Introdu��o O ant�geno prost�tico espec�fico (PSA) � uma glicoprote�na produzida pelas c�lulas epiteliais prost�ticas, secretada no plasma seminal, e encontra-se em pequenas concentra��es no soro de homens normais. Sua fun��o principal � a liquefa��o do fluido seminal, aumentando a mobilidade dos espermatozoides (1,2,3). A PSA faz parte da fam�lia das calicre�nas que constituem um grupo de proteases codificadas em uma fam�lia de genes, representada por quinze membros situados sequencialmente ao longo do cromossomo 19q13.4. O gene KLK-3 codifica a protease PSA, tamb�m chamada hK3 - calicre�na glandular humana 3 (2,4). O PSA se apresenta sobre tr�s formas: PSA n�o complexado (PSA livre), PSA complexado com o inibidor de protease de serina, a α-1-antiquimiotripsina, e PSA complexado com a α-2-macroglobulina. As altera��es prost�ticas tendem a alterar os valores de forma singular de cada uma das fra��es do PSA, com a predomin�ncia de PSA conjugado a α-1-antiquimiotripsina em pacientes com c�ncer do que em pacientes com hiperplasia benigna da pr�stata (1,5,6). O PSA circula na corrente sangu�nea em parte ligado a prote�na e em parte na sua forma livre. O PSA produzido pelas c�lulas malignas n�o � inativado antes de cair na corrente sangu�nea, ligando-se a prote�na plasm�tica. J� o PSA livre pode ou n�o sofrer inativa��o por n�o ter propriedades proteol�ticas, isso explica o fato de paciente com c�ncer de pr�stata apresentar fra��es menores de PSA livre (6,7). Embora tenha sido identificado em outros tecidos, como na mama, o PSA � um marcador �rg�o-espec�fico da pr�stata, sendo que seus n�veis elevados est�o associados � prostatites, hiperplasia prost�tica benigna e c�ncer de pr�stata. Outros fatores podem elevar os n�veis plasm�ticos do PSA, tais como, traumas prost�tico e uretral e infec��o da pr�stata (5,7,8). A incid�ncia da hiperplasia benigna da pr�stata esta associado com a idade, atingindo 50% dos homens com mais de 50 anos e 80% daqueles com mais de 80 anos (6, 9). Segundo a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) o c�ncer de pr�stata � o segundo em incid�ncia no homem, sendo a sexta causa de morte entre a popula��o masculina mundial. A dosagem s�rica do PSA vem sendo utilizada desde 1986, tendo importante papel na redu��o de morbidade e mortalidade do c�ncer de pr�stata, permitindo o diagn�stico precoce deste (8,10). No ano de 2012 no Brasil houve uma estimativa de 60.180 novos casos de c�ncer de pr�stata. Esses valores correspondem a um risco estimado de 62 novos casos a cada 100 mil homens, com um percentual de 30,8% dos homens. Sendo 31.400 desses casos com ocorr�ncia estimada para a regi�o sudeste. (10) O exame do PSA total � utilizado para rastrear e detectar o maior n�mero poss�vel de casos de c�ncer de pr�stata, ele possui alta sensibilidade e baixa especificidade, sendo indicada a realiza��o do toque retal em paralelo. V�rios estudos t�m demonstrado um consider�vel aumento na especificidade diagn�stica sem decr�scimo da sensibilidade ao se fazer uso da raz�o PSA livre/total. (9,11,12) O PSA � usado tamb�m no monitoramento do tratamento ap�s cirurgia de remo��o do tumor, indicando se a remo��o foi completa e na detec��o de marcadores durante a quimioterapia, indicando a efic�cia da terapia orientando o uso dos medicamentos mais eficazes. O PSA detect�vel ap�s a remo��o radical de pr�stata � sugestivo de met�stase indicando uma doen�a recorrente (8). Pacientes com n�veis de PSA total maiores que 10 ng/mL apresentam um risco elevado de c�ncer de pr�stata, sendo candidatos � biopsia diagnostica, ao passo que pacientes que apresentam n�veis menores que 4 ng/mL correm um baixo risco. Valores de PSA total entre 4 e 10 ng/mL s�o pouco informativos em termos de valor