Quais são as alterações cardiovasculares que ocorrem com a prática regular da atividade física?

Quais são as alterações cardiovasculares que ocorrem com a prática regular da atividade física?
Quais são as alterações cardiovasculares que ocorrem com a prática regular da atividade física?

Sistema cardiovascular e suas respostas ao 

exerc�cio f�sico. Uma breve revis�o sistem�tica

El sistema cardiovascular y sus respuestas al ejercicio f�sico. Una breve revisi�n

Quais são as alterações cardiovasculares que ocorrem com a prática regular da atividade física?

 

*Graduado em Educa��o F�sica pela Unimontes

**Professor/a do Departamento de Educa��o F�sica de Educa��o F�sica da Unimontes

***Professor da escola preparat�ria de cadetes do ar � EPCAR

****Programa de P�s Gradua��o Stricto Sensu em Ci�ncias da Sa�de da Unimontes

*****Programa de P�s-Gradua��o Associado em Educa��o F�sica da UFV e UFJF

(Brasil)

Jeilson Antunes de Freitas*

Eric Hudson Evangelista e Souza*

Luciana Mendes Oliveira**

Alisson Gomes da Silva*** *****

Wellington Danilo Soares** ****

Alex Sander Freitas**

Vin�cius Dias Rodrigues** ****

 

Resumo

          O sistema cardiovascular possui fun��o fundamental na resposta do corpo ao exerc�cio f�sico. No momento em que iniciamos um exerc�cio diversas respostas cardiovasculares s�o desencadeadas permitindo que a realiza��o do mesmo aconte�a satisfatoriamente. Os principais par�metros influenciados de maneira aguda s�o: a press�o arterial, a freq��ncia card�aca e o duplo produto. Quando o exerc�cio � praticado sistematicamente algumas adapta��es cr�nicas podem acontecer nesses par�metros diferenciando indiv�duos treinados de sedent�rios. Compreender a estrutura do sistema cardiovascular, bem como o comportamento dos seus par�metros ao exerc�cio de maneira aguda e cr�nica favorece o aperfei�oamento das t�cnicas de prescri��o de treinamento e a obten��o de melhores resultados. Assim este trabalho teve como objetivo apresentar uma revis�o sobre a fisiologia do sistema cardiovascular e a resposta de seus principais par�metros ao exerc�cio.

          Unitermos:

Sistema cardiovascular. Exerc�cio f�sico.  
Quais são as alterações cardiovasculares que ocorrem com a prática regular da atividade física?
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, A�o 19, N� 195, Agosto de 2014. http://www.efdeportes.com

Quais são as alterações cardiovasculares que ocorrem com a prática regular da atividade física?

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Introdu��o

    O sistema cardiovascular � uma conex�o direta entre uma bomba, um circuito que gera alta press�o com canais de trocas de nutrientes e um sistema de coleta e retorno que exerce baixa press�o sobre o organismo (McARDLE; KATCH e KATCH, 2003).Esse sistema � constitu�do pelo cora��o, vasos sangu�neos e o sangue que � bombeado por todo corpo em um circuito fechado. Esta circula��o sangu�nea se divide em circula��o pulmonar e sist�mica, sendo a �ltima respons�vel pelo resto do corpo (ROBERGS e ROBERTS, 2002; POWERS e HOWLEY, 2000).

    O cora��o � composto por tr�s tipos de m�sculos: m�sculo ventricular, atrial e fibras excitat�rias e condutoras. As contra��es dos m�sculos atrial e ventricular formam o ciclo card�aco a partir da s�stole (contra��o) e di�stole (relaxamento) (GUYTON e HALL, 2006; POWERS e HOWLEY, 2000). Guyton e Hall (2006) asseguram que cada ciclo � iniciado pela produ��o espont�nea do potencial de a��o no nodo sinusal, que est� situado na parede lateral superior do �trio direito.

    O sangue � o l�quido que circula dentro do sistema vascular, tendo componentes celulares (hemat�crito: 45%) e n�o celulares (plasma: 55%) (ROBERGS e ROBERTS, 2002). SegundoBerne e Levy (2000), o fluxo sangu�neo segue uma trajet�ria unidirecional, isto se deve aos folhetos localizados no cora��o onde esta distribui��o � controlada. Esses folhetos ou v�lvulas impedem o movimento retr�grado do sangue, s�o elas: atrioventriculares direita e esquerda, v�lvula semilunar pulmonar e v�lvula semilunar a�rtica (POWERS e HOWLEY, 2000).

