Quais características do modernismo estão presentes em Vidas Secas?

Conheça o resumo, estrutura e as características dos personagens do livro “Vidas secas”, de Graciliano Ramos

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Conheça o resumo, estrutura e as características dos personagens do livro “Vidas secas”, de Graciliano Ramos

  • mg
  • 16/09/2020

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O romance “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, publicado em 1938, retrata a vida de uma família de retirantes sertanejos que vivem de forma miserável e precisam se deslocar, como nômades, das áreas menos castigadas pela seca. 

A obra é um dos maiores expoentes da segunda fase modernista, conhecida também como regionalista. O que difere o livro de outros da mesma época é a técnica com que o autor explorou o regionalismo, no nome dos personagens, por meio do discurso indireto, pela narrativa não-linear, a economia no uso dos adjetivos como se fosse a aridez do lugar e pela denúncia dos problemas sociais, com a consequente exploração dos ricos pelos pobres. 

Dessa forma, Graciliano faz uma crítica social retratando as dificuldades encontradas por essa família pobre, que precisa conviver com a miséria e a seca que assola o sertão nordestino.

“Vidas Secas” é, portanto, um profundo retrato da sociedade brasileira e seus problemas sociais.

Vamos entender um pouco mais sobre o livro a partir do seu resumo?

Resumo do livro “Vidas Secas”

Fabiano e Sinhá Vitória formam um casal simples. Fabiano tem dificuldade de se expressar e prefere ficar quieto, pois não havia frequentado a escola. Já sua mulher sabe fazer contas e sempre avisa seu marido dos trapaceiros que tentavam tirar vantagem dele. É também muito lutadora, sonha com um futuro melhor para seus filhos e não se conforma com a miséria em que vivem.

Eles possuem dois filhos, mas o nome de nenhum deles é mencionado durante a narrativa. Eles convivem constantemente com a miséria. Porém, como toda criança, também possuem sonhos. O mais velho é mais curioso e o mais novo tem o desejo de fazer algo importante para que sua família sinta orgulho.

Baleia é a cadela de estimação e faz referência ao próprio animal marinho, mas em contraste com a seca. Os meninos gostam muito dela. Porém, ao longo da história ela adoece e morre após a tentativa de Fabiano em sacrificá-la com um tiro. 

Também há a presença de um papagaio que latia.

No momento em que a família encontra um lugar para descansar do sol escaldante, eles se deparam com o dono da terra, futuro patrão de Fabiano, para o qual passa a trabalhar como vaqueiro na fazenda. 

Acontece que Fabiano é preso após revidar um insulto de um soldado no bar. Este momento o faz refletir sobre sua a vida e sua condição.

Os problemas sociais e animalização dos personagens permeiam toda obra, mas não é visto somente isso. Também é possível encontrar pequenos momentos de felicidade com a família, além do sonho de que o sofrimento acabe e a esperança de encontrarem melhores oportunidades.

Assim, a vida dessa família sofredora vai passando pela caatinga do sertão nordestino, até o dia em que Fabiano decide ser a hora de partir novamente, deixando tudo para trás como haviam encontrado e fazendo planos de um futuro melhor para os seus filhos.

Estrutura do livro “Vidas Secas”

O livro possui a divisão de 13 capítulos. Por não existir uma linearidade temporal na obra, a leitura deles pode ser feita em qualquer ordem. 

Contudo, o primeiro, intitulado “Mudança”, e o último, “Fuga”, precisam ser lidos nessa sequência, pois eles possuem uma ligação para fechar o ciclo da narrativa. Há, portanto, a existência do tempo psicológico em detrimento do cronológico, fato que se comprova pela exclusão dos personagens diante de uma ordem civilizada do tempo, ao mesmo tempo em que aproxima o leitor de suas angústias e dores. 

Quanto à narração, um fato importante para se observar é que a obra, por não possuir muitos diálogos e por nenhum dos personagens parecer capacitado para assumir este posto, está concentrada na terceira pessoa. Graciliano Ramos fez também o uso do discurso indireto livre, em que as falas dos personagens se mesclam ao discurso do narrador onisciente. 

Com relação ao espaço, o ambiente do sertão já aborda no seu título a desumanização que a seca proporciona aos personagens, somando-se à miséria causada pela exploração dos ricos proprietários da região. 

São apontados dois recortes espaciais: o ambiente rural e o urbano. A relevância deles se deve às sensações de adequação ou inadequação dos personagens em um ou outro.

