Como o clima interfere na vida da pessoa e na atividade econômica?

Das enchentes e perda de safras agrícolas a problemas de saúde física e mental, as implicações de um mundo mais quente perpassam diferentes aspectos da vida em sociedade

Aumento do nível do mar; aquecimento global; aquecimento dos oceanos; ondas sob o céu nublado GEORGE DESIPRIS/ PEXELS

A vida humana depende dos recursos naturais: desde a alimentação até a extração de minérios para a produção de computadores e smartphones, que precisam de fontes de energia para permanecerem conectados. Com o desequilíbrio de mecanismos aparentemente simples para o dia a dia, como o ciclo de chuvas para a agropecuária, todos os setores da sociedade terão que se adaptar.

Em casos extremos, populações inteiras serão forçadas a migrar em busca de lugares com maior disponibilidade de água e de terras produtivas. Com o aumento do nível do mar, a erosão de cidades costeiras forçará populações litorâneas a se moverem para outros lugares. Nações insulares correm risco de desaparecer por completo, caso o aquecimento global continue no mesmo ritmo.

Os efeitos do aquecimento global também são percebidos na agricultura por causa de períodos mais longos de estiagem, com algumas regiões recebendo menor volume de chuva do que o previsto, e outros eventos extremos mais frequentes, como chuvas e frios mais intensos, por exemplo. Além disso, há consequências diretas para a saúde humana.

Gases de efeito estufa podem levar à incidência de doenças respiratórias. A poluição do ar é responsável por 7 milhões de mortes por ano, de acordo com sociedades médicas e a Organização Mundial da Saúde. Gases oriundos da combustão envolvendo veículos automotores, processos industriais, usinas térmicas que utilizam combustíveis fósseis pesam nessa conta.

O aumento da temperatura do planeta resulta em mortes causadas por ondas de calor extremas, como a que atingiu a França, em 2019, e matou cerca de 1.500 pessoas, sendo que metade delas tinha mais de 75 anos. As temperaturas chegaram a 46ºC, um recorde no país. Dados mostraram o aumento de 9,1% de óbitos no verão em comparação com a média nacional.

De acordo com um estudo publicado no periódico Proceedings of the Nacional Academy of Sciences (PNAS), temperaturas mais altas também têm relação com o aumento de 2% em questões de saúde mental, como estresse, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático.

A depender da cidade em que se vive, o aumento da temperatura vai interferir inclusive nos empregos. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), as mudanças climáticas vão resultar em perda de empregos por causa de eventos extremos, danos à infraestrutura pública e privada, impactos nas condições de trabalho e segurança ocupacional (com interferência em condições de saúde e produtividade no trabalho), e migração forçada devido à diminuição de renda.

Em um planeta mais quente, atividades realizadas ao ar livre, como a construção civil e a agropecuária, vão ter que se adaptar às transformações do clima. Além disso, aqueles que ficam dentro de escritórios vão depender de ar-condicionado para manter o ambiente confortável. Da mesma forma, tempestades e enchentes afetam a infraestrutura urbana, provocam o caos nos transportes e não raro ceifam vidas humanas. Já estiagens severas comprometem o abastecimento de água nas cidades e inviabilizam negócios.

Como se vê, as implicações práticas das mudanças climáticas são vastas e numerosas e perpassam diferentes aspectos da vida em sociedade. Ao mesmo tempo, a vida humana depende do equilíbrio dos ecossistemas planetários sua biodiversidade, que também sofrem os impactos das mudanças climáticas. Os impactos nocivos e crescentes sobre geleiras, oceanos, natureza, economias e condições de vida humana afetam as gerações presentes e futuras. Daí a urgência de agirmos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e combater a crise do clima.

Existe uma ampla relação entre clima e agricultura no espaço rural. Isso acontece porque as práticas agrícolas são extremamente dependentes das variações atmosféricas, o que quer dizer que alguns fatores, como a quantidade de chuvas, a temperatura e outros elementos, interferem na produção das lavouras.

Sendo assim, algumas espécies de vegetais são mais propícias de serem cultivadas em regiões que apresentam os tipos climáticos mais adequados para a sua manutenção. Apesar disso, a sociedade vem desenvolvendo técnicas para diminuir esses efeitos, como a criação de espécies híbridas e a construção de espaços artificiais que permitam o plantio de vegetais em localidades atípicas.

No entanto, essas técnicas – a maioria delas muito avançada – costumam apresentar um custo maior e nem sempre a mesma qualidade que as originais, no caso dos alimentos. Por esse motivo, antes de iniciar a lavoura, é preciso saber se o que vai ser cultivado consegue se manter no tipo climático em questão, além de outros fatores serem avaliados, como o solo, a disponibilidade de água, etc.

No período da colonização, por exemplo, a coroa portuguesa escolheu inicialmente o cultivo da cana-de-açúcar para as terras brasileiras, pois o clima da região Nordeste era o mais propício, favorecendo a produção de açúcar em larga escala. Já o café, que se adapta melhor a locais nem muito quentes e nem muito frios o ano todo, foi muito cultivado na região Sudeste do país, encontrando o seu auge na economia brasileira ao longo do século XIX.

Já a soja, por sua vez, encontrou no ambiente do Centro-Oeste brasileiro um local perfeito para a sua instalação, adaptando-se com facilidade ao clima quente e seco do Brasil Central, com uma estação quente e chuvosa e outra mais amena e com baixas umidades do ar. No entanto, essa espécie também se adapta ao clima mais frio da região Sul, sendo, por isso (e também por fatores econômicos diversos), um dos produtos mais cultivados no espaço rural do Brasil.

Portanto, podemos perceber que a influência do clima na agricultura é um tema importante, de forma que conhecer as particularidades de cada espécie e também as condições geográficas do ambiente é algo necessário para o bom desempenho do setor agrário na economia. Assim, é evidente que períodos de seca extrema ou de severas anomalias climáticas podem prejudicar a produção e todas as atividades socioeconômicas dela dependentes.


Algumas plantações podem sofrer com a seca ou com anomalias climáticas diversas


Por Me. Rodolfo Alves Pena

Como que o clima interfere na vida das pessoas?

De acordo com um estudo publicado no periódico Proceedings of the Nacional Academy of Sciences (PNAS), temperaturas mais altas também têm relação com o aumento de 2% em questões de saúde mental, como estresse, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático.

Como o clima influencia as atividades humanas?

Assim, por exemplo, a combinação de ventos fortes com baixas temperaturas pode trazer sérios danos à vegetação em desenvolvimento. Por sua vez, temperaturas muito elevadas associadas à baixa pluviosidade (pouca chuva) podem afetar o florescimento e o crescimento de frutos jovens.

Qual a importância da relação entre o clima e a atividade econômica?

O clima exerce uma influência muito significativa sobre as atividades econômicas. À medida que ele muda, muitos setores podem ser impactados positiva ou negativamente. Portanto, as empresas e os profissionais precisam estar atentos a essa mudança.

Como as mudanças climáticas afetam a economia?

Caso não sejam controladas, as mudanças climáticas poderão levar a perdas econômicas de cerca de US$ 17 trilhões na América do Sul entre 2021 e 2070, além de causar a perda de 18 milhões de empregos e de 12% do Produto Interno Bruto (PIB) da região, o equivalente a US$ 2 trilhões.

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