Versos, rimas e estrofes são encontrados principalmente na estrutura de textos poéticos. São esses elementos que diferenciam a poesia dos textos em prosa, que são constituídos por parágrafos. Show
Leia também: Poesia, poema e soneto: conheça as particularidades de cada um O que é verso?Cada uma das linhas de um poema é chamada de verso. Assim, “De tudo, ao meu amor serei atento” à 1º verso “E rir meu riso e derramar meu pranto” à 7º verso Os versos são classificados de acordo com o número de sílabas poéticas que eles contêm. Versos, estrofes e rimas são elementos comumente encontrados em textos líricos.Tipos de versoOs versos receberão nomes específicos dependendo da quantidade de sílabas poéticas que possuírem. Veja o exemplo a seguir, em que o poeta brincou com o número de sílabas, fazendo um crescente verso a verso: Sobre a ambição Só de pó Deus o fez. Mas ele, em vez de se conformar quis ser sol, e ser mar, E ser céu… Ser tudo, enfim! Mas nada pôde! E foi assim que se pôs a chorar de furor… Mas – ah! – foi sobre sua própria dor que as lágrimas tristes rolaram. E o pó, molhado, ficou sendo lodo – e lodo só (Guilherme de Almeida) Ao realizarmos a escansão, percebemos que o primeiro verso tem apenas uma sílaba poética, o segundo tem duas, o terceiro tem três e assim sucessivamente. Veja o poema metrificado: / Só / - 1 sílaba poética / de / pó / - 2 sílabas poéticas / Deus / o / fez / - 3 sílabas poéticas / Mas / e / le, em / vez / - 4 sílabas poéticas / de / se / con / for / mar / - 5 sílabas poéticas / quis / ser / sol, / e / ser / mar, / - 6 sílabas poéticas / E / ser / céu / ... Ser / tu / do, en / fim! / - 7 sílabas poéticas / Mas / na / da / pô /de! E / foi / a / ssim / - 8 sílabas poéticas / que / se / pôs / a / cho / rar / de / fu / ror... / - 9 sílabas poéticas / Mas / - ah! / - foi / so / bre / sua / pró / pria / dor – 10 sílabas poéticas / que / as / lá / gri / mas / tris / tes / ro / la / ram. / E o / pó, / - 11 sílabas poéticas / mo / lha / do, / fi / cou / sen / do / lo /do – e / lo / do / só / - 12 sílabas poéticas Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
As redondilhas, também chamadas de “medida velha”, eram muito utilizadas nas cantigas do trovadorismo, sendo também utilizadas em versos até hoje. Veja um exemplo de trova de Camões com cinco sílabas poéticas: E / les / ver / des / são, / e / têm / por / u / san / ça na / cor, / es / pe / ran / ça e / nas / o / bras, / não. / Vo / ssa / con / di / ção / não / é / d'o / lhos / ver / des, por / que / me / não / ve / des. [...] (“Eles verdes são”, Luís Vaz de Camões)
A preferida das cantigas populares e de roda, também bastante utilizada pelos trovadores medievais, a redondilha maior é uma medida que facilita a memorização dos versos. Veja um exemplo de um poema também famoso do cânone literário brasileiro: Mi / nha / te / rra / tem / pal / mei / ras On / de / can / ta o / sa / bi / á As / a / ves / que a / qui / gor / jei / am Não / gor / jei / am / co / mo / lá [...] (“Canção do Exílio”, Gonçalves Dias)
Medida popularizada por Sá de Miranda quando levou a Portugal a forma do soneto, depois popularizada e aprimorada por Camões, e muito empregada até hoje nesse tipo de poema. É o caso do “Soneto da Fidelidade”, de Vinicius de Moraes. De / tu / do ao / meu / a / mor / se / rei / a / ten / to An / tes, / e / com / tal / ze / lo, e / sem / pre, e / tan / to Que / mes / mo em / fa / ce / do / mai / or / en / can / to De / le / se en / can / te / mais / meu / pen / sa / men / to
Bastante utilizado pelos parnasianos e simbolistas, o verso alexandrino tem origem francesa. Os sonetos alexandrinos seguem um rigoroso esquema de composição, cujas rimas e tônicas devem obedecer a determinadas estruturas preestabelecidas. É tido como forma ideal para exprimir ideias e adjetivos retumbantes, épicos, exaltados. Veja um exemplo: Bai / lan / do / no ar, / ge / mia / in /quie / to / va /ga/-lu/me: – “quem / me / de/ra / que / fo/sse a /que/la / lou/ ra es/tre/la que ar/de / no e/ter/no a/zul,/ co/mo u/ma e/ter/na ve/la!” Mas / a es/tre/la,/ fi/tan/do a / lua, / com / ci/ú/me: [...] (“Círculo Vicioso”, Machado de Assis) Mas, afinal, o que é sílaba poética? A sílaba poética corresponde a uma unidade sonora, já que a poesia é um gênero textual feito para ser declamado, por isso é idealizada pensando em um ritmo. Isso significa que a sílaba poética é diferente da sílaba gramatical, pois ela leva em consideração não a gramática, mas os sons das palavras. Veja:
De tu-do, ao meu a-mor se-rei a-ten-to (12 sílabas) An-tes, e com tal ze-lo, e sem-pre, e tan-to (13 sílabas)
De / tu/do ao / meu/ a/mor / se/rei /a/ten/to (10 sílabas) An/tes/, e / com / tal / ze/lo, e/ sem/pre, e/ tan/to (10 sílabas) Essa contagem de sílabas poéticas é chamada de metrificação ou escansão.
