Tá rindo por quê ou porquê

Basta ouvir o som de uma risada para, de imediato, sentir-se bem. Tanto que uma boa gargalhada costuma ser contagiante. Quem, afinal, nunca se pegou rindo sem motivo após ouvir outra pessoa se fartando de rir? E tampouco é raro sentir o corpo esmorecer em uma deliciosa sensação de relaxamento após um franco sorriso. Essas situações, no dia a dia, comprovam o poder do riso tanto como forma de expressar emoções quanto como mecanismo capaz de induzi-las. Mas é também verdade que a risada nem sempre surge nos momentos mais apropriados. São notórias – e, por vezes, hilárias – as histórias de pessoas que se pegaram rindo em situações inoportunas, como ao prestar socorro para um desconhecido que, após um tropicão, se espatifou no chão ou, quem sabe, no meio de uma consulta médica.

O comunicólogo Fábio Pires, 26, por exemplo, confessa ter o riso fácil, a ponto de receber o título de “barão da risadinha”. Ele lembra que na primeira vez que foi a um urologista, aos 12 anos, teve uma crise de riso enquanto era examinado pelo médico. “Meu pai ficou nervoso com aquela cena, e minha mãe ficou desconcertada”, diz, entre gargalhadas. E há constrangimentos maiores, como o que foi vivenciado pela nutricionista Juliana Oliveira, 27, que, em um velório, precisou respirar fundo para evitar uma gargalhada. Tudo porque, ao cumprimentar uma amiga, ouviu dela um comentário um tanto impertinente: “Ela disse que a minha mão estava gelada como a de um defunto. Depois dessa gafe, precisei me concentrar muito para conter”, reconhece. Insólita, cenas como a vivenciada por ela já foram representadas em filmes e séries, como na popular "Mary Tyler Moore", na qual a protagonista tem uma crise de riso em um funeral.

Esses relatos, representações e outras tantas cenas do cotidiano expõem como um sorriso nem sempre comunica alívio, contentamento e relaxamento. “A gente ri diversas vezes ao longo do dia e por diversos motivos. Ocasionalmente, nem percebemos que estamos rindo, e em muitas situações o riso é incongruente com o que estamos sentindo. Portanto, um sorriso nem sempre vai significar felicidade ou divertimento, pois podemos rir de nervoso ou para amenizar uma situação ansiosa, por exemplo”, comenta o psiquiatra Bruno Brandão.

Ele pontua que, embora a expressão facial e corporal possa, sim, expressar uma emoção, às vezes essa reação física é incoerente com aquilo que estamos sentindo e pensando. “Pense em um atleta olímpico que, ao final de uma prova, ganha o ouro. Ou pense em uma mãe que, depois de muito tempo sem ver o filho, o reencontra. É comum que, embora estejam muito alegres, essas pessoas caiam no choro”, cita. “Da mesma maneira, pode acontecer de a gente dar risada em momentos que pedem seriedade ou quando era esperado de nós outro tipo de atitude”, completa.

Rir é contagiante

Para explicar o porquê de tanto riso mesmo em situações que não têm a menor graça, o neurocientista e hipnoterapeuta Lucas Kane primeiro reforça que a risada é um comportamento que surge em resposta a uma emoção, como uma forma de comunicar ao outro alguma mensagem, assim como o choro ou um grito de desespero. “Se eu estiver com medo e gritar, a pessoa que escuta meu grito imediatamente ficará tensa também, pois, se aquilo é uma ameaça para mim, possivelmente também será para ela. A risada faz algo semelhante”, diz. 

O especialista lembra que, além de ser uma herança evolutiva clara, já que outros primatas também riem – alguns pesquisadores sugerem que até ratos fazem isso –, a risada é comprovadamente contagiante. “Quando alguém escuta outra pessoa rindo, o organismo responde imediatamente, preparando-a para rir também. Áreas do cérebro envolvidas com a produção de movimento do rosto são automaticamente ativadas quando escutamos alguém rindo, como uma preparação imediata para rirmos juntos”, detalha.

Portanto, a risada, como outros comportamentos humanos, tem a função social de modificar a conduta do outro. “O significado evolutivo parece estar relacionado a um gesto de 'alívio compartilhado’, após um perigo ter passado, gerando uma resposta de relaxamento que inibe a resposta de ‘luta ou fuga’ gerada pelo medo”, explica. Por isso, muitos pesquisadores acreditam que a função da risada é estreitar relações sociais, aumentar a conexão entre pessoas. “Isso fica claro quando o bebê começa a rir nos primeiros meses de idade. Se, de um lado, ele ama rir, do outro, a mãe fica maravilhada ao escutar seu bebê rindo, aumentando a conexão materno-filial”, argumenta.

