Quais são os impactos desse compromisso com a alfabetização e o letramento para as diferentes etapas da educação básica?

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: OS IMPACTOS DA PRÁTICA DOCENTE NA LITERATURA INFANTIL NAS SÉRIES DO ENSINO FUNDAMENTAL

Ana Claudia de Oliveira

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de especialista em Educação Infantil.

RESUMO

O artigo trata dos desafios do letramento na educação infantil discutindo as pesquisas e a prática pedagógica. Estudos e pesquisas internacionais mostram a relevância do letramento como prática social, que envolve a identidade e agencia da criança na aquisição da linguagem. Nesse processo, destaca-se o trabalho conjunto entre a escola e a família e a cultura popular como fatores que ampliam o letramento. A presença das linguagens falada, escrita e visual e a sua integração na expressão das atividades cotidianas da criança, em especial no brincar é um dos pontos de destaque. A temática dos processos de alfabetização e letramento, enquanto processos distintos, complexos contando com a literatura infantil como auxilio para estas atividades, que devem estar presentes na sala de aula. A finalidade desse estudo é analisar as implicações da prática docente nesses dois processos no contexto das séries iniciais do ensino fundamental das escolas do Brasil. O método de pesquisa foi voltado para estratégias qualitativas, utilizando os princípios teóricos e metodológicos da pesquisa. Com o olhar que busca compreender a prática docente nessas classes de alfabetização. Pesquisas bibliográficas analisadas para entender a formação profissional dos professores e a concepção de alfabetização e letramento, por estes profissionais o planejamento das aulas, o material e a metodologia adotada e a dinâmica de sala de aula.

Palavras-chave: Alfabetização. Letramento. Literatura infantil. Docência.

INTRODUÇÃO

Um projeto voltado para a alfabetização e letramento embasando a literatura infantil, por um olhar do docente nos anos iniciais do ensino fundamental, buscando refletir sobre como anda o ensino no Brasil e se os alunos compreendem o que leem, e sobre o que se trata a alfabetização e letramento se saberão que o principal é compreender o que leem e explicar o que entenderam.

Sabendo que uma grande maioria de nossos alunos conclui o ensino fundamental sem entenderem o bom ato da leitura tendo como responsáveis nossas escolas, justificados que a professores despreparados sobre o bom ato da leitura, não serão capazes de repassar o que nem mesmo eles entendem.

De fato será que somos capazes de compreender que o problema na alfabetização não é do aluno, mas também dos educadores, somos verdadeiramente capazes de encontrar a dificuldade de nossos alunos e minimiza-las, sabemos levar uma criança a desestruturar o seu pensamento, construindo assim um novo pensamento com o mesmo conceito.

Trazer o verdadeiro prazer pela leitura, e satisfação ao entender o que se lê, não a nada mais prazeroso que a nossa literatura infantil, com seus mundos mágicos levando nossos alunos ao mundo do faz-de-conta, para que até mesmo sem perceberem obter o ensino que se busca na alfabetização.

É com intuito de promover a busca pela leitura que este projeto foi levantado, tendo não só livros literários, mas como também matérias de apoio como gibis, cartas e cartuns que promovem a interação dos alunos visando a escrita e a leitura, com uma proposta lúdica, de modo a fazer com que as crianças tenham interesse pelas atividades que serão realizadas por meio de aulas divertidas e instigantes aguçando assim a curiosidade do aluno para o desfecho das atividades.

Todo interesse por parte do aluno será avaliado assim como vários outros requisitos necessários para melhoria do projeto, como também as habilidades observadas com o desenrolas das propostas, que se encontram relacionadas com pesquisas feitas encima de teorias de grandes personalidades como Magda Soares (2002) Ana Teberosky (1985) Paulo Freire (1984) e Emília Ferreiro (1985) que foram de grande auxilio, pois falam muito sobre a alfabetização e o letramento e seus conceitos.

DESENVOLVIMENTO

Este trabalho discute os desafios do letramento na educação infantil como prática social, incluindo as diversas modalidades, propostas, pesquisas e sua relevância na formação de profissionais.

