Como o comércio se desenvolveu durante o período do renascimento comercial?

O renascimento comercial e urbano ocorreu graças a mudanças significativas que ocorreram na Europa durante a Baixa Idade Média. O renascimento comercial e urbano se deve a avanços que permitiram maior produção agrícola, a ampliação da circulação de mercadorias e a retomada da utilização da moeda.

Como já vimos, a partir do século XI verificamos a ocorrência, na Europa, de dois fenômenos bastante característicos: uma crescente marginalização social de elementos do estamento senhorial e do estamento servil e o ressurgimento de condições favoráveis ao desenvolvimento do comércio.

Já pudemos relatar que os excedentes de mão de obra militar, egressos do estamento senhorial, destinaram-se, fundamentalmente, à realização das Cruzadas e, secundariamente, ao banditismo e outras atividades marginais. No que diz respeito aos excedentes do estamento servil, verificamos que, além do banditismo e da mendicância, eles tenderam a se envolver em práticas comerciais, já que as condições eram favoráveis para tanto, desde que possuíssem alguma condição para iniciar a prática do novo negócio.

É fácil entender que o Renascimento do Comércio propiciou, simultaneamente, um Renascimento Urbano, que por sua feita estimulou ainda mais o desenvolvimento do comércio.

Inicialmente, começamos a verificar a proliferação dos comerciantes itinerantes que aos poucos foram se fixando ao redor de um castelo (burgo) ou palácio episcopal, ou ainda no cruzamento das estradas e dos rios, dando desta forma origem a núcleos comerciais que evoluiriam para a condição de cidades. Além dessas novas cidades, verificamos que as existentes desde os tempos do Império Romano voltaram a ser reativadas, tornando a possuir vida própria. Vale a pena destacar também que algumas cidades, principalmente na Itália, nunca, durante toda a Alta Idade Média, deixaram de ter uma vida mercantil mais ou menos próspera.

No século XIV, as maiores cidades do Ocidente eram Paris, Milão, Veneza, Florença e Nápoles, cada uma com uma população em torno de cem mil habitantes; em seguida tínhamos Londres, Gand, Bruges, Ypres, Lübeck, Colônia, Praga, Ruão, Toulouse, Barcelona, Gênova, Bolonha, Roma e Palermo, que contavam com populações oscilando entre trinta e cinquenta mil habitantes. Na Espanha muçulmana, havia a cidade de Córdoba que, já no século XI, possuía uma população de novecentos mil habitantes.

As cidades medievais tiveram um crescimento bastante desordenado e sem nenhuma infraestrutura. As ruas eram estreitas e sinuosas, não havia sistema de esgoto, as edificações eram quase todas de madeira. Em face a essas condições, as epidemias e os incêndios eram frequentes e chegavam a devastar cidades inteiras.

Em termos populacionais, as cidades eram constituídas, fundamentalmente, por elementos dedicados ao comércio e ao artesanato, sendo que, via de regra, eles se diferenciavam em dois grupos: o dos comerciantes e artesãos que se dedicavam à produção para o mercado externo e o dos que se dedicavam à produção para o consumo local. O primeiro desses grupos tendia a ser mais forte e rico, embora menos numeroso; tendia, também, a controlar política e administrativamente a cidade. De um modo geral, eles eram chamados de Burgueses, sendo que os primeiros deram origem à "grande burguesia" e os demais, à "pequena burguesia". Eram frequentes os choques entre os dois grupos acerca do controle da cidade.

Secundariamente, viviam nas cidades elementos do clero e da nobreza, especialmente da pequena nobreza. Só em algumas regiões da Itália, da França meridional e da Espanha era comum os membros da alta nobreza viverem no perímetro urbano.

Praticamente todas as cidades medievais, em suas origens, estavam agregadas a algum feudo e, portanto, na dependência de um Senhor Feudal que exercia sobre ela o mesmo tipo de dominação feudal que realizava na zona rural. O fato de terem de pagar tributos aos Senhores Feudais constituía-se em elemento nocivo ao desenvolvimento das cidades; por isso, os seus habitantes tenderam a se organizar com vistas à emancipação da cidade.

