Figuras de linguagem são palavras ou expressões conotativas, portanto, apresentam um sentido que ultrapassa a linguagem comum, literal ou denotativa. Então, se, por exemplo, escrevemos que “Artur é um doce”, não queremos dizer que ele tem gosto de açúcar, mas que é uma pessoa delicada. Por fim, as figuras podem ser: Show
Leia também: O que são funções da linguagem? Tópicos deste artigoResumo sobre figuras de linguagem
Videoaula sobre figuras de linguagemO que são figuras de linguagem?A denotação se refere ao sentido básico de uma palavra e não depende de um contexto. Já a conotação vai depender do contexto em que o termo é empregado. Por exemplo, a frase “Fulano tem um coração de pedra” pode ter um sentido denotativo ou conotativo. No sentido denotativo, o coração é realmente feito de pedra. Já no conotativo, “coração de pedra” indica que Fulano é insensível. Dito isso, podemos dizer que as figuras de linguagem estão relacionadas à conotação, pois, quando as utilizamos, pretendemos indicar um sentido que vai além do significado original ou denotativo. Portanto, o sentido figurado ultrapassa o sentido comum, já que o caráter plurissignificativo da linguagem é evidenciado. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Tipos de figuras de linguagem→ Figuras de palavras ou de semântica
Relação de igualdade entre dois elementos, com a presença de conjunção comparativa: Ler é como voar sem sair do chão.
Relação de igualdade entre dois elementos, mas sem a presença de conjunção comparativa: Ler é voar sem sair do chão. Desse modo, é a presença ou ausência da conjunção comparativa que diz se o enunciado é uma comparação ou uma metáfora. Isso no caso das metáforas impuras, aquelas nas quais os elementos da comparação estão explícitos, ou seja, “ler” e “voar sem sair do chão”. A metáfora pura é mais elaborada e difícil de identificar. Ela pode ser observada nesta estrofe do poema “Soneto de separação”, de Vinicius de Moraes: De repente da calma fez-se o vento A palavra “chama” é uma metáfora pura, pois está sendo comparada a elementos não explicitados na estrofe, ou seja, “vida” ou “amor”.
Substituição de um elemento por outro a ele relacionado. Na metonímia pode ocorrer a substituição:
Li o Caio Fernando Abreu ontem.
Não se esqueça de ir ao açougueiro hoje à tarde.
Comprei cambraia para fazer roupa de cama.
Esta casa e tudo que está nela é fruto do meu suor.
Acredite, comi um pote de sorvete de morango.
Cássio é um volante experiente.
Desceu do avião e ficou emocionado por estar de novo em seu lar.
O porsche é um sonho inalcançável para muitos.
Arruda traz proteção contra olho grande?
As pernas passavam apressadas diante da minha janela.
Zeus, os mortais tudo ignoram.
O inglês é mesmo pontual?
Morro se você quebrar a porcelana que mamãe me deixou.
Sei que meu filho não é nenhum Einstein.
Emprego impróprio de uma expressão, por desconhecer a sua origem: Você pode me dar uma mesada de 15 em 15 dias.
Substituição de uma palavra ou expressão por outra que a caracterize: A cidade-luz ainda é considerada romântica. Quando essa substituição está relacionada a coisas ou animais, como no exemplo anterior, ela é chamada de perífrase. Mas se fizer referência a pessoas, então a chamamos de antonomásia: A rainha do soul é um ícone da música negra americana.
Combinação entre dois ou mais dos cinco sentidos humanos: O brilho da manhã não eliminava o fel da minha existência. Para saber mais sobre essa figura de linguagem, leia o texto: Sinestesia. → Figuras de pensamento
Expressão marcada pelo exagero: Irandir estava morrendo de medo, mas não retrocedeu.
Declaração caracterizada pela negação do contrário: Keyla não é boba e logo percebeu as segundas intenções da amiga. Nesse caso, o enunciador diz que Keyla é esperta, por meio da negação do adjetivo contrário à esperta, ou seja, boba: não é boba.
