O que são formas farmacêuticas semi-sólidas

3.2 FORMAS PLÁSTICAS OU SEMI-SÓLIDAS
São formas farmacêuticas consistentes e pegajosas de aparência translúcida ou opaca, destinadas à aplicação na pele ou mucosas. As indicações dependem do grau de absorção percutâneo.
Para ação tópica epidérmica destacam-se as ações emoliente, antimicrobiana, desodorizante, protetora etc.
Para ação tópica endodérmica destacam-se as ações antiinflamatória, anestésica local e antimicótica.
Para ação hipodérmica destacam-se antiinflamatórios, anestésicos locais, hormônios.
Outras formas plásticas incluem supositórios, óvulos e velas (descritos no item 3.2.3.3), que apresentam consistência mais firme e são destinados respectivamente à mucosa retal, vaginal e uretral.
3.2.1 Penetrabilidade percutânea
A penetrabilidade percutânea das formas semi-sólidas depende de fatores intrínsecos e extrínsecos.
Entre os fatores intrínsecos destacam-se o coeficiente de partição, coeficiente de difusão, solubilidade e peso molecular do fármaco, todos decisivos para a penetrabilidade.
No que diz respeito aos fatores extrínsecos destacam-se a temperatura, aspectos anatomo-fisiológicos (área aplicada, tipo de pele*, etc.), forma de aplicação (massagem, iontoforese etc) e forma farmacêutica.
*O tipo de pele determina o grau de hidratação, espessura e constituição da emulsão epitelial, pode depender de fatores como idade, hereditariedade, dieta, medicação e patologias.
No que diz respeito à forma farmacêutica, destacam-se como fatores positivos para a penetração percutânea:
• O poder oclusivo das substâncias graxas ou oleosas aumenta a hidratação da pele e absorção;
• Bases nas quais o fármaco é pouco solúvel aumentam a cedência do mesmo para a pele;
• Uso de promotores de absorção (Dimetilsulfóxido-DMSO, dimetilformamida-DMF, dimetilacetamida-DMA, uréia, propilenoglicol, tensoativos…);
• Uso de substâncias altamente higroscópicas tendem a aumentar o conteúdo de água na pele, facilitando a absorção de fármacos hidrofílicos (aniônicos, catiônicos e não-iônicos);
• Uso de bases contendo óleos de origem animal (lanolina, espermacete) apresentam maior afinidade com a emulsão epidérmica e viabilizam a absorção.
3.2.2 Classificação das formas semi-sólidas
As formas semi-sólidas são classificadas sob vários critérios, incluindo penetrabilidade, características físico-químicas e físicas.
Quanto à penetrabilidade as formas semi-sólidas podem ser: epidérmicas, endodérmicas ou diadérmicas. Quanto às características físico-químicas as formas plásticas podem ser do tipo solução (pomadas, géis, óvulos e supositórios), suspensão (pastas) ou emulsão (cremes), características determinantes na técnica de preparo das pomadas.
Quanto às características físicas, ou aspecto, as formas semi-sólidas são classificadas em:
• Pomadas propriamente ditas hidrófobas: “São formas semi-sólidas translúcidas, pegajosas e consistentes que absorvem pouquíssima água , compostas de mistura de hidrocarbonetos líquidos e sólidos; ceras, silicones ou outras substâncias graxas, as quais são submetidas à fusão”.
• Pomadas propriamente ditas hidrófilas: são formas miscíveis com a água, compostas por uma mistura de polímeros hidrófilos (PEG) de pesos moleculares distintos (PEG 400 + PEG 4000). São consistentes, removíveis com água e de aparência translúcida.
• Pastas: são formas farmacêuticas de consistência semi-sólida, que encerram boa proporção de partículas sólidas insolúveis (~20-50%). Eficazes para absorver secreções de lesões. São formuladas com excipientes de características graxas ou aquosas e destinadas à aplicação na pele ou mucosas.
• Cremes e loções: são formas emulsionadas de aparência opaca, cuja viscosidade depende da composição e do tipo de fase externa; cremes O/A (hidrófilos) são em geral menos viscosos que os A/O (hidrófobos). O = óleo e A=água.
• Géis: sistemas semi-sólidos constituídos por uma matriz polimérica (natural ou sintética) dispersa em fase líquida (água ou óleo de parafina). Gel hidrófilo (água e polímeros); gel hidrófobo (óleo mineral e PEG).
Gel hidrófobo pode ser classificado como pomada hidrófoba.
3.2.3 Preparação de formas plásticas
As formas plásticas (semi-sólidas) podem ser obtidas por dissolução ou dispersão mecânica, com ou sem fusão dos componentes sólidos em veículos apropriados. Os princípios seguidos no preparo das diferentes formas líquidas (soluções, suspensões e emulsões) são também válidos para formas plásticas dos tipos solução, suspensão e emulsão.