As organizações de artesãos recebiam o nome de Corporações de Ofício e as de comerciantes eram chamadas de Guildas. Essas organizações muitas vezes negociavam com os Senhores Feudais a emancipação das cidades e mediante os mais diversos tipos de acordos obtinham as chamadas Cartas de Franquia, pelas quais as cidades deixavam de estar sujeitas à autoridade feudal. Outras vezes, só através de verdadeiras guerras é que as cidades conseguiam sua emancipação. Quando a emancipação era obtida através da primeira forma, as cidades eram chamadas de Cidades Francas e quando a emancipação vinha por caminhos bélicos, elas ficavam conhecidas como Comunas ou Municipalidades. Normalmente, o supremo órgão do governo de uma cidade emancipada era a Assembleia dos seus cidadãos (ou de representantes dos cidadãos), que elegia os Magistrados que se incumbiam das funções executivas de governo. Uma vez emancipada, a cidade passava a ter condições de prover suas necessidades básicas como a urbanização, a construção de muros, a defesa militar, a edificação de prédios públicos. Para tanto, começaram a surgir os tribunos municipais, cujos fundos eram revertidos para a constituição de um Tesouro Municipal. Os primeiros tributos foram sobre a propriedade e depois começaram a aparecer as taxas sobre a circulação de mercadorias e sobre as Corporações de Ofício.

Com o crescimento das cidades, cresceu também o seu próprio mercado consumidor. Com isso, surgiram condições efetivas para o desenvolvimento da produção artesanal, cujos produtos eram destinados ao abastecimento dos habitantes da própria cidade e da população da zona rural circunvizinha.

A produção artesanal foi organizada em torno das Corporações de Ofício ou Grêmios que, além de terem funções assistenciais em relação aos seus membros, cuidavam da política econômica da atividade que lhe dizia respeito.

Uma Corporação de Ofício agregava todos os profissionais de uma mesma atividade em uma cidade e a ela competia realizar uma rígida intervenção na produção através da fixação das quantidades a serem produzidas (procurar evitar a superprodução ou a subprodução), fazer o controle da qualidade da produção, os preços e a remuneração das pessoas envolvidas no processo produtivo.

A unidade de produção típica do artesanato urbano era a Oficina. Seu proprietário o Mestre, era também o dono da matéria-prima e das ferramentas, ou seja, era dono dos meios de produção além de trabalhar. O Mestre ficava com o resultado da produção e com os seus lucros.

Para auxiliar o Mestre, havia os Oficiais ou Companheiros, geralmente filhos ou parentes próximos, que recebiam um salário pelo seu trabalho. Os oficiais poderiam chegar a ser Mestres desde que houvesse uma expansão do mercado, exigindo maior produção, e a Corporação de Ofício permitisse a instalação de uma nova oficina. Antes de chegar a Oficial, o indivíduo passava, desde a infância, um período na condição de Aprendiz, quando ficava diretamente subordinado ao Mestre, de quem recebia o aprendizado da profissão e noções gerais de educação, bem como as condições mínimas para que pudesse viver.

Esse sistema de produção artesanal, nas oficinas, adequava-se às necessidades de consumo local. Com o desenvolvimento do comércio à longa distância, apareceram novas relações de trabalho. Os artesãos passaram a depender de um comerciante que fornecia a eles as matérias-primas, pagava-lhes remuneração e ficava com o produto acabado. Os artesãos que passaram a produzir nesses termos eram chamados de Jornaleiros (trabalhavam por jornadas). O comerciante que intervinha na produção dessa maneira era chamado de Comerciante Manufatureiro.

