Marque um x apenas nas alternativas que revelam as ações rotineiras do povo da aldeia

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Marque um x apenas nas alternativas que revelam as ações rotineiras do povo da aldeia

Crianças brincam nos arredores da Aldeia Darcy Bethania, no coração do Mato Groso. (Foto: Lalo de Almeida)

Os grilos soam solitários enquanto todos dormem na aldeia Darcy Bethania (MT). Ainda há estrelas no céu. O silêncio é quebrado, a cada manhã, pelos galos que cantam antes do sol acordar. Quando os primeiros raios iluminam a vida, as crianças saem das casas de pau a pique, onde moram com os pais, irmãos, primos e tios.

São crianças calmas e silenciosas. Falam pouco, correm pouco. Ficam sentadas na frente de casa naquele estado sonolento de quem acordou cedo demais. É cedo demais! Todas já estão despertas antes das 6 horas da manhã. Conforme o sol avança, elas começam a se agitar.

Sobem em árvores e brincam com animais domesticados que rodeiam as casas – cães, gatos, galinhas, papagaio, filhotes de ema e até porco-do-mato. Brinquedos, mesmo, só um ursinho velho e uma bola.

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Crianças se banham no rio logo pela manhã. Nadar e se jogar na água é uma das atividades favoritas delas. (Foto: Lalo de Almeida)

Não existe sinal de celular, internet nem smartphones. Há TV em uma ou outra casa, mas a audiência é escassa. Até relógio é item que não se vê facilmente. O tempo na aldeia é outro.
O café da manhã não é uma refeição formal, como estamos habituados. Quando aparecer a fome, come. O quê? O que for possível: o que deu para plantar, coletar ou caçar. Não há fartura nem variedade. Logo cedo, uma menina come arroz e feijão com as mãos, um menino chupa um coquinho do mato, outro se alimenta de um pedaço de tapioca.

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Além de servir para o banho, o rio também é usado para lavar roupas em muitas aldeias. Na foto, a mãe que acabaou de realizar a tarefa vai embora com a filha no colo. (Foto: Lalo de Almeida)

As mães começam a sair de casa para lavar panelas e roupas do dia anterior. Saem carregadas, as cestas transbordando de trabalho. Algumas lavam no rio. Outras já se acostumaram a usar as torneiras coletivas, instaladas recentemente na aldeia, e que oferecem água limpa de um poço. São nelas que bebês e crianças de até 2 anos se banham. As mais velhas vão em grupos para o rio, ainda bem cedo, onde se lavam, nadam, brincam de saltar na água e riem sem pressa.

O dia passa vagaroso. Banheiro não existe. Tem de ir no mato. O sol esturrica a terra e pesa sobre os ombros. No almoço, fogões a lenha improvisados cozinham o alimento. De novo arroz e feijão. Na casa vizinha, de novo coquinho (dessa vez, ensopado). Carne não é sempre que tem. Quando tem, vem da pesca ou caça – porco-do-mato, anta, veado –, e é assada até esturricar. Tudo sem sal e sem tempero.

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A corrida com tronco mobiliza toda a aldeia, que se reúne para ver as mulheres praticando o esporte tradicional dos xavantes (Foto: Lalo de Almeida)

Depois do almoço, o sol é cruel. O calor é tanto que, nos fins de semana, todos se recolhem na sombra de suas casas. De segunda a sexta, as crianças vão para a escola às 13 horas, onde ficam até as 17 horas, sem merenda.

Na verdade, a escola é uma única sala de aula – construção simples de madeira, chão de terra batida, uma lousa antiga e algumas carteiras quebradas. A professora, que é indígena e vive na aldeia, é uma para cerca de 15 alunos, de 6 a 13 anos.

Ela divide a turma em três grupos de acordo com a idade e eles se sentam no chão em círculos. Então, ensina conteúdos de diferentes graus de complexidade a todos. Eles aprendem matemática, português, história, geografia e a língua nativa, do tronco linguístico macro-jê.

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Teda, 62 anos, ao lado da neta Meime, 2, prepara farinha de mandioca no entardecer. O alimento é a base da dieta indígena (Foto: Lalo de Almeida)

Enquanto a tarde cai, as mulheres preparam farinha de mandioca em grandes tachos – é a matéria-prima da tapioca que será servida no dia seguinte. Os homens caçam e cultivam a roça, quando não vão para a cidade fazer trabalhos temporários, como de empacotador em mercado. Alguns indígenas recebem Bolsa Família.

No tempo que sobra, os adultos também criam artesanatos. Costuma ser assim, menos em dias de festa, quando corpos são pintados, pescoços são enfeitados com colares e as tradições vão se mantendo.

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A aldeia Darcy Bethania (MT) ao entardecer (Foto: Lalo de Almeida)

No que o céu se tinge de azul profundo, é possível ver as estrelas. Iluminação elétrica é escassa, apenas uma lâmpada por casa. O jantar é o mesmo do almoço, ou o que sobrou dele. Às 20 horas, todos estão cansados. É o momento de dormir. As famílias se recolhem em suas casas e dormem em redes ou colchões sobre o chão de terra. No silêncio da noite, bebês não choram.

Mas é possível ouvir barulhos dos ratos que entram à procura de comida. Baratas e outros insetos também aparecem. No escuro da casa de pau a pique é inevitável pensar no choque de realidades e cultura. Nesse Brasil tão distante, mas ao mesmo tempo tão genuíno, a noite vai embora para dar lugar a um novo dia.

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