A criança torna-se letrada na atividade situada, por meio de diferentes instrumentos sociais de comunicação, como computadores, internet, telecomunicações, fax, fotocópias, televisão, dramas, filmes, teatro e arte. Os textos da vida cotidiana, como os mapas, sinais de trânsito, horários de transporte coletivo, são fundamentais para a inserção no mundo. (Jones Diaz, Makin, 2005)

Como diz Freire (1984, p. 11), “a leitura do mundo precede a leitura da palavra” e a aprendizagem inicia-se antes da escola formal. Para saber o que as crianças trazem para a escola, as professoras precisam ser boas observadoras e ouvintes. Para comunicar-se, a criança precisa aprender como funciona a linguagem e fazer uso dela em diferentes contextos: casa e escola.

Letramento como construção social relaciona-se com as circunstâncias históricas, sociais, econômicas e políticas do país. No Brasil, os baixos índices obtidos na avaliação de Língua Portuguesa estão relacionados não apenas com o sistema escolar em si, mas com todo o conjunto de fatores sociais. Grande parte da população vive em condições de pobreza, sem acesso às tecnologias, mídias e materiais impressos que estimulam o letramento. Os dados do censo mostram que há diferenças na taxa de aprovação por série. No 1º e 2º anos, por exemplo, (onde os alunos têm, em média, 6 e 7 anos e estão sendo alfabetizados) a taxa de aprovação é de 97,5% e 96,5%. No 3º ano, fase final da alfabetização, ela cai para 87,8%. Hoje, 77,8% das crianças chegam ao 3º ano com aprendizagem adequada em leitura.

Pouca atenção é dada ao “ambiente”, que envolve o ambiente físico (forma de organização, recursos, acesso e uso) e ambiente psicossocial (interações entre a equipe e crianças, entre pares, entre o ambiente e o amplo contexto de casa).

Para Jonez Diaz e Makin (2005, p. 4):

Literacia como pratica social envolve um fenômeno social e cultural mais que resultado cognitivo. Isto implica considerar as atitudes, sentimentos, expectativas, valores e crenças de todos os participantes (crianças, famílias, professores, gestores e membros da comunidade) que exercem papel central no processo de literacia.

Para os autores acima citados, a aprendizagem do letramento implica o trabalho conjunto entre escola e família em duas novas perspectivas: letramento como prática social e a diversidade e integração dos sistemas simbólicos.

LETRAMENTO E INFÂNCIA

Assim, é importante definir a preocupação com alfabetização na Educação Infantil inicia-se no final do século XIX, enfatizando uma atividade centrada nos sons e símbolos.

Psicólogos começam a explorar a ‘prontidão” para a leitura e a escrita em torno da idade de 6 anos e meio, em razão, talvez, da proximidade do início da escolarização (Gillen, Hall, 2003). No Brasil, a pré-escola, instituição anterior ao ensino fundamental, deveria assumir o eixo da “prontidão para a alfabetização”, entendida como exercícios motores para a aprendizagem da escrita. Dessa percepção surge a indústria das cartilhas preparatórias que perpetuam a noção de aprendizagem da leitura e escrita.

A erradicação do analfabetismo e os analfabetos funcionais foram objeto de políticas educativas para muitos governantes e constitui um problema até os dias atuais em nosso país. Posteriormente, novas disciplinas, como a Psicologia Cognitiva, Informação, Comunicação e Psicolinguística mostram como a escrita é complexa e requer o estudo multidisciplinar. (Gillen, Hall, 2003)

O termo “emergência” surge no final dos anos 1970 e início dos 1980, indicando que as crianças já constroem hipóteses sobre a escrita mesmo sem saber ler e escrever. Há uma relação estreita entre a expressão motora, a oralidade, a leitura e a escrita. Brincando um bebê explora as coisas ao seu redor. O som é um deles. O mundo social oferece experiências de linguagem e, pela memória, crianças pequenas iniciam a repetição de palavras, pelo prazer da sonoridade.

Produzir sons para imitar a chuva ou o gato que mia, ou repetir sons, apenas pelo prazer da repetição, faz a memória aliar-se a processos perceptivos capazes de gerar hipóteses sobre como as coisas são (Gillen, Hall, 2003). Esse percurso passa pelos gestos e oralidade, antes de chegar à escrita. Desde bebês, as crianças investigam os objetos, o que eles fazem e o que se pode fazer com eles. Um bebê põe na boca, bate, chacoalha ou joga um objeto para ver o que acontece. Tais atos revelam suas hipóteses, que vão emergindo na ação com os objetos. Com as palavras é a mesma coisa. Ferreiro e Teberosky (1985) mostram, a partir do referencial piagetiano, como a criança já dispõe de concepções próprias sobre a escrita.