O comércio a longa distância encontrava nos entraves feudais um sério problema para o seu desenvolvimento. Em função do particularismo político característico do Feudalismo, eram inumeráveis os pedágios existentes em meio às vias de comunicação terrestre e fluvial. O pagamento desses muitos pedágios onerava o preço das mercadorias e trazia consigo duas implicações básicas: uma redução no número de pessoas que podiam adquirir as mercadorias e uma restrição na margem de lucros dos comerciantes. Outra dificuldade era o péssimo estado das estradas, o que explica a preferência pela navegação fluvial que, por sua feita, também tinha os seus problemas: a precariedade dos portos, a inexistência de guindastes e outros instrumentos.

No que diz respeito à navegação marítima, os problemas eram ainda maiores: não existiam instrumentos adequados para a navegação, era escasso o número de peritos na arte de navegar, não havia mesmo bons navios. As condições eram tão precárias que o único tipo de navegação marítima possível era a cabotagem, ou seja, sempre junto ao litoral, o que fazia com que as rotas se prolongassem e consequentemente, onerassem as mercadorias.

A partir do século XI, com o início da reconquista da Península Ibérica e com as Cruzadas, o comércio muçulmano no Mediterrâneo tendeu a desaparecer. Gênova, Pisa e Amalfi passaram a liderar o comércio no Mediterrâneo Ocidental, enquanto Veneza e Sicília monopolizavam o comércio com o Oriente. Os principais produtos orientais comercializados eram: sedas, brocados, estofados de damasco, algodão, marfim, porcelanas e perfumes. Em troca, os venezianos e sicilianos forneciam principalmente tecidos que eram produzidos em Milão, Florença, sul da Alemanha, Flandres e Brabante.

Veneza, uma República aristocrática, tornou-se a primeira potência marítima do Mediterrâneo graças a sua localização, entre o Oriente e o Ocidente, e ao resultado da Quarta Cruzada que lhe garantiu o monopólio do comércio com Constantinopla.

O espírito de lucro levou os comerciantes italianos, particularmente os de Veneza, a estabelecerem relações comerciais regulares com os próprios muçulmanos. Os venezianos exportavam para os haréns da Síria e do Egito jovens escravas que capturavam nas costas do Adriático. Vendiam também madeira e ferro aos muçulmanos, mesmo sabendo que esses produtos se transformariam em navios e armas que poderiam ser utilizados contra os próprios marinheiros venezianos. O espírito de lucro estava acima de tudo, mesmo das preocupações religiosas.

Gênova era a segunda força marítima do Mediterrâneo. Com o apoio de Pisa, libertou a região do Tirreno da pirataria muçulmana. No século XIII, instalou entrepostos comerciais na Crimeia, nas costas do Mar Negro, através de uma aliança com o Reino de Niceia. A partir de então, passou a fazer concorrência a Veneza. Em 1284, subjugou Pisa e, em seguida, incorporou as ilhas de Córsega, Sardenha e Elba ao seu império marítimo. A fundação, em 1407, da "Casa di San Giorgio", primeiro banco público da Europa, foi o símbolo da grande pujança comercial de Gênova.

As fracas atividades comerciais existentes na Europa setentrional, nos séculos VIII e IX, praticadas pelos judeus e frisões, foram ampliadas pelos normandos a partir do século IX. Os rios eram os principais veículos comerciais dos normandos. Eles acabaram dominando as vias comerciais russas, desde o rio Dniepper até Bizâncio. Através do rio Volga, atingiram o mundo muçulmano. Seus principais centros comerciais eram Birka, na Suécia, e Haithabu, na Dinamarca. As atividades comerciais dos normandos garantiram a sobrevivência do comércio entre o Oriente e o Ocidente numa época em que o Mediterrâneo estava totalmente dominado pelos muçulmanos. Como se vê, o comércio na Europa setentrional não tinha desaparecido de todo, pois os normandos se incumbiram de mantê-lo vivo. Isso explica por que as rotas do Mar do Norte e do Mar Báltico tornaram-se, na Baixa Idade Média, as mais ativas do comércio a longa distância. Elas completavam o circuito comercial que interligava os entrepostos do Oriente Médio, as cidades italianas e Flandres.

