Qual o idioma escolhido para nomear cientificamente os seres vivos?

Qual o idioma escolhido para nomear cientificamente os seres vivos?
 Fernando Gonsales/Mundo Estranho

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Cada nova espécie descoberta tem que ser batizada de acordo com as regras da taxonomia, ciência que as classifica. Essas regras foram criadas pelo biólogo sueco Carlos de Lineu no século 18. Ele sugeriu que cada ser vivo tivesse um nome específico e um longo pré-nome, que indicasse características comuns dos grupos a que os animais pertencem.

Quanto menos atributos comuns entre a bicharada, maior o grupo: o mais abrangente é o reino, e o menor, com os indivíduos mais parecidos, a espécie. Daí surgiu a famosa sigla ReFiCOFaGE que a gente aprende no colégio: reino (animal, vegetal…), filo (vertebrados ou invertebrados), classe, ordem, família, gênero e por fim espécie.

Antes de Lineu botar ordem na casa, cada um batizava a espécie do jeito que bem entendesse. Animais idênticos tinham diversos nomes pelo mundo, o que dificultava o estudo. Em zoologia, ramo da ciência que estuda os animais, foram estabelecidas algumas regras para a nomenclatura: o nome tem de ser latinizado (por exemplo, em latim, não existem adjetivos ligados a nomes próprios terminados em “a” ou “o”, que são trocados geralmente por “ii” ou “is”), escrito em itálico (ou sublinhado, se for à mão) e o animal tem de ser bem descrito, para não correr o risco de ser reclassificado depois.

Com tantas espécies e características, falta nome sério para todos os animais. E acabam surgindo alguns bizarros, como você vê nos exemplos abaixo.

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Boselaphus tragocamelus
QUE BICHO É Antílope da Índia
AUTOR Pallas
DATA DO BATISMO 1766
Se existe um bicho quatro-em-um, é esse: a tradução do seu nome a partir do latim significa “boi-veado bode-camelo”. E o animal é realmente uma mistura disso tudo aí. Conhecido como nilgai, ele é encontrado na Índia e no Paquistão, e foi exportado para os EUA no século passado. Lá, o nilgai aparece em muitos ranchos do Texas confundindo as pessoas: de costas é um boi, de frente, um veado.

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Han solo
QUE BICHO É Crustáceo pré-histórico
AUTOR Turvey
DATA DO BATISMO 2005
Esse trilobite (animal encontrado em forma de fóssil) é um xará perfeito do personagem de Harrison Ford na trilogia original de Guerra nas Estrelas. A desculpa oficial: ele chama “Han”, por ser do rio Han, na China, e “solo” porque era o último sobrevivente do seu gênero. Coincidência? “Todos os personagens de Star Wars têm nomes que soam como nomes científicos”, afirmou o inglês responsável pela descoberta, fã declarado da saga.

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Agra schwarzeneggeri
QUE BICHO É Besouro da América Central
AUTOR Erwin
DATA DO BATISMO 2002
São mais de 350 mil espécies de besouros no mundo, então dá para imaginar a dificuldade para arrumar nomes novos – há insetos batizados até de Hitler e Bush! Esse besourão especificamente tem uma pata com um calombo no meio que parece um bíceps musculoso, como o do ex-Mister Universo, ex-Exterminador do Futuro e ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger.

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Juscelinomys candango
QUE BICHO É Roedor brasileiro do Cerrado
AUTOR Moojen
DATA DO BATISMO 1965
Esse ratão com cauda espessa e hábitos subterrâneos (ele constrói túneis e ninhos em buracos), foi avistado uma vez no cerrado próximo a Brasília, poucos anos depois da inauguração da capital idealizada por Juscelino Kubitschek, de onde vem seu primeiro nome. E “candango” era o nome dado aos trabalhadores que imigravam à capital para sua construção. Não se sabe se o roedor foi extinto.

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Proceratium google
QUE BICHO É
Formiga africana
AUTOR Fisher
DATA DO BATISMO 2005
É bastante comum um biólogo passar meses ou anos procurando espécies novas e, quando avista uma, percebe que ela não é inédita. Para acabar com o problema, o entomólogo americano Brian Fisher usou o Google Earth para mapear onde estão todas as espécies de formigas do mundo. Quando achou uma nova, em uma viagem à ilha de Madagascar, não hesitou e cravou o nome em homenagem à ferramenta de busca.

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Dracorex hogwartsia
QUE BICHO É Dinossauro que viveu nos EUA
AUTOR Bakker
DATA DO BATISMO 2006
O esqueleto desse dinossauro foi encontrado inteiro por três paleontólogos amadores e doado a um museu de ciências para crianças, onde ficou por dois anos antes de ser nomeado por especialistas. Em homenagem à molecada, o dino ganhou, em latim, o nome de “rei-dragão de Hogwarts” – uma alusão à escola de feitiçaria da série Harry Potter. A autora J.K. Rowling, paleontóloga amadora, adorou a homenagem.

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Bambiraptor feinbergi
QUE BICHO É Dinossauro que viveu nos EUA
AUTOR Burnham
DATA DO BATISMO 2000
Quando o fóssil desse dino de 30 centímetros e apenas 2 kg foi encontrado e batizado em referência ao famoso veado dos filmes da Disney, foi a maior polêmica. Os cientistas alegaram que ele ganhou esse nome por ser pequeno e saltitante, apesar de ser parente do ameaçador velociraptor. Não se sabe ao certo se ele é de fato uma espécie única ou um filhote de outra – erro freqüente na taxonomia.

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Priapulus caudatus
QUE BICHO É Minhoca marítima
AUTOR Lamarck
DATA DO BATISMO 1816
Uma minhoca que pode chegar a 20 cm de comprimento e tem um corpo cilíndrico molenga que cresce dependendo da circunstância parece com… exatamente, um pênis. Em latim, “priapulus” quer dizer “pênis pequeno”, e é também nome de uma numerosa família de seres vivos marinhos. Os bichos dessa espécie se movimentam usando as duas “caudas” que ficam na base do corpo, daí o “caudatus”.

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Como é dado o nome científico a uma espécie animal?

Existem regras universais para evitar confusões. Mas ainda há margem para batizar alguns bichos de um jeito muito estranho. Conheça oito casos malucos

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Qual idioma é escrito o nome científico dos seres vivos?

Todo nome científico é escrito em latim ou deriva dessa língua. Como o latim não é língua oficial de nenhum país, ele não sofre nenhuma variação. Além disso, outra característica importante de um nome científico é que, normalmente, ele é composto de dois nomes, que juntos formam o nome de uma determinada espécie.

Em qual idioma deve ser escrito o nome científico?

- Todos os nomes científicos devem ser escritos em latim ou latinizados.

Como nomear cientificamente uma espécie de ser vivo?

O nome científico é uma combinação binária, que consiste do nome do gênero seguido do epíteto específico, ambos em itálico. O gênero deve estar com inicial maiúscula, e o epíteto específico com inicial minúscula.

Por que o nome científico tem que ser em latim?

1) Os nomes científicos devem ser escritos em latim e com destaque. O destaque pode ser o itálico, o negrito ou sublinhado. A escrita em latim evita variação do nome científico das espécies, pois o latim é uma língua “morta”, isto é, não é mais utilizada e, portanto, não há mudanças em seu modo de escrever.