Para fechar em grande estilo a semana especial dedicada a esses anjos da guarda que são os profissionais de enfermagem, trazemos aqui o filme Florence Nightingale – História da Enfermagem, que conta a história de Florence, uma teimosa e astuta aristocrata inglesa que mudou os rumos desta profissão.
Florence Nightingale (Laura Fraser), filha de uma tradicional e rica família, rebelou-se desde cedo contra o comportamento e o lugar na sociedade destinados às mulheres de sua posição social.
De tanto insistir, convenceu seu pai a deixá-la estudar matemática e foi educada por ninguém menos que Arthur Cayley, eternizado por seus estudos sobre matrizes algébricas utilizadas na mecânica quântica; e por James Joseph Sylvester, celebrizado pelas suas teorias dos invariantes, matricial e análise combinatória. Sylvester chegou a declarar que Florence foi sua melhor aluna.
Também estudou os métodos estatísticos do cientista belga Jacques Quetelet, conhecido por seus estudos
sobre o Índice da Massa Corporal (IMC).
Em 1946 foi altamente sensibilizada com o péssimo tratamento dado a um indigente numa enfermaria em Londres e tomou para si a bandeira da reforma da lei de assistência do Estado aos pobres e desamparados.
Enfrentou a família, que não via com bons olhos sua ânsia em acudir os necessitados, a quem ia visitar nos hospitais, chegando a romper relações com sua mãe e, aos 30 anos, Florence passou a fazer estágios em importantes hospitais da Alemanha e da França, iniciando seu treinamento como enfermeira.
Durante a Guerra da Criméia, em 1854, quando Inglaterra, França e Turquia enfrentaram a Rússia, Florence foi levada com uma equipe de enfermeiras ao campo de batalha para supervisionar os hospitais de assistência aos soldados ingleses.
Alarmada com o altíssimo índice de mortalidade causado pelo tifo e pela cólera, concluiu que as doenças hospitalares estavam matando sete vezes mais do que os campos de batalha. Com uma coleta constante de dados e aplicando os métodos de Quetelet, organizou registros e estatísticas montando diagramas de área onde visualizou, mês a mês, que o rigor na assepsia fazia decrescer as mortes por infecção.
Seu trabalho baseado em evidência foi responsável pela diminuição de mais de 70% das mortes de soldados feridos em batalhas, por decorrências de atendimento médico inadequado.
Sua generosidade, doçura com os pacientes, seus cuidados percorrendo as enfermarias dos batalhões e
acampamentos durante a noite, com uma lanterna na mão visitando os doentes lhe renderam o apelido de “a dama da lâmpada”.
Com o fim da guerra e de volta à Londres, Florence continuou sua busca por humanização e higiene no atendimento hospitalar e acabou sendo condecorada, pela Rainha Vitória, como membro da Sociedade Estatística Real, além de receber um prêmio em dinheiro, que usou para abrir a primeira escola de enfermagem, no Hospital Saint Thomas, que seria usada de modelo para as demais escolas que surgiram no mundo, ao estabelecer as bases da moderna enfermagem.
Florence Nightingale – História da Enfermagem (Florence Nightingale, 2008), com roteiro e direção de Norman Stone, além de elenco composto por Laura Fraser, Michael Pennington, Andrew Harrison, Barbara Marten, Ian Bartholomew, Catherine e Roy Hudd.
Tempo de leitura: 10 minutos
#acessibilidade Duas fotografias de Florence Nightingale, jovem à esquerda e idosa à direita.Você sabe quem foi Florence Nightingale? Qual a importância dela para a saúde atualmente? E o que seria da enfermagem sem esta grande e batalhadora mulher? Ela é importante até hoje para a enfermagem. Persistiu e se dedicou em busca do investimento em saneamento básico em um hospital da Guerra da Crimeia, o que revolucionou as perspectivas de saúde até os dias atuais. Sempre fora generosa e cuidadosa com seus pacientes e era vista frequentemente visitando-os durante a noite com uma lanterna à mão, o que lhe rendeu o apelido de “dama da noite”. Em muitas obras, Florence é retratada segurando um lampião.
Há 200 anos, Florence Nightingale nascia em Florença, na Itália, em 12 de maio de 1820. Era uma mulher bastante impetuosa e não se contentava com o papel feminino que a sociedade impunha na época. Desejava dedicar-se aos estudos da estatística, mas não teve permissão para isso e decidiu seguir o caminho da caridade. Assim, viajou a Paris, onde conheceu o trabalho das Irmãs de Caridade de São Vicente de Paula, prestou assistência e auxiliou na administração, adquiriu noções de enfermagem e, apaixonada pela estatística, estudou os dados obtidos na caridade e desenvolveu gráficos das atividades realizadas.