Como falar sobre a alfabetização e letramento, na educação infantil com o uso da leitura como meio de ensino e aprendizado, voltado para um olhar da docência nos anos iniciais do ensino fundamental, vendo que o tema é muito importante, pois estamos falando sobre a alfabetização de alunos.

A Literatura Infantil é um dos caminhos que facilitam a aprendizagem durante o processo de alfabetização, além de desenvolver a imaginação, a criatividade e o proporcionar o prazer da leitura. O universo da Literatura Infantil é muito importante para a criança, porém, cabe aos adultos que lidam com ela, um olhar mais apurado sobre essas produções culturais.

A literatura é de caráter formativo, ou seja, está voltada a formação do indivíduo. Entretanto, Carvalho (1987) nos traz a seguinte preocupação: O problema está em saber escolher o que se oferece a essas criaturinhas. E então sentimos a grande necessidade de conhecer a Literatura que se identifica com a criança e desperta sua curiosidade estética, sua vida artística. (CARVALHO, 1987, p.19) Muitas vezes a literatura aparece com uma simples narração de um livro, não há encantamento, não há entusiasmo. Por outro lado há aqueles que reconhecem a importância da literatura, porém não possuem recursos e incentivos na escola para desenvolver um trabalho de qualidade aos educandos. Saraiva (2001, p. 75) destaca que o professor deve utilizar critérios a fim de garantir uma boa seleção de livros para crianças. “É necessário que o professor esteja munido de conhecimentos teóricos sobre a importância e a função da literatura infantil na formação da criança”. (SARAIVA 2001, p.74)

O uso da Literatura Infantil como instrumento no processo de alfabetização, é uma maravilhosa estratégia que pode ser usada pelo professor visando à formação do alfabetizando, ampliando assim os seus saberes e tornado o caminho da alfabetização mais prazerosa e significativa, valorizando o conhecimento, que ela já tem, aumentando assim as práticas de letramento, que são desenvolvidas diariamente. Nesse processo Saraiva (2001) afirma que: A atuação do professor é de vital importância, uma vez que dele depende a instauração de nova mentalidade frente ao texto literário que vise à exploração de seu caráter formativo e estético. Critérios que orientem a seleção de textos adequados ao crescimento intelectual e humano dos receptores; métodos aptos a privilegiar o ludismo e os espaços de indeterminação dos textos, bem com atividades incentivadoras de manifestações criativas são essenciais para que o professor legitime o texto literário como fundamento de sua prática alfabetizadora, que é também formadora. (SARAIVA, 2001, p.19) Uma das principais funções da Literatura Infantil dentro do contexto escolar é a promoção da leitura, nesse sentido Costa (2008) enfatiza que, atualmente, o professores, além das técnicas de alfabetização devem procurar novas maneiras de incentivar a leitura. É então que o professor se torna um dos principais agentes da promoção da leitura.

Um dos maiores objetivos da educação é formar leitores. Ou seja, pessoas capazes de ler e entenderem o que leram. Pessoas que leem por prazer para se informar, para conhecer, para não serem enganadas, com relação a outras pessoas, que reconhecem o valor da escrita, atentando-se para as mais vareadas informações escritas em nosso cotidiano como bulas de remédio, manuais de instruções, placas, faixas, cartazes, bilhetes, folhetos informativos, jornais, livros e pelas infinidades de materiais escritos que muitas vezes são ignorados.

De acordo com Batista (2006):

O objetivo da alfabetização vai além da decodificação, pois ler e escrever tem como fim último promover a compreensão: compreender o que se lê; o que se fala; como funciona o mundo. É correto dizer, como sugere a professora Marisa Lajolo, que se deve “partir do mundo da leitura do mundo”, e que não basta decodificar, é preciso compreender o sentido da palavra e do texto no contexto (BATISTA, 2006, p.19).

A palavra letramento trata-se de um conceito baseado em estudos de pesquisas é o resultado de ensinar e aprender as práticas sociais da leitura e escrita; é também o estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais.

É então que este projeto visa pesquisar, como os métodos de alfabetização já existentes e usados atualmente facilitando o letramento, onde como aluna e pesquisadora do tema puderam compreender e tomar domínio maior sobre o assunto, lendo sobre autores que englobam e tem domínio total sobre a alfabetização e letramento.

O DOMÍNIO DA LEITURA

Produzir bons leitores é o grande desafio atual da escola, visto que muitos dos nossos alunos chegam ao final do Ensino Fundamental sem o domínio dessa habilidade.

