Ou somos nós que nos movemos?
Se você já se pegou olhando para o céu em uma noite qualquer deve ter percebido que algumas constelações nascem e se poem nos nossos horizontes como planetas, a Lua ou o Sol, enquanto outras estrelas e constelações parecem estar sempre no nosso céu (alô Cruzeiro do Sul!).
Então, se as estrelas parecem se mover, elas não se movem na mesma velocidade? E elas se movem todas na mesma direção sempre?
Vamos começar pelo começo. Nós não somos o centro do universo, mas isso eu presumo que você já saiba. O que talvez você não saiba é que o movimento aparente das estrelas é causado principalmente pelo movimento do nosso próprio planeta! O jeito mais fácil de entender isso é pensarmos na nossa posição na superfície da Terra e imaginar que toda noite temos uma “janela” apontada para o espaço observando as estrelas. Ou seja: conseguimos ver uma parte do espaço de acordo com o campo de visão que nos é dado pelo lugar onde estamos. Pela nossa janela, que está girando junto com a Terra, as estrelas “passam” como se estivessem se movendo, mas estão apenas no nosso campo de visão naquele momento.
Não encontrei uma imagem simples assim para demonstrar o campo de visão (entre os traços azuis), então tive que fazer eu mesmo. Peço desculpas por isso.Algumas coisas interferem nesse campo de visão. É claro que o Sol, quando estamos com a nossa janela virada para ele (ou seja, quando é dia) nos impede de ver outras estrelas. Mas também o fato de estarmos no hemisfério Sul e a 23º de latitude do Equador nos dá uma janela específica para o céu. É por estarmos aqui que nunca vemos, entre outras, a famosa estrela Polar, sempre visível no hemisfério norte. E é por estarmos aqui que sempre vemos o Cruzeiro do Sul, referência para nós.
Mas as estrelas também tem movimentos próprios. Por estarem muito longe de nós, esses movimentos normalmente só são percebidos por nós ao passar de milhares de anos. É o mesmo efeito (em escala universal) daquele avião que parece estar voando beeeeem devagar lá no horizonte. Mas há algumas exceções: a Estrela de Barnard, por exemplo, é uma das mais próximas da Terra e seu movimento é bastante perceptível para nós.
Para as estrelas mais distantes, o movimento perceptível é mais demorado, mas também acontece. Com base em cálculos da velocidade radial (na linha da nossa visão) das estrelas, é possível imaginar como as constelações que conhecemos se parecerão no nosso céu daqui 100 mil anos.
As constelações e suas mudanças nos próximos milhares de anos: destaques para Órion, o Cruzeiro do Sul e Leão (Devianart)Se tiver alguma pergunta que gostaria de ver respondida, mande para ou no meu twitter @videvieira
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Movimento próprio de uma estrela refere-se ao movimento da estrela perpendicularmente à linha de visada de um observador na Terra.[1] O movimento é dito "próprio" por pertencer a estrela e não ao céu, que parece girar e carregar todas as estrelas com ele.[2]
Numa primeira análise, as estrelas parecem estar fixas no céu, em relação umas às outras. Uma observação mais cuidadosa revelará que as estrelas mudam lentamente de posição pois cada estrela possui seu próprio movimento.[2][3]
As estrelas possuem dois tipos de movimentos que podem ser observados de nossa posição na Terra, o movimento próprio (perpendicular à linha de visada) e o movimento radial (ao longo da linha de visada). Este último não pode ser visto como um deslocamento no céu (uma vez que está se aproximando ou se afastando sobre a linha de visada), mas pode ser medido através do deslocamento Doppler das linhas espectrais da luz emitida pela estrela.[1][4]
Ilustração do movimento próprio.
O movimento próprio que a estrela descreve na esfera celeste pode ainda ser decomposto em duas coordenadas: o movimento próprio em ascensão reta e o movimento próprio de declinação.[3] O efeito do movimento próprio na posição aparente da estrela é pequeno, devido à grande distância que nos separa das estrelas[4] e é usualmente, medido em "/ano (segundos de arco por ano).[1][3]
Posições da Estrela de Barnard entre 2001 e 2010
História[editar | editar código-fonte]
O movimento próprio das estrelas foi descoberto pela primeira vez pelo astrônomo inglês Edmund Halley em 1718, quando relatou que algumas estrelas como Sirius, Arcturus, Prócion e Aldebaran haviam se movido de meio a um grau desde a medição efetuada pelos astrônomos gregos da antiguidade Hiparco e Ptolomeu, cerca de 1700 anos antes.[1][2][4]
Em 1916 o astrônomo Edward Emerson Barnard descobriu uma estrela (na constelação do Ophiuchus), invisível ao olho nu e que possuía o maior movimento próprio medido até então, de 10,3 "/ano, essa estrela ficou conhecida como a "Estrela de Barnard".[2][4]
Estrelas com grande movimento próprio[2][editar | editar código-fonte]
Estrela de Barnard | 10,3 | 181 |
Estrela de Kapteyn | 8,76 | 213 |
Groombridge 1830 | 7,05 | 265 |
Cordoba 31353 | 6,90 | 270 |
Lacaille 9352 | 6,87 | 271 |
Cordoba 32416 | 6,11 | 305 |
Ross 619 | 5,40 | 345 |
61 Cygni | 5,27 | 354 |
22H Camelopardis | 4,78 | 390 |
Epsilon Indi | 4,70 | 397 |
Referências
- ↑ a b c d Kepler de Souza Oliveira Filho, Maria de Fátima Oliveira Saraiva (2004). «Cap.25 - Nossa galáxia: a Via Láctea». Astronomia e astrofísica 2 ed. São Paulo: Livraria da Física. p. 587-589. ISBN 85-88325-23-3
- ↑ a b c d e Isaac Asimov (1981). «Cap.3 - O problema da distância». Alpha Centauri. Rio de Janeiro: Francisco Alves. p. 37-42
- ↑ a b c Boczko, Roberto (1984). «Cap.12-O movimento próprio das estrelas». Conceitos de Astronomia. São Paulo: Edgard Blücher. p. 242-243
- ↑ a b c d Gastão Bierrenbach Lima Neto (2020). «Cap.3 - Movimento, forma e perspectiva: variação de coordenadas». Astronomia de Posição. [S.l.]: Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP. p. 97-99. Consultado em 29 de dezembro de 2021
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- «Hipparcos - Estrelas de grande movimento» (em inglês)
- «150 estrelas pertencentes ao catálogo de Hipparcos, que apresentam grande movimento» (em inglês)