    De acordo com McArdle; Katch e Katch (2003), os tubos de alta press�o acoplados ao cora��o que levam o sangue rico em oxig�nio para os tecidos s�o denominados de art�rias. As arter�olas s�o vasos menores que recebem o sangue rico em oxig�nio das art�rias. Robergs e Roberts (2002)contribuem inferindo que os vasos sangu�neos de menor di�metro que t�m sua parede constitu�da por apenas uma camada de c�lulas s�o chamados de capilares (respons�veis pelas trocas). As v�nulas recebem o sangue dos capilares e o transporta a veias de maior calibre (BERNE e LEVY, 2000).

    Powers e Howley (2000) consideram como as fun��es mais importantes do sistema cardiovascular: ofertar quantidades significativas de oxig�nio para todo o organismo, regular a temperatura corporal, transportar nutrientes para todo o corpo e retirar os metab�litos do organismo atrav�s da hemodin�mica.

    Quando o indiv�duo se encontra em repouso, o cora��o bombeia de 4 a 6 litros de sangue por minuto, j� durante o exerc�cio de alta intensidade, o cora��o bombeia o sangue quatro a sete vezes mais do que em repouso (GUYTON E HALL, 2006). Considerando Powers e Howley (2000), a quantidade de sangue bombeado pelo cora��o deve ser aumentada devido � alta demanda de oxig�nio do m�sculo esquel�tico, por isso respostas hormonais agudas e cr�nicas s�o necess�rias para suprir a oferta de oxig�nio.

    O d�bito card�aco (DC) se refere � quantidade de sangue bombeado pelo cora��o durante o per�odo de 1 minuto. Em indiv�duos adultos em repouso isso representa cerca de 5.000 ml/min. (GUYTON; HALL, 2006). O rendimento do cora��o depende da velocidade de bombeamento (frequ�ncia card�aca (FC)) e da quantidade de sangue ejetada com cada golpe (volume sist�lico de eje��o). O DC pode ser obtido atrav�s da multiplica��o entre da FC e o volume sist�lico (McARDLE; KATCH e KATCH, 2003).

    Portanto, o controle da press�o arterial, da frequ�ncia card�aca e do duplo produto possui um papel fundamental para o sistema cardiovascular, conforme j� descrito por Guyton e Hall (2002), pois suas adequadas manuten��es s�o fundamentais para permitir a realiza��o das trocas de nutrientes e excretas apropriadas ao funcionamento do organismo.

    Assim este trabalho teve como objetivo apresentar uma revis�o sobre a fisiologia do sistema cardiovascular e a resposta de seus principais par�metros ao exerc�cio.

Press�o arterial

    A press�o arterial (PA) � a for�a exercida contra a parede das art�rias, sendo determinada pela quantidade de sangue bombeado e pela resist�ncia do fluxo sangu�neo. O valor mais alto da PA � denominado de press�o sist�lica (PAS) e ocorre durante a contra��o ventricular esquerda (s�stole). O valor mais baixo � a press�o diast�lica (PAD) e ocorre durante o relaxamento do ciclo card�aco (di�stole), indicando a resist�ncia perif�rica. Guyton e Hall (2002) relatam que a resist�ncia perif�rica � definida como a dificuldade do sangue fluir dentro dos vasos sangu�neos. Ambas s�o expressas em mmHg (mil�metros de merc�rio). A press�o arterial � habitualmente menor em mulheres (McARDLE; KATCH e KATCH, 2003; POWERS e HOWLEY, 2000).

    Segundo a VI Diretrizes Brasileiras de Hipertens�o (2010) a PA e seus limites s�o arbitr�rios. Os valores de classifica��o da PA em indiv�duos acima de 18 anos s�o os seguintes: �tima PAS < 120 e PAD < 80; Normal PAS < 130 e PAD < 80; Lim�trofe < 130-139 e PAD < 80-85; Hipertens�o est�gio 1 PAS < 140-159 e PAD < 90-99; Hipertens�o est�gio 2 PAS < 160-179 e PAD 100-109; Hipertens�o est�gio 3 PAS ≥ 180 e PAD ≥ 110 e Hipertens�o sist�lica isolada PAS ≥ 140 e PAD< 90.

    Durante v�rias d�cadas o rim foi considerado o principal regulador da PA h� longo prazo e o sistema nervoso aut�nomo era respons�vel somente pela regula��o em curto prazo (SALGADO et al., 2011).