diagn�stico, gerando maior d�vida entre c�ncer ou hiperplasia prost�tica benigna. Em virtude disso criou-se a rela��o PSA Livre/PSA Total e (PSAl/PSAt) a an�lise dessa rela��o tem sido empregada para submeter ou n�o o paciente a bi�psia prost�tica. Estudos estabeleceram o cutt-off para pacientes que apresenta valor de PSA total entre 4,00 e 10,00 ng/mL, a chamada zona cinzenta, no intuito de garantir a efic�cia do teste nesta faixa visando incrementar a sua especificidade, sendo sugeridos valores entre 15% e 25% (6,7). Como apenas um quarto dos homens com n�veis de PSA nessa faixa tendem a apresentar c�ncer de pr�stata, torna-se importante a avalia��o da rela��o PSA livre/PSA total, melhorando a especificidade do teste e reduzindo o n�mero de biopsia desnecess�rias em pacientes com hiperplasia prost�tica benigna (1,7,8). Hoje a determina��o quantitativa da PSA � realizada em equipamentos automatizados e totalmente computadorizados que fazem uso de m�todos imunol�gicos, tais como enzimaimunoensaios, quimioluminescentes e imunorradiom�tricos. Estas metodologias possuem uma sensibilidade de pelo menos 0,001 ng/mL, o que possibilita a detec��o da PSA em v�rios fluidos biol�gicos (2). Foram introduzidos novos par�metros utilizando-se isoformas do PSA com o intuito de melhor a sensibilidade e a especificidade da dosagem s�rica do PSA para diagn�stico de c�ncer prost�tico (6,7). Tendo em vista a import�ncia cl�nica do PSA, o presente trabalho tem como objetivo analisar os valores de PSA livre, PSA total e rela��o PSAlivre/PSAtotal dos pacientes atendidos no Laborat�rio Microrregional de Bras�lia de Minas � MG e estabelecer a rela��o entre estes valores e a faixa et�ria da popula��o estudada. Objetivos Analisar os valores de PSA livre, PSA total e rela��o PSAlivre/PSAtotal dos pacientes atendidos no Laborat�rio Microrregional de Bras�lia de Minas � MG e estabelecer a rela��o entre estes valores e a faixa et�ria da popula��o estudada. Metodologia Este trabalho consiste em estudo epidemiol�gico retrospectivo e descritivo, com abordagem quantitativa. A coleta de dados foi realizada a partir do sistema informatizado do Laborat�rio Microrregional de An�lise Cl�nicas de Bras�lia de Minas, situado na Avenida Bias Forte, s/n, bairro Dona Joaquina, munic�pio de Bras�lia de Minas, Minas Gerais � CEP � 39300-000. O laborat�rio � coordenado pela CISNORTE (Cons�rcio Intermunicipal de Sa�de do Norte de Minas) sendo um Laborat�rio Microrregional, no qual realiza exames laboratoriais de 20 munic�pios. Foram analisados os valores de PSA livre, PSA total e Rela��o de PSAlivre/PSAtotal no per�odo de Julho de 2011 a Fevereiro de 2013. Os resultados foram expressos na forma de gr�ficos e tabelas. Resultados e discuss�o No presente estudo foram avaliados 1008 pacientes, com faixa et�ria acima de 40 anos. A Figura 1 mostra a distribui��o percentual de valores de PSA-total (PSA-t) em rela��o a tr�s valores de refer�ncia pr�-definidos usados como padr�o em v�rios estudos. Observa-se que 81% dos pacientes apresentam valores de PSA-t menor que 4,00 ng/mL, valor associado a baixo risco de desenvolver c�ncer de pr�stata, enquanto que 5,7% dos pacientes apresentaram valor superior a 10 ng/mL, associado a elevado risco de desenvolver o c�ncer. Valores de PSA-t entre 4 e 10 ng/mL representaram 13,4% dos pacientes, o que em valor absoluto representa 135 pacientes. Estudos epidemiol�gicos t�m demonstrado que pacientes com valores de PSA entre 4,0 e 10,0 ng/mL apresentam chance de 11% a 39% de terem c�ncer � bi�psia trans-retal (13). Como esta faixa de valores de PSA-t representa a zona obscura em termos de valor diagn�stico, gerando d�vida entre c�ncer ou hiperplasia benigna da pr�stata, foi empregado neste estudo como