente marcado por desenvolvimento estável. Outras 17  ETDZs foram aprovadas, também nas regiões central e leste. Houveram ainda cinco zonas de desenvolvimento nacionais nas quais os investidores tinham as mesmas políticas preferenciais que as ETDZs. Isso aumentou o número de ETDZs para 54. (LIU e WU, 2009 p. 04)

Para Tseng e Zebregs (2002), tal proposta teve objetivo de atrair empresas para instalação nesses locais. Para tanto, uma série de medidas foram tomadas. Realizaram investimentos em infraestrutura na construção de portos, rodovias e aeroportos, concedeu isenção fiscal e benefícios fiscais. Além desses benefícios, os investimentos podiam contar com uma grande oferta de mão-de-obra barata. Os investimentos eram praticamente nulos no inicio das reformas de abertura econômica, chegando a 40-45 bilhões de dólares na metade dos anos 90. Em relação ao PIB, os investimentos partiram em torno de zero a 5% do PIB nos períodos de reforma econômica. O país tornou-se nos anos 90, o segundo maior receptor de investimentos do mundo, responsável por 25% a 30% do total em relação aos países em desenvolvimento. Na distribuição aos setores, a maior concentração foi à indústria respondendo por 60%, seguido pelo setor imobiliário com 24%, 6% nos setores de logística e distribuição e o restante em construção, agricultura e outros. Os fatores de maior influência nos investimentos externos diretos estão divididos em três vertentes: estrutura econômica, liberalização e politicas preferenciais, e fatores culturais e legais.
Segundo Tseng e Zebregs (2002), estudos3  empíricos correlacionam o Produto Interno Bruto e o Investimento Externo Direto de modo que o enorme mercado consumidor foi fator determinante para os investidores Americanos e Europeus. Para investidores de Taiwan e Hong Kong o objetivo principal é de exportação. A mão-de-obra barata apresenta-se como fator atrativo de Investimento Externo Direto. Algumas análises informam que é fator importante na atração de empresas que objetivam a exportação. A China então ocupou rapidamente posição de grande fabricante de produtos que necessitam de mão-de-obra intensiva. Não era fator determinante a especialização da mão-de-obra o que fora sempre problema aos investidores externos. Entretanto, este cenário muda a medida que a China cada vez mais se especializa.
De acordo com Tseng e Zebregs (2002), estudos de Cheng e Kwan (2000) e Head Ries (1996) confirmam a maior amplitude de investimentos externos diretos em províncias que contemplam uma infraestrutura mais desenvolvida. A aplicação de recursos nas Zonas Econômicas Especiais permitiram avanço na infraestrutura local e atração de investimentos. Ambos apresentam estudos que verificam uma escala progressiva de investimentos, que  sugeres atração de investimentos por novos investidores. A desburocratização da entrada de capitais e políticas de incentivos a entrada de investimentos foi fundamental na obtenção de investimento externo direto.
No inicio das reformas, o governo vislumbrou a importância dos resultados dos Investimentos Externos na geração de capital, conhecimento, tecnologia e expertise na gestão de processos de produção e empresarial através do intercambio do conhecimento com o exterior. Fatores importantes para desenvolvimento de um modelo baseado na exportação. Politicas favoráveis aos investimentos incluíram concessão de taxas especiais aos investidores e privilégios às empresas instaladas nas Zonas Econômicas Abertas (Zonas Econômicas Especiais). As empresas instaladas nessas regiões tinham maior autonomia no transporte e internação e exportação dos produtos além de incentivos fiscais. O país concedeu incentivos de modo seleto às empresas estrangeiras que lá se instalassem. Estas, gozavam de redução no imposto sobre a renda e extinção dos impostos para a Importação de máquinas e equipamentos de tecnologia além de não restrições na remessa de capital ou repatriação de capital.
A China unificou a tributação para as empresas nacionais e estrangeiras no ano de 1994, neste período, iniciou-se a redução gradativa de políticas preferenciais.
Taxas Padrão para VAT (Imposto Sobre o Valor Agregado):
Empresas nacionais: 33 por cento.
Empresas Estrangeiras: 33 por cento, com contratos por períodos de funcionamento de 10 anos ou mais, são isentos de imposto de renda por 2 anos após o primeiro lucro realizado, e elegíveis para uma redução de 50 por cento em sua dívida fiscal nos próximos 3 anos. Empresas estrangeiras que exportam pelo menos 70 por cento de sua produção anual continuarão a beneficiar-se de uma redução de 50 por cento após esses cinco anos. Empresas Estrangeiras de tecnologia Avançada- receberão uma redução de 50 por cento por 3 anos após os primeiros cinco anos.

