Estudo realizado pelo Instituto Interamericano de Cooperação Agrícola (IICA), em 29 países, aponta que o cenário atual vai repercutir na oferta de alimentos na região.
Agricultor familiar trabalha no lote no assentamento Bela Vista, no interior de São Paulo — Foto: Fabio Rodrigues/G1 Agricultores familiares da América Latina e do Caribe relatam dificuldades para venda de seus produtos por conta da pandemia do novo coronavírus
e acreditam que isso irá poderá afetar o fornecimento de alimentos básicos na região. É o que afirma uma pesquisa divulgada pelo Instituto Interamericano de Cooperação Agrícola (IICA) nesta terça-feira (28). A entidade realizou o levantamento entre maio e junho deste ano e ouviu 118 entidades, entre institutos de pesquisa, ONGs e organizações sindicais representantes da agricultura familiar em 29 países das Américas, incluindo
o Brasil. Das Américas, ficaram de fora Bahamas, Barbados, Suriname, Estados Unidos e Canadá. O trabalho constatou uma crescente preocupação no setor de agricultura familiar em relação às possibilidades de comercialização de alimentos nos mercados locais, devido à redução no fluxo de consumidores por medo de serem infectados. Produtora rural do México com diversos alimentos produzidos
no país — Foto: Divulgação/Secretaria de Agricultura do México Há cerca de 16 milhões de agricultores familiares na América Latina e Caribe, pelo menos 20% da população rural vive na extrema pobreza e está localizada em pequenas fazendas de baixa produtividade. O tamanho médio das propriedades familiares na região é de 13 hectares. Apenas 23% das terras agrícolas
da América Latina e do Caribe estão nas mãos de agricultores familiares.
Produtos afetados
A opinião dos entrevistados é que, até agora, os produtos mais afetados pela pandemia são grãos, cereais e vegetais, seguidos por frutas, raízes, tubérculos e carnes.
Já para os próximos 6 meses, a maioria dos entrevistados prevê que produções de tomate, cebola, repolho e pescados diminuirão.
Por outro lado, a produção de milho, feijão, cereais andinos, sorgo, batata e mandioca aumentará ou, pelo menos, será mantida.
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“Diante de um cenário pós-pandêmico, surge a necessidade de considerar a agricultura como um setor estratégico para a reativação da economia, sendo essencial fortalecer o desempenho dos agricultores familiares e os circuitos de comercialização de alimentos”, afirma em nota o diretor geral do IICA, Manuel Otero.
Dificuldades
Os entrevistados também afirmam que estão enfrentando falta de equipamentos de proteção e protocolos sanitários em algumas regiões.
Além disso, nem todos os países têm regulamentações definidas e adequadas sobre os protocolos sanitários que protegem os transportadores. O Brasil desde o começo da crise definiu o agronegócio e o setor de transportes como atividades essenciais e não pararam durante a pandemia.
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A pesquisa identificou três aspectos principais entre as dificuldades enfrentadas pelos agricultores familiares:
- Falta de equipamentos de proteção e protocolos sanitários que permitam aos produtores trabalhar com segurança;
- Limitações de transporte e para a distribuição da produção, devido a restrições de tráfego e mobilidade, o que dificulta a movimentação comercial de produtos;
- Limitações no acesso ao crédito para a produção e reprodução da unidade familiar.
“Juntamente com esse retrato, a pesquisa apresenta opções de políticas públicas diante da pandemia para servir a um setor chave para a criação de emprego agrícola, suprimento de alimentos, segurança alimentar e nutricional e mitigação do êxodo rural. Em outras palavras, um setor estratégico que deve ser prioritário ”, afirmou Mario León, coordenador da pesquisa.
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