Esse resultado insatisfatório do domínio da leitura pelos alunos se deve muito a concepção predominante de nossas escolas nos dias atuais, pois a maneira como o educador compreende o ato de ler, determina o ato de ensinar, ou seja, sua modalidade de aprendizagem determina sua modalidade de "ensino".

Onde se observa nas escolas que o ensino por parte de muitos alunos ainda é insatisfatório de modo que o professor os ensine a ler e escrever dizendo assim que esta alfabetizando sem se ater que alfabetização é o ensino a compreensão do que se lê e escreve.

Como disse Carvalho (2007, p.62).

O pressuposto está errado. Antes mesmo de ensinar a decodificar as letras e sons é preciso mostrar aos alunos o que se ganha, o que se aprende com a leitura: mas isso só será possível por meio de atividades que façam sentido, que vise á compreensão de leitura desde as etapas iniciais de alfabetização".

Pensando nisso, diante das dificuldades apresentadas pelos nossos alunos nas áreas de leitura e escrita, que foi elaborado o projeto, buscando sensibilizar a nos professores de tais dificuldades com o objetivo de minimizá-las, e elencar maiores entendimentos sobre o assunto, visando então principalmente ao aluno e seu aprendizado.

Relações estabelecidas

Se descartássemos as explicações mais simples que culpam o aluno pelo fracasso escolar; se admitíssemos que os chamados “problemas de aprendizagem” se explicam muito mais pelas relações estabelecidas no cotidiano da vida estudantil; se o desafio do ensino pudesse ser enfrentado a partir da necessidade de compreender o aluno para com ele estabelecer uma relação dialógica, significativa e compromissada com a construção do conhecimento; se as práticas pedagógicas pudessem transformar as iniciativas meramente instrucionais em intervenções educativas; talvez fosse possível compreender melhor o significado e a verdadeira extensão da não aprendizagem e do quadro de analfabetismo no Brasil.

Nesse sentido, os estudos sobre a alfabetização e letramento se prestam à fundamentação de pelo menos três hipóteses não excludentes para explicar o fracasso no ensino da língua escrita. Na mesma linha de argumentação dos educadores que evidenciaram os efeitos do “currículo oculto” nos resultados escolares de diferentes segmentos sociais, é preciso considerar, como ponto de partida, que as práticas letradas de diferentes comunidades (e, portanto, as experiências de diferentes alunos) são muitas vezes distantes do enfoque que a escola costuma dar à escrita (o letramento tipicamente escolar). Lidar com essa diferença (as formas diversas de conceber e valorar a escrita, os diferentes usos, as várias linguagens, os possíveis posicionamentos do interlocutor, os graus diferenciados de familiaridade temática, as alternativas de instrumentos, portadores de textos e de práticas de produção e interpretação...) significa muitas vezes percorrer uma longa trajetória, cuja duração não está prevista nos padrões inflexíveis da programação curricular.

Um aspecto importante, apontado em grande parte das bibliografias sobre a temática do letramento, diz respeito à relação entre o letramento e a escolarização. Ao contrário do que se poderia pensar, essa relação não é óbvia ou direta, sendo que alguns autores vêm afirmando, inclusive, que existe uma “[...] ausência de relação direta entre escolarização e letramento (TFOUNI, 2010, p. 41)”.

Um professor pode se tornar um mediador quando ele conhece os pensamentos que a criança desenvolve a respeito da língua escrita e quando propõe atividades que levem a criança a “desestruturar” o pensamento.

(SOARES, 2004, p. 100).

Afirma que existe o letramento escolar e o letramento social. Para ela, letramento escolar se refere às habilidades de leitura e de escrita desenvolvidas na escola e para a escola. Já o letramento social se refere às habilidades demandadas pelas práticas sociais.

A intervenção do professor juntamente com o auxílio da escola mesclando a teoria e a pratica, é esse o grande desafio para ambos isto é, entender como deve ser sua atuação junto ao processo de cada criança, tento um embasamento teórico por trás, e principalmente, lembrando-se das dificuldades de cada aluno com relação ao aprendizado.

Nesta perspectiva, é necessário um trabalho de auxílio aos docentes por parte de especialistas e psicopedagogos escolares, no sentido de auxiliar e incentivar os professores a inovarem suas teorias, a buscarem novas práticas para suas salas de aula, principalmente, quando enfrentam problemas de aprendizagem dos alunos, com o apoio da escola, que deve estar sempre incentivando e desafiando ao professor a chegar ao ponto crucial, a alfabetização, e entendimento por parte dos estudantes.

