Nutricionista explica os diferentes tipos de enxaqueca e revela o que deve ser evitado durante as crises
4 ago 2022 - 13h06
(atualizado às 14h23)
Enxaqueca: saiba quais alimentos e bebidas pioram as crises
Foto: Shutterstock / Saúde em Dia
A enxaqueca é um dos tipos de dores de cabeça mais comuns. Ela é uma doença neurovascular, causada por desequilíbrio químico no sistema nervoso central, e se caracteriza pela dor latejante em apenas um dos lados da cabeça. A frequência pode variar desde episódios bem espaçados a várias vezes ao mês, com crises que duram até 72 horas. Há também a enxaqueca que não causa dor, e tem como sintomas vertigem, tontura e desequilíbrio.
Diferentes tipos de enxaqueca
A enxaqueca possui quatro principais fases: pródromo (premonitória), aura, crise e pósdromo, respectivamente nessa ordem, mas nem sempre as pessoas passam por todas elas. A doença tem dois subtipos: sem aura (75% dos casos) e com aura (25%). A enxaqueca sem aura é a dor unilateral, com intensidade moderada ou grave, podendo aumentar com atividade física de rotina. O indivíduo sente náuseas, fotofobia (intolerância à luz), desconforto a sons e odores fortes, além de apresentar transtornos gástricos.
A enxaqueca com aura está relacionada a sintomas neurológicos transitórios, que antecipam ou acompanham a cefaleia. A aura é um aviso fisiológico que atinge a visão ou outros sentidos. Já os sintomas neurológicos da doença surgem em apenas um lado do corpo ou do campo visual, e podem acometer a fala, o tato ou a coordenação.
Após a crise cessar, na fase pósdromo, mesmo sem dor o indivíduo ainda não tem energia para se dedicar às atividades, principalmente as intelectuais, pois a etapa é semelhante à do pródromo, em que a fadiga está presente.
"Uma boa dica para evitar crises é manter uma dieta equilibrada, com consumo de alimentos mais saudáveis, em detrimento dos produtos industrializados, e ingerir bastante água. Além disso, esses hábitos, além de evitar a enxaqueca, também contribuem para a saúde geral do organismo e para a longevidade", destaca a nutricionista Nadya Caroline Mambelli Magri, coordenadora do curso de Nutrição da Faculdade Anhanguera.
Influência dos alimentos
"As causas da enxaqueca podem ser múltiplas e ainda falta muito para a ciência estudar e explicar neste campo. Contudo, algumas condições podem ser desencadeantes para o quadro, como estresse, uso indiscriminado de remédios, o hábito de fumar, jejum prolongado e até o consumo errado de determinadas bebidas e alimentos", explica a especialista.
Ela esclarece que cada organismo apresenta uma sensibilidade diferente aos alimentos, por isso é importante ter uma avaliação nutricional para determinar quais causam efeitos indesejáveis em cada pessoa.
O café, por exemplo, é saudável se consumido de forma moderada, mas é contraindicado em uma crise de enxaqueca. Isso porque a bebida pode piorar a dor em organismos mais sensíveis aos nutrientes. Quem toma café com frequência e interrompe bruscamente o consumo também pode ativar uma crise.
"Não é recomendável simplesmente privar o indivíduo do consumo, o correto é realizar um diagnóstico adequado que possibilite tratamento para evitar as crises. Além disso, a simples retirada de um determinado alimento da dieta pode acarretar deficiências nutricionais que podem prejudicar o bom funcionamento do organismo", revela.
Entre as bebidas que mais ocasionam dor são as alcoólicas, como o vinho tinto, a aguardente e a cerveja. Dentre os alimentos, estão os queijos maturados, carne de porco, chocolate, derivados do leite e até mesmo as frutas cítricas.
Os aditivos alimentares que ativam a enxaqueca são o aspartame, o glutamato monossódico e o nitrato de sódio e diversos corantes, o que deve ser observado na embalagem nutricional dos alimentos. Além disso, a ingestão de alimentos enlatados e em conserva também são gatilhos para a enxaqueca, assim como os ultraprocessados com muitos conservantes, corantes e aditivos artificiais.
Nadya ressalta a importância de manter a alimentação saudável o tempo todo e não apenas durante a enxaqueca. "A hidratação é fundamental para manter o equilíbrio do corpo e está relacionada diretamente com crises de enxaqueca", finaliza.
