Quais são as adaptações dos animais e plantas que vivem nas dunas?

Mestre em Ecologia e Recursos Naturais (UFSCAR, 2019)
Bacharel em Ciências Biológicas (UNIFESP, 2015)

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As dunas são morros formados por grãos de areia mantidos agrupados através da ação do vento ou da água. Elas possuem um lado maior que sofre erosão (barlavento) e um lado menor e mais íngreme (sotavento) onde ocorre a deposição do material erodido. Através deste mecanismo de erosão e deposição as dunas são consideradas altamente dinâmicas, se “movendo” com o passar do tempo.

Estas formações podem ser encontradas em desertos ou ao longo da costa, nas praias. Elas podem ocupar apenas alguns metros ou se estender por muitos quilômetros formando verdadeiros mares de dunas. Nas regiões costeiras elas são importantes componentes espaciais, servindo como mecanismo de redução de impacto das ondas, também criando um habitat único ocupado por populações de animais e plantas altamente especializados. Os desertos ocorrem em regiões secas no interior dos continentes e a areia que forma as dunas desérticas são o sedimento que outrora formava o fundo de mares ou grandes lagos. Nestes ambientes, a energia eólica é o principal agente de formação das dunas. Em estuários e bancos de areia de rios, o fluxo da água é o principal responsável por modificar, mover e criar dunas.

As dunas são muito estudadas tanto por sua complexidade de formatos e dinâmica quanto pela sucessão ecológica que ocorre nelas. No início da formação de uma duna de região litorânea, o agente formador (água ou vento) também carreia sementes e plântulas. Contudo, as condições físico-químicas do meio ainda não são favoráveis, pois o solo apresenta uma alta salinidade e ocorre grande efeito abrasivo do vento. As espécies pioneiras a colonizarem as dunas costeiras são geralmente gramíneas halófitas (que sobrevivem mesmo em concentrações elevadas de sais) que possuem um rápido ciclo de vida. Um exemplo comum é a morganheira da praia (Euphorbia paralias). Ao longo de seu crescimento, a duna acumula em suas porções mais profundas umidade e nutrientes, tanto inorgânicos presentes no sedimento quanto matéria orgânica que é carreada para o seu interior. Nestas condições, a duna se torna um ambiente capaz de sustentar formas vegetais mais complexas, como o narciso da areia (Pancratium maritimum), uma planta arbustiva. Por fim, as dunas mais antigas ficam enriquecidas de nutrientes e são colonizadas por uma complexa fisionomia vegetal que combina formas rasteiras, arbustivas e arbóreas. Ao longo deste processo também ocorre a migração e colonização de muitas populações animais, principalmente de insetos, répteis e aves.

As dunas de desertos também servem de habitat para muitas espécies de plantas e animais. Como as condições nestes ambientes é muito extrema, com elevada variação térmica diária e baixa disponibilidade de água, são necessárias uma série de adaptações dos organismos que habitam estas áreas. Alguns exemplos de adaptações morfológicas são: raízes profundas para atingir reservas de água subterrânea (cactos), cutícula espessa para reduzir a perda de água e acumulo de água nos tecidos (plantas “suculentas”), hábito críptico ou noturno para auxiliar na termorregulação corporal (lagarto chifrudo do deserto), produção de água através da metabolização de grandes quantidades de gordura estocada (camelos) e produção de urina concentrada reduzindo a perda de água (jerboa).

Quais são as adaptações dos animais e plantas que vivem nas dunas?

Curiosidade: dunas no planeta Marte. Foto: Sonda HiRISE / NASA/JPL/University of Arizona

Referências:

Alyemeni, N.M., 2000. Ecological studies on sand dunes vegetation in AI-Kharj region, Saudi Arabia. Saudi J Bio Sci, 7, pp.64-87.

Martínez, M.L., Psuty, N.P. and Lubke, R.A., 2008. A perspective on coastal dunes. In Coastal Dunes (pp. 3-10). Springer, Berlin, Heidelberg.

Nishimori, H., Yamasaki, M. and Andersen, K.H., 1998. A simple model for the various pattern dynamics of dunes. International Journal of Modern Physics B, 12(03), pp.257-272.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/geografia/dunas/

As dunas frontais são aquelas mais próxima da área que conhecemos como praia. Estas dunas são formadas a partir da movimentação de sedimentos: o mar deposita a areia e, após secar, o vento a carrega em direção ao continente. Com o tempo, essas dunas são colonizadas por plantas que ajudam a fixar este sedimento.

Estes locais apresentam uma grande diversidade de vida. Há uma considerável riqueza de plantas, podendo ser encontradas mais de 30 espécies em uma determinada região. No entanto, não são todas as plantas com capacidade de crescer nas dunas. Imagine todo esforço envolvido para que uma planta consiga se instalar e sobreviver em um ambiente com pouca água, pobre em nutrientes, salino, com muito vento e incidência de luz, grande alteração de temperaturas e com substrato instável. Assim como outros seres vivos, as plantas desenvolvem diversos mecanismos para sobreviverem e garantir a continuidade das espécies.