Flandres era o terceiro grande centro do comércio europeu na Idade Média. A atividade comercial se desenvolvia em um conjunto de cidades espalhadas por seu litoral (Brugues, Gand, Lille e Ypres eram as principais).  Os contatos de Flandres com o comércio internacional possibilitaram o desenvolvimento das suas indústrias de tecido.

O comércio do Norte da Europa era controlado pelos mercadores da Grande Hansa Germânica, que também era conhecida como Liga Hanseática. Essa organização chegou a congregar mais de noventa cidades, tinha em Lübeck o seu entreposto central e possuía estabelecimentos em Londres, Brugues, Bergen e Novgorod. Suas atividades comerciais incluíam transações com cereais, peles, cera, mel, madeiras, alcatrão e pescado salgado. Importava tecidos de Flandres, lã da Inglaterra, especiarias do Oriente, vinho e sal dos países do sul da Europa.

Tão importantes quanto essas rotas marítimas de comércio foram as Rotas Terrestres, dentre as quais a mais importante era a que ligava o norte da Itália à Flandres e era conhecida pelo nome de Rota do Champagne.

Antes do século XI já havia feiras, mas elas tinham um caráter agrário e local, ou seja, limitavam-se à troca de produtos de primeira necessidade e serviam apenas aos habitantes das proximidades.

As feiras surgidas após o século XI foram um fenômeno internacional e se formaram em pontos estratégicos dos fluxos comerciais. Um elemento indispensável à prosperidade das feiras foi a proteção garantida pelos senhores feudais ou pelos reis. Eles tinham interesses econômicos nas feiras, uma vez que cobravam pesados impostos dos comerciantes.

Em termos práticos, as feiras eram núcleos comerciais temporários que se formavam em épocas e locais determinados e para onde afluíam comerciantes e compradores de todas as partes. Nessas feiras negociava-se de tudo, não só produtos de primeira necessidade, mas também produtos importados, inclusive no Oriente.

Os cambistas (especialmente na troca de moedas) tinham um lugar de grande destaque nas feiras, em função da grande variedade de moedas trazidas pelos comerciantes; os cambistas também emprestavam dinheiro a juros e muito contribuíram para o desenvolvimento dos mecanismos e instrumentos de crédito.

A partir do século XIII, principalmente em função da sedimentação do comércio, as feiras começaram a entrar em decadência. Também contribuíram para essa decadência fatores como o desenvolvimento da indústria têxtil italiana, que fechou o mercado italiano para os panos flamengos; a grande concentração de ouro em Gênova, em consequência do comércio com os muçulmanos, ou a falência de inúmeras casas comerciais italianas, que operavam na região das grandes feiras de Champagne.

Com o desenvolvimento do comércio à longa distância, surgiram as sociedades capitalistas, ou seja, as sociedades das quais participava um ou alguns negociantes e um ou alguns sócios capitalistas. Estes entravam com o capital e aqueles realizavam as operações. No final de tudo, os lucros eram repartidos geralmente na proporção de 25% para os negociantes e 75% para os capitalistas.

Essas sociedades se desenvolveram principalmente na Itália, sendo que os homens de negócio italianos diminuíam os seus riscos, fazendo, ao mesmo tempo, operações com diversos grupos de comerciantes.

Existiam também sociedades econômicas familiares que, via de regra, eram muito mais complexas que as sociedades meramente comerciais. Em geral, as companhias familiares abrangiam ao mesmo tempo negócios em diversos ramos: comércio, artesanato, mineração, serviços. Exemplos típicos dessas companhias foram as casas dos Bardi, Peruzzi, Frescobaldi e Médicis. Esta última, sediada em Florença, foi a mais importante de todas e tinha filiais espalhadas por todos os grandes centros urbanos da Europa (Roma, Veneza, Milão, Genebra, Brugues, Londres, Avignon e Lyon).

