O homem é um ser social, e por tal motivo a essência do ser humano está majoritariamente em sua capacidade de se relacionar com os outros, de transmitir conhecimento e de se identificar no outro ser humano.
Porém esta relação entre seres humanos ocorre primordialmente em decorrência da linguagem, seja ela escrita, falada, desenhada, gesticulada, enfim, é ela quem, em última análise, possibilita que o homem tenha e mantenha relações sociais, que viva efetivamente em sociedade.
Repare que não conseguiríamos nos comunicar sem o uso de alguma forma de linguagem, não conseguiríamos sequer pensar sem o uso da linguagem, a nossa capacidade de aprender, de compreender o mundo ao redor, de nos comunicarmos, de nos expressarmos, depende da linguagem.
Note que as relações interpessoais, e até mesmo a relação consigo mesmo, invariavelmente passam pela linguagem e é por conta disso que é possível se afirmar que a linguagem tem um papel de mediador.
Sabemos que a mediação é um processo em que um determinado elemento se coloca como intermediário em uma relação, fazendo com que esta relação deixe de ser direta e passe a ser mediada por este elemento.
E dizemos que a linguagem atua como mediadora porque, como dito anteriormente, o acesso do ser humano e de sua mente ao mundo não se dá de um modo direto, este acesso ocorre sempre por meio da linguagem nas suas mais variadas formas de manifestação, é ela quem atua como intermediário e que permite ao ser humano ter acesso a este mundo, ainda que de forma indireta.
Então, partindo-se da premissa de que a informação e o conhecimento que uma pessoa quer passar, absorver ou desenvolver deve necessariamente passar pela linguagem para então chegar ao seu destinatário, começa a se mostrar bastante importante se pensar neste mediador e se identificar qual a melhor forma de utiliza-lo para se conseguir atingir o objetivo de se comunicar com o outro, ou consigo mesmo, de forma efetiva.
Linguagem é a mediadora entre os sujeitos e o mundo
Maria Aparecida Baccega em sua obra “Palavra e discurso. História e literatura” afirma que:
“a mediação entre o homem e a realidade objetiva é exercida pelas linguagens, sobretudo pela linguagem verbal, pela palavra”
E nos parece bastante assertiva esta afirmação considerando que é principalmente a palavra, tanto escrita quanto falada, a responsável por grande parte da comunicação diária ocorrida entre as pessoas.
E aqui é importante chamarmos a atenção para um outro ponto: observe que quando nos comunicamos invariavelmente direcionamos um determinado conteúdo para alguém (ainda que este alguém sejamos nós mesmos), e o objetivo é que este alguém compreenda e absorva este conteúdo que lhe foi passado.
Chegamos então a uma outra característica importante que a figura do mediador possui: o de facilitador.
Linguagem = Mediador = Facilitador
O mediador se coloca entre duas ou mais partes de uma relação buscando facilitar esta conexão entre os envolvidos — este é o papel que o mediador deve cumprir, caso contrário a sua função, o seu objetivo precípuo, não é alcançado.
E assim é com a linguagem, pois considerando que a linguagem é um mediador não é exagero dizer que sua função é facilitar a comunicação entre as pessoas, e caso a linguagem venha a se tornar um empecilho à comunicação (como infelizmente ocorre algumas vezes) este mediador não estará cumprindo o seu papel.
E ao se ter em mente este fator é possível se afirmar então que para uma comunicação efetiva é preciso que a linguagem a ser utilizada seja apropriada aos interlocutores, o que ressalta ainda mais a necessidade de se pensar neste importante mediador.
A escolha da linguagem deve ainda levar em conta que o conteúdo a ser passado nunca pertence exclusivamente ao falante, àquele que irá transmitir aquela informação ou conhecimento, o conteúdo pertence também a quem escuta, pertence também àquele para quem aquela informação está sendo direcionada.
Ora, a comunicação é sempre uma relação de troca, e por isso ao se ensinar ou se orientar alguém é preciso que aquele que transmite a informação tenha ciência da capacidade de percepção que o destinatário tem do que lhe está sendo ensinado ou orientado, para que ocorra uma efetiva troca de informação, onde uma pessoa transmite e a outra pessoa absorva este novo conteúdo.
Que ninguém tente debilitar o sentido da relação: relação é reciprocidade. (Martin Buber)
E aqui é interessante se reparar também que nossa capacidade de compreensão do mundo ao redor está diretamente ligada às nossas experiências, sejam elas experiências de vida, experiências acadêmicas e principalmente experiências trazidas pela relação entre pessoas e essa vivência tem influência direta na maneira com que absorvemos as informações que nos chegam, na maneira com que compreendemos o mundo.
Por consequência, a escolha da linguagem acaba também passando por uma análise acerca das experiências de vida da pessoa para quem a informação será direcionada, da realidade onde aquela pessoa está inserida, da sua formação acadêmica, e até mesmo da falta dela.
Entendemos as coisas a partir do ponto de vista das nossas vivências
A linguagem é, portanto, a base das interações sociais, uma vez que é ela quem viabiliza a comunicação humana, sendo a ferramenta primordial para o desenvolvimento do pensamento e do conhecimento.
Agora uma pergunta: o quanto você se preocupa com a linguagem a ser utilizada quando precisa transmitir informação e conhecimento?
A linguagem deve ser uma preocupação constante, pois clareza e lógica devem ser uma constante na atividade de se comunicar, com vistas a facilitar a troca de informação entre os envolvidos naquela relação, uma vez que uma das funções da linguagem é estabelecer a comunicação e viabilizar a interação entre os seres humanos.
E então, vamos repensar a forma com que utilizamos a linguagem para que este mediador possa efetivamente cumprir o seu papel de facilitador da comunicação e da transmissão de conhecimento?