A União Ibérica (1580–1640) foi a unificação das coroas espanhola e portuguesa sob a liderança do rei espanhol, Felipe II, um dos herdeiros do trono português.
A União Ibérica marcou o declínio do poderio português, que teve suas terras invadidas e saqueadas, além de um grande endividamento por múltiplos motivos, como nos casos holandeses e da Guerra de Restauração.
A história das invasões [holandesas] liga-se à passagem do trono português à Coroa espanhola, como resultado de uma crise sucessória que pôs fim à dinastia de Avis (1580).
Na medida em que havia um conflito aberto entre a Espanha e os Países Baixos, o relacionamento entre Holanda e Portugal [antigos parceiros comerciais] iria inevitavelmente mudar.
Sobretudo, os holandeses não poderiam mais continuar a exercer o papel predominante na comercialização do açúcar. [Os holandeses desejavam cultivar também, controlando boa parte do ciclo açucareiro, no Brasil]”. (FAUSTO, 2015, p. 75, acréscimo nosso)
Boa leitura!
SUMÁRIO: UNIÃO IBÉRICA
1. O que foi a União Ibérica? Resumo
2. Contexto da União Ibérica
3. A Guerra de Restauração e o fim da União Ibérica
⠀⠀3.1 Guerra de
Restauração
4. Consequências da União Ibérica
⠀⠀4.1 Decadência portuguesa
⠀⠀4.2 Ingleses, franceses e holandeses invadem e saqueiam o Brasil
⠀⠀⠀⠀4.2.1 Saques e invasões Holandesas
⠀⠀4.3 Crise do tráfico negreiro: os bandeirantes
⠀⠀4.4 Aumento do território brasileiro
Referências
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1. O QUE FOI A UNIÃO IBÉRICA? RESUMO
A união de Portugal e Espanha formou a União Ibérica entre os anos de 1580 e 1640, sendo chamada assim porque ambas as nações eram (e ainda são) pertencentes à Península Ibérica, na Europa ocidental.
O trono português havia ficado vago com a morte do rei Dom Sebastião, acabando por ser herdado por Felipe II, da Espanha, o qual comandou Portugal e todas as suas colônias, como o Brasil e a Angola.
A união, após 60 anos, teve fim por ocasião dos inúmeros sucessos de Dom João IV na chamada Guerra de Restauração.
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2. CONTEXTO DA UNIÃO IBÉRICA
O rei português, Dom Sebastião, que havia se lançado em uma cruzada contra os muçulmanos no atual Marrocos, acabou por ser morto na Batalha de Alcácer-Quibir, em 1578.
Juntamente com o rei português, morreram diversos nobres do alto escalão português, sendo uma total tragédia.
Como Dom Sebastião não possuía herdeiros diretos, abriu-se uma verdadeira guerra para ver quem conseguiria herdar o trono português.
Por um tempo, tentou-se que o tio do rei morto em batalha assumisse o trono, mas este, apesar de pertencer o clero, também já contava muitos anos, falecendo dois anos depois, em 1580.
Havia ao menos três pretendentes ao trono, contudo, o poder familiar dos Habsburgos acabaria por determinar o destino do trono português.
Felipe II, da Espanha, além de ter o apoio da nobreza lusitana, pertencia a Casa dos Habsburgos, também conhecida como Casa da Áustria, uma das mais poderosas e influentes da época (e que assim permaneceria até o século XX).
Felipe II, apesar do seu temperamento, foi conciliador e pouco teria tributado os portugueses, garantindo boa parte da autonomia portuguesa.
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3. A GUERRA DE RESTAURAÇÃO E O FIM DA UNIÃO IBÉRICA
Tanto Felipe II como Felipe III, embora tenham criados impostos aos portugueses, haviam mantido boa parte da população portuguesa satisfeita, sobretudo a nobreza.
Contudo, com a chegada ao trono de Felipe IV, as coisas mudaram drasticamente basicamente por conta de dois motivos: aumentos drásticos dos impostos e mudança de cargos importantes portugueses, nos quais espanhóis foram indicados pelo rei em detrimento dos portugueses.
Também ocorre que à época, a Espanha era vista por diversos países como a maior potência, dona de vastos territórios em todo o planeta, e isso desencadeou uma série de investidas contra seus territórios ultramarinos.
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3.1 Guerra de Restauração
Em 1640, cansados das tributações excessivas e vendo o trono espanhol cercado de conflitos internos e externos, os portugueses iniciaram a Guerra de Restauração contra o domínio Espanhol.
A Guerra de Restauração assinalou de imediato o fim da União Ibérica, ainda que as batalhas se prolongassem por décadas, destacando-se as grandes vitórias portuguesas sob o comando de Dom João IV.