Durante a Idade Média, ficou estabelecido que as moedas emitidas pelo rei tinham circulação geral e as moedas emitidas pelos senhores feudais tinham circulação local. Por isso, havia uma variedade imensa de moedas, feitas com diversos tipos de metais e em variadas ligas.

A grande variedade de moedas e ainda mais as constantes desvalorizações que elas sofriam exigiam um valor estável entre elas, isto é, um ponto de referência para saber o valor de qualquer moeda através da comparação entre elas. A solução desse problema veio com o aparecimento da "moeda de conta", uma moeda imaginária invariável.

A escassez de metais tornava a quantidade de moedas insuficiente para acompanhar a expansão do comércio. Face a essa realidade, começaram a surgir novos meios de pagamento. Um dos primeiros foi a "letra de feira", papel usado pelos mercadores que atuavam nas feiras; na "letra de feira" ficava marcado o dia da liquidação da dívida, para a feira seguinte ou para uma data determinada.

Nessa mesma época, começaram a surgir as primeiras formas de "letras de câmbio", documento pelo qual uma pessoa declarava ter recebido uma certa importância em dinheiro e se comprometia a devolver, em data determinada, a mesma soma mais o juro normal.

Genericamente considerada, a economia europeia durante a Baixa Idade Média viveu um período de grande expansão. Mas, se atentarmos mais cuidadosamente para os indicadores econômicos (índices de preços, de salários, etc.), verificaremos a seguinte evolução: do século XII até o início do século XIV, temos uma fase de constante prosperidade; durante o século XIV, temos um período de depressão; no século XV, temos uma notável recuperação que se estende até o final do terceiro quartel do século a partir de quando começaram a aparecer novas dificuldades.

O período de depressão, que é conhecido pelo nome de Crise do Século XIV, é justificável em função da brusca diminuição da população europeia, fato que prejudicou as atividades econômicas em geral.

Essa retração demográfica é explicável, inicialmente, em função da Peste Negra, epidemia cujo vírus foi introduzido na Europa em 1348 e que se propagou com incrível rapidez. Em pouco tempo, a Peste Negra dizimou mais de um terço da população europeia.

Um outro fator que justifica o decréscimo demográfico foram as secas que prejudicaram a produção agrícola que já era insuficiente. Essas secas começaram em meados do século XIV e se repetiram de forma mais ou menos regular de cinco em cinco anos, até o final do século.

Além dessas causas, a diminuição da população teve um motivo mais amplo, ligado à própria crise do Feudalismo. Esse motivo era a insuficiência da produção agrícola provocada pelas relações de produção dominantes durante o Feudalismo. Enquanto o mercado consumidor crescia, a produção agrícola nos Domínios feudais se mantinha estagnada ou crescia em ritmo mais lento que o crescimento populacional. Face a essa realidade, a produção das cidades, cujo crescimento era mais rápido, não dispunha de quantidades suficientes de alimentos.

Essa retração populacional fez com que a produção e o consumo diminuíssem. A escassez da mão de obra valorizou o trabalho rural, elevando os níveis de remuneração e tornando os senhores feudais menos dispostos a substituir as relações servis de produção por outros tipos de relação (assalariadas, por exemplo). Iniciou-se com isso um processo de fechamento do Feudalismo mesmo nas regiões em que até então vinha conhecendo um acelerado ritmo de abertura. Numerosos senhores feudais procuraram reafirmar as leis que lhes davam garantias contra as fugas dos servos. Os feudos da Igreja foram os que tomaram as medidas mais reacionárias.

Há de se levar em conta que vários movimentos sociais vieram dificultar esse fechamento do Feudalismo, e provocaram profundas modificações no regime de servidão. Dentre os movimentos, os mais importantes foram: as rebeliões dos jornaleiros de Flandres, de 1323 a 1328; as insurreições camponesas na França de 1358; as revoltas dos camponeses na Inglaterra em 1381.

