Quais as formas de resistência ao imperialismo europeu praticadas pelos africanos?

A escravidão foi um dos pilares sobre os quais se estruturou a sociedade brasileira, sendo que essa forma de organização da força de trabalho foi utilizada durante mais de três séculos nos períodos coloniais e imperiais da história do país. A utilização de força de trabalho escrava ocorreu de modo extremamente violento, desde a captura das pessoas no continente africano até o trabalho nas fazendas, minas e cidades no Brasil.

As formas de resistência dos escravos no Brasil manifestaram-se diversamente, representando uma luta contra o sistema escravista e conformando uma prática social e cultural que se desenvolveu no país ao longo dos séculos. Toda essa luta está presente na constituição da sociedade brasileira, e debater com os alunos esse tema é a proposta apresentada neste texto.

Esse debate pode ser feito em vários momentos do ano letivo. Porém, em datas comemorativas como o 13 de maio e o 20 de novembro, essa proposta pode ser mais pertinente.

O objetivo da proposta de aula aqui apresentada é analisar junto aos alunos as práticas de resistência desenvolvidas pelos cativos no Brasil durante a escravidão e como essas práticas passaram a se transformar em características da sociedade brasileira. Os recursos didáticos que podem ser utilizados são tanto textuais quanto audiovisuais.

Uma primeira aula pode ser realizada para tentar sensibilizar os alunos sobre o tema. A utilização de imagens retratando o cotidiano dos escravos no Brasil é um interessante início. Trabalhos de artistas que viveram no Brasil e o retrataram, como Jean-Baptiste Debret e Johann Moritz Rugendas, proporcionam a verificação, através de imagens, das condições de trabalho e punição a que estavam submetidos os cativos, os mercados de escravos, os trabalhos cotidianos nas áreas urbanas e rurais, além das manifestações culturais (religiosas, comemorativas etc.).

Na segunda aula, a utilização das músicas do disco Canto Dos Escravos, gravado por Clementina de Jesus, Doca e Geraldo Filme, permite ao professor aproximar os alunos da linguagem utilizada pelos escravos e dos temas que compunham seus cantos. A leitura das letras em conjunto à audição das músicas deve ser realizada para a criação de um glossário com as palavras desconhecidas. Os temas apresentados nas músicas também devem ser destacados, principalmente os referentes às lutas dos africanos. Uma segunda música sobre as lutas pode ser a de Jorge Ben, Zumbi, de 1974, que remete ao Quilombo dos Palmares.

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Essa última música pode ser utilizada para entrar no assunto da aula seguinte. A terceira aula seria sobre as lutas dos escravos, compostas por fugas, rebeliões e formações de quilombos em diversas localidades do Brasil. Caberá ao professor apresentar essas manifestações de resistência dos escravos, apresentando suas diferenças: fugas de ruptura com a escravidão, fugas reivindicativas e rebeliões escravas. O Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia (CEAO/UFBA) é uma importante fonte de informações sobre o assunto.

Ao fim dessa apresentação, o professor pode dividir a turma em quatro grupos, cada um responsável pela pesquisa de um aspecto da resistência escrava. O primeiro grupo ficaria responsável pela pesquisa das formas de fugas e da formação de quilombos no Brasil, apresentando tanto os motivos que levavam os escravos a saírem das fazendas como as consequências da formação dos quilombos. O segundo grupo pesquisaria as rebeliões escravas, como a Revolta dos Malês, de 1835. O terceiro grupo buscaria informações sobre as manifestações religiosas, a formação da religião afro-brasileira e os casos de sincretismo religioso. O quarto grupo pesquisaria outras formas de manifestações culturais, como a capoeira e a música praticada pelos escravos, além dos batuques ou mesmo a música de barbeiros nas cidades brasileiras no século XIX.

A avaliação da pesquisa seria consubstanciada com uma apresentação de seus resultados à turma, podendo ser utilizados recursos audiovisuais, caso a escola tenha laboratório de informática, ou mesmo através da exposição em painéis.


Por Tales Pinto
Mestre em História

Com o processo de neocolonialismo que se iniciou na segunda metade do século XIX, surgiram na África inúmeros movimentos de resistência contra os invasores europeus.

Durante a segunda metade do século XIX, iniciou-se o processo de neocolonialismo que resultou na ocupação do continente africano pelas potências industrializadas da Europa. A ocupação da África veio acompanhada de movimentos de resistência, os quais surgiram em praticamente todas as partes desse continente.

Neocolonialismo

Na segunda metade do século XIX, a Europa passava por intensas transformações tecnológicas que resultaram em inúmeros avanços no consumo de energia, na produção industrial etc. Esse avanços contribuíram para o desenvolvimento do capitalismo e levaram as nações europeias a novas demandas por fontes de matérias-primas e novos mercados consumidores.