Zonas Econômicas Especiais
Empresas nacionais: 18 por cento
Empresas Estrangeiras: 18 por cento e mesma isenção, redução de 2 anos e 3 anos como sob o regime de imposto de renda padrão. Empresas Estrangeiras de tecnologia avançada pagam 10 por cento (em vez de 15 por cento), após 5 anos de isenção. Empresas Estrangeiras engajadas em projetos de infraestrutura em Hainan (aeroportos, portos, docas, ferrovias, rodovias, usinas de energia e de conservação de água) e com contratos para os períodos de funcionamento de 15 anos ou mais, têm direito a um período de isenção de 5 anos seguido de cinco anos no uma taxa reduzida (10 por cento em vez de L5 por cento) após o primeiro ano rentável.

Zonas de Desenvolvimento Econômico e Tecnológicos
Empresas nacionais: 18 por cento
Empresas Estrangeiras: 18 por cento "para todas as Empresas Estrangeiras relacionados com a produção, com a mesma isenção, de 2 anos e redução de 3 anos sobre o regime de imposto de renda padrão. Para Empresas Estrangeiras orientadas para a exportação e de tecnologia avançada, aplicam-se as mesmas reduções estendida como na ZEE.

Zonas de Desenvolvimento de Alta Tecnologia
Empresas domésticas: 18 por cento
Empresas Estrangeiras: 18 por cento e as mesmas isenções e reduções, sob o regime de imposto de renda padrão para empresas de alta ou nova tecnologia. (TSENG e ZEBREGS, 2002, p. 13)

Para Rodrik (2006), os investidores foram fundamentais para o desenvolvimento industrial na transferência de conhecimento e tecnologia. Nesse sentido, o governo promoveu medidas para que isso ocorresse, requereu as empresas que fizessem parcerias com empresas domesticas, usou seu mercado como atrativo e deu liberdade intelectual para que pudesse ser copiada as diversas tecnologias. O pesquisador Huchet (1997) afirma: “a estratégia de aquisição tecnológica da China, é clara: Ela permite as empresas estrangeiras acessar o mercado doméstico em troca da transferência de tecnologia por meio de produção conjunta ou joint ventures”.
De acordo com Marques (2008), as medidas surtiram efeito positivo e os investimentos estrangeiros deram um enorme salto de US$ 80 milhões em 1979 para US$ 12,10 bilhões em 1984 registrando o maior aumento do volume de investimentos da história recente da China. Desse modo, o país pode industrializar-se sem contrair dívidas e impôs condições às indústrias que lá ingressaram. Por obrigatoriedade, as empresas tinham que associar seu capital a alguma empresa nacional, estatal ou coletiva para que fossem absorvidas novas tecnologias, além disso, toda produção deveria ser para o mercado externo, praticando assim abertura e protecionismo.

2.2 Os Investimentos e as Mudanças no Cenário Social e Econômico

Em seus estudos, Démurger (2012), conceitua que a China se destaca por sua infraestrutura, no setor de transporte, alto investimento foi e continua sendo feito em estradas e ferrovias. As políticas de investimento em infraestrutura são prioridade do governo desde 1990 e atuou no centro do ”plano de cinco anos”. Após o longo período de baixos investimentos do país em infraestrutura segundo Démurger (2001), o governo lançou programas importantes, constantemente, para acelerar o crescimento da economia e reduzir desigualdades no país.
Em fevereiro de 1998, o governo lançou um programa gigantesco de investimentos de modo a acelerar crescimento e gerar efeito retardador à da crise asiática no período. Após este período dois programas de estímulo ao crescimento regional oeste e nordeste foram mais amplamente, o “vai oeste” e o “revivendo o nordeste”, lançados no início de 2000 até 2003. O primeiro visava o aumento do acesso rodoviário às 12 províncias do oeste que receberam investimentos acima de um trilhão de Yuan de acordo com Yao (2009). Recentemente, em 2008, como medida contra a crise financeira mundial, o governo lançou investimentos de quatro trilhões de Yuan em infraestrutura e funcionalismo social na zona rural e regiões interiorizadas.
A malha rodoviária do país, a segunda maior do mundo, é extensa e moderna com total de 85.000 quilômetros em contabilizados até 2011. A malha ferroviária é de 93.000 quilômetros em 2011 com segundo maior volume de carga e a de maior quantidade de passageiros do mundo. O país tem cinco dos 10 portos mais movimentados do mundo, sendo Xangai o mais movimentado. No que diz respeito ao volume de embarque de containers, houve um imenso crescimento, resultado da politica de modernização, segundo o Banco Mundial, em 2000 quando há dados inicialmente contabilizados, os embarques eram de 41 milhões de TEU’s (volume equivalente a containers de 20 pés) para 155 milhões de TEU’s no ano de 2013. Quanto ao setor de telecomunicações, a China lidera na quantidade de linhas telefônicas com 1,27 bilhões de usuários ao final de 2011. No que diz respeito ao acesso à internet, em 2002 eram 4,6 usuários a cada 100 pessoas, em 2011, este número era de 38,3 pessoas. A produção de energia em 2010 alcançou 900 milhões de quilowatts, a segunda maior do mundo, sendo o país com maior capacidade produtiva em hidrelétricas.
Dada a extensão do país, o acesso à infraestrutura é desigual, muito progresso, entretanto, foi realizado reduzindo diferenças nas áreas litoral e setentrional, urbano e rural. Porém, ainda há disparidades, as 10 províncias costeiras, detém entre 36% das autoestradas e 61% das estradas de alta qualidade estão nessa região.
Os investimentos em estrutura são reconhecidamente importantes e fundamentais para redução de pobreza e crescimento econômico. O Fórum Mundial Econômico de 2010 observa esses investimentos como base para crescimento:

Infraestrutura eficiente extensa é crítica para promover efetivo funcionamento da economia, de modo que é um fator importante, determinante na localização da atividade econômica, dos tipos de atividades ou setores que podem se desenvolver em uma economia particular. (Fórum Mundial Econômico, 2010)

Segundo Démurger (2012) sistemas de transporte e telecomunicação eficientes reduzem distâncias e custos além de facilitar os negócios, aumentar fluxo informacional e aglomeração industrial, fatores de estimulo à atividade econômica. Além disso, com a redução de custos, aumento de produtividade e oportunidades, reduz significativamente a pobreza e aumenta a competitividade do país.

Mais de 80% da população era analfabeta em 1949. Não havia escolas na maior parte do território, a taxa de matrícula nas escolas primárias era baixíssima e o abandono escolar era elevado. O Censo realizado no ano 2000 constatou haver na população 6,7% de analfabetos, 34% com o ensino fundamental, 11% com o nível médio e 3,6% universitário. Na China, a educação obrigatória compreende nove anos de estudo. Em 2001, o índice de crianças em idade escolar atingiu 99,1%. Segundo o Ministério da Educação, em 2002 matricularam-se 121 milhões de estudantes em escolas primárias,
94 milhões nas secundárias, 9 milhões na graduação e 500 mil na pós-graduação. (MENDES, 2005, p. 40)

Percebendo a demanda por educação após o período de grande guerra, fome após o grande salto, iniciou-se uma maior atenção à formação da população. Após as politicas de modernização de Deng Xiaoping a formação foi mais valorizada objetivando a construção do grande país que fora outrora planejado. O resultado foi de queda brusca no número de analfabetos e grande aumento no ensino superior. A formação científica também foi imensamente valorizada, principalmente nas ZEEs onde havia transferência de tecnologia pelos investidores.

Em 1949, a China contava com apenas 40 instituições de pesquisa científica e menos de 50 mil cientistas, dos quais apenas 500 estavam relacionados com as instituições de pesquisa. Nos 25 anos posteriores, foram fundadas 840 instituições de pesquisa científica, abrangendo 400 mil cientistas e técnicos.
A China possuía no ano 2000 mais de 24 milhões de cientistas, técnicos e pessoal administrativo e de apoio envolvido em ciência e tecnologia, dos quais 2,77 milhões eram cientistas e engenheiros. Esse pessoal trabalhava em 5.856 instalações científicas estatais, 2.550 instituições científicas filiadas a universidades e 14.400 instituições científicas filiadas a empresas. (MENDES, 2005, p. 40.)

O gráfico acima mostra a oscilação do crescimento do PIB chinês ao longo da série histórica, inicialmente marcado por severa estabilidade do contexto da grande fome, revolução cultural etc. E então, após este período, o nosso objeto de estudo após as primeiras reformas de abertura econômica promovidas em 1978, gestão focada no progresso econômico que estabilizaram o crescimento econômico do país em taxas positivas, por vezes acima dos 10% ao ano e estáveis.

Em 1978, a China tinha um Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de US$ 45 bilhões. Deve superar, em 2005, US$ 1,6 trilhão, o que levará a renda per capita a superar o patamar dos mil dólares, um salto inacreditável em relação ao de 1978, quando era inferior a US$ 50. (MENDES, 2005 p. 13)
A informação acima apresenta dados com previsão para 2005, segundo o banco mundial, o Produto Interno Bruto em 2013 foi de 9,2 trilhões de dólares, um imenso salto em menos de uma década.
Através do gráfico verifica-se o crescimento exponencial do PIB chinês em um curto espaço de tempo, resultado das diversas reformas que viabilizaram os investimentos externos e estatais e finalmente no cenário econômico atual positivo.

A Importância da Indústria de Exportação

O vultoso crescimento rendeu mais números impressionantes. Um deles é o das exportações que foi resultado do acordo do país com as empresas multinacionais que atenderam a exigência de modelo exportador.