De acordo com o PCN-Língua Português (1997) é condição necessária a todo o ser humano, para se chegar à possibilidade de plena participação social, o domínio da língua, já que é por meio dela que se pode ter o acesso à informação, obter conhecimentos, construir visões de mundo, posicionar-se, enfim, fazer parte do mundo e exercer de forma ativa a sua cidadania, é, portanto, responsabilidade da escola, ensinar e garantir o acesso aos conhecimentos que se fazem necessário para que de fato seja estabelecido a formação do cidadão pleno.

Para Magda Soares, a palavra letramento, despertou a curiosidade de estudiosos e pesquisadores do campo das Ciências Linguísticas “Na segunda metade dos anos 80, há cerca de apenas dez anos, portanto, que ela surge no discurso dos especialistas dessas áreas” (SOARES, 2002, p.15). Segundo Soares, a palavra letramento apareceu pela primeira vez em uma obra da autora Mary Kato, de 1986 no livro No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística, Editora Ática. Nesse livro, autora Magda Soares deixa claro, que a palavra pode ser apresentar para dar sentido a um sujeito que a língua falada é culta.

Depois de dois anos mais tarde, a palavra letramento aparece novamente em outro livro de 1988, Adultos não alfabetizados: o avesso do avesso, Editora Pontes, da autora Leda Verdiani Tfouni; nesse livro, a autora separa alfabetização de letramento, então foi nesse momento que a palavras letramento ganhou uma atenção e se torna cada vez mais frequente no discurso escrito e falado de especialistas, eles tentam explica-la de forma mais completa e significativa,

Para Magda Soares, o termo alfabetizado, é aquele que adquire a “tecnologia” do ler e escreve, ou mesmo envolve pratica sociais de leitura e de escrita, isto tem consequência sobre o sujeito, assim afirma, que o indivíduo alfabetizado “[...] altera seu estado ou condição em aspectos sociais, psíquicos, culturais, políticos, cognitivos, linguístico e até mesmo econômico [...]” (SOARES, 2002, p.18), ou seja, Magda Soares refere-se o “estado” ou a “condição” que o grupo social passa a ter, devido o impacto dessas mudanças.

Segundo Magda Soares, a palavra letramento é um resultado de uma ação, o indivíduo transforma-se e modifica-se, é o que designado por literacy. “Letramento é, pois, o resultado da ação de ensinar ou aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo com consequência de ter-se apropriado da escrita.” (SOARES, 2002, p.18). Afirma a autora Magda Soares, em seu livro Letramento: um tema em três gêneros: “Como foi dito inicialmente, novas palavras são criadas, ou velhas palavras dá-se um novo sentidos, quando emergem novos fatos, novas ideias, novas maneiras de compreender os fenômenos” (SOARES, 2002, p.19).

A sociedade no geral passa por mudanças, uma nova postura e valores estão sendo adotada devida essa nova Era Digital ou conhecida também como Terceira Revolução indústria. Para a autora, o letramento surgiu devido uma necessidade maior, nos dias atuais, “[...] não basta saber ler e escrever, saber responder às exigências de leitura e de escrita que a sociedade faz continuamente [...]” (SOARES, 2002, p.20). Isto é, os indivíduos passam por diversas mudanças e transformações durante vários momentos históricos.

Para Magda Soares, houve uma exigência e a necessidade de classificar o letramento em níveis, “[...] avaliação do nível de letramento, e não apenas a avaliação da presença ou ausência da “tecnologia” do ler e escrever.” (SOARES, 2002, p.21-22). Isto é, o sujeito não adquirir apenas a tecnologia de ler e escrever, mas fazer uso dela em seu cotidiano, na relação com a vida social.

Segundo essa autora, nos anos 80, nos Estados Unidos foi feita uma pesquisa que buscava avaliar os níveis de letramento ente jovens da faixa etária 21 a 25 anos. O primeiro nível é a habilidades de ler, compreender e utilizar texto em prosa, assim foi realizado os testes, o sujeito deveria ser capaz de extrair informação de mapas, tabelas, quadro de horários, etc., o objetivo dessa pesquisa, era identificar se o indivíduo sabia fazer uso de diversos materiais escritos, compreende-los, interpretá-los extrair informação e transformar em conhecimento.