Além disso, Kane destaca que, de uma perspectiva evolutiva, a risada pode ser entendida como uma reação que comunica um “alívio coletivo”, gerando uma resposta fisiológica de alívio do estresse. “Então uma risada em um momento inoportuno pode ser uma tentativa do corpo de aliviar a sensação de estresse e ansiedade. O próprio desafio de ‘não poder rir’ nessas situações pode gerar uma ansiedade, que, paradoxalmente, pode gerar uma reação do corpo de tentar aliviá-la com a própria risada”, detalha. O comportamento também pode surgir como resposta a outros fenômenos. “A pessoa pode simplesmente ter se lembrado ou imaginado alguma situação cômica e, diante dessa imagem mental, não ter conseguido frear a risada”, acrescenta, sublinhando que existem diversas situações que podem gerar essa risada inoportuna.

O neurocientista inteira que, além de cumprir uma função social, a risada gera benefícios para a saúde, pois inibe a produção de hormônios de estresse e ansiedade, o que também melhora a resposta do seu sistema imunológico.

Risada patológica

Contudo, em casos extremos, essa incontinência pode, sim, indicar algum problema neurológico, como a síndrome do afeto pseudobulbar, também chamada “transtorno da expressão emocional involuntária” ou “labilidade emocional”. “Essa síndrome é associada a várias doenças neurológicas diferentes, como escleroses e demências, e pode acontecer até mesmo com pessoas que sofreram algum Acidente Vascular Cerebral (AVC)”, informa Lucas Kane. 

“A manifestação clínica, normalmente, acontece quando essas doenças associadas causam danos em áreas do cérebro, como o sistema límbico (relacionado com nossas emoções) e o córtex pré-frontal (relacionado à atividade analítica, gerenciamento das emoções, inibição de impulsos e muito mais)”, situa, ponderando que o transtorno é raro. “O diagnóstico é complexo e pode envolver todo um conjunto de sintomas e exames diferenciais para identificar as lesões cerebrais. Portanto é importante não fazer nenhum autodiagnóstico antes de uma boa investigação médica”, salienta.

Bruno Brandão lembra que a síndrome pseudobulbar se tornou mais popular recentemente por causa do filme “Coringa”, de 2019, em que o ator Joaquin Phoenix vive o comediante fracassado Arthur Fleck, que, gradualmente, vai se transformando no famoso vilão da franquia do super-herói Batman. Na produção, as gargalhadas não são uma expressão de felicidade. Ao contrário, elas surgem em momentos de estresse, que geram crises de risos incontroláveis, causando desconforto às pessoas em volta.

O psiquiatra acrescenta que outras questões, como a desregulação emocional, também podem causar o fenômeno do riso imotivado excessivo. “Nesses casos, é importante identificar que há algo de errado acontecendo e tratar o fator desencadeador do comportamento indesejado, que pode ser, por exemplo, um quadro de ansiedade”, expõe.

Segurando o riso

Quando não é sintoma de um transtorno, uma risada inoportuna pode ser, sim, evitada. “A maioria das estratégias indicadas para frear um riso inapropriado se baseia em gerar alguma distração mental, mudando o foco dos seus pensamentos, como beliscar a si mesmo, mexer em algum objeto, prestar atenção no que existe ao seu redor ou contar até 10. Curiosamente, esse mesmo tipo de técnica de desvio de foco é indicado para aliviar crises de ansiedade”, comenta Lucas Kane. “Se pensarmos que esse riso inapropriado pode ser uma forma de aliviar a tensão, técnicas de controle de ansiedade como um todo podem ser eficazes, como a respiração diafragmática, além das já citadas”, conclui.

Como usar o porquê e o por quê?

Por que = Usado no início das perguntas..
Por quê? = Usado no fim das perguntas..
Porque = Usado nas respostas..
O porquê = Usado como um substantivo..

Quando responder porquê?

Enquanto o por que (separado e sem acento) é utilizado, normalmente, em frases interrogativas, o porque (junto e sem acento) será utilizado para responder ao questionamento.

O que pode substituir o porquê?

Substituição do “porque” Pode ser substituído por palavras como “pois”, “como”, ou pelas expressões “para que”, “já que”, “visto que” e “uma vez que”.

Quando usar o quê ou o quê?

As duas formas são corretas. A diferença entre que e quê está, principalmente, na intensidade com que são pronunciados, sendo assim classificados em monossílabo tônico e monossílabo átono. Monossílabo tônico: Você quer o quê? Monossílabo átono: O que você quer?