O desempenho do comércio exterior chinês é o resultado mais visível do desempenho da sua economia, do desenvolvimento da indústria e da infraestrutura de logística nos últimos 20 anos. (MENDES, 2005, p. 35)

Tamanho crescimento é mais facilmente identificado com a visualização gráfica, pela qual podemos observar um crescimento uniforme interrompido apenas pela crise imobiliária de 2008 retomando então nos anos posteriores.
Percebe-se uma inclinação maior da linha gráfica a partir do inicio do milênio resultado da consolidação das políticas implantadas pelo governo, descritas anteriormente, a partir de então o crescimento do volume de exportações é extremamente elevado.
Segundo Berger e Martin, (2011), já na década de 2000, as exportações chinesas cresceram rapidamente, muito além do crescimento do PIB. Embora o câmbio favorável ao comércio de exportação, a economia estável, a mão-de-obra farta e barata favorecerem os investimentos, não respondem por si só como se os únicos fatores de aceleração das exportações. O crescimento das exportações é o resultado de política industrial favorável. Nos anos de 2000 a 2007, as exportações chinesas mais que quadruplicaram e passaram de 20% a 35% do PIB.
Diversos países tiveram sucesso com modelo econômico voltado à exportação, entretanto o enorme sucesso em um país com dimensões como a China pode gerar enormes resultados. Em 2000, as exportações chinesas eram um terço dos Estados Unidos em metade do Japão e Alemanha, em 2009, a China se tornou o maior exportador do mundo e em 2010 se tornou a segunda maior economia do planeta deixando Japão em terceiro colocado. O crescimento das exportações era concentrado alguns setores, estes eram: máquinas, que somavam 45%, tecidos por 15% e móveis por 11%. Os setores de tecidos vestuário e móveis cresceram 220% de 2001 a 2007 no volume de exportações, primeiramente dado entrada na OMC, encarou tarifas e quotas a estes setores, entretanto, a China, dispondo de mão-de-obra farta e barata deu ao país vantagem competitiva atendendo a grande demanda do mercado.
Muitos acordos firmados na MFA e ATC tiveram as normas abrandadas durante esse período e consequentemente, impulsionaram as exportações. Bramia et al (2009) afirma que a China foi o maior prejudicado por medidas protetivas ao setor. Na indústria siderúrgica, a China em 2000, já respondia pela maior produção de aço do mundo 25% acima do Japão e EUA. Em 2009, este número era muito maior, sendo 6,5 vezes a produção japonesa e 10 vezes a produção americana. Embora ambos países vislumbrarem queda na produção no período, a China aumentou em 630% a produção. O governo subsidiou e reduziu o custo da energia para o setor siderúrgico. Conforme o Relatório Americano de Consumo Energético da Indústria, as siderúrgicas são as maiores consumidoras de energia. Além disso, o acesso ao crédito de baixo custo pelas indústrias pesadas em sua maioria estatais às favoreceu. Estas empresas se reformularam, aumentaram sua eficiência e diminuíram o seus custos. As reformas iniciaram-se na metade dos anos 90 estas empresas começaram então a vislumbrar e reter lucro.
No início dos anos 2000 o setor teve o maior avanço percentual passando a lucrar 2 bilhões de dólares em 2000 a 21 bilhões em 2007 com índice anual de crescimento de 25%. O setor de máquinas cresceu 520% no volume de exportações de 2001 a 2007. Contabilizou 45% das exportações da China no período. Observa-se que o maior volume de crescimento está concentrado em produtos de alta tecnologia. Entre estes, estão listados os celulares, LEDs, circuitos eletrônicos integrados e notebooks. O sucesso na exportação desses produtos é explicado, pois estes têm características que favorecem a sua produção na China. São produtos de pouca tradução da indústria mundial e de constante atualização. Houve então, a oportunidade a um país que tivesse características para investimentos no setor. No cenário, as empresas americanas não estavam bem posicionadas para investimentos, a situação financeira era desfavorável. Por outro lado, empresas chinesas e de outros países do continente, estava em boa situação financeira, já em recuperação da crise asiática, os investidores históricos Taiwan e Coréia que já dominava a tecnologia, estavam com os custos de mão-de-obra elevada, além de  o mercado interno chinês ser atrativo, fatores estes que canalizaram a entrada de investimentos deste setor na China.
Segundo dados do Banco Mundial, no total, o aumento das exportações foi de 15.440% entre 1979 e 2013. Em valores atuais, os números são de US$ 15,80 bilhões para US$ 2,43 trilhões. De acordo com Marques (2008), os principais parceiros comerciais no período de 1997 a 2007 temos os EUA e União Europeia que totalizam 48% das exportações. Em 2007, o consumo de ambos totalizou cerca de US$ 600 bilhões, com a UE participando em US$ 299,20 bilhões e EUA com US$ 289,40 bilhões. O terceiro maior parceiro consumidor da China é o Japão, com volume de US$ 124,80 bilhões.