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Você sabe identificar os alimentos que causam enxaqueca? Confira alguns potenciais gatilhos e livre-se da dor de cabeça
Alimentos que causam enxaqueca podem ser mais comuns do que você imagina! Enquanto alguns alimentos podem ajudar a aliviar as crises de enxaqueca e causar bem estar, outros, ao contrário, pioram e muito o problema. Mas, às vezes, é difícil reconhecer os gatilhos no meio de tudo o que bebemos e comemos ao longo do dia.
De acordo com Vincent Martin, professor do Departamento de Medicina Interna da Universidade de Cincinnati, em entrevista ao portal Just Naturally Health, alimentos processados e álcool são potenciais gatilhos para dores de cabeça. Os nitritos e nitratos presentes em carnes processadas e embutidos, como a salsicha, por exemplo, aumentam a dilatação dos vasos sanguíneos, desencadeando as crises em algumas pessoas.
Segundo o professor, existem duas abordagens diferentes para prevenir dores de cabeça com dieta. A primeira seria uma dieta de eliminação que evitasse alimentos e bebidas conhecidos por causar enxaqueca. A segunda se basearia em seguir um plano alimentar abrangente, cuja própria composição pode prevenir as dores e diminuir o estresse.
Cafeína e outros gatilhos
A retirada da cafeína, quando o seu corpo está habituado a ela, é considerada um dos gatilhos mais importantes para a enxaqueca, explica Martin. O problema é que grandes quantidades de cafeína podem causar ansiedade e sintomas depressivos, além das dores de cabeça.
O MSG, um intensificador de sabor usado em uma variedade de alimentos processados, incluindo alimentos congelados ou enlatados, sopas prontas, salgadinhos, molhos para salada, sais de temperos, ketchup e molho barbecue, também pode contribuir bastante para as dores de cabeça.
Outro gatilho pode ser o glúten, mas somente em pessoas que sofrem de doença celíaca. Em caso de dúvidas, procure orientação médica. O diagnóstico da doença pode ser estabelecido por meio de um teste de sangue ou biópsia intestinal.
Laticínios
- Queijo envelhecido (queijo azul, brie, cheddar, stilton inglês, feta, gorgonzola, mussarela, muenster, parmesão, suíço)
- Pão, biscoitos e sobremesas contendo queijo
- Creme de leite, leitelho, iogurte
Bebidas
- Bebidas alcoólicas (vinho tinto, cerveja, uísque, uísque e champanhe são os gatilhos de enxaqueca mais comumente identificados)
- Cafeína, incluindo café, chá e refrigerantes
Doces
- Chocolate
- Aspartame e outros adoçantes artificiais
Frutas
- Frutas secas (figos, passas, tâmaras)
- Algumas frutas cítricas, mamão, ameixas vermelhas, framboesas, kiwi e abacaxi
- Abacate
Grãos e sementes
- Leguminosas, como ervilhas, lentilhas e feijão
- Amendoim, manteiga de amendoim, amêndoas e outras castanhas e sementes
Industrializados
- Batata frita
- Pizza e outros produtos à base de tomate
- Conservas, como picles e azeitonas
- Sopas feitas de extratos de carne ou caldo
- Sopas enlatadas
- Carnes contendo nitrato ou nitrito, como cachorros-quentes, salsichas, bacon, pepperoni e carnes curadas ou processadas
- Produtos que contêm glutamato monossódico (MSG), como shoyu e uma variedade de alimentos embalados. Outros nomes para o MSG são glutamato monopotássico, fermento autolisado, proteína hidrolisada e caseinato de sódio.
Alimentos de origem animal
- Fígado de frango e outras carnes de órgãos; patê
- Peixe defumado ou seco
- Queijos amarelos
Pães
- Pão fermentado
- Donuts
- Bolos
- Pães caseiros
Condimentos
- Cebola
- Alho
Se você sofre de enxaqueca regularmente, mas ainda não conseguiu identificar quais alimentos podem desencadear o problema, experimente rastreá-los em um diário alimentar.
Você pode considerar-se sensível a um determinado alimento ou bebida se um episódio de enxaqueca é consistente por 20 minutos a 2 horas depois de consumi-lo. Lembre-se de que atividade física regular também auxilia no alívio dos sintomas.
Experimente alimentos que podem aliviar a enxaqueca
Procure por alimentos ricos em ômega-3, como a linhaça, que ajuda o organismo a combater inflamações. Folhas verdes, como espinafre, são ricas em magnésio, uma substância relaxante.
Frutas e legumes que são fontes de vitaminas do complexo B, como cenoura e maçã, também são excelentes opções. Já o gengibre tem ação analgésica.