A Crise do Século XIV, repleto de guerras, doenças, pestes, fome e revoltas populares agravaram o sistema feudal, o que favoreceu o fortalecimento dos monarcas apoiados pela burguesia, assim como a formação dos Estados Modernos Nacionais.
A guerra era frequente no final da Idade Média. Como em todas as outras épocas, as disputas pela propriedade da terra ou pelo controle de recursos naturais levaram a hostilidades frequentes entre governantes rivais.
Na primeira parte do período, o sistema feudal dominou e os exércitos eram praticamente recrutados como parte do serviço dos vassalos aos senhores. A guerra era limitada por regras e códigos de honra.
No século XIV, os exércitos se tornaram mais profissionais; desenvolveram-se novas armas e a natureza da guerra começou a mudar.
No entanto, o maior terremoto daquele século não foi uma guerra, mas uma epidemia: a peste negra”. (WOOLF, 2014, p. 114, grifos nosso)
Se deseja aprender um pouco mais sobre a Crise do Século XIV, essa é a matéria certa para você. Espero que gostem!
Boa leitura!
SUMÁRIO DO SÉCULO XIV
1. O que foi a Crise do Século XIV?
2. Guerras entre senhores feudais e a herança das Cruzadas
3. Guerra dos Cem Anos
4. Peste Negra
⠀⠀4.1 Especiarias e a peste nos porões dos navios mercantes
⠀⠀4.2 Cerco mongol a Caffa em 1346
⠀⠀4.3 Condições de higiene na Idade Média
⠀⠀4.4
Número de mortos da peste negra
5. Fome e revoltas camponesas
6. Ressurgimento do comércio e o nascimento burguesia
Referências
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1. O QUE FOI A CRISE DO SÉCULO XIV?
A Crise do Século XIV, isto é, o período compreendido entre 1300 e 1400, ficou marcado por diversos acontecimentos trágicos que sugaram recursos, economias e vidas, muitas vidas.
A crise acelerou o já decadente sistema feudal e entre os eventos, encontram-se:
- Guerras;
- Doenças e pestes;
- Fome;
- Revoltas dos camponeses; e a
- Reordenação social.
Nesse mesmo período encontramos a devastadora
Guerra dos Cem Anos e o auge da temida Peste Negra, como explicaremos bem direitinho logo abaixo!
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2. GUERRAS ENTRE SENHORES FEUDAIS E A HERANÇA DAS CRUZADAS
Período marcado por inúmeros conflitos entre os senhores feudais, que visavam ampliar suas possessões (terras e riquezas materiais), de tal forma que, embora não houvesse exércitos profissionais, eram vassalos dos suseranos que combatiam.
Cada morte de um vassalo ou servo era uma pessoa a menos na agricultura, o que levaria ao declínio dessa atividade, como veremos melhor nos próximos tópicos.
Um dos motivos das Cruzadas, inclusive, seria a diminuição dos conflitos dentro da própria Europa, como ocorrido no que ficou conhecido como o Concílio de Clermont, onde o papa Urbano II teria proferido:
Ó, francos, vocês não são habilidosos cavaleiros? Deem um passo à frente! Na palavra do Santíssimo, seguirão e combaterão.
E lutem contra a amaldiçoada raça que avilta a terra sagrada, Jerusalém, fértil acima de todas as outras.
Glorifiquem suas peregrinações para o centro do mundo!
Que os conhecedores da palavra entrem em Jerusalém portando o estandarte de Nosso Senhor e Salvador!”. (GOMES, 2005, p. 12)
Não seria necessariamente uma convocação para as Cruzadas como as conhecemos hoje, mas assim foi interpretada à época.
Eufóricos, as diversas camadas da sociedade se organizaram, incluindo as mais baixas de onde saiu a maltrapilha e desastrosa Cruzada dos Mendigos.
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3. GUERRA DOS CEM ANOS
A Guerra dos Cem Anos, iniciada em 1337 e que só veio a terminar em 1453, no século XV, causou as tradicionais desgraças da guerra, como a destruição da infraestrutura, elevado número de mortes e o fechamento de parte importante do pouco comércio existente na região em conflito.
A Guerra, travada essencialmente nas terras da França, onde o trono inglês reivindicava territórios na França, assim como a própria coroa francesa, também ficou marcado por uma grave disputa entre os próprios franceses que disputavam o poder.
Essa fragmentação interna na França, se por um lado beneficiou os ingleses no início do conflito, quando lograram grandes vitórias, favoreceu a unidade francesa, encaminhando-a para centralização e unificação dos estados modernos.
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4. PESTE NEGRA
A chama Peste Negra, uma doença endêmica que seria proveniente de regiões da China e da Índia, acabou por chegar à Europa Oriental a partir de portos comerciais, como os de Gênova e
Veneza.
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4.1 Especiarias e a peste nos porões dos navios mercantes
Além das especiarias que possuíam grande interesse (e lucro), os porões das embarcações traziam ratos que continham as pulgas que continham a bactéria causadora da Peste Negra, cujo agente biológico causador era a bactéria Yersinia Pestis.
