O surgimento da filosofia na Grécia Antiga
As origens da filosofia remontam ao século VII a.C., nascida na Grécia Antiga, ela surge como um contraponto ao pensamento mitológico vigente. O termo filosofia, atribuído a Pitágoras, deriva da junção de duas palavras gregas philo ("amizade", "amor") e sophia ("sabedoria"). O filósofo seria, portanto, um "amigo da sabedoria". Mas antes de passarmos à filosofia propriamente dita, convém que façamos um breve retrocesso a fim de entendermos em que consistia o pensamento mitológico.
O pensamento mitológico
Mito, do grego mithos, é uma narrativa de origem, isto é, um relato que busca explicar, geralmente recorrendo ao sobrenatural, a origem dos fenômenos naturais e das coisas que nos cercam. Essas narrativas eram construídas coletivamente e, portanto, não tinham uma autoria definida. Uma vez que, na antiguidade, pouquíssimas pessoas tinham acesso à leitura e à escrita, as narrativas míticas eram difundidas, principalmente, por meio da oralidade.
Embora associemos imediatamente a mitologia à religião dos povos antigos, num contexto mais amplo, o pensamento mitológico vai muito além da nossa concepção atual de religião. Os mitos estavam na base da educação do povo grego, sobretudo aqueles narrados por Homero e Hesíodo. Através deles eram transmitidos os costumes, os conhecimentos, a cultura e os valores populares. Cada narrativa, permeada por esses elementos, contribuía para a formação moral e intelectual do indivíduo.
A passagem do mito ao logos
Porém, num dado momento, as explicações mitológicas se tornaram insuficientes e o homem sentiu a necessidade de buscar respostas mais racionais para as questões que o afligiam. Diversas transformações no âmbito da cultura grega contribuíram para o surgimento do pensamento filosófico, tais como: a redescoberta da escrita, o surgimento da moeda, a formulação da lei escrita, a consolidação da democracia, entre outras. A partir dessas transformações, surgiram, no século VII a.C., os primeiros filósofos, que ficaram conhecidos como filósofos pré-socráticos. Esses pensadores, buscavam explicar a natureza (physis) através da razão (logos), isto é, sem recorrer aos seres sobrenaturais, como deuses, titãs ou monstros mitológicos. Sua grande tarefa era encontrar, na natureza, o elemento primordial (arché), que teria dado origem a tudo que existe.
Quais fatores contribuíram para o nascimento da filosofia?
Os principais fatores para o surgimento da filosofia na Grécia foram o contato do povo grego com outros povos, adquirindo novos conhecimentos e modos de entender o mundo e seus fenômenos, as viagens marítimas mostraram também que os mares não tinham monstros como as lendas, assim mitos foram se afogando com o passar do ...
Quais são os três fatores primordiais que permitiram o surgimento da filosofia na Grécia?
A Filosofia grega surgiu a partir da poesia, da religião e das condições sociopolíticas.
Qual o real papel da Filosofia?
A Filosofia é uma área de estudos crítica e analítica, que oferece a oportunidade de entrar em contato com as correntes de pensamento que moldaram o mundo. É a chance de estudar com profundidade, ler sobre a essência do homem e a formação das sociedades.
Qual a importância do ato de perguntar para a formação do ser humano?
É fundamental a importância do perguntar para a formação do ser humano, visto que é justamente por meio das perguntas que podemos exercitar nossas mentes, capacidade intelectual e obter caminhos aprender a fazer uso da razão.
Qual é a missão do filósofo?
Neste trabalho considera-se que, em nosso tempo, a tarefa mais importante da Filosofia é justificar a presença humana no mundo. ... A Filosofia em nosso século deparou-se com a existência e, sua missão consistiu em esclarecer a situação do homem, em elucidar o seu modo de ser e a traçar novas bases do seu viver.
Filosofia surge na Grécia, mas não por acaso, essa pequena parte da atual Europa conjugava uma série de fatores necessários para surgimento dessa disciplina.
- Existência da pólis;
- Viagens Marítimas;
- Uso da escrita;
- Uso do calendário;
- Uso da moeda;
- Não existência de um livro sagrado da religião grega.