Para a Magda Soares, letramento envolve, “[...] prática de leitura e escrita no passado (em diferentes épocas, em diferentes regiões, em diferentes grupos sociais) são pesquisa sobre letramento.” (SOARES, 2002, p.24). Assim Magda Soares deixa bem claro, que existem pessoas que são marginaliza pela sociedade, simplesmente porque não são alfabetizadas e são consideradas analfabetas, mas não leva em conta que ela vive em um mundo cheio de letras e palavras formam frases, pode ser considerada letrada porque segundo Magda Soares ela afirma que: “[...] penetrou no mundo do letramento, já é, de certa forma, letrada.” (SOARES, 2002, p.24).

De acordo com autora acima citada conhecemos as palavras letradas e iletradas; uma pessoa letrada é “[...] pessoa erudita, versada em letras (letras significa literatura, línguas)” (SOARES, 2002, p.32), já uma pessoa iletrada é aquela que “[...] não tem conhecimentos literários, que não é erudita; analfabeta, ou quase analfabeta.” (SOARES, 2002, p.32). Segundo Magda Soares, o termo letramento ainda não está no dicionário, aliás, foi introduzida muito recentemente na língua portuguesa. Assim afirma: “[...] tanto que quase podemos datar com precisão sua entrada na nossa língua, identificar quando e onde essa palavra foi usada pela primeira vez.” (SOARES, 2002, p.32).

A Língua é o bem mais precioso da humanidade, conhecer, integrar, vivenciar, desenvolver contextualmente as diversas possibilidades de apropriação e sistematização são umas das diferentes estratégias que o professor de Língua Portuguesa pode usufruir intervir e consequentemente consolidar. Estudiosos como Magda Soares, entre outros, apontam como é notável o conhecimento da língua que os educandos vivem na sociedade, deparando-se com placas, outdoors, manuseio de computadores, acesso a internet, rótulos. Esses são essenciais no processo de letramento. Não há como excluir ou tapar os olhos para a contextualização da escrita. O segredo está em olhar para o aluno como um ser pensante, não como uma tábua rasa.

É na escola que as novas gerações têm a oportunidade de vivenciar diferentes práticas de leitura e escrita e, pelo menos na tese, apropriar-se de uma gama de gêneros e então desenvolvê-los. Os gêneros são ótimos suportes para os alunos refletirem sobre o uso da língua. A partir de leituras e das análises de textos, o professor poderá fazer a abordagem gramatical (análise linguística), consolidando uma prática didático de letramento. A análise de palavras e frases isoladas; a memorização de regras e nomenclaturas; as realizações de exercícios desprovidos de qualquer funcionalidade deixaram de satisfazer um ensino de qualidade, pois em nada contribuem para a formação do aluno leitor e produtor de texto.

Portanto é de fundamental importância que o material a ser disponibilizado ao aluno deve, por um lado, ter boa qualidade: ter uma linguagem adequada ao contexto de produção (coerência de variedade e registro), ser coeso e coerente, utilizar critérios adequados de paragrafação, estar pontuado adequadamente e registrado de acordo com as regularidades de variedade padrão. É preciso estar atento para os valores éticos e estéticos que estiverem sendo veiculados no material de leitura e é sempre bom ressaltar a necessidade de que os textos tratem de temas que sejam do interesse do grupo de alunos com os quais se trabalhará.

É sabido que a nossa língua é um código. A tarefa de reflexão, sequênciação, interlocução, integração são imprescindíveis para seu entendimento. De modo que, pretende-se que os educandos possam ler e escrever a maior parte dos textos que circulam na sociedade em que vivem, e não só saibam, mas exerçam práticas de leitura importantes para exercer seu papel de cidadão, ler: jornais, revistas, livros, tabelas, quadros, formulários, documentos pessoais, contas de água, luz, telefone, bilhetes, telegramas, e escrever cartas, relatórios, ou seja, propor atividades e situações de aprendizagem da língua e dos usos e funções sociais da escrita.

Freire (1980, p. 81) diz que:

O caráter inacabado dos homens e o caráter evolutivo da realidade exigem que a educação seja uma atividade contínua. A educação é deste modo, continuamente refeita pela práxis. Sua duração no sentido bergsoniano da palavra encontra-se no jogo do contrário: estabilidade e mudança.