Uma vez atracados nos portos italianos, a propagação da doença silenciosa até então se
tornou rápida e brutal, interrompendo até os conflitos existentes.
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4.2 Cerco mongol a Caffa em 1346
O fator comumente aceito para a propagação da Peste, eram as guerras mongóis, que em dado momento faziam uso da guerra biológica em cercos a cidades muradas, de onde simplesmente catapultavam corpos de mortos infectados dentro dos centros urbanos.
Uma dessas cidades, a de Caffa (atual Teodósia), na Crimeia, embora tenha resistido ao cerco mongol, possuía um porto genovês e a Horda Mongol fez uso de cadáveres de vítimas da peste.
O resultado você já conferiu no item anterior…
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4.3 Condições de Higiene na Idade Média
As condições de higiene na Europa feudal eram as piores possíveis: o acúmulo de lixo nas ruas e porcos como agentes de limpeza das estreitas e mal ordenadas ruas.
As infraestruturas, como sistema esgoto, deixada pelos romanos já praticamente não existia, tendo sido destruída durante as invasões
bárbaras.
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4.4 Número de mortos da Peste Negra
A Peste Negra teria alcançado seu auge entre os anos de 1347–1350 e tomado o último suspiro de ao menos um terço da população europeia. Isto é, um em cada três habitantes da Europa.
A estimativa poderia chegar até a metade da população europeia à época, tendo algumas fontes ― não confiáveis ― assinalado até 200 milhões de mortes na Eurásia (Europa e Ásia juntas).
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5. FOME E REVOLTAS CAMPONESAS
Após tantas guerras e avassaladora Peste, que reduziu brutalmente a população europeia, a fome e as revoltas dos camponeses se tornaram cada vez mais frequentes e sem controle.
Sem grandes exércitos e com poder extremamente fragmentado, a figura do rei parecia ser meramente simbólica e os senhores feudais, que viviam em disputas, acabaram por selar seu próprio declínio.
As inúmeras fomes também decorram de fatores rotineiros, como más colheitas, que agravaram o cenário da Crise do Século XIV.
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6. RESSURGIMENTO DO COMÉRCIO E O NASCIMENTO BURGUESIA
Com todas as desgraças chegando ao “fim”, principalmente nas regiões onde existia relativa paz ou maior equilíbrio de poder, a atividade comercial acabou por lançar a Europa a um novo patamar.
O comércio de especiarias gerava um alto lucro, mas a fragmentação do poder nas mãos de muitos suseranos dificultava o trânsito das mercadorias.
De feudo para feudo taxas eram cobradas de formas diferentes e sem moeda em comum. Era comum o escambo (troca de mercadoria por mercadoria.
A ascensão da classe burguesa, que não pertencia à nobreza nem ao clero (classes dominantes da época), acabou por fortalecer os monarcas, de modo que conseguissem compor seus próprios exércitos profissionais, quando financiados pela burguesia.
Assim, à medida em que a figura do rei cada vez mais se fortalecia, a centralização e unificação do poder também. Com isso, uma maior uniformização das regras, moedas, costumes surgiu, facilitando as necessidades do comércio.
Essas mudanças facilitaram o comércio e o poderio da classe burguesa, financiando, inclusive, o que chamamos de as Grandes Navegações, que é uma das inúmeras decorrências do Renascimento e da Formação dos Estados Modernos.
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REFERÊNCIA(S):
BEZERRA, Eudes.
Guerra dos Cem Anos, a mais longa guerra da história. Acesso em: 13 fev. 2020.
BEZERRA, Eudes. Burguesia: Origem e características (resumo). Acesso em: 13 fev. 2020.
BEZERRA, Eudes. Formação
dos Estados Modernos (resumo). Acesso em: 13 fev. 2020.
BEZERRA, Eudes. Grandes Navegações, a Era dos Descobrimentos. Acesso em: 13 fev. 2020.
BEZERRA, Eudes. O que é Feudalismo? Características do sistema feudal. Acesso em: 13 fev. 2020.
BEZERRA, Eudes. O Concílio de Clermont e a Primeira Cruzada. Acesso em: 13 fev. 2020.
BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio. 3ª ed. reform. e atual. São Paulo: Moderna, 2007.
GILBERT, Adrian. Enciclopédia das Guerras: Conflitos Mundiais Através do
Tempo. trad. Roger dos Santos. São Paulo: M. Books, 2005.
GIORDANI, Mário Curtis. História dos Reinos Bárbaros I. Petrópolis: Vozes, 1993.
GIORDANI, Mário Curtis. História dos Reinos Bárbaros II. Petrópolis: Vozes, 1993.
GOMES, Beto. Em busca da purificação. Coleção Grandes Guerras: Cruzadas, como elas modificaram o mundo. São Paulo: Abril, n. 5, abr., p.12-15, 2005.
SILVA, Marcelo Cândido da.
História Medieval. 1. ed., 2ª reimpressão. Coleção História na universidade. São Paulo: Contexto, 2010.
MACELI, Paulo. História Moderna. 1. ed. 4º reimpressão. Coleção História na universidade. São Paulo: Contexto, 2020.
WOOLF, Alex. Uma nova
história do mundo. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2014.
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