Na noite do dia 2 de setembro de 2018, o fogo começava a consumir as estruturas e o acervo do maior museu de história natural e antropológica da América Latina: o Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Show
Mais do que abrigar uma insubstituível coleção de itens que contavam a história do Brasil e do mundo, o próprio prédio tinha enorme valor histórico: nele se instalou a família real portuguesa quando aqui desembarcou, em 1808, fugindo das tropas napoleônicas. As causas do incêndio ainda não foram divulgadas, mas de lá para cá governo federal e UFRJ (responsável pela administração do museu) trocaram acusações e o Ministério Público Federal pediu a interdição imediata de seis outros museus federais do Rio de Janeiro, até que eles adotem medidas de prevenção contra incêndios. Anunciou-se a liberação de milhões para a reconstrução do Museu Nacional, mas o maior legado que a tragédia poderia proporcionar aos brasileiros seria a disseminação de uma mentalidade de preocupação real com a preservação do patrimônio histórico. Para que ações paliativas não fossem necessárias. O que é patrimônio histórico?Patrimônio histórico é um termo usado para se referir a bens naturais e físicos que contribuem para um maior entendimento e apreciação da riqueza histórica e cultural de uma nação. O que inclui sítios arqueológicos, ruínas, prédios, praças, monumentos, templos religiosos e outros. No Brasil, o patrimônio histórico é protegido pelo Decreto-Lei Nº 25, de 1937, que em seu primeiro artigo o define da seguinte maneira (com a redação da época): “Art. 1º Constitue o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interêsse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.” Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto-(MG), é um exemplo de patrimônio histórico brasileiro. Foto: Antonio CorreaPor que é importante preservá-lo?Parte da resposta está no trecho de lei que acabamos de transcrever. Segundo o artigo, a conservação é de interesse público pela sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil e “por seu excepcional valor arqueológico, etnográfico, bibliográfico ou artístico”. Além de ajudar a montar o quebra-cabeça da história, o patrimônio histórico está repleto de informações sobre tradições e saberes da cultura de um povo e é importante fonte de pesquisa para diversas áreas do conhecimento. Quem não tem o menor interesse nisso tudo ainda pode estar tentando entender qual a utilidade em preservar um prédio antigo como o do Museu Nacional, um palacete da primeira década do século 19. Para esses, vale citar o velho chavão: “povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la”. A repetição, nesse caso, é no mau sentido, de passar novamente por episódios negativos que ocorreram no passado. Em vez de esquecer, relembrar para não permitir que aquilo se repita. É por isso que, na Alemanha, a memória do nazismo, uma página negra na história do país, é tão preservada. Há motivos mais concretos e imediatos para desejar a preservação de nosso patrimônio histórico: o principal é a qualidade de vida. Estamos falando de bens intimamente relacionados com a identidade do local e que, por isso, ajudam a construir em nós uma sensação de pertencimento, muito importante em um mundo cada vez mais homogêneo. Isso tudo sem contar na beleza insuperável que a maioria das construções antigas possui. Veja, abaixo, a foto do Theatro São Pedro, de Porto Alegre, um prédio concluído em 1858, e diga se não é uma construção digna de uma demorada contemplação. Theatro São Pedro, em Porto Alegre. Foto: Cristina GehlenO aspecto estético, às vezes mais que os aspectos cultural e histórico, também fomentam o turismo. Sem as ruas e casas bem preservadas do centro histórico de Ouro Preto e do Pelourinho, em Salvador, será que esses seriam destinos turísticos tão visitados? Restaurando um prédio históricoA estrutura já se deteriorou. O tempo passou e os responsáveis por conservar o patrimônio histórico não fizeram seu trabalho. E agora? Além de lamentar e apontar dedos para os culpados, há muitos casos em que vale a pena investir na restauração. Esse é um processo que precisa ser feito por pessoas especializadas, com muita responsabilidade e cuidado, e sem interferir nas características da obra original. Na medida do possível, devem ser utilizados os mesmos métodos construtivos e materiais da época em que a construção foi feita. Em seu blog, a empresa canadense Heather & Little, especializada na restauração de construções históricas, listou quais considera os cinco principais desafios nesse trabalho:
Alguns podem perguntar como fica a questão ambiental. Com a necessidade de construções mais sustentáveis, prédios antigos ainda têm espaço em nossas cidades? No Brasil, muitas casas antigas eram feitas com terra e tinham pés-direitos altos, características que beneficiam a circulação do ar e a manutenção de uma temperatura agradável em meio ao verão tropical. Exige-se muito menos do ar condicionado, portanto. Sem contar que, demolindo um prédio para construir outro, há um impacto ambiental enorme, com geração de resíduos que serão descartados na natureza e gastos com energia, transporte, materiais e ferramentas para a construção. E quanto ao dinheiro, o que é mais barato? Pode até acontecer de uma restauração ser tão complexa que custa mais dinheiro do que destruir a construção e fazer uma nova. Mas e o valor histórico e cultural do qual falamos antes, será que não deveria entrar nessa conta? Para quem se preocupa tanto com o dinheiro, uma coisa é certa: os esforços constantes para a conservação, uma ação preventiva, custam dezenas de vezes menos que a restauração ou que construir uma obra nova no local. E ainda preserva melhor as características originais. Que tal, então, começar a se preocupar mais com o impacto positivo de prezar pelo patrimônio histórico da sua rua, bairro, cidade e país? Se você ficou com alguma dúvida ou sugestão sobre o tema, deixe um comentário abaixo. Gostou do artigo? Compartilhe com seus amigos nas redes sociais 🙂 Qual a importância de preservar monumentos históricos?A valorização do patrimônio histórico cultural é a valorização da identidade que molda as pessoas. Por isso, preservar as paisagens, as obras de arte, as festas populares, a culinária ou qualquer outro elemento cultural de um povo, é manter a identidade desse povo.
Por que é importante preservar o patrimônio histórico de um povo?Os monumentos, as cidades históricas, as paisagens, as festas e as tradições são importantes heranças, porque compõem a identidade cultural e histórica, base sobre a qual se constrói uma Nação.
Por que é importante preservar o patrimônio histórico é cultural de uma cidade?Por meio do patrimônio histórico cultural podemos conhecer a história e tudo que a envolve. Por exemplo, a arte, as tradições, os saberes de determinado povo. Preservar e valorizar os elementos culturais de um povo é manter viva a sua identidade. Trata-se, portanto, de um ato de construção da cidadania.
Qual é a importância dos monumentos históricos na cidade?Assim como as construções, as imagens, os documentos e os relatos dos moradores, os monumentos guardam lembranças e informações daquele lugar e da sociedade que ali vive. Os monumentos são construídos para homenagear pessoas importantes daquela região ou fatos extraordinários ocorridos ao longo da história.
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