Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)
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Quando a linguagem desempenha a função de explicar a própria linguagem, ela desempenha a chamada “função metalinguística”. Em outras palavras, a língua é o assunto do texto. Para entendermos melhor a metalinguagem, sugiro a leitura deste texto do professor Douglas Tufano:
Coração
A palavra latina cor (ou cordis), que significa coração, deu origem a várias palavras da nossa língua. Veja alguns exemplos: concordar é palavra formada do latim con + cordis, isto é, com coração. Quando duas pessoas concordam é porque seus corações estão juntos ou unidos. Discordar, por outro lado, é o oposto. Vem do latim dis (separar) + cordis. Quem discorda, portanto, afasta-se do coração do outro. Recordar, por sua vez, quer dizer “trazer de novo ao coração”. A expressão “saber de cor” também vem diretamente do latim: saber de coração, isto é, de memória. E, por último, vamos destacar a palavra coragem, que também deriva de cor. Para os antigos romanos, o coração era a sede da coragem.
Disponível em: <//www.douglastufano.com.br/curiosidades_7.html>.
Qual a função do texto acima? Explicar que a palavra “coração” deu origem a outras palavras da nossa língua, como “concordar” e “discordar”. Para tal, o emissor (o professor) conta a origem de “coração”, empregando o verbo “significa”, que figura entre os verbos com função de explicar algo, assim como “quer dizer”. Já na passagem “Quando duas pessoas concordam é porque seus corações estão juntos ou unidos.”, aparece o vocábulo “porque” com fim explicativo. Observe que também foram usados recursos como parênteses e também aspas para falar da origem de palavras e expressões, originadas de “coração”. Note que há o predomínio de verbos no presente do indicativo, um procedimento comum na metalinguagem.
Leia a tira abaixo, buscando identificar a função metalinguística presente nela:
CIÇA. O Pato no formigueiro. Rio de Janeiro: Codecri. v. 2.
Certamente, você identificou que a linguagem metalinguística está presente no primeiro quadrinho, quando a professora-formiga diz à aluna-formiga: “Pechinchar não é com xis e sim com cê agá”. Afinal, ela está usando a língua para explicar um aspecto da língua: a escrita do verbo “pechinchar”. A tira, ao contrário do texto analisado anteriormente, não tem a função metalinguística como função predominante. Na tira, a metalinguagem é uma das funções da linguagem usada na construção do humor, que se revela na fala da aluna fazendo uma pechincha à professora no final. Em suma, a função metalinguística pode aparecer, em maior ou menor grau, em textos de gêneros variados, tendo em mente a intenção comunicativa.
Para concluir
Quando se usa a linguagem para falar da própria linguagem, usa-se a função metalinguística. Essa função pode aparecer em diferentes textos, quando a intenção do emissor é explicar algum aspecto da língua. Verbos do campo da significação e, em geral, no tempo presente do modo indicativo são marcas da função metalinguística.
Referências:
BARROS, Diana Pessoa de. A comunicação humana. In: FIORIN, José Luiz. (org.) et al. Introdução à Linguística. 6.ed. 7ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2019. p. 25-53.
TUFANO, Douglas. Coração. Disponível em: <//www.douglastufano.com.br/curiosidades_7.html>. Acesso em: 25 de outubro de 2019.
Texto originalmente publicado em //www.infoescola.com/linguistica/funcao-metalinguistica/
Função metalinguística: o que é, exemplos e tipos!
- O que é função metalinguística
- Exemplo de função metalinguística
- Funções da linguagem
- Função emotiva
- Função referencial
- Função poética
Na linguagem, temos seis tipos de função. Uma delas é, agora, o tema da nossa conversa: a função metalinguística. Conhecê-la é muito importante não só para a resolução de questões, mas para fazer boas redações. Vamos lá?
Você se considera uma pessoa autocrítica? É capaz de ver os próprios pontos fortes e fracos e, é claro, discorrer sobre eles a partir de uma óptica quase imparcial? Bom, isso certamente é um exercício um tanto quanto difícil de ser feito, mas de certa forma, esse é o papel da função metalinguística.
Em um texto metalinguístico, o autor discorre sobre o próprio trabalho. É como um autorretrato na pintura, no qual o artista pinta a si mesmo, muitas vezes olhando para ele próprio por meio da tela.
Exemplo de função metalinguística
A seguir, veremos um exemplo clássico de função metalinguística:
Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.
Poesia, de Carlos Drummond de Andrade
Funções da linguagem
Além da função metalinguística, temos outras funções de linguagem largamente utilizadas na escrita. Vamos conhecer algumas delas?
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Função emotiva
A função emotiva da linguagem é caracterizada por ser extremamente subjetiva, ou seja, aberta a inúmeras interpretações. Ela é escrita a partir do ponto de vista de uma pessoa para outra pessoa, como um remetente.
Função referencial
Também conhecida como denotativa, essa função é muito comum no nosso dia a dia. Ela está presente em manuais, artigos científicos e outros tipos de material que buscam transferir alguma informação de modo objetivo, imparcial e claro.
Função poética
A função poética da linguagem pode ou não estar relacionada à construção de uma poesia. Na verdade, essa função está diretamente ligada à forma do texto, por isso é utilizada quando a maneira que as palavras se organizam é fundamental para a mensagem passada ao leitor.
Agora que já vimos um pouco mais sobre a função metalinguística e sabemos como funcionam outros tipos de funções da linguagem, estamos quase prontos para avançar no conteúdo. Para saber o que vem a seguir e se aprofundar nesses temas, confira o Plano de Estudos Stoodi!