A interrupção do método contraceptivo pode causar algumas mudanças no organismo; saiba quais são
É comum que as mulheres ainda tenham dúvidas sobre os efeitos que a pílula anticoncepcional causa no corpo. Quando ela é a opção escolhida como método contraceptivo ou para o tratamento de doenças ginecológicas, é esperado que essa nova dosagem de hormônio diária provoque certas alterações no organismo.
Entretanto, essas mudanças também geram receio e preocupação na hora de encerrar o uso do método. É possível que, ao parar de ingerir a pílula, o corpo manifeste alguns tipos de reações - desde fatores mais simples, como modificações temporárias no ciclo menstrual, até alterações na saúde da pele.
O acompanhamento ginecológico nesse processo é uma das maneiras de entender a resposta do nosso sistema ao parar ou trocar de anticoncepcional, já que o médico poderá orientar as melhores alternativas para lidar com as possíveis reações. Confira a seguir algumas mudanças que ocorrem no corpo ao parar de tomar a pílula:
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Uma das principais dúvidas está relacionada à menstruação. O uso contínuo da pílula anticoncepcional é capaz de causar a regularização do ciclo menstrual, o que é algo buscado por muitas mulheres. Logo, é possível que, ao interromper o método, haja o receio de que o ciclo se torne mais intenso.
"Talvez, isso possa acontecer na primeira menstruação após a interrupção do medicamento. Depois disso, o ciclo volta a ser como era antes do uso da pílula, de acordo com o funcionamento do corpo de cada mulher", explica o ginecologista e obstetra Marcos Tcherniakovsky.
De acordo com o especialista, quando acaba a pílula, a mulher deixa de receber seus hormônios diariamente. A partir desse momento, com o retorno do funcionamento normal do organismo, a menstruação volta em cerca de dois ou três dias.
"É importante não confundir o sangramento após parar de tomar a pílula, que é a menstruação comum, com o sangramento que ocorre enquanto a mulher ainda toma o remédio. Este é conhecido como escape e pode decorrer de estresse ou imunidade baixa", conta o médico.
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Marcos explica que, a partir do momento da interrupção do contraceptivo, o ovário já retoma o trabalho que não era feito devido aos hormônios da pílula - que é amadurecer e liberar o óvulo mensalmente, processo chamado de ovulação.
Portanto, após suspender o uso da pílula, já existe o potencial de gravidez. Nessa fase, o acompanhamento médico é essencial para realizar checagens e identificar se não há problemas que impedem a gestação.
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Cada organismo se manifesta de uma maneira diferente com o fim do consumo da pílula. Dessa forma, o ideal é que o ginecologista indique opções de tratamento para que a mulher lide com as reações que surgiram em seu corpo. Alguns dos possíveis efeitos colaterais são:
- Menstruação desregulada
- Aumento da cólica menstrual
- Aumento da oleosidade e da acne na pele
- Aumento da libido
- Melhora nas dores de cabeça
- Retenção de líquido temporária
De acordo com o ginecologista Marcos Tcherniakovsky, para que haja a possibilidade de manter o fluxo menstrual regular, o ideal é que se termine a cartela antes de realizar a suspensão completa da pílula.
"No entanto, é possível que a mulher interrompa a cartela antes do final sem maiores prejuízos. Isso apenas vai antecipar a menstruação, que ocorrerá em cerca de dois a três dias. Da mesma forma, se a mulher decide emendar uma cartela na outra, pode adiar a menstruação, que só volta a acontecer quando acabar a cartela", finaliza o especialista.
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