3.0 Procedimentos Metodológicos

Para nortear os instrumentos de pesquisa deste artigo, fora delimitado a pesquisa bibliográfica documental com dados secundários e analise qualitativa e quantitativa. Deste modo, propõe a compreensão do histórico e panorama econômico chinês. No estudo multicaso, fora utilizado o procedimento de coleta de dados primários através de questionário, reunindo informações qualitativas e quantitativas. São então, elementos de coleta de informações para o estudo. Gil (1999), afirma que os seres humanos dotados de capacidade e sentidos procuram compreender o mundo valendo-se de sistemas.
No sentido de obter dados bibliográficos, a coleta de informações fora feita por meio de diversas fontes, levantando dados por meio de livros, artigos e revistas. Para Gil (2002), “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos” os autores Jardilino, Rossi e Santos (2000), afirmam ainda que a pesquisa bibliográfica descritiva “observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”. Propõe-se, portanto, a exposição de dados complementares à construção do conhecimento sobre o crescimento continuo e amplo da economia chinesa.
A análise documental é feita na exploração e construção de gráficos por meio de dados quantitativos, necessários para podermos visualizar composições distintas bem como alteração do objeto de estudo dado determinado tempo. Segundo Gil, (2002) a pesquisa documental é “fonte rica e estável de dados” afirma ainda que estes dados não foram analisados, desta forma, permite-se ao pesquisador a análise profunda da fonte.
Na pesquisa empírica, a investigação que se baseia em observações sobre o mundo, Epstein e King, (2002) o universo considerado foi o das empresas exportadoras do país. A coleta de dados foi obtida com o envio de formulários no mês de outubro de 2014 e teve objetivo de análise, empresas que mantém relações com empresas brasileiras. A prospecção fora feita no site www.alibaba.com que cataloga diversas empresas exportadoras e importadoras, sendo sua matriz na China.
Para se chegar à amostra por conveniência, foram encaminhados 300 e-mails a essas empresas sem direcionamento de setor de atuação, região e porte, seguindo os critérios acima. Como resultado, foram recebidos 50 formulários respondidos que são aquelas que compõem a amostra em estudo. O instrumento de pesquisa em modelo questionário foi elaborado baseando-se no objeto de pesquisa, a fim de comprovar ou refutar informações obtidas em ambas as pesquisas. Foram levantadas nesse sentido, quatorze questões abertas e fechadas que objetivam compreender o alavancar da economia chinesa.

4.0 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Estudo Multicaso com Empresas da Indústria Voltadas à Exportação

Identificou-se através do aprofundamento da pesquisa, a indústria como principal agente de transformação da economia chinesa, em especial, a que tem o objetivo de exportação. Sendo estas as precursoras nas políticas de abertura promovidas por Deng Xiaoping, além disso, o setor responde por cerca de um terço da composição total do Produto Interno Bruto do país. A proximidade do pesquisador com as empresas do setor, fora também fator determinante para a opção desta delimitação da pesquisa. Nas três oportunidades em que esteve no país, participou de encontro em feiras com empresas do setor.
A pesquisa de campo teve objetivo de investigar a opinião dos mesmos em diferentes aspectos sobre o setor. Foi realizada com cinquenta gestores de indústrias chinesas de forma aleatória, de diversos produtos, que fabricam com foco na exportação e de porte variado. As empresas são de diversas regiões obtendo desta forma, uma visão ampla do setor considerando assim um perfil de contexto nacional e não regional. O universo de pesquisa é amplo, no entanto, não se pretende atingir exceções à política fiscal, porte financeiro e sim o padrão do setor.
A expectativa do estudo multicaso, fora de identificar qual a observação dos gestores na constituição da empresa de modo qualitativo e quantitativo, obter informações estatísticas quanto a carga tributária, forças e fraquezas que as empresas visualizam. Desta forma, podemos estabelecer correlação com a gestão de empresas no Brasil.
Foram realizados diversos questionamentos, entre eles: Processo burocrático de abertura de uma empresa; Dificuldade em ter local de instalação; Facilidade para acesso a empréstimo; Se conta com investimento de capital externo; Aspectos tributários; Contratação de mão-de- obra; Custo de matéria prima; Características da Logística; Nível de crescimento/recessão da empresa; Facilidades e dificuldades na exportação.

