O general explica a entrada do Brasil na guerra. Segundo ele, o país já estava sendo atacado pelo mar, com cerca de 300 pessoas mortas em naufrágio. A situação gerou clamor popular pela adesão ao conflito. Além disso, o país, em uma conferência em Havana, havia aderido a um acordo de proteção mútua entre os países americanos. Desta forma, o Brasil acabou entrando na guerra.
Ele lembra de uma frase que se tornou célebre, a de que" era mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra". Quando a FEB, finalmente, entrou na guerra, o símbolo foi mudado e tornou-se, exatamente, uma cobra fumando.
Correia fala sobre a atuação da Força Expedicionária, sobretudo na Itália. E conta curiosidades como a de que os Estados Unidos – que forneciam a comida aos combatentes - questionavam o gasto com alimentação dos brasileiros. Achavam que eles comiam demais. “Na verdade é que os brasileiros ajudavam a população italiana faminta na zona de combate, que não tinha o que comer. O alemão tomava as galinhas, o gado, a criação e tudo o que tinha para comer. Então, o italiano que estava na região não tinha o que comer. E o brasileiro ajudava muito”, comenta. Ele também explicou o motivo de nossas tropas nunca pegarem uma doença que acometeu vários combatentes americanos: o pé de atleta ou pé de trincheira.
Essas e outras curiosidades você confere neste domingo, às 19h30, no Brasil em Pauta.
Edição: Maria Claudia
Segunda Guerra Mundial Brasil em Pauta general de brigada do Exército Brasileiro João Denison Maia Correia
A entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial ocorreu em 1917, após navios brasileiros terem sido torpedeados por submarinos do Império Alemão.
O Brasil teve uma participação modesta na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), já que não possuía grandes recursos bélicos. Assim sendo, o país limitou-se a fornecer apoio pontual, em colaboração nos combates aéreos e marítimos, bem como no auxílio aos feridos nos campos de batalha. Para compreendermos os motivos que levaram o Brasil a entrar na “Grande Guerra”, é necessário que saibamos um pouco do contexto diplomático da época.
Mudança do eixo diplomático brasileiro
Durante toda a fase imperial e até mesmo antes de 1822, quando o Brasil fazia parte do Reino Unido de Portugal e Algarves, o Brasil esteve diplomaticamente atrelado à Inglaterra, de modo que seu trânsito político-econômico ocorria mais na relação transatlântica do que com o continente americano. O advento da República, em 1889, mudou esse quadro, pois o Brasil deslocou seu eixo diplomático de Londres para Washington, aderindo, assim, à perspectiva da Doutrina Monroe, defendida pelos Estados Unidos.
26 de outubro: declaração de guerra
Em 3 de abril de 1917, um navio mercante dos Estados Unidos foi torpedeado por submarinos alemães e, no mesmo dia, um navio brasileiro também o foi no Canal da Mancha. Isso provocou o rompimento das relações diplomáticas dos dois países com o Império Alemão. Pouco tempo depois, os Estados Unidos entraram na guerra contra a aliança entre austríacos e alemães. Depois de outros navios brasileiros serem torpedeados novamente, na costa do Mar Mediterrâneo, o então presidente Venceslau Brás assinou – após aprovação no Congresso – a declaração de guerra contra a Tríplice Aliança no dia 26 de outubro de 1917.
Com a formalização da declaração de guerra, a primeira medida que o Governo brasileiro tomou foi na direção de conter um eventual levante dos imigrantes e descendentes de imigrantes alemães no terreno nacional. Em 16 de novembro, foi votada uma lei no Congresso que proibia, segundo o historiador Olivier Compagnon:
[…] aos alemães estabelecidos no país qualquer comércio e qualquer relação financeira com o exterior, põe termo aos contratos públicos que envolvam fornecedores alemães e proíbe aos alemães a obtenção de concessões de terra. Os bancos e as companhias de seguro alemães são submetidos a uma fiscalização excepcional. [1]
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As medidas propriamente bélicas foram tomadas meses depois.
Participações pontuais na guerra
O Brasil enviou à guerra uma divisão de sete navios de combate. Entre eles, estavam os cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul e os contratorpedeiros Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Santa Catarina. Essa divisão, segundo o historiador Luís de Alencar Araripe, a 7 de maio de 1918:
[…] zarpou para Gibraltar, onde se reuniria à esquadra britânica, para participar da guerra antissubmarina. A Divisão de Operações de Guerra, composta de dois cruzadores e cinco contratorpedeiros, um navio auxiliar e um rebocador, sob o comando do contra-almirante Pedro Max Fernando de Frontin. A Divisão só chegou a Gibraltar em novembro de 1918, retida que foi na costa africana pela terrível pandemia que foi a gripe espanhola. [2]
Além dessa divisão marítima, outra contribuição pontual do Brasil à guerra ocorreu no combate no ar, em auxílio à aviação de guerra britânica e aos feridos em combate. Como destaca, novamente, o historiador Alencar Araripe:
Aviadores brasileiros combateram ao lado dos pilotos britânicos e franceses. Oficiais do Exército serviram na Frente Ocidental, em unidades do Exército Francês. Um deles, o tenente José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, como general, foi o grande reformador da Escola Militar de Realengo, criador da mística do cadete de Caxias. Oitenta e seis médicos, incluindo dezessete professores de Medicina, quase todos civis, comissionados oficias, integraram a Missão Médica que partiu do Brasil a 18 de agosto de 1918 e até o fim da guerra trabalhou no hospital Franco-Brasileiro, mantido pelos brasileiros residentes em Paris. [3]
Os brasileiros permaneceram na Europa até os primeiros meses de 1919. Em 25 de junho desse mesmo ano, a Divisão Naval de Operações de Guerra foi dissolvida.
NOTAS
[1] COMPAGNON, Olivier. O adeus à Europa: a América Latina e a Grande Guerra. Trad. Carlos Nougué. Rio de Janeiro: Rocco, 2014. p. 146.
[2] ARARIPE, Luís de Alencar. “Primeira Guerra Mundial”. In: MAGNOLI, Demétrio. História das Guerras. São Paulo: Contexto, 2013. p. 342-343.