    O sistema rim e l�quidos para o controle da PA � o seguinte: a PA e o volume sangu�neo se elevam por causa da grande quantidade de l�quido extracelular. Este aumento promove a excre��o do l�quido extracelular, controlando a press�o. Ainda nessa linha de pensamento, o sistema renina � angiotensina � outro mecanismo potente para controlar a press�o. A libera��o da renina pelos rins ocorre quando a press�o diminui para n�veis muitos baixos, desencadeando v�rias rea��es que sintetizam os pept�deos Angiotensina I e Angiotensina II. Uma vez liberados estes pept�deos tem a fun��o de aumentar a PA por meio da sua potente a��o vasoconstritora (GUYTON e HALL, 2006).

    Para Powers e Howley (2000), alguns fatores podem influenciar o aumento da PA, como: aumento do volume sangu�neo, eleva��o da FC, aumento do volume de eje��o, aumento da viscosidade sangu�nea e aumento da resist�ncia perif�rica. McArdle; Katch e Katch (2003) determina que um dos poss�veis fatores da sobrecarga cr�nica do sistema cardiovascular � a PA anormalmente elevada.

    A hipertens�o arterial � classificada em dois tipos: prim�ria ou hipertens�o essencial e a hipertens�o secund�ria. A causa da hipertens�o prim�ria � desconhecida e a hipertens�o secund�ria decorre de alguma patologia conhecida, portanto � secund�ria a outra doen�a (POWERS E HOWLEY, 2000). Dados World Health Organization (2010) relatam que de 1980 at� 2008 o n�mero de indiv�duos hipertensos pulou de 600 milh�es para quase 1 bilh�o.

    Considerando que a PA � um indicativo fidedigno de sa�de no que se refere ao sistema cardiovascular, salienta-se que o treinamento com pesos possa oferecer respostas fisiol�gicas e morfol�gicas ben�ficas a PA ap�s o exerc�cio. Esse efeito pode ser comprovado em algumas pesquisas (POLITO et al., 2003; SIM�O et al., 2005).

Respostas aguda e cr�nica da press�o arterial ao exerc�cio f�sico

    V�rias sess�es de exerc�cios provocam adapta��es cr�nicas que podem ser chamadas de respostas ao treinamento f�sico (HAMER, 2006).

    Os estudos realizados acerca da hipotens�o p�s-exerc�cio (HPE) n�o s�o recentes. Hill (1897) enfatiza que em 1987 ficou constatada a redu��o da PA durante 30 minutos, ap�s uma corrida r�pida e curta de 360 metros. Atrav�s do avan�o do conhecimento nas �ltimas d�cadas, pode-se afirmar que ap�s a realiza��o de uma sess�o de exerc�cio f�sico din�mico a press�o arterial reduz e permanece abaixo dos n�veis aferidos antes da sess�o de exerc�cios (LATERZA, RONDON e NEGR�O, 2007) o que faz com que a pr�tica regular de exerc�cio f�sico seja recomendada por profissionais da sa�de para controle da PA e em alguns casos dispensando a utiliza��o de medicamentos (LATERZA et al., 2008).

    Esse efeito hipotensor se mostra como uma adapta��o dos mecanismos do sistema nervoso (retirada simp�tica e reatividade vagal), da sensibilidade aos barorreflexores e do aumento do �xido n�trico (HALLIWILL JR., 2001, e REZK et al., 2006). De acordo com Laterza, Rondon e Negr�o (2007), a dura��o da HPE deve ser observado na condi��o de repouso antes de iniciar o exerc�cio f�sico, no qual o n�vel press�rico pode estar diretamente relacionado � varia��o dessa hipotens�o. MacDonald et al. (2000), dizem que a literatura observa uma melhor efic�cia do efeito hipotensor agudo durante o repouso ap�s a execu��o de exerc�cios predominantemente aer�bios.

    Polito e Farinnati (2006) relatam que o aumento de forma aguda ou imediata da PA durante o exerc�cio � controlado pelo sistema nervoso simp�tico sendo diretamente proporcional ao aumento da FC, volume de eje��o sangu�neo e tamb�m da resist�ncia perif�rica.

    Segundo McArdle; Katch e Katch (2003, p.327) �a resposta da PA ao exerc�cio varia com a modalidade do exerc�cio�. Forjaz et al. (1998) constatam que durante a pr�tica com exerc�cios din�micos h� uma eleva��o da PAS e manuten��o ou diminui��o da PAD. Corroborando Polito e Farinatti (2003) afirmam que existe um aumento da velocidade de deslocamento do sangue para os grupamentos musculares mais solicitados e tamb�m uma eleva��o na diferen�a da press�o sangu�nea na aorta e no �trio direito.