Na amostra de pesquisa temos os seguintes dados sociais:
No resultado da entrevista, não houve grande diferença entre homens e mulheres, percebemos então certa paridade de direitos entre homens e mulheres nas funções de liderança.
As informações revelam uma força de trabalho jovem, sendo a idade média dos entrevistados, de 28 anos, resultado de uma recente melhoria no nível de formação da sociedade conforme fora relatado na pesquisa bibliográfica.
Verifica-se que a maioria dos entrevistados está alocada no setor de vendas por ser, na maioria dos casos, o contato primário com a organização, deste modo, há coerência ao ser direcionada o contato a estes profissionais. No entanto, há grande conhecimento a cerca da organização e do setor por estes profissionais. Os demais entrevistados estão ligados diretamente à gestão da empresa.
Resultados com relação à burocracia na abertura de empresas foram interrogados se julgam fácil ou difícil abrir uma empresa, bem como o tempo necessário para que o faça:
A maioria dos entrevistados julga ser rápido o processo de abertura de uma empresa, sendo este um questionamento que deixa lacuna para complementação, muitos dos entrevistados colocaram sua posição de modo mais especifico. Muitos dos que afirmaram demorar pouco tempo para a abertura da empresa, informaram que este processo demora de uma semana a um mês, dependendo do tipo de empresa. Demais informantes, que informaram demorar, não se manifestaram com relação ao tempo, exceto por um deles que afirmou demorar alguns meses o processo.
Com relação à infraestrutura as questões foram direcionadas para condições de implantação e instalação da empresa que são diferenciais na competitividade das empresas. Foi questionada a facilidade para obter espaço físico para instalação da empresa, custos com água, luz e telefonia e custo e qualidade do frete. Temos seguintes resultados:

Visualizamos que 78% afirmaram não ser difícil o acesso a um local para conseguir se instalar. Este é um fator importante para a vantagem competitiva da empresa, principalmente para empreendimentos novos.

Um importante fator de crescimento econômico da China ilustrado nessa pesquisa é a construção e estruturação de um sistema logístico eficiente, de modo que refletiu na pesquisa empírica.  Dos cinquenta entrevistados, apenas um afirmou achar o transporte caro. Sendo direcionada a pergunta e deixando uma lacuna para apresentações de opiniões, os entrevistados falaram em sua maioria que o sistema de transporte melhorou muito, que é muito fácil e barato transportar no país. A pesquisa com os entrevistados respalda a pesquisa bibliográfica Démurger (2012) apresenta os importantes investimentos que o país realizou em seu processo de crescimento econômico para viabilizar a produção.

A grande maioria dos entrevistados, 74%, considera o custo de serviços essenciais como água luz e telefonia baixa, sendo estes de grande importância no processo produtivo e operacional, de modo que interfere diretamente no custo operacional das empresas. No período de vivência no país este pesquisador pode vivenciar a disparidade de custos de telefonia entre a China e o Brasil, para se comunicarem os chineses não têm restrições de custo, são acessíveis a todos.

Quando questionados sobre a participação de capital estrangeiro na constituição da empresa, 7 dos 50 entrevistados afirmaram que sim. Percebemos então, a presença das políticas iniciadas em 1978 por Deng Xiaoping para a atração de investimento externo na promoção do setor industrial e que foram ao longo do tempo trabalhadas, confirmando a pesquisa bibliográfica.
Por outro lado, observa-se com a entrevista, que a atividade industrial outrora fomentada pelo capital estrangeiro e nacional não é mais predominante, pode-se inferir que os chineses “aprenderam” e desenvolveram o conhecimento da atividade industrial.
Foram questionados se julgam ter muitos impostos diferentes, não houve, contudo, uma concordância, ocorreram respostas diversas sendo a maioria no sentido de desconhecer. Pode-  se destacar, no entanto, que há taxas distintas para cada tipo e porte de empresa, tanto da esfera local quanto nacional.
Do mesmo modo, quando questionados quanto a um percentual médio gasto no recolhimento de impostos, não houve uma concordância, alguns falaram em taxas locais em torno de 3% e outros em torno de 6%, no entanto, foram todos unânimes na taxa VAT de 17%. Na pesquisa bibliográfica, Tseng e Zebregs (2002), destacam a unificação da carga tributária nacional em torno da VAT, variável de acordo com o tipo de empresa, nacional, estrangeira, join venture, e da localização, se está em Zona de Desenvolvimento Econômico ou não.

Todas as empresas pesquisadas informaram ter benefício fiscal na exportação de seus produtos. Segundo a pesquisa bibliográfica bem como pontuado por alguns entrevistados, ocorre retorno de parte do valor pago pelo VAT (Taxa de Valor Agregado) incidente sobre as vendas, que geralmente é de 17% do total do produto. O percentual retornado é variável de acordo com o tipo de produto.
Na questão da contratação de Mão-de-Obra, 18 num total de 50 afirmaram ser difícil contratar, citam fatores diversos a contratação. A maioria acredita ser fácil contratar operários para trabalhar, muitos expressaram a opinião com relação a sua empresa e em seguida deixaram claro que depende muito da região em que se pretende contratar bem como da função que propõe ao funcionário. Muitos dos que afirmaram ser fácil a contratação, embasaram-se no fato de o país ser populoso, dentre os que afirmaram que é difícil contratar, levantaram a questão do aumento recente da renda ser um entrave à contratação.