Veja como ocorre a divisão em capítulos do livro “Vidas Secas”:

  • Capítulo I – Mudança
  • Capítulo II – Fabiano
  • Capítulo III – Cadeia
  • Capítulo IV – Sinhá Vitória
  • Capítulo V – O Menino Mais Novo
  • Capítulo VI – O Menino Mais Velho
  • Capítulo VII – Inverno
  • Capítulo VIII – Festa
  • Capítulo IX – Baleia
  • Capítulo X – Contas
  • Capítulo XI – Soldado Amarelo
  • Capítulo XII – Mundo coberto de penas
  • Capítulo XIII – Fuga

Lista de personagens do livro “Vidas secas”

Como já vimos no resumo, o livro não possui muitos personagens, pois ele narra a história de uma família de retirantes. 

  • Fabiano: é o chefe da família. Nordestino que trabalha como vaqueiro na fazenda do seu patrão. Trata-se de um personagem rude e sem instrução, pois como não teve estudo, não se comunica muito bem. Às vezes se reconhece como um homem e sente orgulho de vencer as adversidades do nordeste, outras, se vê como um animal, pelo fato de beber muito e perder dinheiro no jogo. Está sempre à procura de um bom emprego.
  • Sinhá Vitória: mulher de Fabiano e mãe de 2 filhos. É nordestina, batalhadora e inconformada com a miséria em que vivem. Ela sabe fazer conta com os grãos e está sempre prevenindo o seu marido de pessoas trapaceiras.
  • Filhos: descendentes de Fabiano e Sinhá Vitória. O mais novo admira a figura do pai vaqueiro, já o mais velho não tem interesse na vida sofrida do sertão e é curioso para descobrir o sentido das palavras.
  • Baleia: é a cadela da família, muito querida pelos filhos e tratada como membro da família. Age como se fosse gente.
  • Patrão: dono da fazenda que contrata Fabiano para trabalhar. É desonesto e explora todos os seus empregados. 

Um pouco sobre o autor do livro “Vidas Secas”, Graciliano Ramos

Graciliano Ramos de Oliveira nasceu em Quebrangulo, Alagoas, em 27 de outubro de 1892. Terminou o segundo grau em Maceió e foi para o Rio de Janeiro trabalhar como jornalista durante alguns anos. Volta para o Alagoas em 1915 e se casa com Maria Augusta de Barros, que cinco anos depois falece e o deixa com seus quatro filhos.

Ao trabalhar como prefeito em uma cidade do interior, foi convencido por Augusto Schmidt a publicar seu primeiro livro, “Caetés” em 1933, com o qual ganhou o prêmio Brasil de Literatura. 

Entre o anos de 1930 e 1936 morou em Maceió e seguiu publicando diversos livros enquanto exercia o trabalho como editor, professor e diretor da Instrução Pública do Estado.

Foi preso durante o governo de Getúlio Vagas, já nos preparativos para lançar “Angústia”, que só foi possível de ser publicado com a ajuda de seu amigo, José Lins do Rego, em 1936. 

Filiou-se ao Partido Comunista do Brasil em 1945 e realizou nos anos seguintes uma viagem à URSS e países europeus junto de sua segunda esposa, o que lhe rendeu seu livro “Viagem” (1954). Veio a falecer de câncer do pulmão em 1953, aos 60 anos.

Suas principais obras são: “Caetés” (1933), “São Bernardo” (1934), “Angústia” (1936), “Vidas Secas” (1938), “Infância” (1945), “Insônia” (1947), “Memórias do Cárcere” (1953) e “Viagem” (1954).

Gostou de saber mais sobre o livro “Vidas Secas”? Também temos um artigo que resume outra obra: “O cortiço”, de Aluísio Azevedo. Confira!

Quais as características do modernismo no livro Vidas Secas?

Vidas secas faz parte da segunda fase do modernismo brasileiro. Essa obra de Graciliano Ramos é caracterizada pelo seu caráter realista e regionalista.

Qual a relação de Vidas Secas com o modernismo?

Vidas Secas pertence ao modernismo brasileiro. Mais especificamente, pertence ao segundo tempo do modernismo brasileiro, período compreendido entre 1930 e 1945. Nesse período ocorre uma retomada das características do realismo-naturalismo do século XIX.

Quais as principais características da obra Vidas Secas?

Vidas Secas é um profundo retrato da sociedade brasileira, sobretudo de seus problemas sociais. Dessa forma, Graciliano traça uma crítica social retratando as dificuldades encontradas por uma família pobre de retirantes. Eles tem de conviver constantemente com a miséria e a seca que assola o sertão nordestino.

Qual a visão de Graciliano Ramos sobre os modernistas?

Segundo Salla, o próprio Graciliano reconhecia em parte as conquistas proporcionadas pelo modernismo de 1922, mas acreditava que foi sua geração que trabalhou pela “construção efetiva do romance nacional, da literatura brasileira num sentido mais abrangente.”