Até ao século XV o continente africano era um mundo completamente desconhecido dos europeus, com exceção do norte mediterrânico, com o qual mantinham contactos desde a Antiguidade. Alguns reinos mantinham relações com o Norte marroquino, como é o caso do Mali, o que o tornava próximo da religião
islâmica, tendo mesmo, inclusivamente, acabado por ser absorvido pelo próprio Estado marroquino em finais do século XVI, assim como o império Songhai, nascido do reino de Gao, na região do Senegal. Os descobridores portugueses estabeleceram contactos ao longo da costa
ocidental, iniciando-se um longo período de trocas comerciais com a Europa baseado no tráfico de escravos, ouro e matérias-primas. Contudo, o interior africano, praticamente virgem à exploração europeia até ao século XIX, assistiu ao nascimento e florescimento de reinos e impérios com uma estrutura política e social próprias.
Também na bacia do rio
Congo, correspondendo à área dos atuais Congo (ex-Zaire) e Angola, subsistiram alguns reinos e impérios, numa região de savana, isolada a norte pela floresta densa e a sul pelos desertos do Sudoeste
africano. Um desses reinos foi de Louba, datado do século XV. Tratava-se de um agrupamento de povoados que reconhecia a autoridade de um rei, mas cada qual mantendo o seu chefe, sendo todos os chefes descendentes de um mesmo antepassado. Este reino estendeu-se até ao Índico, mas o tipo de organização pouco estável levou à sua dissolução.
O século XVII marca o apogeu do império Lunda (no Nordeste de Angola), que conseguiu controlar as jazidas de sal e cobre da região, enriquecendo com
as ligações comerciais que estabeleceu com os portugueses que comerciavam na região do Zambeze. A sua eficácia residia nos fortes laços de parentesco estabelecidos entre os diferentes chefes e entre cada sucessor. Um outro foco civilizacional africano de grande interesse está documentado na região do Zimbabwé, entre este rio e o Limpopo. As pesquisas arqueológicas encontraram cerca de 150 locais edificados entre os séculos XIV e XVIII, notáveis pela existência de cintas de muralhas em pedra de
grandes dimensões.
Captura de escravos em África
Outro grande reino da África central é o Kouba, que se fixou entre os rios Lulua e Sankum, local onde controlavam o comércio do sal, do cobre e dos cauris (conchas vindas do Índico que serviam de moeda em Angola). O rei exercia um poder divino
perante uma sociedade patriarcal e linhagística. Este reino desenvolveu um conceito artístico próprio, aristocrático, sendo sinal de riqueza a posse de objetos de grande qualidade, incrustados de cauris e pedrarias. Este estado sucumbiu no século XIX sob os golpes árabes, génese da islamização dos reinos africanos, e sob a invasão zulo (do quicongo zulu, «céu»), que alterou também o xadrez étnico e regional do atual território da
África do Sul.
O reino Zulo é o último grande reino africano, baseado no poder militar do seu chefe e no carácter bélico da suas tribos. A sua expansão ficou a dever-se à vontade de Shaka, que fundou o reino Zulo na região do Natal, em 1816, e partiu à conquista de toda a região, confrontando-se com o poder dos colonos ingleses,
pressionando também outras etnias.
No final da Idade Média, o mundo que os europeus conheciam resumia-se ao Oriente Médio, ao norte da África e às Índias, nome genérico pelo qual designavam o Extremo Oriente, isto é, leste da Ásia. Grande parte dos europeus conhecia apenas o Extremo oriente por meio de relatos; como o do viajante veneziano Marco Pólo, que partiu de sua cidade em 1271, acompanhando seu pai e seu tio em uma viagem àquela região. A América e a Oceania eram totalmente
desconhecidas pelos europeus. Mesmo as informações de que os europeus dispunham sobre muitas das regiões conhecidas eram imprecisas e estavam repletas de elementos fantasiosos.
Período de transição entre Idade Média e Idade Moderna.
Durante os séculos XV e XVI, exploradores europeus, mas principalmente portugueses e espanhóis, começaram a aventurar-se pelo “mar desconhecido”, isto é, pelo oceano Atlântico e também pelo Pacífico e Índico dando início à chamada Era das Navegações e Descobrimentos Marítimos.
As primeiras rotas das grandes navegações
Os objetivos
No século XV, os países europeus que quisessem comprar especiarias (pimenta, açafrão, gengibre, canela e outros temperos), tinham que recorrer aos comerciantes de Veneza ou Gênova, que possuíam o monopólio destes produtos. Com acesso aos mercados orientais - Índia era o principal - os burgueses italianos cobravam preços exorbitantes pelas especiarias do oriente. O canal de comunicação e transporte de mercadorias vindas do oriente era o Mar Mediterrâneo, dominado pelos italianos. Encontrar um novo caminho para as Índias era uma tarefa difícil, porém muito desejada. Portugal e Espanha desejavam muito ter acesso direto às fontes orientais, para poderem também lucrar com este interessante comércio.
Um outro fator importante, que estimulou as navegações nesta época, era a necessidade dos europeus de conquistarem novas terras. Eles queriam isso para poder obter matérias-primas, metais preciosos e produtos não encontrados na Europa. Até mesmo a Igreja Católica estava interessada neste empreendimento, pois, significaria novos fiéis.
Os reis também estavam interessados, tanto que financiaram grande parte dos empreendimentos marítimos, pois com o aumento do comércio, poderiam também aumentar a arrecadação de impostos para os seus reinos. Mais dinheiro significaria mais poder para os reis absolutistas da época.
Pioneirismo português
Portugal foi o pioneiro nas navegações dos séculos XV e XVI devido a uma série de condições encontradas neste país ibérico. A grande experiência em navegações, principalmente da pesca de bacalhau, ajudou muito Portugal. As caravelas, principal meio de transporte marítimo e comercial do período, eram desenvolvidas com qualidade superior à de outras nações. Portugal contou com uma quantidade significativa de investimentos de capital vindos da burguesia e também da nobreza, interessadas nos lucros que este negócio poderia gerar. Neste país também houve a preocupação com os estudos náuticos, pois os portugueses chegaram a criar até mesmo uma centro de estudos: A Escola de Sagres.
Como referenciar: "As grandes navegações" em Só História. Virtuous Tecnologia da Informação, 2009-2022. Consultado em 02/12/2022 às 01:54. Disponível na Internet em //www.sohistoria.com.br/ef2/navegacoes/