Exemplos de perguntas 2
Como vimos, a escolha do tema é a primeira decisão, mas deixa o campo de investigação muito amplo e muito vago. Há a necessidade de se estabelecer os limites de abrangência do estudo a ser efetuado. Isso só é possível quando se delimita com precisão o problema, pois ele focaliza o que vai ser investigado dentro do tema.
Palavra do Profissional: |
Lembre-se de que uma pergunta adequada (ao tema) é aquela que indica os possíveis caminhos que devem ser seguidos pelo investigador. Para isso, no entanto, é necessário que o investigador elimine a incógnita introduzindo no seu lugar alguma outra variável que a substitua. Essa tarefa requer o uso de duas competências por parte do pesquisador: da imaginação criativa e do conhecimento disponível.
Palavra do Profissional: |
Lembre-se que: Uma boa questão de pesquisa começa com: O que? Por quê? Onde? Como? de que maneira, qual (is), em que condições?
A delimitação do problema define, então, os limites da dúvida, explicitando quais variáveis estão envolvidas na investigação e como elas se relacionam. O problema delimitado é uma pergunta adequada, que contém as possíveis relações de uma possível resposta.
O planejamento da sequência da pesquisa é feito para testar se as relações propostas são ou não pertinentes, tornando-se, pois, impossível planejar observações ou testes sem que o problema e suas variáveis estejam delimitados.
O problema é, portanto, um enunciado interrogativo que questiona sobre a possível relação que possa haver entre (no mínimo) duas variáveis, pertinentes ao objeto de estudo investigado e passível de testagem ou observação empírica.
Para se chegar ao enunciado do problema deve-se antes defini-lo, especificando:
- Área ou o campo de observação.
- As unidades de observação. Deixando claro quem ou o que deverá ser seu objeto de observação, quais características o local e o período em que será feita a observação.
- As variáveis principais. Devem ser apresentadas as variáveis que serão estudadas, mostrando que aspectos ou que fatores mensuráveis serão analisados, com a respectiva definição empírica. A definição empírica das variáveis é feita a partir das contribuições teóricas obtidas pela revisão da literatura.
As definições empíricas são convenções que a ciência procura utilizar uniformemente para poder proporcionar a crítica universal e intersubjetiva. É importante, portanto, fundamentar as definições da literatura existente.
Acompanhe no quadro a seguir uma definição mais detalhada sobre o problema:
Imagine diferentes direcionamentos e cruzamentos entre estas possibilidades. Colocamos apenas um exemplo seguindo as setas que ligam os termos e ideias apresentados. Neste exemplo, temos: “A evolução da AIDS feminina em Santa Catarina”.
O problema deve reunir, ao menos, os quatro elementos a seguir para tornar-se objeto de investigação:
- Ser susceptível de observação ou de medição.
- Requerer uma resposta ou solução.
- Contribuir para a generalização de novos conhecimentos e/ou tecnologias.
- Ter uma utilização prática.
Para finalizar este tópico (o que pesquisar), vamos ver o que alguns autores dizem sobre essa etapa:
A pesquisa tentará resolver a discordância entre um modelo, uma teoria, uma explicação e a realidade percebida. Ela visa, a partir de uma investigação empírica sistemática, dar uma “resposta”, uma solução satisfatória ao problema. Um objeto de pesquisa é assim uma interrogação explícita em relação a um problema a ser examinado e analisado com o fim de obter novas informações. (DENZIN e LINCOLN, 2006; POLIT, 2011; TURATO, 2003).
“Formular o problema consiste em dizer, de maneira explícita, clara, compreensível e operacional, qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e que pretendemos resolver, limitando o seu campo e apresentando suas características. Desta forma, o objetivo da formulação do problema da pesquisa é torná-lo individualizado, específico, inconfundível” (RUDIO, 1986, p.75).
*DENZIN, Norman K; LINCOLN, Yvonna S. O planejamento de pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
*POLIT D.F.; BECK C.T. Fundamentos de pesquisa em enfermagem: avaliação de evidências para a prática de enfermagem. Porto Alegre: Artmed; 2011. 669p.
*TURATO, E .R. Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa. Petrópolis RJ.: Editora Vozes, 2003.
*RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. Petrópolis, RJ: Vozes, 1986.