    O n�mero de s�ries, n�mero de repeti��es e a quantidade de exerc�cios feitos, est�o diretamente relacionados ao volume do exerc�cio. Sendo poss�vel estimar que em per�odos de monitoriza��o pr�ximos h� 60min, o exerc�cio resistido proporcionar� diminui��o da PA em indiv�duos hipertensos e normotensos (POLITO e FARINATTI, 2006).

    Assim, diversos estudos observaram efeito hipotensor agudo ap�s a realiza��o de um programa de treinamento resistido a partir de 30 minutos quando comparado ao repouso (MAIOR AS, ALVES Cl, FERRAZ FM, et al., 2007a; MAIOR AS, AZEVEDO M, BERTON D, et al., 2007b). Outro estudo mostra que essa resposta hipotensora p�s-esfor�o acontece a partir de 10 minutos em indiv�duos normotensos (POLITO et al., 2003). Entretanto, em indiv�duos hipertensos, a hipotens�o p�s-esfor�o foi observada a partir de 40 minutos (MEDIANO et al., 2005).

    As respostas ao treinamento f�sico envolvendo a press�o arterial sist�mica s�o prolongamentos das adapta��es subagudas que seguem rigorosamente todas as modifica��es fisiol�gicas relacionadas �s mesmas. Dessa forma a hipotens�o cr�nica � o resultado das adapta��es p�s-exerc�cio a partir da pr�tica regular e sistematizada do mesmo (BRUM et al., 2004: GUIDARINI et al., 2013).

    O treinamento atrav�s de exerc�cios aer�bios com dura��o de 60 a 90 minutos por semana por no m�nimo 2 meses, � suficiente para adaptar de maneira cr�nica o sistema cardiovascular de indiv�duos com hipertens�o arterial leve e moderada, em rela��o a diminui��o dos n�veis press�ricos no repouso, entretanto, em normotensos, essa diminui��o da PA � mais dif�cil, podendo ser insignificante (FILHO e C�MARA, 2006). Polipo e Farinatti (2006) argumentam que o treinamento contra resist�ncia provoca adapta��es cr�nicas que o treinamento aer�bico nunca havia proporcionado, um exemplo � a solicita��o cardiovascular para a execu��o de uma repeti��o com uma carga, na qual esta � aumentada em pessoas que treinam a for�a muscular regularmente.

Freq��ncia Card�aca (FC)

    O cora��o responde ao exerc�cio f�sico atrav�s do aumento na freq��ncia de suas contra��es (ROBERGS e ROBERTS, 2002). Esse aumento decorre do fluxo sensorial proprioceptivo proveniente dos m�sculos, tend�es, c�psula articular e ligamentos que � iniciado no momento da pr�tica da atividade f�sica e segue em dire��o ao sistema nervoso central (SNC), que interpreta e integra estas informa��es respondendo adequadamente via sistema nervoso aut�nomo simp�tico. Al�m disso, alguns metab�litos e quimiorreceptores tamb�m influenciam as respostas cardiovasculares e respirat�rias ao exerc�cio resistido (TORTORA e GRABOWSKI, 2002).

    O sistema nervoso aut�nomo � o principal regulador da FC, na maioria das vezes, as altera��es da FC, assimilam uma a��o rec�proca do sistema simp�tico e parassimp�tico: aumento da atividade parassimp�tica e redu��o da simp�tica; e vice-versa (BERNE e LEVY, 2000). As fibras nervosas simp�ticas originam na media espinhal e aumentam a FC e a for�a de bombeamento do cora��o, j� as fibras parassimp�ticas originam do nervo vago e tem efeito contr�rio as simp�ticas atrav�s da libera��o de acetilcolina (GUYTON; HALL, 2002).

    Os horm�nios epinefrina e norepinefrina, produzidos na medula adrenal afetam as fibras musculares card�acas de maneira bem semelhante � norepinefrina liberada pelos nervos card�acos simp�ticos aumentando a contratilidade e a FC (TORTORA e GRABOWSKI, 2002).

    Tortora e Grabowski (2002) salientam que diversos fatores influenciam no controle da FC, sendo eles: a idade, o sexo, condi��o f�sica, temperatura corporal al�m da regula��o auton�mica e qu�mica da mesma.