Em consequência desses movimentos sociais, verificamos que inúmeros senhores feudais tenderam a substituir as relações servis de produção por contratos de renda anual fixa, que deveria ser paga aos senhores pelos trabalhadores da terra.

Passados os efeitos da retração, a economia europeia retomou o ritmo de crescimento inicial. A população voltou a crescer, a produção também aumentou e com isso veio a possibilidade de dinamização do próprio crescimento populacional. Entretanto, no último quartel do século XV, tornaram-se graves os obstáculos que dificultavam a marcha desse crescimento econômico e com isso caracterizou-se o que chamaremos de Crise de Crescimento do Século XV.

Dentre os fatores responsáveis pela configuração dessa crise, podemos destacar:

  • a produção agrícola apresentava um lento ritmo de crescimento em consequência da sobrevivência das relações servis de produção que ainda eram dominantes face a esta realidade, o abastecimento alimentar das cidades era insuficiente e por isso mesmo, havia uma tendência à alta dos preços dos produtos alimentícios nas zonas urbanas.
  • a produção artesanal das cidades não encontrava consumidores suficientes na zona rural em função do baixo poder aquisitivo dos trabalhadores rurais; em função desse fato, as tensões sociais urbanas eram bastante fortes e caracterizadas pelas constantes revoltas de jornaleiros que dependiam de uma contínua expansão do mercado para poderem encontrar trabalho.
  • o grande número de  intermediários no  comércio entre o Oriente e o Ocidente fazia com que os preços dos produtos fossem elevados, sendo que isso acontecia ao mesmo tempo que o poder de compra dos senhores feudais, principais consumidores de produtos orientais, estava em plena decadência.
  • a escassez de dinheiro, em função do crescente fluxo de moedas para o Oriente e a sua consequente desvalorização em função da proliferação de outros meios de pagamento (o processo inflacionário decorrente da proliferação do uso dos instrumentos de crédito).

Para solucionar essa crise de crescimento só havia um caminho: a expansão do mercado europeu, através da dinamização de seu comércio que, por sua vez, poderia ser obtida através de uma expansão marítima.

Com a expansão marítima, os comerciantes europeus poderiam abrir novos mercados e novas rotas comerciais. Havia uma variedade de mercados a explorar: mercados fornecedores de produtos alimentícios e consumidores de produtos artesanais; mercados fornecedores de especiarias a preço baixo que permitiriam a ampliação do consumo; mercados fornecedores de metais preciosos que poderiam aliviar a escassez monetária, quer seja através da exploração de minas em novos territórios, quer fosse através do recebimento de moedas em pagamento de mercadorias na Europa.

  • Aulas relacionadas

Como ocorreu o crescimento do comércio?

O renascimento comercial e urbano aconteceu na Baixa Idade Média e foi parte das intensas transformações que a Europa sofreu nesse período. O crescimento do comércio e das cidades durante a Idade Média só foi possível porque a disponibilidade de alimento aumentou a ponto de permitir o aumento populacional.

Como o comércio influência no renascimento?

O renascimento do comércio na Europa medieval levou ao desenvolvimento de dois grandes eixos de comércio. Um deles era o eixo mediterrânico, que era controlado pelas cidades italianas de Gênova e Veneza. O segundo era o eixo nórdico e era controlado por uma liga de cidades do norte da Europa chamada de Liga Hanseática.

Como ocorreu o crescimento do comércio no feudalismo?

Pouco a pouco, essa atividade consolidou-se por meio da formação de feiras, e, à medida que avançava, foram sendo criadas rotas comerciais no norte da Europa e nas regiões mediterrânicas. O renascimento comercial esteve diretamente relacionado com o renascimento urbano.

Qual a atividade que se desenvolveu nas cidades a partir do desenvolvimento comercial?

Com o renascimento urbano, várias atividades se desenvolveram nas cidades, movimentando a economia local – uma dessas atividades foi o artesanato. A partir de então, organizou-se o processo de produção e surgiram máquinas para atender a demanda do mercado.