Essa demanda fez com que as nações europeias gradativamente promovessem a ocupação do continente africano com o intuito de explorá-lo economicamente. Essa ocupação visando à exploração da África foi justificada como uma missão civilizatória que tinha como objetivo levar, juntamente com o cristianismo, os benefícios da civilização aos povos “atrasados”.

A missão civilizatória defendida pelos europeus baseava-se em ideais racistas da época, as quais afirmavam que o homem branco era naturalmente “superior” ao homem negro. No entanto, esses argumentos eram utilizados para esconder o real e único interesse dos europeus: a imposição de exploração econômica intensa sobre a África.

A ocupação do continente africano foi, por fim, organizada e estabelecida pelos países europeus a partir da Conferência de Berlim, realizada pelo primeiro-ministro alemão, Otto von Bismarck. Os dois únicos países que não foram ocupados pelos europeus nesse período foram Etiópia e Libéria.

Resistência africana

A ocupação do continente africano não aconteceu de maneira pacífica. Houve tentativas de resistência organizada por diferentes povos em todas as partes da África. A resistência buscava expulsar os invasores europeus ou, ao menos, tentar diminuir a influência dos europeus quando não fosse possível expulsá-los.

No entanto, em todos os casos, a vitória dos europeus ocorreu, principalmente, por causa da superioridade dos seus armamentos em relação aos africanos. Veja a seguir alguns exemplos de movimentos de resistência que aconteceram no continente africano.

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  • Líbia

A Líbia, localizada no norte da África, foi invadida pelos italianos em outubro de 1911. Os invasores atacaram quatro grandes cidades líbias, Trípoli, Benghazi, Homs e Tobruk, e conquistaram-nas dos turcos otomanos, que até então dominavam o país. No entanto, a ação italiana provocou um grande levante de líbios que buscava a expulsão dos invasores.

A resistência líbia foi, a princípio, vitoriosa em impedir a expansão dos italianos, que ficaram reclusos a essas quatro cidades. No entanto, após a Primeira Guerra Mundial, os italianos deram início a uma ofensiva que gradativamente resultou na conquista da Líbia em definitivo.

  • Costa do Ouro

A região chamada de Costa do Ouro (atualmente Gana) era habitada pelo povo ashanti. Os ashanti organizaram um dos maiores movimentos de resistência enfrentados pelos britânicos no continente africano. Os primeiros conflitos entre britânicos e ashantis remontam ao século XVIII. A conquista parcial da região aconteceu em 1874, após uma grande ofensiva britânica na região, mas o controle definitivo sobre a Costa do Ouro só ocorreu oficialmente em 1896. Nessa época, os líderes ashanti haviam concordado em encerrar a disputa com o Reino Unido. Para consolidar seu poder na região, os britânicos prenderam e mandaram esses líderes para as ilhas Seychelles, localizadas no meio do Oceano Índico.

  • Madagáscar

Na década de 1880, o Reino de Madagáscar era independente e liderado pelo primeiro-ministro Rainilaiarivony. Nessa época, estava sendo instituído em Madagáscar um programa de modernização para que o país pudesse desenvolver-se e, assim, evitar o domínio das potências europeias.

No entanto, politicamente pressionados por uma classe colonialista francesa e temendo o crescimento da influência britânica em Madagáscar, os franceses iniciaram o ataque ao país. A chegada dos franceses provocou o início das duas guerras dos malgaxes (habitantes de Madagáscar) contra esses invasores.

Com a derrota e a consequente destituição do governo malgaxe, o domínio dos franceses em Madagáscar foi consolidado e só chegaria ao fim em 1960.

Como foi a resistência africana ao imperialismo europeu?

Resistência africana A resistência buscava expulsar os invasores europeus ou, ao menos, tentar diminuir a influência dos europeus quando não fosse possível expulsá-los. No entanto, em todos os casos, a vitória dos europeus ocorreu, principalmente, por causa da superioridade dos seus armamentos em relação aos africanos.

Quais foram as principais formas de resistência africana durante o imperialismo?

Para impedir o crescimento da influência britânica no Egito, foi iniciado um movimento de resistência promovido pelos militares com o objetivo de derrubar o quediva e instalar um novo governo. Esse movimento foi liderado pelo coronel Ahmad Urabi e ficou conhecido como Revolução Urabista.

Quais foram as formas de resistência adotadas pelos africanos escravizados?

Algumas formas eram: formação de quilombos, fugas ou suicídios, magia, assassinatos e sequestros de senhores, paralisações, sabotagens e roubos. Também havia a capoeira, que era considerada uma forma de resistência, diferente do fenômeno urbano do século 19.

Como os africanos reagiram contra o imperialismo?

Após a Conferência de Berlim, quase todo o continente africano havia sido ocupado (com exceção de Libéria e Etiópia). A ocupação do continente africano pelas nações europeias não aconteceu pacificamente. Em todo o continente, explodiram movimentos de resistência que enfrentaram a dominação europeia.

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