Bem como fora perguntado com relação à contratação de funcionários regulares e operários, pretendeu-se levantar com os entrevistados, a facilidade de contratar profissionais, funcionários com conhecimento específico e qualificado da função que desempenha. Identificou-se a dificuldade de contratar essa mão-de-obra, segundo os entrevistados, 32 dos 50, afirmaram ter dificuldade de contratar, principalmente dado o custo da contratação.

Para compreender a vantagem competitiva que a China tem na fabricação de seus produtos, buscou-se saber com os entrevistados, a opinião com relação ao preço pago pela matéria prima necessária na industrialização. O resultado nos mostra mais uma vez que são variados os fatores de crescimento econômico, inclusive a formação de uma indústria de base sólida e capaz de atender a demanda do país.  Na pesquisa bibliográfica, verificamos a importância do setor siderúrgico da China, o mais produtivo do mundo, que permite, portanto, oferecer a sua cadeia produtiva, preço competitivo, entretanto, outro setor é parte importante no custo e facilitação deste processo, o de logística, que também, como já verificamos na pesquisa é dinâmico e moderno de modo que permite oferecer aos chineses menores custos. O próximo item de pesquisa foi justamente se acreditam ter custo e serviço bons na logística do país.
Quando perguntados sobre a taxa média de crescimento anual da empresa, muitos se abstiveram da resposta. O motivo provável para o fato é de ser uma informação que tende a ter seu conhecimento restrito para gestores, não haver tal controle ou até mesmo abster de informar em pesquisa. Entretanto, foram obtidos alguns percentuais em taxa anual interessantes, entre 40% e 80% números extremamente altos de crescimento.
No questionamento sobre a opinião do entrevistado sobre as dificuldades que a empresa enfrenta, foram diversas as respostas, permeou em maioria, o acesso e fidelização da clientela pela empresa de modo a expor a qualidade do produto, e atender, a demanda distinta para cada país. Demais citaram a competição maliciosa, aumento de tecnologia, levantar fundos, rotatividade de funcionários e gestão. Percebemos então a preocupação das indústrias pesquisadas em fidelizar os clientes.
Um último questionamento feito aos entrevistados fora se há na empresa política de preocupação com o meio ambiente e de sustentabilidade. Não é objetivo desta pesquisa o estudo acerca da temática ambiental, porém, muito se discute sobre políticas em favor do meio ambiente e durante a pesquisa bibliográfica o assunto é constantemente tratado informando a agressividade da indústria do país ao meio ambiente. O resultado da pergunta foi de grande abstenção em resposta por parte dos entrevistados, cerca de dez deles afirmaram que a empresa se dedica a produzir materiais que são de fácil descarte ou que não agride o meio ambiente no seu uso. Verifica-se que não é política da maioria das empresas a preocupação com o meio ambiente, seja durante o processo produtivo ou nas funções da organização.

5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa foi extremamente enriquecedora, podemos compreender o destaque da China no cenário econômico atual. A Foi utilizado de grande planejamento na consolidação do estágio que encontramos hoje. O desejo de Deng Xiaoping era quadruplicar de 1978 até 2030 o Produto Interno Bruto do país, de modo a trazer benefícios a população do país. Acidentalmente, as reformas evoluíram o crescimento do PIB em torno de 62 vezes.
No inicio da pesquisa, acreditava-se na hipótese da mão-de-obra ser o grande fator de desenvolvimento econômico do país, no entanto, observou-se que este foi um fator importante mas não o fundamental. O governo soube sabiamente trabalhar com a grande massa de trabalhadores que o país dispunha e dispõe. Grandes transformações de caráter estrutural, financeiro e político foram necessárias para o crescimento econômico.
A China adotou medidas de atração de investimento interessantes, como desoneração na importação de processo produtivo nos primeiros estágios do desenvolvimento das zonas de desenvolvimento industrial que a médio e longo prazo beneficiaram enormemente a população nacional. Além disso, teve condições de fazer investimentos importantes na logística e educação primária, fundamental e superior. De modo tão quão importante, possibilitou a formação de cientistas e pesquisadores que condicionaram o estabelecimento do desenvolvimento de tecnologia. Todos estes processos foram imensuráveis para a vantagem competitiva da indústria chinesa que permitiram a ela se estruturar, modernizar e crescer.
As politicas de crescimento agregaram conhecimento tecnológico, de gestão e do processo produtivo industrial de modo que os chineses “aprenderam” a industrializar. Percebemos com isso, que há uma enorme diferença no contexto histórico do país com o Brasil, que sofre com desindustrialização e importação de produtos estrangeiros, com sua   enorme carência de investimentos externos e principalmente de formação profissional que capacite o desenvolvimento industrial.
O país soube tornar possível o enorme crescimento econômico que hoje permite à população colher frutos de um país que caminha para status de desenvolvido.

