O que os índios recebiam em troca pelo seu trabalho na extração do Pau

O pau-brasil é uma árvore bastante presente no litoral e que foi extensamente explorada pelos portugueses ao longo do século XVI. A árvore tem uma madeira que era considerada nobre e era usada para produzir um corante valioso no mercado europeu. Para tanto, os europeus exploravam a mão de obra dos índios, pagando-lhes com objetos comuns.

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O que é o pau-brasil?

O pau-brasil é uma árvore nativa da Mata Atlântica e que era encontrada em grande abundância no litoral brasileiro, nas regiões por onde se estendia esse bioma. A zona em que o pau-brasil era encontrado ia do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Norte. A presença dessa árvore era bastante alta, e estima-se que existiam milhões dela no Brasil.

O pau-brasil é uma árvore típica da Mata Atlântica que foi explorada pelos portugueses a partir do século XVI.

O pau-brasil era conhecido pelos índios brasileiros como ibirapitanga, termo no tupi que significa “árvore vermelha”. Esse nome faz menção a uma das mais importantes características da árvore: sua madeira no tom avermelhado. A madeira do pau-brasil era considerava nobre, e a resina vermelha presente nela era utilizada na elaboração de um corante da mesma cor.

No século XVI, os europeus tinham conhecimento de uma árvore asiática bem parecida com o pau-brasil. Conhecida como Biancaea sappan, ela também era usada na produção de um corante avermelhado. Isso fez do pau-brasil um importante artigo econômico para os europeus, que chamavam a variante asiática dessa madeira por nomes variados, como bersil.

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Como era a exploração do pau-brasil?

Como mencionado, o pau-brasil foi o primeiro artigo econômico que os portugueses decidiram explorar aqui. A exploração dessa madeira aconteceu porque, no começo do século XVI, essa era a única atividade lucrativa que poderia ser implantada na colônia pelos portugueses. Nesse momento, os colonizadores priorizavam o comércio com as Índias, e a ocupação do território brasileiro em grande volume ainda não era vista como opção.

Apesar de os portugueses não terem muito interesse em mudar-se para o Brasil, era necessário fazer o aproveitamento do território, pois os franceses representavam uma ameaça, já que procuravam constantemente invadir as “terras portuguesas” (de acordo com o estabelecido no Tratado de Tordesilhas).

Assim, para proteger suas terras, Portugal decidiu implantar uma atividade econômica na colônia. O objetivo era que a presença portuguesa pudesse afastar a ameaça francesa. A escolha do pau-brasil deu-se porque ele era o único artigo lucrativo viável no momento. A madeira do pau-brasil era boa para a fabricação de artigos como móveis.

Entretanto, a maior utilidade econômica dessa árvore dava-se porque a resina presente na sua madeira possibilitava a fabricação de um corante usado para tingir tecidos. Esse corante era valioso na Europa e, como dito, já era fabricado por meio da variante asiática do pau-brasil.

Assim, a Coroa portuguesa concedeu a autorização para que interessados pudessem fazer a exploração do pau-brasil. Eles eram obrigados a garantir a defesa do litoral contra invasores, a devolver parte dos lucros em impostos, e eram proibidos de importar a variante asiática do pau-brasil.

O primeiro que recebeu essa concessão foi o português Fernão de Loronha. A concessão para ele funcionava no regime de monopólio, portanto, ele era o único que tinha direito a fazer essa exploração em nome da Coroa portuguesa.

Todo o trabalho pesado, que incluía derrubada das árvores e seu transporte até o litoral, era feito pelos índios. Os portugueses, então, exploravam o trabalho dos indígenas, que, como pagamento, recebiam itens que tinham utilidade para eles, como baús, facas, canivetes e objetos semelhantes. Os nativos eram orientados a levar essa madeira para as feitorias que os portugueses construíram.

Essas feitorias foram estrategicamente construídas no litoral, pois isso facilitava o carregamento dos navios portugueses, e existiam três delas na América Portuguesa, localizadas na região dos atuais estados do Rio de Janeiro, da Bahia e de Pernambuco. As feitorias, além de depósito, serviam como fortalezas, pois eram usadas para garantir a segurança da colônia e para espantar invasores.

O primeiro grande carregamento de pau-brasil de que se tem registro aconteceu em 1511 e se deu quando o navio Bretoa partiu do Brasil com cerca de cinco mil toras a bordo. Esse carregamento era feito só quando a partida do navio já estivesse agendada, pois armazenar o pau-brasil nos navios por muito tempo danificava as toras, que apodreciam com a umidade.

Qual origem do nome da árvore?

O pau-brasil tem um tom avermelhado que permitia a fabricação de corantes.

Vimos que os europeus já conheciam uma árvore asiática bem parecida com o pau-brasil e que seus comerciantes tinham contato com essa variante desde o século XII. Essa árvore asiática era conhecida na Europa por diferentes nomes, como:

  • brecilis
  • bersil
  • brezil
  • brasil
  • brazily

Todos esses nomes eram pronunciados em diferentes partes da Europa e derivaram de uma palavra do latim: brasilia. Esse termo significa “cor de brasa” ou “avermelhado”, portanto, o nome do pau-brasil era uma menção a uma de suas características: a cor vermelha. Vimos, ainda, que o termo usado pelos tupis (ibirapitanga) também se relacionava com essa cor da madeira.

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Até quando durou a exploração do pau-brasil?

A exploração do pau-brasil seguiu até o século XIX, e a grande quantidade de árvores derrubadas quase levou essa árvore à extinção. Foi somente a partir do século XX que houve certa recuperação da espécie. A partir da década de 1530, o pau-brasil perdeu a condição de artigo econômico mais importante da América Portuguesa para o açúcar.

O que os indígenas recebiam em troca do trabalho realizado com a extração da madeira?

A relação dos indígenas com os portugueses era por meio do escambo, isto é, da troca. Os indígenas extraíam a madeira e eram pagos com utensílios como machados, facas, espelhos, canivetes etc.

O que os índios recebiam em troca do seu trabalho?

Na época os índios trocavam pau-brasil por utensílios domésticos. Ou seja, cortavam e transportavam a madeira e em troca recebiam utensílios como espelhos, facões, perfumes ou aguardente. Alguns historiadores afirmam que essa troca era desigual. Mas, na ocasião eram duas culturas diferentes praticando o escambo.

O que os índios recebiam dos portugueses?

Espelhos, facões, perfumes ou aguardente eram os utensílios que os índios recebiam dos portugueses. Também foi utilizado no sistema feudal, até ser substituído por outras relações comerciais, na medida em que o sistema econômico exigia mais.

Qual foi o resultado da exploração do pau

Consequências da exploração A intensa exploração do pau-brasil quase levou a árvore à extinção e, ainda hoje, ela é considerada uma espécie ameaçada. A exploração do pau-brasil foi o meio pelo qual os portugueses instalaram-se no Brasil.