teste diagn�stico a rela��o de PSA-livre/PSA-total visando melhorar a especificidade do teste e evitar bi�psias desnecess�rias, considerando os valores de cutt-off de 0,25 e 0,15. Figura 01. Distribui��o Percentual dos valores de PSA na popula��o estudada Analisando a Figura 02, observa-se que 79% dos pacientes que apresentaram valores de PSA-t entre 4-10 ng/mL apresentaram valores de cutt-off menor que 0,25, ao passo que na Figura 03 verifica-se que apenas 53% apresentaram valores de cutt-off menor que 0,15. Comparando estes dois pontos de corte � poss�vel dizer que quando se usa o valor de cutt-off de 0,15 deixa de fazer a bi�psia em 26% dos pacientes que apresentaram valores de PSA-t entre 4 � 10 ng/mL, o que representa 34 pacientes. Embora os pontos de corte sejam utilizados como orienta��o no tratamento ainda n�o se sabe o ponto ideal. A varia��o entre os valores se deve a diferentes expectativas quanto � sensibilidade e � especificidade do teste (14). A incid�ncia de c�ncer de pr�stata e altamente superior quando pacientes com exame digital retal normal s�o selecionados para bi�psia da pr�stata devido a n�veis da rela��o de PSA-livre/PSA-t menor que 15%, quando observado exclusivamente por n�veis de PSA s�rico (15). O uso da propor��o de PSA-l/PSA-t entre homens com n�veis de PSA entre 4 e 10ng/mL pode reduzir o numero de bi�psias desnecess�rias enquanto mant�m alta a taxa de detec��o do c�ncer (16). Figuras 02. Distribui��o percentual da rela��o de PSAlivre/PSAtotal em rela��o ao cutt-off de 0,25 (25%) para pacientes que apresentaram valor de PSA total entre 4,0 e 10,0 ng/mL Figuras 03. Distribui��o percentual da rela��o de PSAlivre/PSAtotal em rela��o ao �cutt-off� de 0,15 (15%) para pacientes que apresentaram valor de PSA total entre 4,0 e 10,0 ng/mL Sabe-se que o valor de PSA total s�rico aumenta com o aumento da idade. Entretanto, observa-se a partir da Tabela 1 que para todas as faixas et�rias definidas, houve um aumento aproximadamente de 100% quando comparado o cutt-off de 0,25 em rela��o ao de 0,15. Pode-se inferir desta forma que a idade n�o influencia na propor��o dos pacientes quando comparados os pontos de corte analisados. Tabela 01. Rela��o dos valores cutt-off 0,25 e 0,15 e faixa et�ria dos pacientes para valores de PSA total entre 4 e 10 ng/mL Analisando a Tabela 2 que correlaciona a faixa et�ria dos pacientes com os valores de PSA-t, encontrou-se uma preval�ncia ascendente de pacientes com valores de PSA-t entre 4 e 10,00 ng/mL, sendo 1,2% de paciente na faixa et�ria de 40-50 anos, 9,2% na faixa de 51-60 anos, chegando a 40% na popula��o de 91-100 anos, mostrando o aumento do n�mero de pacientes que devem ser submetidos a bi�psia, ratificando os dados de diversos artigos que mostram o aumento da preval�ncia de c�ncer de pr�stata com a idade. Esse achado se assemelha ao estudo realizado na cidade de S�o Paulo, onde a preval�ncia foi de 1,3% de casos na faixa et�ria de 50-59 anos, 4,5% na faixa de 60-69 anos e 5,2% em paciente de 70-77 anos (17). Al�m disso ocorre a crescente incid�ncia de Hiperplasia Prost�tica Benigna com a idade, o que demanda a an�lise da rela�ao PSA livre/PSA total indicando a necessidade ou n�o da realiza��o de bi�psia prost�tica. Tabela 2. Rela��o entre a faixa et�ria dos pacientes e os valores de PSA-total
Conclus�o A partir dos dados � poss�vel concluir que o cutt-off de 0,15 em rela��o ao de 0,25 � mais indicado para evitar bi�psias desnecess�rias. No entanto, faz se necess�rio a realiza��o de estudos longitudinais que avaliem o resultado definitivo das bi�psias de c�ncer transretal para pacientes com valores de cutt-off entre 0,15 e 0,25 para verificar qual ponto de corte seria o mais seguro. Refer�ncias
Outros artigos em Portugu�s
|