6.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMITI, Mary e FREUND, Caroline - The Anatomy of China’s Export Growth. Chicago: National Bureau of Economic Research, 2007.

BANCO MUNDIAL CHINA (2014). Disponível em http://data.worldbank.org/country/china Acesso em: 13/07/2014.

DÉMURGER, Sylvie. Infrastructure in China. Lyon: University of Lyon, 2012.

EPSTEIN, Lee; KING, Gary. The rules of inference. The University of Chicago Law Review. Chicago, v. 69, n. 01. p. 01-133, 2002.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ed. São Paulo: Atlas, 2002.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.

JARDILINO, José Rubens, ROSSI, Gisele, SANTOS, Gérson Tenório. Orientações Metodológicas para Elaboração de Trabalhos Acadêmicos. São Paulo: Gion, 2000.

LIU, Bih Jane e WU, Yu-Yin. Development Zones in China: Are STIPs a Substitute for or  a Complement to ETDZs? Taipei: National Taiwan University, 2009.

MARQUES, Eliana. O Milagre Econômico da China - Paralelo Entre o Crescimento Brasileiro e o Chinês – São Paulo: Saint Poul, 2008.

MARTIN, Brett Berger Robert F. - The Growth of Chinese Exports: An Examination of the Detailed Trade Data.  Nova York: US Federal Reserve, 2011.

MENDES, Sandra. Negócios com a China. Rio de Janeiro: ICOOI, 2005.

RODRIK, Dani - What’s so Special About China’s Exports? Cambridge: National Bureau of Economic Research, 2006.

TSENG, Wanda e ZEBREGS Harm. Foreign Direct Investment in China: Some Lessons for Other Countries. Delhi: International Monetary Found, 2002.

WONG, Edy L. Recent Developments in China’s Special Economic Zones: Problems and Prognosis. Wiley Online Library, v. 25, p. 73-86, 1987.

1 Zonas Econômicas Especiais

2 Zonas de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico

3 CHENG KWAN (2000), LIU ET AL (1997), ZEBREGS (2001) E ZHANG (1999)

Recibido: 17/01/2016 Aceptado: 09/03/2016 Publicado: Marzo de 2016


Nota Importante a Leer:

Los comentarios al artículo son responsabilidad exclusiva del remitente.

Si necesita algún tipo de información referente al articulo póngase en contacto con el email suministrado por el autor del articulo al principio del mismo.

Un comentario no es mas que un simple medio para comunicar su opinion a futuros lectores.

El autor del articulo no esta obligado a responder o leer comentarios referentes al articulo.

Al escribir un comentario, debe tener en cuenta que recibirá notificaciones cada vez que alguien escriba un nuevo comentario en este articulo.

Eumed.net se reserva el derecho de eliminar aquellos comentarios que tengan lenguaje inadecuado o agresivo.

Si usted considera que algún comentario de esta página es inadecuado o agresivo, por favor,pulse aqui.

Quando a China começou a crescer economicamente?

A Abertura Econômica da China (República Popular da China) se deu a partir de 1976 quando Mao Tse-Tung morreu e Deng Xiaoping conquistou o poder político. Reforma e abertura (改革开放) foi lançada oficialmente no final de 1978 durante o período "Boluan Fanzheng".

Como a China começou a melhorar economicamente?

O grande motor da economia chinesa encontra-se diretamente ligado aos fatos políticos que marcaram o país na década de 1970, quando Deng Xiao Ping assumiu o poder e promoveu uma ampla abertura de mercado no país, com a instalação de empresas estrangeiras, que viram no mercado chinês uma grande oportunidade de negócios.

Como a China se tornou uma grande potência econômica?

Seu potencial militar tem contribuído para o incremento de sua influência internacional, pois o país detém um enorme exército (evidente no país mais populoso do mundo), além de possuir um numeroso e diversificado arsenal bélico, como bombas atômicas e mísseis.

Como a China se tornou uma das economias mais importantes do século 21?

A indústria chinesa vem demonstrando uma grande capacidade produtiva e o país se tornou centro de atração de investimentos externos diretos, com muitas fábricas sendo transferidas para lá. Muitos fatores colaboraram para que isso ocorresse e a intervenção do governo na economia foi fundamental nesse sentido.