Assim sendo, as técnicas a serem empregadas dependerão não só das características físico-químicas dos fármacos e coadjuvantes, como também do veículo.
O veículo deve ter consistência adequada (boa espalhabilidade), ser bem tolerado, não apresentar incompatibilidades, apresentar cedência adequada a cada tipo de fármaco para melhor permeação, ser estável, ser preferencialmente lavável e esterilizável.
Os veículos podem ser constituídos por componentes:
A) HIDRÓFOBOS
Ceras: são usadas para aumentar a consistência das pomadas, e embora não laváveis, podem absorver água. Em geral, apresentam poucas incompatibilidades. Como
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exemplos cita-se a lanolina, cera de abelhas, cera de cacau, espermacete e palmitato de cetila.
Hidrocarbonetos: são bases oclusivas, inibindo a evaporação normal da pele. Não absorvem e não são laváveis com água, apresentam muito pouca incompatibilidade e elevada estabilidade química. Parafina (derivado de hidrocarboneto de alto PM) e vaselina pastosa (derivado de PM intermediário) são emolientes e espessantes, sendo que a parafina tem emprego como endurecedora de supositórios. Já o óleo mineral, vaselina líquida ou parafina líquida possuem cadeia menor e são usados para diminuir a consistência de formas plásticas em geral (inclusive como amolecedores de supositórios e óvulos).
Silicones: são bastante estáveis e fisiologicamente inertes, usados quando se pretende obter fórmulas altamente hidrófobas.
B) HIDRÓFILOS
Polietilenoglicóis (PEGs): a consistência adequada é determinada pela mistura de polímeros sólidos e líquidos (PEG 4000 e PEG 400, Carbowax®). Possuem boa aderência, boa espalhabilidade, não são oclusivos, podem ser misturados a vaselinas, lanolinas e óleos vegetais. São estáveis, laváveis com água, incompatíveis com vários conservantes.
Produtos minerais: são partículas inorgânicas finamente divididas que formam sistemas coloidais liofóbos (géis). Exemplos: bentonita e dióxido de silício (Aerosil®).
Derivados de celulose: são polímeros orgânicos hidrofílicos utilizados como agentes doadores de consistência em géis típicos (liófilos). Ésteres de celulose como metilcelulose (MC), hidroxietilcelulose (HEC), carboximetilcelulose (CMC) e seu sal sódico (CMC-Na), bem como outros polímeros orgânicos, tais como alginato de sódio, PVA, ácido poliacrílico (Carbopol®), são exemplos de componentes utilizados em veículos para géis, que geralmente integram 80 a 98% de água. São todos laváveis com água; podem deixar resíduo sólido na pele e apresentam várias incompatibilidades.
C) EMULSIONADOS
Emulsões A/O: agentes espessantes e emulsificantes, como monoestearato de glicerila, colesterol e álcool cetílico podem ser adicionados para aumentar a estabilidade.
Destaque para o Cold Cream, que forma um filme protetor sobre a pele diminuindo a evaporação de água.
Emulsões O/A: são mais empregadas devido a vantagens como fácil remoção da água. Formam um filme na superfície da pele quando a água evapora. Destaque para diadermina, com elevado poder desengordurante. Entre os agentes espessante
s temos o ácido esteárico saponificado, e ceras auto-emulsionáveis à base de álcool cetílico e estearílico associadas a tensoativos.
Outros componentes usualmente empregados em formas plásticas incluem umectantes, conservantes, antioxidantes e, eventualmente, corantes e aromatizantes.
3.2.3.1 Géis
Os géis são formas farmacêuticas ou cosméticas obtidas a partir da hidratação de alguns compostos orgânicos macromoleculares ou de compostos inorgânicos gelificantes. São preparações livres de gorduras (oil-free)*, cujo teor de água é bastante elevado, sendo em geral facilmente laváveis. Estas características fazem dos géis produtos de consumo em expansão. Entre as desvantagens destacam-se a baixa penetrabilidade percutânea (exceto géis transdérmicos**) e maior susceptibilidade à contaminação microbiana, fato também relacionado ao elevado teor de água (80 a 98%).
Dependendo do tipo de agente gelificante os géis podem ser liófilos (polímeros hidrofílicos) ou liófobos (argilas, bentonita). Do ponto de vista físico-químico os géis são considerados dispersões coloidais, em geral liófílas, transparentes e tixotrópicas***.
*OLEOGÉIS: são produtos contendo 90 a 95% de óleo, espessados por agentes gelificantes não-hidrossolúveis, como por exemplo sílicas e argilas. Assemelham-se às pastas, mas são mais fluidos.
