O que motivou o ataque a creche?

Há semanas que os EUA alegam que a Rússia estará a preparar um ataque de "falsa bandeira" (onde se acusa o outro quando tudo foi planeado por nós) para justificar uma invasão da Ucrânia. O bombardeamento de uma creche no leste do país, que causou dois feridos, levou os ucranianos e os separatistas pró-russos a acusarem-se mutuamente de violação do cessar-fogo, não sendo ainda claro quem terá sido o responsável. A ONU pediu contenção.

Num comunicado divulgado no Facebook, o exército ucraniano acusou os combatentes separatistas pró-russos de terem atingido, entre outras estruturas, uma creche num ataque ocorrido na localidade de Stanitsa Luganska. Terá sido uma de 34 violações do cessar-fogo no leste da Ucrânia, segundo Kiev, com o presidente Volodymyr Zelensky a dizer que este ataque das "forças pró-russas é uma grande provocação".

Por outro lado, as autoridades da região separatista de Lugansk, citadas pela agência russa Interfax, anunciaram que "a situação na linha da frente deteriorou-se nas últimas 24 horas". O chefe da milícia, Ian Lechchenko, acusou o exército ucraniano de "tentar empurrar o conflito para uma escalada".

Numa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a tensão na região, a Rússia acusou entretanto a Ucrânia de violar repetidas vezes o cessar-fogo acordado em 2015 (não se referia especificamente ao de hoje), falando em "milhares de vítimas".

Diante do ataque, as Nações Unidas apelaram à contenção. "Pedimos a todas as partes que exerçam o máximo de contenção neste momento sensível", afirmou a subsecretária-geral Rosemary DiCarlo nesse encontro.

O chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, num discurso que não estava previsto no Conselho de Segurança, indicou que as informações mostram que a Rússia poderá invadir a Ucrânia "nos próximos dias". E reiterou que não há provas da alegada retirada russa, que o presidente Vladimir Putin anunciou. Biden desafiou o Kremlin a "anunciar sem qualificação, equívoco ou desvios que a Rússia não irá invadir a Ucrânia. Digam-no claramente. Declarem-no simplesmente ao mundo", afirmou. E propôs reunir com o seu homólogo russo, Sergei Lavrov, para a semana na Europa.

O presidente norte-americano, Joe Biden, insistiu entretanto que o Kremlin está à procura de uma desculpa para o ataque, falando de "ameaça muito alta"de invasão, mas reiterando que ainda há espaço para a diplomacia. Isto apesar de Moscovo ter expulsado o número dois da embaixada dos EUA do país. Bart Gorman estava há menos de três anos na Rússia e a sua expulsão "não foi provocada".

A polícia ainda tenta decifrar o que motivou o ataque a creche em Saudades, no Oeste de SC. O perfil do homem que invadiu a unidade é definido como de uma pessoa quieta e solitária, pelo delegado que apura o caso. 

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Dispositivos eletrônicos apreendidos na casa do suspeito devem ser periciados nos próximos dias. O depoimento do jovem ainda não foi colhido, já que ele segue hospitalizado após ter provocado ferimentos no próprio corpo.

O jovem foi autuado em flagrante por cinco homicídios triplamente qualificados e uma tentativa de homicídio de uma criança. Devido aos ferimentos, ele precisou ser submetido a cirurgia e segue internado no Hospital Regional do Oeste, em Chapecó.

O homem de 18 anos, armado com dois facões, entrou por volta das 10h de terça-feira (5) na unidade escolar e atacou pelo menos seis pessoas. Cinco delas morreram, sendo três crianças menores de dois anos. Segundo o Corpo de Bombeiros de Saudades, após cometer o crime, ele teria exclamado: “eu matei cinco”.

— Ele queria saber, perguntou várias vezes pras pessoas que estavam ali ao redor dele, quantas pessoas ele tinha matado — confirmou o delegado Jerônimo Marçal Ferreira.

Testemunhas contaram ao investigador que o jovem não teria dito nada enquanto golpeava as vítimas.

— Não gritou nada, ficou quieto o tempo todo enquanto praticava a ação — disse Ferreira.

Quem são as vítimas

- Keli Adriane Aniecevski, 30 anos, professora

- Mirla Renner, 20 anos, agente educacional

- Sarah Luiza Mahia Sehn, de 1 ano e 7 meses

- Murilo Massing, de 1 ano e 9 meses

- Anna Bela Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses

Investigação

Ainda na terça-feira (5), a polícia foi até a casa do jovem e conversou com familiares. Quieto, sem amigos e com dificuldades em se relacionar. Esse foi o perfil traçado pela polícia a partir da conversa com o pai, mãe e irmã do homem.

Ainda de acordo com o delegado, ele não tinha celular e passava o dia trancado no quarto usando um computador. Na casa do agressor foram encontrados R$ 11 mil em dinheiro vivo.

A família também teria relatado que o jovem era vítima de bullying e que abandonou a escola. A expectativa do delegado é interrogar o jovem nos próximos dias. A principal linha de investigação no momento é de que o crime teria sido motivado por uma revolta do homem.

— Uma testemunha nos relatou que teria ouvido da boca dele que ele já vinha planejando fazer algo assim há algum tempo. Não exatamente na creche, não exatamente como ele executou, mas ele queria fazer. Provavelmente por uma revolta que ele tinha com o mundo, com a sociedade. Por que ele escolheu a creche, uma covardia ainda maior — contou.

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