Vamos falar sobre contagem de plaquetas? Quem me acompanha por aqui já deve ter percebido que vários dos meus conteúdos citam uma célula específica: as plaquetas, também chamadas de trombócitos. Elas são células responsáveis pela coagulação do sangue e por isso quando existe um problema de coagulação, investigamos como está o número dessas células no organismo.
Mas, alterações vistas em um hemograma (exame de sangue) também podem indicar que algo não vai como deveria. Existem três casos de alteração de plaquetas: as plaquetas em contagem alta, em contagem baixa e a contagem normal, porém com alteração na função.
Entenda o que pode causar cada uma dessas situações. Confira!
Contagem de plaquetas: Plaquetas altas – Plaquetose
Quando o número de plaquetas está maior do que os valores de referência (acima de 400.000 por microlitro), damos o nome de plaquetose ou trombocitose.
Esse quadro pode indicar que estamos diante de:
- Paciente com anemia ferropriva
- Infecção
- Possível sangramento prolongado (hemorragia)
- Síndromes Mieloproliferativas, como um quadro de trombocitose essencial, que surge quando há um defeito nas células-tronco e o número de plaquetas (também chamadas de trombócitos) sobe muito
- Uma possível leucemia
É preciso investigar a causa da plaquetose, assim como a qualidade das plaquetas, porque ela tende a ser o sinal de uma doença que precisa de diagnóstico e tratamento. O maior risco do alto número de plaquetas no sangue se dá porque aumenta também a formação de trombos (coágulos), que podem obstruir veias, aumentando o risco de trombose, por exemplo. Embora contagens de plaquetas acima de 1 milhão também possa paradoxalmente aumentar a chance de sangramento.
Plaquetas baixas: Plaquetopenia
Também chamada de trombocitopenia, a plaquetopenia é quando o número de plaquetas está abaixo do esperado. Já trouxe em meu blog duas situações que causam um quadro de plaquetopenia identificada em pós-operatório e também Púrpura Trombocitopênica Imune.
Mas, existem outras situações que resultem na baixa das plaquetas:
- Uso de alguns medicamentos
- Alguns tipos de câncer, como por exemplo linfoma e leucemia
- Infecções
- Doenças auto-imunes, como lúpus
- Algumas gestantes também podem apresentar trombocitopenia ao fim da gravidez
Os casos de plaquetopenia podem ser pela diminuição da sua produção na medula óssea ou também por um aumento da destruição das plaquetas.
Alteração na função das plaquetas
Essa alteração é mais difícil de ser diagnosticada pois outros exames de coagulação podem ser normais e inclusive a contagem de plaquetas e mesmo assim o paciente tem sangramento. Nesses casos é necessário fazer testes específicos para avaliar a função das plaquetas como PFA-100 ou tempo de sangramento, menos disponíveis no mercado. As causas de alteração na função das plaquetas pode ser genética ou mesmo por condições adquiridas como pacientes com doença cardíaca que usam antiagregantes como Clopidogrel.
Com o hemograma, exame clínico e o relato do paciente, conseguimos identificar se é preciso solicitar outros exames para investigar a causa na alteração de plaquetas. O importante é lembrar que sintomas como fraqueza, roxos na pele e sangramentos sem motivo aparente precisam de investigação por parte de um hematologista, ok?
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Plaquetas altas podem apontar inflamações e outras alterações no organismo; saiba o que leva a esse aumento
Plaquetas são pedaços de grandes células sanguíneas responsáveis pela coagulação do sangue, chamadas megacariócitos. Quando um vaso sanguíneo se rompe, essas células ativam as plaquetas, que agem como uma cola na parede do vaso estourado para frear sangramentos excessivos.
Portanto, a indicação de plaquetas altas (também chamadas de trombocitose ou plaquetose) significa que há um grande sangramento acontecendo em alguma parte do organismo - mas nem sempre o indicativo é sinal de um problema de saúde.
O hematologista Rony Schaffel, coordenador de pesquisa clínica e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), esclarece dúvidas sobre o tema.
O número de referência de plaquetas, que indica normalidade, é de 150.000/mm³ a 450.000/mm³. A medida ?mm³? simboliza microlitro de sangue.
As plaquetas altas são identificadas a partir de um hemograma completo, que se trata de um exame de sangue de rotina. A contagem costuma ser maior que 450.000/mm³ em idosos, pessoas com colesterol alto ou que já tiveram tromboses. Mas se as plaquetas ultrapassam 1.500.000/mm³, o risco de problemas de saúde é grande.
As causas mais comuns de plaquetas altas são:
- Carência de ferro
- Tabagismo
- Inflamação de longa duração
- Trombocitemia essencial
A trombocitemia essencial é uma doença ocasionada pela fabricação descontrolada de plaquetas pelo sangue e geralmente assintomática (não apresenta sintomas).
Importante destacar que essa condição não se trata de um câncer, pois não há a produção de células malignas, mas sim um aumento na fabricação de partes de células normais.
Infecções não costumam causar plaquetas altas. Pelo contrário: o mais frequente é que infecções virais, como dengue e sarampo, reduzam a contagem de plaquetas no sangue.
O primeiro passo para reduzir as plaquetas altas é identificar a causa a partir de um hemograma completo. Somente com o diagnóstico capaz de explicar o porquê desse aumento é possível saber como diminuir a quantidade.
Se a elevação for causada por inflamações e fumo, é preciso tratar tais aspectos para que, assim, a contagem de plaquetas seja reduzida.
Caso as plaquetas altas tenham origem na aceleração da coagulação, não é de fato necessário reduzir a contagem. Inibir a aceleração com o uso de aspirina costuma ser suficiente.
Contudo, pessoas que têm risco de trombose ou plaquetas superiores a 1.500.000/mm³ precisam fazer um tratamento à base de comprimidos, como Hidroxiureia.
Por outro lado, as plaquetas baixas (abaixo de 150.000/mm³) podem ocorrer por problemas técnicos durante a coleta, infecções por vírus, aumento do baço, problemas no fígado, ou por falhas no fluxo sanguíneo (normalmente, indicadas pela queda de outras células do sangue também).
Rony Schaffel (CRM 5258314-1), hematologista, membro do Serviço de Hematologia e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ), pós-doutor em trabalhos com linfoma, sócio-fundador da Hemon Clínicas Ltda
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