Quem mora na filipinas é

Com tudo que vem acontecendo no Brasil, percebo que mais e mais pessoas buscam informações sobre como morar no exterior. A quantidade de e-mails que todas nós do Brasileiras pelo Mundo recebemos com perguntas sobre como morar, o que fazer e que providências tomar é enorme. Até eu, que moro onde Judas nem conseguiu chegar porque ele se perdeu no meio do caminho, tenho recebido essas mensagens.

Li o texto de Tânia Manai que saiu no DRAFT e concordo com muitos de seus pontos. Então decidi escrever minha própria versão do que é morar fora, expor algumas das dificuldades que tive e deixar cada um escolher. Afinal, somos todos adultos responsáveis pelas nossas escolhas e cientes das consequências das mesmas… Ou assim deveríamos ser.

Quando decidimos mudar de país, criamos expectativas. Por mais que façamos nossas pesquisas, busquemos informação na internet, as informações nunca nos darão um cenário completo de como será a vida no novo país porque esses retalhos de informação serão preenchidos por noções que tínhamos e, quase seguramente, formarão uma imagem incompleta ou irreal daquilo que realmente nos espera; é quase como tentar montar um quebra-cabeça sem conhecer o desenho final.

Por isso, para se morar no exterior, precisamos ter uma capacidade de adaptação enorme e entender que, muitas vezes, o que conhecíamos pode não ser aplicado globalmente, para todas as culturas. Morando há oito anos fora do Brasil e tendo convivido com diversas culturas, arrisco-me a dizer que poucas verdades são universais: a maior parte do que acreditávamos ser verdade são relativas a cada cultura, cada indivíduo.

Tânia usou em seu texto o termo “impermeáveis” para se referir a pessoas que não conseguem se adaptar de forma alguma à nova cultura e acabam por reclamar sempre do lugar onde estão, nunca satisfeitos. Essas pessoas querem sempre mudar o que estão ao seu redor para que o mundo adapte-se a elas quando nós deveríamos nos adaptar à nova cultura. Para entender isso, precisamos de uma boa dose de humildade e compreender que, muitas vezes, os errados somos nós.

Eu mesma reclamo – e muito – das Filipinas. Mas, ainda que o faça, aprendi a conviver com a cidade e o país de forma pacífica e tento não demonstrar meu descontentamento para os meus colegas locais. Afinal, fui recebida nas Filipinas e, ainda que suas regras de imigração estejam se tornando demasiado rígidas, a estrangeira aqui sou eu; se estiver descontente, eu que saia do país. E, assim como acontece comigo que moro nas Filipinas, acontece o mesmo com pessoas que decidiram morar em muitos outros países. Afinal, não existe lugar perfeito…

Não existe Shangri-lá

O contato com uma nova cultura, seja ele temporário, como turista, ou de forma mais permanente, como expatriado, é sempre algo enriquecedor, embora ele não seja fácil. A convivência diária torna as diferenças culturais mais evidentes e, depois que passa o momento de deslumbre com o novo país, enfrentamos o choque de sua realidade.

Por mais perfeito que o país soe em papel, a sua realidade pode ser bastante dura. Além das pequenas diferenças que vão desde como se cumprimentar alguém de outra cultura – com um aperto de mão ou com beijos – nesse caso, quantos? – até como se comportar em uma balada, temos que lidar com os possíveis preconceitos que podemos sofrer por não haver nascido no lugar. Afinal, há xenófobos em todas as partes do mundo; a Cristiane Leme exemplifica isso em seu texto Racismo: Eu Fui Vítima.

O clima pode ser outro desafio enorme: no Canadá, na maioria dos países europeus e em algumas partes dos Estados Unidos o inverno é longo, sentimos falta do sol e nos cansamos de brincar de cebola – põe camada, tira camada, põe. Para quem decide morar em países como as Filipinas, acreditando que o clima vai ser mais parecido com o Brasil, vai sufocar no verão que atinge a temperaturas de 40º e se cansar de entrar em congeladores, porque o ar-condicionado estará programado para manter a temperatura quase abaixo de zero, e sair para o inferno – literal – que estará na rua.