TEXTO 1:
Que terá levado o homem, a partir de determinado momento de sua história, a fazer ciência teórica e filosofia? Por que surge no Ocidente, mais precisamente na Grécia do século VI a.C., uma nova mentalidade, que passa a substituir as antigas construções mitológicas pela aventura intelectual, expressa através de investigações científicas e especulações filosóficas? (…)
Embora a questão do início histórico da filosofia e da ciência teórica ainda contenha pontos controversos (…), a maioria dos historiadores tende hoje a admitir que somente com os gregos começa a audácia e a aventura expressas numa teoria. Às conquistas esparsas e assistemáticas da ciência empírica e pragmática dos orientais, os gregos do século VI a.C. contrapõem a busca de uma unidade de compreensão racional, que organiza, integra e dinamiza os conhecimentos. Essa mentalidade, porém, resulta de longo processo de racionalização da cultura, acelerado a partir da demolição da antiga civilização micênica. A partir daí, a convergência de vários fatores – econômicos, sociais, políticos, geográficos – permite a eclosão do “milagre grego”, que teve na ciência teórica e na filosofia sua mais grandiosa e impressionante manifestação. (…)
O complexo processo de formação do povo e da cultura grega determinou o aparecimento, dentro do mundo helênico, de áreas bastante diferenciadas, não só quanto às atividades econômicas e às instituições políticas, mas também quanto à própria mentalidade e suas manifestações nos campos da arte, da religião, do pensamento. À Grécia continental, mais presa às tradições da pólis arcaica, contrapunham-se as colônias da Ásia Menor, situadas em regiões mais distantes pelo intercâmbio comercial e cultural com outros povos. Da Jônia surgem as epopeias homéricas e, a partir do século VI a.C., as primeiras formulações filosóficas e científicas dos pensadores de Mileto, de Samos, de Éfeso. Entre esses dois momentos de manifestação do processo de racionalização por que passava a cultura grega, situa-se a obra poética de Hesíodo – voz que se eleva da Grécia continental, conjugando as conquistas da nova mentalidade surgida nas colônias da Ásia Menor com os temas extraídos de sua gente e de sua terra, a Beócia. (PESSANHA, José Américo Motta. Do mito à filosofia)
O Pensamento filosófico e a descoberta do cosmos
Não é fácil traçar a fronteira temporal do momento em que surge o pensamento racional. Passaria, provavelmente, pela epopeia homérica. No entanto, nela é tão estreita a interpenetração do elemento racional e do “pensamento mítico”, que mal se pode separá-los. Uma análise da epopeia, a partir deste ponto de vista, nos mostraria quão cedo o pensamento racional se infiltra no mito e começa a influenciá-lo. A filosofia jônica da natureza sucede à epopeia sem solução de continuidade. (…)
Parafraseando o dito de Kant, poderíamos dizer que a intuição mítica, sem o elemento formador do Logos, ainda é “cega” e que a conceituação lógica, sem o núcleo vivo da “intuição mítica” originária, permanece “vazia”. A partir deste ponto de vista devemos encarar a história da filosofia grega como o processo de racionalização progressiva da concepção religiosa do mundo implícita nos mitos. (..)
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O ponto de partida dos pensadores naturalistas do séc. VI era o problema da origem, a physis, que deu nome ao movimento espiritual e à forma de especulação que originou. Isto se justifica, se temos presente o significado originário da palavra grega e não misturamos a ele a moderna concepção da física. O seu interesse fundamental era, na realidade, o que na nossa linguagem corrente denominamos metafísica. Era a ele que se subordinavam o conhecimento e a observação física. É certo que foi do mesmo movimento que nasceu a ciência racional da natureza. Mas a princípio estava envolta em especulação metafísica, e só gradualmente se foi libertando dela. No conceito grego de physis estavam, inseparáveis, as duas coisas: o problema da origem – que obriga o pensamento a ultrapassar os limites do que é dado na experiência sensorial – e a compreensão, por meio da investigação empírica, do que deriva daquela origem e existe atualmente. Era natural que a tendência inata dos Jônios – grandes exploradores e observadores – para a investigação levasse as questões a um maior aprofundamento, onde aparecem os problemas últimos. É natural também que, uma vez colocado o problema da origem e essência do mundo, se desenvolvesse progressivamente a necessidade de ampliar o conhecimento dos fatos e a explicação dos fenômenos particulares. Pela proximidade do Egito e dos países do Oriente Próximo torna-se mais que verossímil – confirmam-no as tradições mais autênticas – que o contato espiritual dos Jônios com as mais antigas civilizações daqueles povos não só tenha levado à adoção das conquistas técnicas na agrimensura, na náutica e na observação do céu, mas tenha também dirigido a atenção daquela raça de navegadores e comerciantes, de espírito vivo, para a consideração dos problemas profundos que aqueles povos resolveram de maneira muito diferente dos gregos, por meio de mitos referentes ao nascimento do mundo e às histórias dos deuses.
Há, porém, algo de fundamentalmente novo na maneira como os gregos puseram a serviço do seu problema último – da origem e essência das coisas – as observações empíricas que receberam do Oriente e enriqueceram com as suas próprias, bem como no modo de submeter ao pensamento teórico e causal o reino dos mitos, fundado na observação das realidades aparentes do mundo sensível: os mitos sobre o nascimento do mundo. É neste momento que assistimos ao aparecimento da filosofia científica. É este, aliás, o feito histórico da Grécia. É certo que foi só gradual a sua libertação dos mitos. Porém, o simples fato de ter sido um movimento espiritual unitário, conduzido por uma série de personalidades independentes, mas em íntima e recíproca ligação, já demonstra o seu caráter científico e racional conexão do nascimento da filosofia naturalista com Mileto, a metrópole da cultura jônica, torna-se clara, se notarmos que os seus três primeiros pensadores – Tales, Anaximandro e Anaxímenes – viveram no tempo da destruição de Mileto pelos Persas (início do século V). […] O modo de propor e resolver os problemas segue, nos três, a mesma direção. Abriram o caminho e forneceram os conceitos fundamentais à física grega de Demócrito até Aristóteles. (JAEGER, Werner. Paideia)