No século XIX as condições hospitalares eram extremamente precárias, o saneamento básico era inexistente. Os ricos preferiam se tratar em casa, enquanto os pobres, que não podiam pagar por atendimento domiciliar, eram tratados em hospitais. Nightingale não se contentava com a situação dos hospitais e desejava mudar esta condição, fazendo parte do movimento progressista. Em dezembro de 1846, em resposta a um escândalo que envolvia a morte de um sem teto, tornou-se a principal defensora de melhorias no tratamento público. Aos 30 anos passou a fazer estágios em importantes hospitais da Alemanha e da França, iniciando sua jornada como enfermeira. Depois de formada, se mudou para Londres, onde trabalhou como superintendente de um hospital de caridade.
Antigamente a população era informada sobre a guerra por pinturas heroicas, não por diagramas utilizando dados reais, com os grandes heróis em leitos hospitalares. Porém, a Guerra da Crimeia foi retratada desta forma pelo jornalismo e a população se chocava com a realidade do campo de batalha. Em reação a isso, houve uma indignação pública com a negligência das tropas. Foi então que o Secretário da Guerra da Crimeia, conhecendo o movimento progressista do qual Florence fazia parte, a contratou para trabalhar em um hospital da guerra.
#acessibilidade Pintura retratando Florence Nightingale no hospital de Scutari segurando um lampião com a mão direita.A principal contribuição de Florence Nightingale ocorreu entre 1854 e 1856 no hospital de Scutari, na Turquia, perto do campo de batalha da Guerra da Crimeia. Após o fim da guerra, relatou que das 18 mil mortes, aproximadamente 16 mil morreram de doenças infecciosas contraídas no hospital e não de ferimentos de guerra. Florence desejava fazer melhorias duradouras nos hospitais e para isso teria de convencer o governo britânico de que seria necessária uma reforma radical. Apesar da relutância do governo, Florence não desistiu e pediu uma audiência com a Rainha Vitória, buscando convencer a todos de que era necessário compreender porque tantos soldados morriam durante a guerra. Florence possuía grande reputação por conta da opinião pública, então o governo solicitou um relatório que seria apresentado a um novo comissário real. Foi então que ela trabalhou intensamente para expressar e organizar suas experiências no hospital de Scutari. Nightingale desejava chamar a atenção das pessoas, tanto estudiosos quanto não estudiosos, para os dados. Elaborou, então, o diagrama com cores fortes e com formas circulares sobrepostas, lembrando uma rosa, conhecido por “diagrama da rosa”.
O “diagrama da rosa” mostra que o número de mortes devido a doenças infecciosas era alto no período de abril de 1854 a março de 1855. Algo ocorreu, entretanto, para que no de período de abril de 1855 a março de 1856 as condições dos soldados melhorassem. O que seria, então, que causou esta mudança drástica na sobrevivência dos soldados?
O hospital de Scutari foi construído sob uma fossa, que exalava gases tóxicos. Os pacientes se deitavam em camas precárias ou no chão. Florence e suas 38 enfermeiras cuidavam dos soldados com todo o respeito. Lavavam adequadamente as roupas, com água quente, e forneciam uma nova dieta, balanceada, para os enfermos. Mesmo assim, a taxa de letalidade ainda era alta. Florence precisou fazer mais mudanças no hospital, foi então que no dia 4 de março de 1855 um especialista em cólera e um engenheiro sanitário visitaram o lugar. Viram, então, que o sistema de água estava entupido com dejetos e excrementos, cuja água chegava ao tanque de água que abastecia o hospital. As reformas necessárias foram realizadas e dentro de 1 mês as mortes por infecção haviam caído pela metade.
Apesar do grande rigor metodológico de Nightingale, a comissão real britânica não publicou boa parte dos dados, pois consideraram controversos. No entanto, publicaram o famoso “diagrama da rosa”.
Por conta da relutância do governo britânico em publicar o relatório completo, Florence se enfureceu e, em outubro de 1858, vazou o material para centenas de pessoas influentes. Após três meses, Florence e seus apoiadores conseguiram convencer o governo britânico a publicar o relatório. O estudo de Nightingale foi essencial para que compreendêssemos que o dinheiro investido em saneamento básico é importante para nossa sobrevivência.
Quando Florence voltou da Guerra da Crimeia, contraiu uma doença infecciosa, não se sabe exatamente qual, mas possivelmente brucelose ou febre tifoide. Em casa ela escreveu o relatório descrito aqui, com quase 900 páginas, onde ela pode sistematizar e expor toda a sua experiência e a realidade do hospital em que trabalhou. Posteriormente ela escreveu, ainda, mais artigos e livros. Florence Nightingale morreu no dia 13 de agosto de 1970, com 90 anos. E em homenagem à mãe da enfermagem moderna, o Dia Internacional da Enfermagem é o dia de seu nascimento, 12 de maio.
Fontes:
Imagem destacada: Site Sou Enfermagem
Imagem 1: Florence Nightingale – Scutari Hospital – Criméia
Imagem 2: Florence Nightingale (1820–1910) / Public domain
//www.spdm.org.br/saude/noticias/item/3392-200-anos-de-florence-nightingale-icone-da-enfermagem-moderna //revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2020/04/florence-nightingale-como-ela-revolucionou-nossos-habitos-de-higiene.html //www.youtube.com/watch?v=Ik6X2-DCudU