Como saneamento básico pode evitar doenças e epidemias?

O direito à saúde e ao saneamento são premissas básicas da Constituição Federal do Brasil, no qual são assegurados acesso a um sistema de saúde público, bem como seu investimento em saneamento básico.

Diversas doenças podem ser transmitidas pelo consumo de água de fontes não seguras ou exposição a esgoto sem tratamento. Conforme relatório publicado pela Organização das Nações Unidas para cada 1 dólar investido em água e saneamento, são economizados 4,3 dólares em custos de saúde no mundo.

Você sabia que quase metade da população brasileira não tem acesso ao saneamento básico completo?

O saneamento básico é composto por 4 pilares fundamentais, sendo todos de responsabilidade dos poderes públicos:

  1. Abastecimento de água;
  2. Esgotamento sanitário;
  3. Manejo das águas pluviais;
  4. Gestão de resíduos sólidos.

A Organização Mundial da Saúde estima que mais de 2,3 bilhões de pessoas não tenham acesso a esgotamento sanitário (banheiro sem coleta dos dejetos humanos) e 2,1 bilhões não consumam água de fonte potável.

No Brasil a situação é igualmente preocupante, dados do Instituto Trata Brasil e do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento, mostram que:

  • Mais de 35 milhões de brasileiros não têm o acesso ao serviço de abastecimento de água tratada;
  • Mais de 100 milhões de brasileiros não possuem coleta de esgoto;
  • E menos de 45% dos esgotos do país são tratados.

Mas quais doenças podem ser transmitidas pela falta de água potável e tratamento de esgoto?

A contaminação das águas é uma das formas mais comum de disseminação de enfermidades e doenças em todo o mundo. Estudo publicado na revista científica Journal of Medicine and Health Promotion indica que infecções intestinais, febre tifoide, cólera, hepatite A, esquistossomose, diarreia e outras podem ser contraídas por contato com a água e são causadas por bactérias, protozoários e vírus.

O coronovírus pode ser transmitido pelo esgoto sem tratamento?

Um estudo realizado no mês de abril, pela Fiocruz, no estado no Rio de Janeiro, analisou pontos de esgoto bruto e encontrou fragmentos de material genético do coronavírus (SARS – Cov – 2), causador da Covid-19. Embora esteja presente nos efluentes sanitários, não existem evidências científicas de contaminação por essa fonte.

O que podemos absorver de lição é a velha frase “Prevenir é melhor que remediar”. O ditado é antigo, mas quando se trata de saneamento básico, investir no tratamento de esgotos e de água pode salvar milhares de vidas.

De acordo com dados do ‘Ranking do Saneamento 2020’, divulgado pelo Instituto Trata Brasil, quase 100 milhões de brasileiros não possuem cobertura da coleta de esgoto e 35 milhões não usufruem de água tratada. Com a pandemia do novo coronavírus, o problema que as regiões afetadas pela falta deste serviço já enfrentavam somente se agravou, atingindo as populações mais carentes que residem nestes espaços urbanos. 

A definição de saneamento básico, de acordo com o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Francisco José Piza, é “um conjunto de ações relacionadas ao meio ambiente e saúde preventiva”, que promovem qualidade de vida para a população, e inclui o abastecimento de água, esgoto sanitário, manejo de água pluvial e de resíduos sólidos.

O professor explica que a gestão do saneamento básico é do poder público, mas a prestação do serviço pode ser feita por empresas públicas, concessão privada ou entidades de economia mista. “A falta de saneamento está ligada ao uso e ocupação do solo de maneira desordenada, além da prioridade governamental”, diz Piza. 

Para a professora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da UPM, Camila Sacchelli Ramos, a falta de saneamento básico compromete uma das principais recomendações de prevenção contra a covid-19: lavar as mãos.

“Sem água tratada, a população é muito mais atingida por doenças que dependem de adequada higiene pessoal e alimentar, como lavar as mãos antes de comer ou após usar o banheiro”, afirma a professora. 

É importante ressaltar que, como aponta Ramos, apesar do Norte e Nordeste do país apresentarem os menores índices de saneamento básico, no próprio estado de São Paulo também há várias regiões periféricas onde o crescimento desenfreado resultou em esgotos clandestinos a céu aberto e municípios próximos da capital onde áreas rurais também não são atendidas pela empresa de saneamento do estado. 

Assim, segundo a professora Camila, a falta de tratamento atua na impossibilidade de higienização de mercadorias adquiridas no comércio e aumenta o risco de contaminação de lagos, rios e represas que passam por esses locais sem tratamento, pois há estudos que confirmam a presença da covid-19 nas fezes de pacientes infectados. Dessa forma, “a falta de saneamento afeta tanto a população carente como as demais classes sociais”, completa Piza.  

Para a professora, também cabe à empresa de saneamento medidas que colaborem para o controle do novo coronavírus, como assegurar que a água que chega à população esteja livre do vírus, tanto no percurso quanto no destino final, e realizar o tratamento adequado de esgoto, principalmente dos hospitais onde se tem alta concentração de pessoas infectadas, para que não haja, inclusive, a contaminação do meio ambiente.

Quais são as medidas de saneamento básico que ajuda a evitar doenças?

A utilização de água potável, por exemplo, é vista como o fornecimento de alimento seguro à população. O sistema de esgoto promove a interrupção da cadeia de contaminação humana. Já a melhoria da gestão dos resíduos sólidos (lixo), reduz o impacto ambiental e elimina ou dificulta a proliferação de vetores de doenças.

Como o investimento em saneamento básico evitar doenças e epidemias?

O acesso à coleta de esgoto e à água tratada poderiam evitar 88% dessas mortes. Números como esses são preocupantes e refletem nos índices de mortalidade infantil e nas despesas públicas com internações hospitalares. Entre as principais vantagens de investir em saneamento está a melhoria desses indicadores.

Qual é a relação entre saneamento básico e as doenças?

A ineficiência dos sistemas de esgotamento sanitário e abastecimento de água contribui para a elevada prevalência de doenças parasitárias, diarreicas e intestinais, além de outras associadas à transmissão feco-oral e por vetores (Hutton; Bartram, 2008).

Qual a importância do saneamento básico para a vida humana?

Entre os benefícios do saneamento básico estão o desenvolvimento do país e o aumento da qualidade de vida das pessoas. Seu aperfeiçoamento e universalização promovem melhorias na saúde, principalmente de crianças, com a diminuição da mortalidade infantil e a contenção de doenças, especialmente as de veiculação hídrica.