Negócios Show Questão é se JBS, maior empresa de carnes do mundo, entraria no banquete contra Marfrig para abocanhar BRF. Faz sentido, mas mercado desconfia.MERCADO EM EBULIÇÃO A JBS, do CEO global Gilberto Tomazoni, pode preparar uma surpresa à Marfrig. (Crédito: Anna Carolina Negri) Dona das marcas Sadia e Perdigão, a BRF – maior companhia de frangos e suínos do Brasil – tem aguçado o paladar das concorrentes. Depois de a Marfrig ter colocado o prato no forno e estendido a toalha na mesa para comemorar a aquisição de 31,6% das ações da companhia, um novo cardápio pode ser apresentado ao consumidor. A JBS estaria disposta a avançar no banquete e abocanhar a BRF, deixando a rival Marfrig em jejum. A possível transação segue sem confirmação. “A JBS não comenta especulações”, informou a empresa, por nota. As ações feitas recentemente pela Marfrig para cima da BRF podem ter surpreendido o mercado, mas ainda não fariam da junção das duas uma corporação maior que a JBS, do CEO global Gilberto Tomazoni. Não importa. Como em qualquer jogo, toda ação pede uma reação. E aí entra em cena a empresa dos irmãos Batista. O suposto interesse da JBS na BRF foi divulgado pelo jornal O Globo na sexta-feira (11). As ações da BRF e da Marfrig encerraram o dia com valorização de 4%, enquanto as da JBS fecharam com ligeira queda de 0,03%. Já segundo apuração do jornal Valor Econômico, que pertence ao mesmo grupo de O Globo, o banco BTG estaria em busca de empresas interessadas em se associar à JBS para assumir a BRF. Não será simples. A briga não se trata apenas da disputa entre os monstros das proteínas. Tem por trás gigantes financeiros, já que o JP Morgan costurou a compra do controle da BRF pela Marfrig, deixando BTG fora do jantar. Mas há brechas. E elas estão na acumulação de marcas. Para evitar restrições do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a probabilidade de fatiar portfólios sobrepostos é alta. A concentração de mercado seria relevante ao somar a participação das marcas de Perdigão e Sadia a qualquer dos outros players. Os rumores sobre o interesse da JBS pela BRF apontam, segundo o analista Flávio Conde, da Inversa, para um estudo de viabilidade. “Não acredito que eles tenham intenção de comprar a BRF”, disse. A preocupação maior seria evitar que a Marfrig ficasse ainda mais forte após o chairman Marcos Molina investir ao menos US$ 1 bilhão na aquisição de 31,6% das ações da BRF. O restante da BRF está dividido entre a Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras (9,9%), JPMorgan Chase & Co (7,1%), Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (6,2%) e Kapitalo Investimentos (5%), além do porcentual pulverizado no mercado. Mesmo que a fusão entre BRF e Marfrig se confirme, a JBS manterá posição privilegiada. Maior produtora de proteína animal do mundo, a empresa teve receita líquida de R$ 270,2 bilhões em 2020, contra R$ 106,9 bilhões das rivais juntas. As duas, porém, levaram vantagem na apuração do lucro líquido somado, com R$ 4,7 bilhões, superior aos R$ 4,6 bilhões registrados pela JBS. Na avaliação de Conde, diante das possíveis restrições do Cade à união BRF-JBS, a fusão entre BRF e Marfrig faria mais sentido. “É um casamento quase perfeito”, afirmou. Em sua visão, a principal complementaridade diz respeito a produtos, já que a BRF tem em seu portfólio aves e suínos, além de processados. Já o foco da Marfrig é em carne bovina, especialmente para o mercado de food service. Há ainda uma questão geográfica importante. A Marfrig tem presença bastante relevante na América do Norte, enquanto a BRF é muito forte na América do Sul, além de relevante penetração no Oriente Médio. “O movimento faz todo o sentido. Não vejo problema com o Cade, nem sobreposição de negócios”, disse. FUMAÇA A teoria de Conde sobre o tema é compartilhada por Antonio Marcos Samad Júnior, sócio e gestor da mesa proprietária Axia Investing. Ele classifica como “cortina de fumaça” a especulação sobre a possível aquisição da BRF pela JBS. Samad não acredita que a JBS fará oferta hostil na BRF. “Historicamente, a família Batista é muito mais de realizar aquisições em empresas que estão com os ativos desvalorizados do que pagar ágio”, afirmou. Na opinião do analista, a BRF estava com os ativos baratos, panorama que se alterou após a compra de ações pela Marfrig no mês passado. Estavam na faixa dos R$ 14 no começo da pandemia e em menos de R$ 17 em outubro. Na quarta-feira (16) operavam acima de R$ 29. “As ações da BRF chegaram a subir 30% com essas aquisições da Marfrig. Os quase R$ 5 bilhões de aporte da Marfrig hoje já representam algo em torno de R$ 6,5 bilhões.” Para Samad, a JBS teria de fazer “um aporte brutal” para adquirir parte relevante das ações e, assim, assumir o controle da BRF. “Precisaria investir muito para ter uma participação, no mínimo, igual ou maior do que a da Marfrig neste momento”, afirmou, sem demonstrar confiança em contra-ataque da JBS. “Essa cortina de fumaça está fazendo meio que bem para todo mundo que está especulando em cima do papel. Sinceramente, de 0 a 100, 80% são fumaça e 20% correspondem à realidade.” Qual a diferença entre JBS e BRF?“É um casamento quase perfeito”, afirmou. Em sua visão, a principal complementaridade diz respeito a produtos, já que a BRF tem em seu portfólio aves e suínos, além de processados. Já o foco da Marfrig é em carne bovina, especialmente para o mercado de food service. Há ainda uma questão geográfica importante.
Quais empresas fazem parte do grupo JBS?O grupo controla marcas como Swift, Friboi, Maturatta, Seara, Cabaña Las Lilas, Pilgrim's, Gold Kist Farms, Pierce, 1855 e Big Frango. A companhia atua em 22 países de cinco continentes (entre plataformas de produção e escritórios) e atende mais de 300 mil clientes em mais de 150 nações.
Quem é maior BRF ou JBS?Ainda assim, apenas a JBS Brasil faturou mais do que a BRF toda em 2020. Além disso, a receita da empresa no Brasil ficou apenas cerca de R$ 10 bilhões abaixo de todo o faturamento da Marfrig.
Qual a empresa que comprou a BRF?Marfrig assume o controle da BRF, dona da Sadia e Perdigão | Exame.
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