    Algumas altera��es na FC podem ser observadas no repouso, durante e ap�s os exerc�cios. De acordo com Guyton e Hall (2006 p. 147) �o termo �taquicardia� significa freq��ncia card�aca r�pida, geralmente definida, no adulto, como acima de 100 batimentos por minuto.� Ainda segundo eles as causas desse aumento incluem o aumento da temperatura corporal e estimula��o do cora��o pelos nervos simp�ticos. �O termo �bradicardia� significa freq��ncia card�aca lenta, em geral definida como menos de 60 batimentos por minuto� e tem na estimula��o vagal uma de suas principais causas (GUYTON e HALL, 2006).

    Uma das formas mais simples, pr�ticas e com baixo custo para prescri��o e orienta��o de atividades f�sicas � a monitoriza��o da FC (MARINS e GIANNICHI, 2003).

Resposta aguda e cr�nica da freq��ncia card�aca ao exerc�cio f�sico

    De acordo com Wilmore e Costill (1999) diversos fatores interferem nas respostas imediatas da pulsa��o ao exerc�cio, dentre eles est�o o estado cl�nico, a posi��o corporal, as condi��es ambientais e a volemia. Mudan�as nos padr�es da varia��o da FC fornecem um indicador antecipado de comprometimentos na sa�de do indiv�duo (VANDERLEI, et al. 2009).

    A variabilidade da freq��ncia card�aca (VFC) est� sendo muito utilizada como avaliador do sistema nervoso aut�nomo, uma vez que esta influencia diretamente na manuten��o da homeostase. Seu emprego � variado e � um preditor das fun��es intr�nsecas do organismo, tanto em condi��es ditas normais quanto em condi��es patol�gicas, permitindo uma avalia��o sobre a sa�de do indiv�duo (VANDERLEI et al., 2009).

    Uma das adapta��es da FC em resposta ao treinamento f�sico � a menor resposta taquic�rdica durante os exerc�cios numa mesma intensidade (BRUM et al., 2004). Efeitos cr�nicos ou adapta��es s�o resultados da exposi��o regular a sess�es de exerc�cio, caracterizando os aspectos morfofuncionais que diferenciam um indiv�duo treinado de um sedent�rio. Como exemplos desses efeitos podemos citar a bradicardia relativa de repouso, hipertrofia ventricular esquerda fisiol�gica e o aumento do VO2m�x (ARA�JO, 2001).

    O termo �bradicardia relativa� � utilizado para explicar uma taxa do cora��o que, embora n�o seja exatamente abaixo de 60 bat/min, � considerada lenta para o estado de sa�de atual do indiv�duo. A hipertrofia ventricular esquerda (HVE) � uma resposta adaptativa do cora��o �s sobrecargas sustentadas de trabalho (BREGAGNOLLO et al, 2005). Powers e Howley (2000) definem o VO2 m�x. como uma medida reproduz�vel da capacidade do sistema cardiovascular de liberar oxig�nio (O2) no sistema circulat�rio, numa consider�vel musculatura envolvida em um exerc�cio din�mico podendo ser expresso de forma absoluta (l.min-1) ou de forma relativa � massa corporal total (ml. kg.-1 min.-1).

    Assim, a resposta cr�nica da freq��ncia card�aca ap�s um determinado per�odo de treinamento � vis�vel tanto quando o indiv�duo est� em repouso, ou at� mesmo quando o mesmo est� em exerc�cio.

Duplo Produto (DP)

    Um bom indicador do trabalho que o mioc�rdio realiza durante a pr�tica do exerc�cio f�sico aer�bio ou anaer�bio � o duplo produto (DP) produto freq��ncia - perfus�o. Este � um importante recurso para prescri��o e monitoriza��o de atividades para indiv�duos saud�veis ou que apresentam cardiopatias (POLITO e FARINATTI, 2003b). O treinamento de resist�ncia e os exerc�cios utilizando os membros superiores produzem respostas acentuadas da FC e da PA aumentando assim o DP, mais do que em membros inferiores (McARDLE; KATCH e KATCH 2003).

    As modifica��es na FC e PAS contribuem igualmente para mudan�as no DP. Os valores para o DP variam aproximadamente de 6.000 batimentos por mil�metro de merc�rio em repouso (FC= 50 bat/min; PAS= 120 mmHg) a 40.000 batimentos por mil�metro de merc�rio ou mais, durante o exerc�cio (FOSS e KETEYIAN, 2000). O comportamento do DP depende da natureza da solicita��o, durante a pr�tica da atividade f�sica o DP se eleva (POWERS e HOWLEY, 1997).