Então a alfabetização é um processo no qual o indivíduo assimila o aprendizado do alfabeto e a sua utilização como código de comunicação. Esse processo não se deve resumir apenas na aquisição dessas habilidades mecânicas (codificação e decodificação) do ato de ler, mas na capacidade de interpretar, compreender, criticar e produzir conhecimento. A alfabetização envolve também o desenvolvimento de novas formas de compreensão e uso da linguagem de uma maneira geral.
E que Letramento é o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita. É usar a leitura e a escrita para seguir instruções, apoiar à memória, comunicar-se, divertir e emocionar-se, informar, orientar-se no mundo e nas ruas, letramento depende da alfabetização, ou seja, da teoria e prática, pessoas letradas e não alfabetizadas mesmo incapazes de ler e escrever compreendem os papeis sociais da escrita distinguem gêneros ou reconhecem as diferenças entre a língua escrita e a oralidade.

(...) há uma dimensão de poder envolvida no processo de aculturação efetivado na escola: aprender – ou não – a ler e escrever não equivale a aprender uma técnica ou um conjunto de conhecimentos. O que está envolvido para o aluno adulto é a aceitação ou o desafio e a rejeição dos pressupostos, concepções e práticas de um grupo dominante – a saber, as práticas de letramento desses grupos entre as quais se incluem a leitura e a produção de textos em diversas instituições, bem como as formas legitimadas de se falar desses textos -, e o consequente abandono (e rejeição) das práticas culturais primárias de seu grupo subalterno que, até esse momento, eram as que lhe permitiam compreender o mundo. (Kleiman, 2001, p. 271)

Quanto mais conscientizados nos tornamos, mais capacitados estamos para ser anunciadores e denunciadores, graças ao compromisso de transformação que assumimos” (FREIRE, 1980, p. 28).

Sabe-se que educar é uma tarefa difícil, e que exige do educador uma ponte entre o ensino e a aprendizagem, ou seja, uma troca de valores, e um entendimento que não se perca em nem uma de suas falas, pontuando também as realidades vividas no âmbito escolar de forma a sempre elaborar trabalhos visando o todo como um só.

CONCLUSÃO

A alfabetização assim como o letramento, por serem processos complexos, exige do docente uma formação profissional que leve em consideração suas especificidades conceituais, teóricas e metodológicas. Para trabalhar em classes de alfabetização, é importante que o professor possua um conhecimento sistematicamente construído através de cursos de formação inicial e continuado, com qualidade. O professor alfabetizador deve avaliar incessantemente sua prática educativa, pois é por meio da mesma que o docente aprendera a ensinar. Por essa razão, os saberes da prática docente não são adquiridos somente fracasso do ensino da leitura e da escrita na escola pública.

Por meio da formação acadêmica. Esses saberes são complementados com os conhecimentos apreendidos no exercício da docência. Entretanto, se o professor acreditar que sua formação inicial por si só é o bastante para sua prática, esse professor não terá uma prática educativa suficientemente adequada para atuar em classes de alfabetização. Além disso, é através do exercício de auto reflexão de seu trabalho que o docente terá a oportunidade de rever sua ação docente para constantemente reorganizá-la.

O trabalho, portanto, teve como foco central verificar a possibilidade de se conceber a alfabetização de uma forma diferenciada, articulando as atividades de alfabetização propriamente ditas com momentos de reflexão sobre as práticas sociais da escrita, que gerou discussões sobre temáticas problematizadas.

Além disso, promoveu momentos de leitura de narrativas que se tornam prazerosos para os alunos. Para que então possamos ver o despertar dos alunos pela leitura.

Assim o professor precisa pensar em novos métodos pedagógicos para organizar e explorar a leitura na sala de aula, buscando sempre promover um potencial criativo, atraente, para que no momento da leitura a criança possa viajar no mundo do imaginário levando assim a ter um gosto pela leitura, através da construção e do pensamento buscar significados e conhecimentos que auxiliem na interação com a leitura, onde a leitura precisa ser vista pela criança como momento lúdico, proporcionando assim o prazer e a descoberta.

Sendo que, a leitura teve ter sempre por objetivo a contribuição da criança para a formação de um indivíduo com senso crítico com a realidade, sendo capaz de utilizar as diferentes linguagens, propiciando um conhecimento para, uma melhora nas relações sociais, afetiva e intelectual apropriado ao hábito da leitura, considerando a leitura um habito e ou prazer em sua vida desta a infância.