**GÉIS TRANSDÉRMICOS: são, na verdade, microemulsões de uma fase hidrossolúvel, que é o gel aquoso de polaxamer 407 (20 a 40%), e de uma fase lipossolúvel composta de uma solução de lecitina granulada e palmitato de isopropila. O Pluronic® Lecithin Organogel (PLO) é uma microemulsão lipossomal fosfolipídica empregada para administração de fármacos via transdérmica.
**TIXOTROPIA: fenômeno associado à diminuição da viscosidade do sistema provocado por forças mecânicas, sendo, porém, reversível quando em repouso.
I) Os componentes usuais
Os principais coadjuvantes técnicos na formulação de géis são: gelificantes, umectantes, conservantes, antioxidantes e agentes quelantes entre outros.
O termo gelificante refere-se aos espessantes utilizados na elaboração de géis, ou seja, os veículos hidrófilos. Em geral são polímeros que possuem a propriedade de, quando em solução aquosa, aumentar a viscosidade do sistema, quer diretamente ou após sua neutralização. Quanto à estrutura coerente de gel, os gelificantes podem formar géis de esqueleto coloidal linear (polímeros derivados de celulose), esqueleto coloidal laminar (argilas) ou esqueleto esfero-coloidal (dióxido de silício de alta dispersão).
a) Gelificantes: entre os principais gelificantes destacam-se:
Carbômeros: polímeros sintéticos do ácido poliacrílico solúveis em água (ex.: Carbopol®, Synthalen®). Adquirem maior consistência com a neutralização das cargas superficiais (viscosidade ideal pH 6-8). Concentração usual : 0,5-1,5%.
Hidroxietilcelulose (HEC): é um polímero derivado da celulose, não-iônico (Natrosol®, Cellosize®), disponível em diversos graus de peso molecular. È compatível com eletrólitos e possui menor sensibilidade ao pH do meio. Como vantagens, destaca-se a facilidade de dispersão, a qual pode ser obtida sob agitação em água fria. Porém a formação da estrutura coerente do gel (rede) ocorre mais rapidamente com aquecimento. Como desvantagem apresenta maior risco de contaminação microbiana. Concentração usual 1,0-3,0%.
b) Umectantes: são utilizados para evitar a perda de água da formulação, conferindo ao gel maior elasticidade (melhor espalhamento). Entre os mais utilizados temos a glicerina, o propilenoglicol e o sorbitol. A concentração usual gira em torno de 5%.
c) Outros coadjuvantes
Especialmente para géis o uso de conservantes é indispensável à formulação, principalmente de géis obtidos com geleificantes naturais, já que apresentam grande susceptibilidade ao desenvolvimento microbiano. Parabenos, imidazolidiniluréia (germal 115®) e 5-bromo-5-nitro-1,3-dioxano (Bronidox L®) são alguns dos mais utilizados.
Os agentes quelantes são particularmente importantes para os géis, pois inativam por complexação metais pesados e alcalinos terrosos, bem como potencializam a ação de alguns antimicrobianos. Entre os problemas causados por estes metais nas formulações destacam-se:
Reação com ânions, levando à precipitação;
Oxidação de corantes e essências;
Inativação de antimicrobianos.
II) Produção de géis
A fase mais crítica na preparação de géis refere-se à hidratação do polímero. Esta deve ser feita de modo criterioso e gradual. A adição de excesso de água pode levar à formação de grumos que dificultam a dispersão mecânica de forma a comprometer a homogeneidade ou a uniformidade da formulação.
A adição de outros adjuvantes (ex.: solubilizantes), bem como o acerto de volume e pH, devem ser feitos só após a homogenização (uniformização) parcial do veículo.

Quais são as formas farmacêuticas semi sólidas?

Tipos de formas farmacêuticas semissólida (pomadas, géis e cremes); líquido (xaropes, gotas, soluções nasais, oftálmicas e injetáveis); gasosa (sprays, aerossóis).

O que são formas farmacêuticas Semissólidas?

Formas farmacêuticas semissólidas Se apresentam em forma de géis, pomadas, cremes, pastas, loções, unguentos, emplasto, entre outros. Normalmente usadas para aplicação tópica em pele ou mucosas, com absorção e ação local do princípio ativo.

Qual a diferença dos medicamentos sólidos semi sólidos e líquidos?

Os medicamentos disponíveis na forma sólida são divididos em comprimidos, drágeas, pós, granulados, cápsulas, pílulas, supositórios e óvulos. Os medicamentos na forma líquida são as soluções, os xaropes, os elixires, as suspensões, as emulsões e os injetáveis.

O que não pode ser considerado uma forma farmacêutica semi sólida?

Qual dessas formas farmacêuticas NÃO é classificada como semi-sólida? Pomadas.