    No entanto, estudos mostram que os valores do DP nos exerc�cios com pesos costumam ser menores do que os observados em atividades aer�bias de intensidade moderada. Neste sentido Farinatti e Assis (2000), conclu�ram que os exerc�cios din�micos contra resist�ncia parecem acarretar menos solicita��es card�acas que exerc�cios de predomin�ncia aer�bia de 75 a 80% da freq��ncia card�aca de reserva, conforme a estimativa do DP nas atividades.

    Segundo Veloso et al (2003) quando h� um aumento do DP percebe-se um aumento da FC, d�bito card�aco, volume sist�lico e raramente eleva��o acentuada da resist�ncia sist�mica o que proporciona um aumento do trabalho cardiovascular. Esse trabalho cardiovascular pode ser utilizado para preven��o, tratamento e recupera��o de alguns dist�rbios localizados no aparelho cardiovascular, dentre eles se destaca a obstru��o coronariana (POWERS e HOWLEY, 2000).

    Estudos demonstram a redu��o do DP ap�s os exerc�cios resistidos devido � diminui��o da PAS e da FC de forma aguda (FARINATTI e ASSIS, 2000; BOTELHO et al, 2011; MIRANDA et al,2007).

Resposta aguda e cr�nica do duplo produto ao exerc�cio f�sico

    De acordo com Lucas e Farinatti (2007), durante o exerc�cio, o DP depende diretamente da varia��o da FC, d�bito card�aco, volume sist�lico e em alguns casos da resist�ncia sist�mica.

    Devido ao impacto positivo na evolu��o da FC e da resist�ncia perif�rica, o treinamento f�sico promove modifica��es na capta��o de oxig�nio pelo mioc�rdio para determinada carga de trabalho durante o esfor�o (resposta aguda condicionada pelo treino), o que pode ser detectado por uma menor inclina��o da curva do DP (POLITO e FARINATTI, 2003a).

    Em um estudo Leite e Farinatti (2003), conclu�ram que a resposta aguda do DP em exerc�cios resistidos, em diversos grupamentos musculares parecidos, enfatiza a maior sensibilidade do DP ao tempo mais prolongado das contra��es e a forma de executar os exerc�cios de maneira mais localizada.

    Os resultados para o DP est�o em um padr�o parecido ao comportamento da FC e com a realiza��o de exerc�cios resistidos executados com interrup��es, os valores m�dios da FC s�o influenciados pela dura��o dos intervalos de repouso entre as s�ries dos exerc�cios e tamb�m pelo tempo de atua��o da musculatura solicitada. Portanto o DP pode ser utilizado tanto para prescri��o de exerc�cios aer�bicos, quanto resistidos e o treinamento concorrente (SIM�O et al., 2003).

    Dessa forma ap�s o t�rmino do exerc�cio diversas altera��es no sistema cardiovascular s�o observadas conforme o tipo de exerc�cio, dura��o e magnitude, dentre essas altera��es o DP tem bastante import�ncia, porque ele � diretamente proporcional ao aumento da FC e da PAS.

Refer�ncias

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Quais são as alterações cardiovasculares que ocorrem com a prática regular da atividade física?

Quais são as alterações cardiovasculares que ocorrem com a prática regular da atividade física?

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EFDeportes.com, Revista Digital � A�o 19 � N� 195 | Buenos Aires,Agosto de 2014  
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Quais alterações cardiovasculares acontecem no exercício físico?

Portanto, em esforços realizados com cargas leves verificam-se aumento da frequência cardíaca (FC), pressão arterial sistólica (PAS), volume sistólico e débito cardíaco (DC), ao passo que, quando da utilização de cargas altas, observa-se também aumento na pressão arterial diastólica (PAD) (UMPIERRE, STEIN, 2007).

Quais as alterações ocorrem no sistema cardiovascular durante um exercício de força?

Durante exercícios realizados em pé, o volume sistólico aumenta durante a transição do repouso ao exercício leve, com valores máximos que chegam a 45% do VO2máx. Depois desse ponto, o débito cardíaco intensifica-se conforme aumenta a frequência cardíaca.

Quais as principais adaptações no sistema cardiovascular proporcionadas pela prática regular de exercício?

Entre eles destaca-se menor pressão arterial, menor frequência cardíaca e maior consumo de oxigênio. Essas adaptações favorecem um melhor bem-estar e qualidade de vida para o idoso.