Devido a estas características, a vegetação das dunas frontais é composta por plantas rasteiras ou arbustos que não ultrapassam um metro de altura. Isso ocorre porque com alturas menores a chance de quebrarem pela ação do vento é menor. Ainda, não há disponibilidade de tantos nutrientes para que plantas maiores possam crescer.

Além da altura reduzida, outras características adaptativas são apresentadas de diferentes formas pelas espécies encontradas nas dunas frontais:

  • Folhas carnosas (suculentas), que possuem alta capacidade de armazenamento de água. Uma planta que apresenta esta característica é o capotiraguá (Blutaparon portulacoides), que possui propriedades medicinais e encontra-se em uma situação vulnerável quanto sua conservação no Rio Grande do Sul;
  • Folhas com pilosidades (semelhante à pelos), diminuem a incidência de sol diretamente nas folhas, assim também diminuindo a perda de água pela transpiração. Um exemplo é a margaridinha-das-dunas (Sececcio crassiflorus), muito utilizada em projetos de recuperação de dunas por serem de fácil cultivo;
  • Algumas plantas possuem as folhas curvadas para o centro, que forma uma espécie de funil, em que a água é direcionada para as suas raízes e ainda diminui a área exposta a luz solar. Um exemplo é a ipomea (Ipomea pes-caprae);
  • Algumas raízes são bastante profundas para acessarem a água do lençol freático, mas também possuem uma rede de raízes superficiais bem ramificadas, que tornam a planta mais estável;
  • Outras plantas ainda apresentam glândulas para eliminar o sal em forma de soluções salinas ou cristais;
  • No geral a estrutura é flexível e algumas espécies apresentam formação em moitas para se protegerem dos ventos fortes.

Ainda há muitas outras estratégias desenvolvidas pelas plantas para que consigam ter maior sucesso na colonização das nossas restingas. Além da estabilização das dunas, estas plantas também proporcionam abrigo e alimentação para outras espécies da fauna que residem no local, tais como os tuco-tucos (Ctenomys sp.) e os ninhos de piru-piru (Haematopus palliatus), entre outras espécies. Há uma grande biodiversidade que depende deste ecossistema para sobreviver, portanto quando for à praia evite pisotear as dunas, utilizando as passarelas.

Autora:

Bióloga Taís Leffa – Colaboradora Licenciar Consultoria Ambiental
CRBio 110826-03

REFERÊNCIAS:

AZEVEDO, N.H.; MARTINI, A.M.Z.; OLIVEIRA, A.A.; SCARPA, D.L.; PETROBRAS: USP, IB, LabTrop/BioIn (org.). Ecologia na restinga: uma sequência didática argumentativa. 1ed. São Paulo: Edição dos autores, Janeiro de 2014. 140p.

BOEGER, M. R. T.; GLUZEZAK, R. Adaptações estruturais de sete espécies de plantas para as condições ambientais da área de dunas de Santa Catarina, Brasil. Iheringia. Série Botânica., v. 61, n. 1/2, p. 73-82, 2006.

FALKENBERG, D. B. Aspectos da flora e da vegetação secundária da restinga de Santa Catarina, Sul do Brasil. INSULA Revista de Botânica, v. 28, p. 01, 1999.

PALMA, C. B.; JARENKOW, J. A. Estrutura de uma formação herbácea de dunas frontais no litoral norte do Rio Grande do Sul, Brasil. Biociências, v. 16, n. 2, 2008.

Que adaptações podemos encontrar em animais e plantas que vivem em dunas?

Adaptação dos seres vivos a ambientes secos Assim, há a necessidade de peles grossas, reservatórios internos de água, mecanismos de controle de temperatura, substituição de folhas por espinhos nas plantas e cascas grossas.

Que animais e plantas vivem nas dunas?

As dunas são habitadas, principalmente, por insetos, que costumam se refugiar na vegetação, como as moitas de capim-salgado ou de margarida das dunas, ou sob a areia. Os besouros, mais de 40 espécies, e as formigas, com noves espécies, são vistos com mais frequência nesses ambientes.

Quais plantas vivem nas dunas?

Nas dunas há uma vegetação nativa, composta principalmente por gramíneas e plantas rateiras que desempenham importante papel na formação e fixação das dunas.

Quais são as principais características das dunas?

As Dunas são ecossistemas constituídos por grãos de areia muito finas que se desenvolvem principalmente pela ação dos ventos, formando montes ou montanhas de diversas formas e tamanhos. Elas são extensas barreiras naturais dinâmicas que impedem o avanço do mar e ainda, a entrada de água salgada nos lençóis freáticos.