Qual a diferença entre bactericida e bacteriostático

Uma questão que causa grandes dúvidas dentro do mercado de Limpeza Profissional – não só entre contratantes, mas entre as próprias empresas – é a correta definição de conceitos como desinfecção, sanitização, esterilização, bactericida ou bacteriostático, ou mesmo quais novidades tecnológicas são eficazes em tempos de Covid.

Por isso, a Abralimp (Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional) realizou um webinar com as especialistas da área Química Fernanda Cerri e Marina Gumiere, e com mediação da jornalista Fernanda Nogas, da revista Higiplus, para sanar todas as dúvidas do segmento. Confira!

Aprendendo as diferenças

Ter uma equipe bem treinada é crucial para realizar uma limpeza eficiente, mas entender e saber diferenciar conceitos também. Quem já tentou buscar no Google a diferença entre sanitização e desinfecção, por exemplo, provavelmente encontrou quase a mesma definição. Mas a verdade é que se trata de processos inclusive matematicamente diferentes.

Quando se fala de conceitos, o primeiro a considerar é o desinfetante. “De acordo com a comunidade europeia, para um produto ser reconhecido como desinfetante, precisa reduzir os chamados ‘cinco logs’, ou seja, 99,999% das células vegetativas presentes na superfície”, explica Marina. “Já o sanitizante reduz a concentração das células na proporção de ‘três logs’, ou seja, apenas 99,9%. Por isso, no caso de superfícies de um hospital, por exemplo, não podemos aplicar a sanitização, já que ela não irá extinguir, mas apenas reduzir as células vegetativas presentes”.

Neste caso, tal processo pode ser chamado de higienização? Também não, já que higienização é a limpeza seguida da desinfecção.

Outra confusão muito comum é entre os termos bacteriostático e bactericida. “Tudo o que tem ‘cida’ na terminação tem a ver com produtos que irão eliminar ou extinguir um ser vivo”, aponta Marina. “Já um produto bacteriostático não irá matar os micro-organismos, mas apenas fazer com que não se proliferem, algo muito comum a produtos aplicados em vasos sanitários, por exemplo”.

Por fim, quando se fala de esterilizante, o conceito vai além: “Alguns micro-organismos, quando estão sob ameaça, têm a capacidade de produzir esporos, que são as chamadas estruturas de resistência. E aqui entra o esterilizante, que é capaz de eliminar esses micro-organismos mesmo quando estão protegidos por essas estruturas de resistência”, completa. “Lembrando que o segredo para que todas essas substâncias funcionem, inclusive as esterilizantes, é deixá-las agir pelo tempo correto”.

Eficácia dos processos

Outro problema trazido pela Covid foi o surgimento de soluções que prometem resultados quase milagrosos, tornando crucial saber o que funciona ou não dentro dos processos de limpeza.

Fernanda Cerri lembra que o que há de garantido atualmente – e que inclusive consta na Nota Técnica 47 da Anvisa – são os princípios ativos já testados e consolidados na Limpeza Profissional, como é o caso do peróxido de hidrogênio, do hipoclorito ou do quaternário de amônio, todos com evidências científicas comprovadas, e que já passaram por um processo completo de validação e aprovação.

“Claro que somos muito abertos a novas tecnologias, principalmente as de validação de limpeza, como os leitores de ATP ou marcadores fluorescentes, que nos ajudam inclusive a passar as técnicas corretas de limpeza aos nossos prestadores”, completa Fernanda. “Mas desde que essas novas tecnologias apresentem evidência científica. Caso contrário, pode-se estar simplesmente colocando a segurança da equipe e dos usuários em risco ao usar soluções sem qualquer comprovação”.

Legado para o futuro

Embora estejamos há mais de um ano concentrados no coronavírus, é preciso lembrar que há um problema ainda maior, que é o dos micro-organismos multirresistentes – não só mais difíceis de eliminar, mas que podem persistir por mais tempo nas superfícies.

“Uma questão básica de ser apontada é que o vírus não é um ser vivo, portanto não se multiplica”, diz Fernanda. “Já as bactérias e os fungos são vivos, e se multiplicam em uma velocidade impressionante. Até por isso, quando falamos nas diferentes áreas de um hospital, precisamos colocar atenção nas superfícies de alto toque. O Clostridium difficile (esporos), por exemplo, pode ficar na superfície por até cinco meses. Então, o que irá nos salvar, hoje e no futuro, não só dos vírus, mas dos micro-organismos multirresistentes é a utilização dos processos corretos de limpeza”.

“Nossa experiência com o coronavírus mostrou o quão inseguros podemos ficar se não tivermos produtos adequados para o uso”, completa Marina. “É essencial olharmos com a devida atenção toda a pesquisa que rege nosso mercado, mostrar a importância de usar as formulações adequadas, obedecer aos tempos de contato, ter produtos devidamente registrados e controlados. Somos, sim, muito suscetíveis, e se não tivermos tudo dentro de uma rigorosa fundamentação científica podemos acabar por nos apoiarmos em uma falsa segurança. A higienização correta é fundamental. E, mesmo depois que tudo isso passar, a higienização sem dúvida continuará intimamente ligada à saúde”.

Para assistir ao webinar da Abralimp na íntegra, clique aqui!

Fonte: ABRALIMP.

Foto/Divulgação: ABRALIMP.