Sempre haverá algo que não encaixará com o que acreditávamos – o tal quebra-cabeça. E, por isso, temos que lidar com as nossas próprias expectativas e preconceitos. As nossas debilidades nos são expostas quase diariamente e temos que ter a resistência de nos levantar depois de cada queda, sem esperar que alguém segure nossas mãos e nos guie por todo o caminho: se no Brasil, quando algo dá errado, podemos correr para o colo da mamãe, aqui, no exterior, longe do conforto, temos sorte se conseguimos contar com um ombro amigo em nossos momentos de desespero. Afinal, todos nós temos nossas vidas e rotinas, problemas e aflições e ninguém é responsável por carregar o cargo de outra pessoa. Lembre-se: cada um é responsável pelo seu sucesso ou fracasso.

Aprender outro idioma é fundamental já que só o conhecimento da nossa língua mãe não basta: ainda que seja um idioma lindo, o português fica em sexto lugar dos idiomas mais falados no mundo. E estudar um idioma não implica somente em conhecer o seu vocabulário e construções gramaticais, mas entender a cultura do país; sem isso, a sua compreensão não será completa.

Se tivermos sorte e um bom emprego, conseguimos alugar nosso próprio quarto, nosso estúdio ou mesmo nosso próprio apartamento. Mas apartamentos enormes, como os de Friends, ou estúdios luxuosos como o de Carrie Bradshaw são acessíveis somente àqueles com gordas contas bancárias ou fundos corporativos à disposição; os estúdios tendem a ser um apartamento de dois ambientes, um quarto-sala-cozinha e banheiro e muitas vezes os apartamentos que encontramos e cabem nos nossos orçamentos são menores que uma caixa de fósforos ou estarão em bairros afastados. Muitas outras vezes, no entanto, acabamos por dividir o apartamento com pessoas que nunca vimos antes ou temos que dividir até mesmo o quarto com alguém – um amigo, na melhor das hipóteses.

Quem mora na filipinas é

E haverá momentos que teremos saudades. Porque, não importa o quão ruim nosso país está, haverá dias que alguma coisa – um cheiro, um momento, uma lembrança – trarão lágrimas nos seus olhos e só teremos vontade de nos encolher na cama e chorar. E esses momentos de reclusão nem poderão ser eternos: eles são limitados porque ninguém vai limpar a casa, lavar a roupa e preparar a comida. Tudo isso depende exclusivamente de nós.

Não haverá restaurantes que sirvam arroz e feijão a cada esquina, nem padarias para comer pão de queijo e tomar Guaraná Antártica. Embora haja lugares que a comida brasileira possa ser encontrada, o nosso “prato-feito” provavelmente não é algo local e seu custo será alto. Outros lugares não oferecem os ingredientes que estamos acostumados e temos que usar a criatividade para matar as saudades gastronômicas. Eu, por exemplo, trouxe duas dúzias de latinhas de Guaraná que ficam no meu armário, a espera de matar a vontade que aparece de vez em quando.

Nada do que disse é novidade, mas são fatores que não consideramos quando pensamos em nos mudar de país. Digo que morar no exterior, para mim, foi mais que uma opção: era meu destino e jamais me arrependi de ter entrado no avião. Portanto, não serei aquela que dirá “não venha” para aqueles que sonham com essa experiência, mas seria imprudente da minha parte dizer que fora do país tudo é lindo e maravilhoso porque não é. O que eu e meus amigos que moram há anos no exterior temos em comum, além da resistência e a adaptabilidade, é a persistência e a capacidade de lutar. Então, se você só quer sair do Brasil pela situação que o país hoje se encontra, talvez essa experiência seja mais dolorida que imagina…

Quem mora na filipinas é
“Você está vivendo ou deixando o seu sonho?” Fonte: 365posters.tumblr.com

Como chama quem mora nas Filipinas?

Nacionalidade: filipino. Nationality: Philippine. [...]

Como é o povo filipino?

O Povo. O filipino é basicamente de ações malaio com uma pitada de sangue chinês, americano, espanhol e árabe. As Filipinas têm uma população de 70 milhões, e é difícil distinguir com precisão as linhas entre as unidades populacionais.

Qual a cor dos filipinos?

A cor da pele e etnia A maioria dos Filipinos não gostam da sua cor de pele. A maior parte deles são morenos ou bronzeados devido as altas temperaturas do país.

Qual a origem do povo filipino?

Os primeiros habitantes das Filipinas, os chamados negritos, teriam se instalado há 30.000 anos, vindos de Bornéu e Sumatra. Os malaios vieram em sucessivas ondas, da área de Taiwan. Os chineses chegam no século IX, e pouco depois, os comerciantes árabes, que introduzem o islã no sul.