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4. CONSEQUÊNCIAS DA UNIÃO IBÉRICA
Inúmeras foram consequências tanto para espanhóis quanto portugueses, principalmente para estes que entraram em decadência.
Se por um lado a Espanha herdou as colônias portuguesas, também sofreu inúmeras investidas sobre as mesmas de países como Inglaterra, França e principalmente da Holanda.
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4.1 Decadência portuguesa
Antes da União Ibérica, o Reino de Portugal era extremamente próspero e afortunado.
O sucesso das Grandes Navegações, trazendo colônias em diversas partes do planeta, projetavam Portugal como país de destaque no cenário Europeu.
Entretanto, após a União Ibérica, os portugueses se encontravam extremamente endividados por conta da Guerra de Restauração e os seus
domínios ultramarinos saqueados ou mesmo invadidos, como no custoso caso do projeto do Brasil Holandês.
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4.2 Ingleses, franceses e holandeses invadem e saqueiam o Brasil
Com a Espanha liderando os territórios portugueses, os ingleses, franceses e holandeses investiram em diversas incursões contra a União Ibérica.
Os ingleses saquearam diversos navios, ao passo que os franceses, velhos contrabandistas do Pau-Brasil, continuaram a investir contra a colônia americana.
Contudo, os impactos causados pelos ingleses e franceses estão longe dos realizados pelos holandeses, que eram inimigos ferrenhos da Espanha.
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4.2.1 Saques e invasões Holandesas
Os holandeses, recém-vitoriosos da chamada Guerra dos 80 Anos contra a Espanha, haviam conquistado sua liberdade e se lançado ao mar nas disputas colonialistas.
Além de saquear inúmeras vezes portos e feitorias de Portugal na costa africana, assim como controlar muitos, também realizaram saques e invasões da américa, também portuguesa.
Com sucesso, os holandeses da Companhia das Índias Ocidentais conquistaram a rica e próspera capitania de Pernambuco, onde fincaram sua bandeira entre os anos de 1630 e 1654.
Aprenderam todo o ciclo de produção açucareiro, dominaram o tráfico de escravos português e somente a muito custo assinaram o Tratado de Haia, com os Portugueses lhes fazendo amplas concessões de territórios e toneladas de ouro sob o termo dos holandeses não mais invadirem suas possessões.
Nesse mesmo contexto, temos como destaque:
- O auge do ciclo açucareiro no Brasil;
- O governo de Maurício de Nassau em Recife; e a
- Insurreição Pernambucana.
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4.3 Crise do tráfico negreiro: os bandeirantes
Com as rotas do tráfico negreiro interrompidas por causa das invasões holandesas, retornou-se à prática da escravidão indígena que estava em desuso.
Para isso, as classes mais abastadas deram origem aos chamados bandeirantes, de Bandeiras, que eram basicamente caçadores de indígenas, reconhecedores de territórios e afins.
Embora se atribua muito a figura do bandeirante ao atual Estado de São Paulo, outras regiões também financiaram as bandeiras, como o atual Maranhão, onde a penetração no território espanhol foi profunda.
Ainda, com a ação dos bandeirantes, milhares de indígenas foram escravizados e outros milhares mortos, seja pela violência seja pela doença.
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4.4 Aumento do território brasileiro
As Bandeiras, assim como as Entradas (expedições oficiais do governo), acabaram por expandir o território brasileiro que à época era inexplorado pelos europeus, tendo por vezes indígenas como guias.
Ao ponto que cada vez mais iriam adentrando e construindo acampamentos, acabaram por criar indiretamente povoamentos nos quais o território brasileiro acabaria por ser grandemente ampliado.
Os espanhóis, de acordo com o Tratado de Tordesilhas, detinham o direito de amplas áreas da América Latina, contudo, não tinham como ocupá-las e no momento da União Ibérica a coroa espanhola se encontrava em diversos conflitos, inclusive internos.
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REFERÊNCIA(S):
BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio. 3ª ed. reform. e atual. São Paulo: Moderna, 2007.
FAUSTO, Boris; FAUSTO, Sérgio (colab). História do Brasil. 14ª ed. atual. e ampl., 2º reimpr. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2015.
MELLO, José Antônio Gonsalves de.
Tempo dos Flamengos: A influência da ocupação holandesa na vida e cultura do norte do Brasil. 3ª ed. Rio de Janeiro: Top Books, 2001.
MICELI, Paulo. História Moderna. 4ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2020.
SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel.
Brasil: uma biografia. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. 3. ed., 9ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2020.
VINCENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2002.
WOOLF, Alex. Uma nova história do mundo. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2014.
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