Utilização de termo ou expressão que suavize a declaração: Meu irmão foi muito descuidado e se envolveu em um acidente de trânsito.
Forma de expressar o oposto do que se afirma: Como eu amo pessoas desorganizadas, fico o mais longe delas possível.
Personificação de seres irracionais ou de coisas: A porta invejava a minha janela.
Expressa uma oposição: Sinto o calor de seus olhos e o frio de suas mãos.
Antítese acompanhada de contradição: A morte é essencial para a continuação da vida das espécies. Se a morte é o oposto de vida, é contraditório dizer que ela é essencial para a continuação da vida. Mas, apesar da contradição, o enunciado faz sentido se pensamos que, para se alimentar, as espécies precisam recorrer à morte de elementos de outras espécies.
Interrupção do enunciado, com o objetivo de interpelar ou invocar: A dor, ó irmão, pode ser benéfica.
Sucessão de ideias: Uma música, um poema, um desenho eram suficientes para me demonstrar seu amor. Veja também: Qual a diferença entre conotação e denotação? → Figuras de sintaxe ou construção
Palavra ou expressão implícita na estrutura do enunciado: No automóvel, três pessoas: eu, meu amigo e meu irmão. Nesse exemplo, está implícito o verbo “estavam”: No automóvel, estavam três pessoas: eu, meu amigo e meu irmão.
Tipo de elipse em que ocorre a omissão de um termo mencionado anteriormente. Pensava mais em comida do que em esportes. Nesse enunciado, está implícita a segunda ocorrência do verbo “pensava”: Pensava mais em comida do que pensava em esportes.
Repetição de uma ou mais palavras no início de versos ou orações: O que será, que será? Nesse trecho da letra de música “O que será?”, de Chico Buarque, é possível observar a anáfora “que andam”.
Repetição intencional para enfatizar uma ideia: A mim nada me convence de algo tão improvável. Porém, se não é usado para enfatizar ou expressar melhor uma ideia, o pleonasmo se torna um vício de linguagem, como se verifica no seguinte enunciado: Entrei pra dentro de casa logo que anoiteceu.
Falta de ligação entre o início de uma frase e a sucessão de ideias: O automóvel tudo são apenas bens materiais e desnecessários.
Concordância com a ideia e não com a palavra dita ou escrita. Existem três tipos:
Sua excelência está disposto a tudo. O enunciador, nesse caso, faz a concordância com a ideia de que “sua excelência” é um homem e não com o sujeito feminino. Sem o uso da silepse, mesmo que o enunciador se refira a alguém do gênero masculino, a concordância gramatical é: Sua excelência está disposta a tudo.
A turma estava desnorteada, já que lhes faltava liderança. Nesse caso, o pronome “lhes” se refere à turma, porém está relacionado à ideia de que uma turma é composta de vários indivíduos. Sem o uso da silepse, a concordância gramatical é: A turma estava desnorteada, já que lhe faltava liderança.
As três estávamos apavoradas. Nesse exemplo, ao conjugar o verbo “estar” na primeira pessoa do plural, a enunciadora se inclui entre as três pessoas apavoradas. Sem o uso da silepse, a concordância gramatical é: As três estavam apavoradas. No entanto, a frase perde o sentido original, pois não fica evidente a inclusão da enunciadora entre “as três”.
Inversão da ordem direta (sujeito, verbo, complemento ou predicativo) de uma oração: Por muitos brasileiros não é a literatura nacional valorizada. Assim, a ordem direta é: A literatura nacional não é valorizada por muitos brasileiros.
Repetição da conjunção “e”: O povo sofre, e chora, e grita, e protesta, e aceita o inevitável enfim. Veja também: Conjunções aditivas – responsáveis por unirem palavras ou orações de mesma função → Figuras de som ou harmonia
Repetição de consoantes ou sílabas: Paulo pediu ao pedreiro para pregar o prego na parede. Essa figura, no entanto, é utilizada apenas em textos literários, pois, em textos funcionais, ela se converte em um vício de linguagem.
