Não há dados estatísticos. ANDRADE, E. B. F. A arte como um direito da criança: o papel do professor na construção de um mundo sensível. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 7, n. 1, p. 72–83,
2012. DOI: 10.21723/riaee.v7i1.5369. Disponível em: //periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/5369. Acesso em: 5 dez. 2022. Manuscritos aceitos e publicados são de propriedade dos autores com gestão da Ibero-American Journal of Studies in Education. É proibida a submissão total ou parcial do manuscrito a qualquer outro periódico. A responsabilidade pelo conteúdo dos artigos é exclusiva dos autores. A tradução para outro
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DOI:
//doi.org/10.21723/riaee.v7i1.5369 Resumo
A proposta deste artigo é apresentar um panorama da pesquisa realizada pela autora sobre a concepção de arte do professor na Educação Infantil assim como a arte e sua contribuição para a educação infantil: uma política em defesa da arte como um direito da criança. Apresentam-se inicialmente algumas leis de proteção à criança, visando à contextualização do tema. A criança nos seus primeiros anos de vida (de
zero a seis anos) ainda é bastante vulnerável no que se refere a sua proteção e atenção. São várias as leis e tratados comprometidos com essa atenção, mas que ainda caminham para efetiva implantação. Por isso, apresentam-se algumas dessas leis assim como materiais que servem de subsídios para a prática pedagógica nas escolas de educação infantil. O material de análise aqui apresentado é o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998). Este constitui-se em um conjunto de
referências e orientações pedagógicas que visam contribuir com a implantação ou implementação de práticas educativas de qualidade que possam promover e ampliar as condições necessárias para o exercício da cidadania das crianças brasileiras. Sua função é contribuir com as políticas e programas de educação infantil, socializando informações, discussões e pesquisas, subsidiando o trabalho educativo de técnicos, professores e demais profissionais da educação infantil, apoiando os sistemas de ensino
estaduais e municipais. No Referencial, tem-se como enfoque o princípio que se refere ao “acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e à estética”. Aborda-se também no artigo a questão da polivalência do professor, que deve trabalhar as linguagens artísticas: Movimento, Artes Visuais e Música, todas elas necessárias ao desenvolvimento da criança. O que se
observa em sala de aula é que este professor não consegue contemplar essas linguagens e quando propõe atividades na área de artes visuais, seu enfoque principal é o desenho, apresentando, em sua grande parte, cópias ou temas fechados, o que prejudica a criatividade e o desenvolvimento sensível da criança. Apresentam-se alguns desenhos como forma de registros dessas aulas e colocam-se questões referentes à concepção de arte desse professor e o modo como consegue dar conta dessa polivalência que
lhe é atribuída. Questão para se pensar. Downloads
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Em entrevista, Rosa Iavelberg indica fazer o caminho inverso ao planejar para o componente
Em entrevista a NOVA ESCOLA, a professora Livre Docente e pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade de São
Paulo, Rosa Iavelberg, fala sobre avaliação, recursos e plajenamento para adaptar o ensino de Arte à Base. Confira a seguir.
NOVA ESCOLA: Na sala de aula, qual é o papel do professor enquanto mediador dos processos de criação, expressão, fruição, estesia, reflexão e crítica da Arte?
Rosa Iavelberg: O papel do professor de Arte é o de promover as aprendizagens nas seis dimensões do conhecimento propostas na BNCC, sabendo que elas estão articuladas
entre si nas ações do aluno. Entretanto, pode ocorrer que uma das dimensões, a depender da atividade, tenha uma tônica mais acentuada que as demais.
Quais devem ser os limites da mediação entre professor e estudante, para que o propósito didático se mantenha, mas a intervenção não seja excessiva?
O professor não pode conduzir o que o aluno deve fazer ditando o passo a passo, os enunciados das tarefas podem ser interpretados pelos alunos nos atos de criação, ao trabalhar
nas seis dimensões do conhecimento. Porém, a orientação e o acompanhamento dos alunos nas situações de aprendizagem é parte do trabalho do professor.
A maneira de planejar as aulas tem de mudar, para que as dimensões e os conteúdos propostos pela Base sejam contemplados?
A BNCC de Arte não descreve conteúdos, mas sim, habilidades. Os conteúdos serão planejados e definidos pelas escolas. O planejamento vai mudar, pois as habilidades e competências gerais e específicas da
Arte que incidem sobre os objetos de conhecimento precisam estar associadas aos conteúdos definidos pelas equipes escolares. De qualquer forma, uma maneira de garantir a autoria dos professores no desenho curricular do componente é construir as sequências didáticas antes de consultar a BNCC, ou seja, fazer o caminho inverso do habitual. Planejadas as sequências, pode-se cotejá-las com o documento para verificar encaixes e faltas em relação às demandas da Base. Quando não houver coincidências
entre habilidades e competências planejadas e as da BNCC, pode-se passar as sequências para a parte diversificada garantida pelo documento ou incluir alguma habilidade e competência às já planejadas, sem perder a intenção dos professores e suas autorias. Esse trabalho pode ser realizado, pois sua pertinência já foi verificada por nós, junto a grupos de professores de Arte.
As avaliações precisam mudar, para acompanhar as mudanças da BNCC?
Sim. A tônica das avaliações
recai sobre as habilidades a serem aprendidas e as competências a serem desenvolvidas. Entretanto, estas só podem ser concretizadas mediante a aprendizagem dos conteúdos a elas relacionados.
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, os estudantes estão desenvolvendo competências relacionadas à alfabetização e ao letramento. Como, nesse contexto, garantir que o trabalho com as linguagens da Arte não perca espaço?
Se o desenho curricular abarcar o espaço de tempo adequado
ao Ensino da Arte, esse problema não existirá.
A BNCC propõe que diferentes habilidades sejam trabalhadas durante o primeiro e o segundo ciclos do Ensino Fundamental. Que estratégias o professor pode utilizar para garantir que conceitos e processos se aprofundem nos anos finais do Ensino Fundamental?
O número de habilidades do componente não é extenso como o de áreas como Língua Portuguesa, por exemplo. Isso facilita o nosso planejamento, de modo a contemplar o que está
proposto no documento.
Como dar conta de tantas práticas em algumas poucas aulas semanais?
Acredito em negociações junto aos pares e gestores para garantir o espaço necessário ao componente. Sabe-se que Associações nacionais e estaduais de arte e de educadores lutam pelo papel da Arte no desenho curricular junto aos órgãos públicos e isso precisa acontecer nas escolas.
Outra questão é a falta de recursos das escolas públicas para permitir a vivência desse
leque tão grande de atividades que a Base propõe. Que estratégias podem ajudar o professor a lidar com esses desafios?
A criação didática e a resolução desses problemas competem aos profissionais das escolas, que conhecem as especificidades de cada contexto de trabalho. Nem tudo depende dos professores, mas de políticas públicas. Não temos estratégias mágicas para solucionar o descaso com as necessidades do componente, mas é imperativo que se reivindiquem as condições para que o
trabalho possa ter a qualidade que merece.
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