1) Contamos as sílabas poéticas até a última sílaba tônica. As últimas sílabas átonas de cada verso não têm valor de sílaba poética, pois sonoramente não são consideradas. Veja: Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento 2) Unimos em uma só sílaba poética as vogais iguais. Esse recurso é também chamado crase. Veja: “An/tes/, e / com / tal / ze/lo, e/ sem/pre, e/ tan/to” “E em / seu / lou/vor / hei / de es/pa/lhar / meu / can/to” 3) Unimos em uma mesma sílaba poética as ditongações. Quando uma palavra termina em vogal átona e a palavra seguinte começa com vogal átona diferente da anterior, contamos as duas sílabas como a mesma sílaba poética. Veja: “E a/ssim/, quan/do /mais/ tar/de /me/ pro/cu/re Quem / sa/be a/mor/te, an/gús/tia/ de/ quem/ vi/ve”
O que é estrofe?Cada um dos blocos de versos é chamado de estrofe. No poema mencionado como exemplo inicial, percebemos dois blocos de quatro linhas mais dois blocos de três linhas, ou seja, são quatro estrofes: duas com quatro versos, duas com três versos. 1ª estrofe: “De tudo, ao meu amor serei atento / Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto / Que mesmo em face do maior encanto / Dele se encante mais meu pensamento.” 2ª estrofe: “Quero vivê-lo em cada vão momento / E em seu louvor hei de espalhar meu canto / E rir meu riso e derramar meu canto / Ao seu pesar ou seu contentamento.” 3ª estrofe: “E assim, quando mais tarde me procure / Quem sabe a morte, angústia de quem vive / Quem sabe a solidão, fim de quem ama” 4ª estrofe: “Eu possa me dizer do amor (que tive): / Que não seja imortal, posto que é chama / Mas que seja infinito enquanto dure.” Observação: Note que quando queremos nos referir aos versos em texto corrido, usamos uma barra (“/”) para marcar onde começa e onde termina cada verso. Essa forma do poema de Vinicius de Moraes é uma composição tradicional: trata-se do soneto. Essas estrofes, portanto, recebem nomes específicos: dois quartetos e dois tercetos.
As estrofes são classificadas de acordo com o número de versos que contêm. Veja: 1 verso – monóstico O que é rima?Rima é o nome que se dá à igualdade de sons nas sílabas poéticas. No poema exemplificado no início, percebemos que “atento” termina com o mesmo som de “pensamento”; o mesmo acontece com “tanto” e “encanto”. É essa igualdade ou semelhança entre os sons que é chamada rima. Leia também: Recursos estilísticos da poesia: figuras de linguagem
Na névoa da manhã, tranquila e suave (A) Vieste do fundo incerto do passado; (B) Ainda tinhas o mesmo passo da ave (A) E o mesmo olhar magoado... (B) [...] (Ronald de Carvalho, “Romance”)
Filho meu, de nome escrito (A) Da minh’alma no Infinito. (A) Escrito a estrelas e sangue (B) No farol da lua langue... (B) Das tuas asas serenas (C) Faz manto para estas penas. (C) [...] (Cruz e Sousa, “Recolta de Estrelas”)
De tudo, ao meu amor serei atento (A) Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto (B) Que mesmo em face do maior encanto (B) Dele se encante mais meu pensamento (A) (Vinicius de Moraes)
[...] Uma flor nasceu na rua! Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego. Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto. Façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu. [...] (Carlos Drummond de Andrade, “A Flor e a Náusea”) Como são classificadas as estrofes quanto ao número de versos?Classificação das Estrofes
Monóstico: estrofe formada por um verso. Dístico ou Parelha: estrofe formada por dois versos. Terceto ou Trístico: estrofe formada por três versos. Quarteto ou Quadra: estrofe formada por quatro versos.
Como se classificam as estrofes?Tipos de estrofe. verso – monóstico.. versos – dístico ou parelha.. versos – terceto ou trístico.. versos – quarteto ou quadra.. versos – quintilha, quinteto ou pentástico.. versos – sextilha, sexteto ou hexástico.. versos – septilha, hepteto, heptástico, sétima, septena ou estrofe de sete versos.. Como se classificam os versos quanto ao número?Assim, de acordo com número de versos que compõem as estrofes, elas são classificadas em:. Monóstico: estrofe de 1 verso.. Dístico: estrofe de 2 versos.. Terceto: estrofe de 3 versos.. Quarteto ou Quadra: estrofe de 4 versos.. Quintilha: estrofe de 5 versos.. Sextilha: estrofe de 6 versos.. Septilha: estrofe de sete versos.. Como são classificados os versos?Assim, o verso, isto é, cada linha de um poema, pode ser monossílabo, dissílabo, trissílabo, tetrassílabo, pentassílabo (redondilha menor), hexassílabo, heptassílabo (redondilha maior), octossílabo, eneassílabo, decassílabo, hendecassílabo, dodecassílabo (alexandrino) ou bárbaro.
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