postado em 02/12/2018 08:00
Por isso, qualquer avaliação física para quem quer entrar na academia envolve um teste de equilíbrio. Segundo a fisioterapeuta Glaucia Adriana, isso ocorre porque dois elementos são fundamentais para conseguir efetuar os movimentos de forma funcional e harmônica: estabilidade ; a habilidade de controlar um movimento, que está ligada à coordenação motora ; e mobilidade das articulações ; a capacidade de gerar um movimento de forma coordenada.
Isso só funciona de forma correta graças ao cerebelo. Ele é responsável pela coordenação motora e pelos equilíbrios estático e dinâmico. O primeiro é utilizado para se manter em pé quando há a falta de movimento: realizando uma postura do ioga ou esperando na fila do banco, por exemplo. Já o segundo é utilizado todas as vezes em que o ser humano se move, como durante uma caminhada ou praticando exercícios.
Estabilidade
Como explica a neurologista Letícia Costa Rebello, do Hospital Brasília, pacientes que não apresentem eventual lesão no cerebelo ou no tronco cerebral ;terão incapacidade de realizar algumas das atividades que exijam a necessidade de manter o equilíbrio;.
Não é segredo para ninguém que sair por aí forçando os limites do corpo sem acompanhamento pode resultar em problemas, entre eles a lesão. Quando o organismo não está em dia com as forças da gravidade, pode ocorrer o processo de compensação ; situação na qual algum dos lados do corpo tende a trabalhar mais do que o outro para cumprir a demanda desregulada. ;O equilíbrio está associado à musculatura. Se ela estiver fraca, alguma parte do corpo vai ter que trabalhar por duas para compensar, e há sobrecarga;, explica o professor de educação física Firmino Neto.
Ele preza por atividades, além da musculação, que promovam o desenvolvimento da estabilidade. Durante os programas de treinamento, os alunos são divididos em níveis. Os iniciantes geralmente têm mais dificuldade de se sustentar no próprio eixo, então o ideal é praticar atividades que utilizem o peso do próprio corpo, segundo o especialista. ;Utilizamos exercícios como os do balanceio, em meia-bola, ou pranchas de equilíbrio frontal. Também realizamos agachamentos e outras atividades de lateralidade.;
Marcia Alves, 51 anos, é uma das alunas de Firmino e conta que sentiu grande melhora na qualidade de vida depois de se atentar aos exercícios. Ela entrou na academia para deixar de lado o sedentarismo e optou pela musculação com acompanhamento de um personal trainer. Mas foi durante a avaliação física que a técnica em radiologia identificou o problema de estabilidade.
Ela já tinha dificuldades com algumas atividades do cotidiano: não conseguia andar de salto e subir e descer da bicicleta representavam um desafio à parte. ;O meu maior problema é no lado direito. Mas todos os dias realizamos atividades de equilíbrio, durante o treino, e eu já superei várias dificuldades. Ando tranquilamente em cima de um salto e já domino a bicicleta;, garante.
Preocupação
Não é difícil perceber que, ao longo dos anos, a flexibilidade e o equilíbrio mudam muito. Os bebês conseguem realizar posições quase inimagináveis pelos adultos, e isso ocorre porque os pequenos têm percepção corporal e plasticidade muito grande. Porém, ao longo do tempo, o corpo sofre um processo de enrijecimento. O equilíbrio e a coordenação motora são habilidades que se perdem com o passar da idade e, quanto mais atenção e cuidado enquanto jovens, maior a chance de autonomia para o idoso no futuro.
;O corpo estabilizado gera uma base para que você possa evoluir fisiologicamente, reduz significativamente a perda do equilíbrio e também diminui o risco de queda na terceira idade. Isso porque a musculatura é responsável por estabilizar as articulações;, explica Firmino Neto.
Pensando na longevidade, a indicação é sempre buscar mais de si mesmo. Seja na atividade física, seja no comportamento mental. ;O corpo humano é muito mais resiliente do que se pensa. E ele deve estar em constante desafio, senão você vai perdendo os comandos e o sistema nervoso se torna preguiçoso do ponto de vista neural. Isso interfere diretamente na forma como você vai envelhecer;, diz Glaucia Adriana, fisioterapeuta.
*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte