Publicado em 28/06/2022 10h09 Atualizado em 28/06/2022 10h22
Concebido em 1928 por Tarsila do Amaral (1886-1973), o quadro “O Abaporu” foi na verdade um presente de aniversário ao seu marido à época, Oswald de Andrade (1890-1954). Animado com a obra, Oswald, junto ao poeta Raul Bopp (1898-1984), começou a analisar a tela. Segundo eles, aquela figura enigmática foi interpretada como um índio canibal, um homem antropófago, ou seja, aquele que iria se alimentar da cultura, digerir e reinventá-la.
Apesar de muito inspirada, Tarsila não havia batizado sua obra-prima. Empolgada com a avaliação, buscou seu dicionário tupi-guarani e traduziu as falas como “aba” e “poru”, ou seja, “homem que come”, formando, assim, o nome Abaporu. A obra foi tão importante, que influenciou Oswald de Andrade a produzir o Manifesto Antropófago (1928) – manifestação cultural e artística nacionalista, tendo a gravura impressa no meio de seus verbetes. A relevância do quadro foi maior que o casamento. Com o rompimento em 1929, Tarsila ofereceu uma coleção de “O Enigma de Um Dia”, de Giorgio de Chirico (1888-1978), à época, muito mais valorizada, e ficou com seu índio-canibal.
Nos anos 1960, na esperança de que o quadro comporia o acervo de um museu, Tarsila o vendeu para Pietro Maria Bardi (1900-1999), um dos fundadores do Museu de Arte de São Paulo (MASP). Bardi, menos de um mês após a compra, o repassou para o colecionador Érico Stickel (1920-2004). Em 1984, o galerista Raul Forbes o comprou por US$ 250 mil, até então o valor mais caro já pago por uma pintura brasileira. Já em 1995, Forbes leiloou o Abaporu para Eduardo Constanini, por US$ 1,35 milhão – um novo recorde nacional.
Constantini criou o Museu de Arte Latino-Americana (Malba) de Buenos Aires, na Argentina, para o qual doou a coleção. O Abaporu voltaria a ser exibido no Brasil em 2008, em mostra na Pinacoteca do Estado, em São Paulo (SP); em 2011, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF); e em 2016, no Rio de Janeiro (RJ). Em abril de 2019, o quadro chegou à casa sonhada por Tarsila: o MASP. Na ocasião, a exposição “Tarsila Popular” reuniu cerca de 120 obras da artista. Atualmente, o quadro ainda pertence ao acervo do Malba.
Prêmio Funarte Medalhas do Centenário da Semana de Arte Moderna
A Fundação Nacional de Artes – Funarte está com inscrições abertas para o Prêmio Funarte Medalhas do Centenário da Semana de Arte Moderna. A iniciativa faz parte de um conjunto de ações referentes aos cem anos do evento – que marcou o modernismo brasileiro, um dos movimentos artístico-culturais mais importantes do país.
O objetivo do concurso é realizar, em âmbito nacional, a seleção de projetos de design gráfico digital de medalhas inspiradas, estética e/ou simbolicamente, no Centenário da Semana de Arte Moderna. A intenção é estimular o pensamento crítico, bem como a difusão das artes visuais digitais, em geral, e a valorização do design brasileiro.
Serão contemplados dez projetos. Cada um deles receberá R$ 10 mil, o que totaliza R$ 100 mil em premiações. As inscrições devem ser realizadas exclusivamente por meio de uma plataforma digital. Acesse o edital e mais informações aqui, na página do concurso.
Abaporu é uma clássica pintura do modernismo brasileiro, da artista Tarsila do Amaral.
O nome da obra é de origem tupi-guarani que significa “homem que come gente” (canibal ou antropófago), uma junção dos termos aba (homem), pora (gente) e ú (comer).
A tela foi pintada por Tarsila em 1928 e oferecida ao seu marido, o escritor Oswald de Andrade.
Os elementos que constam da tela, especialmente a inusitada figura, despertaram em Oswald a ideia de criação do Movimento Antropofágico.
O Movimento consistia na deglutição da cultura estrangeira, incorporando-a na realidade brasileira para dar origem a uma nova cultura transformada, moderna e representativa da nossa cultura.
Esta obra marca a fase antropofágica da pintora Tarsila de Amaral, movimento artístico que ocorreu entre 1928 e 1930.
É possível identificar traços característicos da artista, como a escolha de cores fortes e inclusão de temas imaginários ou alteração da realidade.
Na pintura vemos um homem com grandes pés e mãos, e ainda o sol e um cacto.
Estes elementos podem representar o trabalho físico que era o trabalho da maioria naquela altura.
Por outro lado, a cabeça pequena pode significar a falta de pensamento crítico, que se limita a trabalhar com força mas sem pensar muito, sendo então uma possível crítica para a sociedade daquela época.
O homem representado transmite uma certa melancolia, pois o posicionamento da cabeça e expressão denotam alguma tristeza ou depressão.
Além disso, o pé grande também pode revelar uma forte conexão do ser humano com a terra.
Em frente, um cactus explodindo em uma enorme flor.
Ao fundo, o céu azul, e o sol, um círculo amarelo, entre a figura e o cactus, de cor esverdeada.
Essas cores, parecem remeter, intencionalmente, as cores da bandeira brasileira.
Alguns críticos sugerem que Abaporu, seria uma reescritura de O Pensador, de Auguste Rodin.
Está exposta no Museu de Arte Latino-americana de Buenos Aires (MALBA), na Argentina.
Considerada símbolo do Movimento Modernista Brasileiro.
Fotografe e compartilhe, nas nossas mídias sociais, em #historiadasartestalento
COMO CITAR:
Para citar esta página do História das Artes como fonte de sua pesquisa utilize o texto abaixo:
IMBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. Abaporu de Tarsila do Amaral. História das Artes, 2022. Disponível em: <//www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/abaporu-de-tarsila-do-amaral/>. Acesso em 11 Nov 2022.