O estudo do tema sobre os processos de alfabetização e letramento é muito importante a todo profissional de educação inclusive para os futuros docentes. Esse tema deve fazer parte da grade curricular dos cursos de formação de educadores escolares, no sentido de que esse profissional poderá promover ações no âmbito do planejamento escolar que possibilitem a organização do ambiente pedagógico, favorecendo a aprendizagem da língua escrita. Tendo em vista que é grande a falta de profissionais com esses conhecimentos, sobretudo, quando se discute soluções para o fracasso do ensino da leitura e da escrita nas escolas públicas.

Os autores, entre eles, Freire (1972), enfatizam a relação entre a cultura popular, o letramento/literacia e a escolarização, mas continua-se priorizando currículos padronizados e o “capital cultural” de grupos socioeconômicos, que marginalizam os capitais culturais de outros grupos. Em sua cultura popular, a criança, menino ou menina, brinca com super-heróis, espadas, Pokémon, Super Mário, Xuxa, bonecas. Os jogos de computadores e os programas Disney são muito apreciados pelas crianças e pouco valorizados pelos adultos, que os consideram de baixo valor educativo. É preciso desconstruir essa percepção, para aproveitamento dos interesses das crianças e da cultura popular para o letramento/literacia. Durante a brincadeira, o comentário da professora sobre tais jogos ou propagandas faz a criança aprender a ver criticamente, o que estimula a aprendizagem de literárias críticas.

Os textos não são neutros e a emergência do letramento/ literacia na escola depende da articulação casa e escola. Ambientes ricos em textos impressos podem ser ricos para alguns grupos e pobres para outros que não veem a si nem as suas práticas de letramento/literacia refletidas no ambiente. Interações com os textos impressos podem enriquecer conhecimentos e desenvolver predisposições para ler e escrever, porém, marginalizam e desencantam crianças que não têm esse capital cultural construído. Nesse caso, para envolver tais crianças é preciso descobrir os saberes da cultura popular que já trazem de suas casas.

REFERÊNCIAS

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Vygotsky, L. S.; Luria, A. R.; Leontiev, A. N. (Orgs.), Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Moraes, 1994.

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ACERVO DIGITAL. Alfabetização e Letramento: caminhos e descaminhos* Disponível em. http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/40142/1/01d16t07.pdf

Revista Escola. Paulo Freire, o mentor da educação parA CONSCIÊNCIA. Disponível Em. http://revistaescola.abril.com.br/formacao/mentor-educacao-consciencia-423220.shtml

Pedagogia da Esperança - Um Reencontro com a Pedagogia do Oprimido, Paulo Freire, 254 págs., Ed. Paz e Terra, tel. (11) 3337-8399, 40,50 reais

Pedagogia do Oprimido, Paulo Freire, 218 págs., Ed. Paz e Terra,

Pucrs. A EDUCÃO PARA A AUTONOMIA EM PAULO FREIRE. Disponível em. http://www.pucrs.br/edipucrs/online/autonomia/autonomia/capitulo4.html

Quais os impactos do compromisso com a alfabetização e o letramento para as diferentes etapas da educação básica?

Resumo. A alfabetização é a base para uma educação construtiva, o qual ajuda as pessoas a desenvolver a leitura, a escrita, a comunicação, as ideias e os pensamentos, o letramento utiliza a escrita para resolver problemas do dia a dia, facilitando assim suas práticas sociais podendo produzir gêneros textuais.

Quais são os impactos desse compromisso com a alfabetização e o letramento na sua atuação como gestor A ou professor a )?

Resposta verificada por especialistas Os impactos desse compromisso com a alfabetização e o letramento na sua prática profissional no ambiente escolar são voltados para que os alunos possam ter o desenvolvimento do senso crítico por meio da leitura e escrita.

Quais os impactos da alfabetização e letramento?

Os impactos da alfabetização no sujeito transcendem a ação de ler e escrever, ou assinar um nome, mas, sobretudo, possibilitam a capacidade para transformar suas próprias vidas, reescrevendo suas histórias, a partir da autoestima reconstruída e do resgate de sua própria autonomia.

Quais os impactos do compromisso com a alfabetização e o letramento na sua prática profissional no ambiente escolar?

A alfabetização e letramento são palavras chave para o mundo social, pois é por meio da alfabetização e do letramento que o sujeito passa a participar diretamente do mundo no exercício de suas funções sociais, buscando tornar-se um cidadão consciente, com domínio do código convencional da leitura e da escrita em suas ...