Repetição de vogais: A Cláudia falava da lágrima que cala.
Palavra cuja pronúncia imita o som produzido por determinados seres:
Utilização de termos semelhantes, mas com grafia, som e significado distintos: O relógio soava duas horas, enquanto o homem suava no calor da tarde. Exercícios resolvidos sobre figuras de linguagemQuestão 1 - (Enem) O açúcar O branco açúcar que adoçará meu café Vejo-o puro Este açúcar veio Este açúcar era cana [...] Em usinas escuras, FERREIRA GULLAR. Toda poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980. p. 227-228. A antítese que configura uma imagem da divisão social do trabalho na sociedade brasileira é expressa poeticamente na oposição entre a doçura do branco açúcar e A) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar. B) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se dissolve na boca. C) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se produz o açúcar. D) a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale. E) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras. Resolução: Alternativa E. A antítese é expressa na oposição entre o “branco açúcar” e a “vida amarga”, ou seja, entre o doce e o amargor; politicamente, na oposição entre a vida agradável do eu lírico e a vida difícil dos trabalhadores da usina. Questão 2 - (Enem) Oximoro, ou paradoxismo, é uma figura de retórica em que se combinam palavras de sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. Considerando a definição apresentada, o fragmento poético da obra Cantares, de Hilda Hilst, publicada em 2004, em que pode ser encontrada a referida figura de retórica é: A) “Dos dois contemplo rigor e fixidez. Passado e sentimento me contemplam” (p. 91). B) “De sol e lua De fogo e vento Te enlaço” (p. 101). C) “Areia, vou sorvendo A água do teu rio” (p. 93). D) “Ritualiza a matança de quem só te deu vida. E me deixa viver nessa que morre” (p. 62). E) “O bisturi e o verso. Dois instrumentos entre as minhas mãos” (p. 95). Resolução Alternativa D. Ao dizer “E me deixa viver nessa que morre”, o eu lírico cria um paradoxo, já que é contraditório viver naquilo que morre. Questão 3 - (UEL) MAR PORTUGUÊS Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. PESSOA, F. Mensagem. In: Mensagem e outros poemas afins seguidos de Fernando Pessoa e ideia de Portugal. Mem Martins: Europa-América [19-]. Em relação aos versos “Ó mar salgado, quanto do teu sal/ São lágrimas de Portugal”, ocorrem, respectivamente, duas figuras de linguagem nomeadas: A) Metáfora e onomatopeia. B) Catacrese e ironia. C) Anacoluto e antítese. D) Sinédoque e aliteração. E) Pleonasmo e metáfora. Resolução Alternativa E A expressão “mar salgado” é um pleonasmo, uma vez que não existe mar doce. Já “lágrimas de Portugal” é uma metáfora, pois o sal é comparado a “lágrimas de Portugal”, mas sem a presença de conjunção comparativa. Qual é o efeito da repetição dos substantivos?Resposta. Reforçar a idéia de perda que o autor quer passar. Vários exemplos de coisas perdidas que tem uma ligação, não são sinônimos mas passam o sentido de reforço ao primeiro substantivo da frase (negócio).
Qual é o efeito de sentido produzido pela repetição dos substantivos abstratos verdade honra e vergonha nos versos finais da segunda estrofe?Resposta. Resposta: A repetição dos substantivos no final das estrofes cria a impressão de uma grande indignação do eu lírico com relação aos problemas sociais que ele denuncia.
Qual é a função dos substantivos abstratos no poema?Os substantivos abstratos designam qualidades, semtimentos, ações e estados do ser.
Que efeito de sentido é produzido pela repetição muito muito muito acompanhando o substantivo tempo?Resposta: O efeito foi pra enfatizar que há uma variedade de palavras.
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