A pombagira surgiu no início do século 20, simbolizando uma mulher liberada da submissão imposta ao sexo feminino por uma sociedade machista.
Por Daniela Fescina Atualizado em 15 abr 2021, 21h01 - Publicado em 23 out 2013, 17h54Publicidade
É uma entidade do candomblé e da umbanda, representada por uma mulher sensual, independente e dominadora, incorporada por um ou uma médium. Ela faz trabalhos espirituais que vão desde conselhos sobre problemas cotidianos até promessas de recuperar um amor.
A pombagira surgiu no início do século 20, simbolizando uma mulher liberada da submissão e do recato impostos ao sexo feminino por uma sociedade machista e patriarcal. Para o médium Rubens Saraceni, a entidade é especialista em amor e relacionamentos por ser o orixá do Trono do Desejo e estímulo.
Outros sacerdotes porém, veem-na como mensageira dos orixás (personificações divinas das forças da natureza), tendo sido, em outras vidas, uma mulher sofrida que retorna para evoluir ajudando os outros. Quando é incorporada, assume personalidades e nomes como Maria Padilha, Sete Encruzilhadas, Rosa Caveira etc.
Show da Poderosa
Conheça características da pombagira e do ritual para invocá-la
Com cerimônia
A gira é um ritual da umbanda para realização de trabalhos espirituais por meio de médiuns incorporando entidades. Na abertura são entoados cantos, saudações e defumação do ambiente. Os médiuns ficam de um lado do terreiro enquanto assistentes e visitantes ficam de outro. Além da pombagira, outros exus (mensageiros dos orixás) são incorporados.
Passe Livre
Os visitantes vão ao terreiro para receber passes ou consultas. O passe é o contato com médiuns, incorporados ou não, para eliminação de energias ruins. Na consulta, assistentes contam os problemas do visitante para a entidade, recebendo de volta conselhos e rituais para resolvê-los, como acender velas ou tomar banho com ervas.
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Com que roupa ela vai?
O médium usa saias, vestidos, lenços, turbantes e rosas, com preferência por detalhes em vermelho e preto no vestuário. Também pode vestir cores fortes como amarelo, roxo, verde e dourado. Médiuns do sexo masculino também são incapazes de incorporar a pombagira.
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Caras e bocas
A pombagira é risonha e dá gargalhadas estridentes para afastar o mal e amedrontar os espíritos obsessores, que buscam vingança. Gosta de beber, fumar e de se vestir bem e está sempre com a mão na cintura, por vezes segurando a barra da saia ou jogando-a por cima da perna.
Trabalho caprichado
Os ingredientes da oferenda variam de acordo com a pombagira consultada e com o objetivo: amoroso, profissional ou de cura. O mais comum é fazer o padê (farofa de dendê), com bifes e cebolas. Também podem rolar frutas, bombons, velas, cigarros, rosas,e ,em alguns casos, até sacrifício animal, dependendo da preferência da pombagira.
Consultoria: Leandro Penha Martins, sacerdote da umbanda e do candomblé, e Sergio Perine, sacerdote da umbanda.
Maria Padilha, o espírito da amante do rei de Castela que se manifesta nos terreiros de umbanda e candomblé de todo o Brasil e uma das mais populares pombas giras, é ligada à orixá Nanã Buruquê.
Maria Padilha não é apenas uma pomba gira, ela é uma das mais conhecidas falanges da pombas giras, consideradas espíritos de mulheres muito bonitas, brancas, sedutoras, e que em vida teriam sido prostitutas grã-finas ou influentes cortesãs.
Porém, a mais famosa de todas é a a amante de Pedro I (1334-1369), rei de Castela. Maria Padilha é conhecida como uma mulher aventureira e feiticeira, que trabalha para o bem e para o mal, ajudando muitas pessoas.
Maria Padilha trabalha no plano espiritual como exu mulher, sendo uma entidade de esquerda da umbanda e do candomblé, de grande força e muita procura pelos consulentes.
Maria Padilha gosta das cores vermelho e preto, de champanhe, cigarros ou cigarrilhas e, se possível, rosas vermelhas.
Sua incorporação é rápida e, quando chega, dá a sua gargalhada e dança. A gargalhada é para afastar as energias ruins e avisar que ela chegou e vai levar tudo que estiver de ruim no ambiente.
Para Maria Padilha, podemos entregar:
- Padê (mistura de champanhe, dendê e farinha de rosca branca)
- Champanhe
- Cigarros
- Brincos
- Pulseiras
- Colares
- Velas
- Alguidar
Para saudar Maria Padilha, basta dizer “Salve Maria Padilha”, ou ainda “Maria Padilha é Mojuba”, podemos até usar o “Laroyê Maria Padilha”, já que ela é exu mulher.
Maria Padilha é guardiã e ilumina caminhos, basta ter fé nela. Fazendo seus pedidos, Maria Padilha fará seus feitiços e você terá o que precisa.
Não é à toa que Maria Padilha é uma das mais conhecidas falanges de pombas giras. Não é só sensualidade e sedução, ela alcança objetivos para aqueles que à ela recorrem, sem se importarem com comentários e julgamentos alheios.