O Sacrifício do Cervo Sagrado explicação

O Sacrifício do Cervo Sagrado é um filme misterioso que vai fazer você pensar nele durante muito tempo.

Escrito e dirigido por Yorgos Lanthimos, O sacrifício do Cervo Sagrado é uma mistura de drama, suspense e terror psicológico. Lanthimos é o idealizador de O Lagosta, outra obra bizarra e que tem matéria aqui no site.

Esse artigo tem spoilers sobre o filme O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017).

Sobre o que o filme fala

Um dos temas de O Sacrifico do Cervo Sagrado é a culpa. O médico cirurgião Steven, interpretado por Colin Farrell, se sente culpado pela morte do pai de Martin.

Apesar de não admitir, Steven se aproxima do garoto para tentar compensar seu erro.

Através de presente e de tentar se aproximar cordialmente da vida de Martin, o doutor Steven não admite sua culpa e mente duas vezes sobre sua relação com o garoto.

Por outro lado, na minha opinião, o filme chega a questionar para o espectador: o que realmente é o pagamento de um erro?

Mesmo sendo bizarra a situação de Steven escolher quem matar para compensar sua falha, na cabeça de Martin isso faz sentido e com certeza deve fazer sentido para outras pessoas. Será que isso de fato é justiça?

Uma coisa que me chamou atenção foi a atitude de Steven. Ele realmente achou que comprando presentes e passando um tempo com Martin poderia excluir sua culpa.

Isso mostra como uma pessoa que se considera superior acha que com algumas migalhas pode reparar um erro.

O Sacrifício do Cervo Sagrado evidencia uma sociedade fria em suas relações, como na relação da própria família do doutor Steven, e da hipocrisia quando o assunto é responsabilidade.

Steven se incomoda por seu filho não regar as plantas, mas tenta jogar para outra pessoa seu cargo.

Créditos Finais

O Sacrifício do Cervo Sagrado explicação
Martin possuía poderes sobrenaturais?

Você tem outras opiniões do filme ou percebeu mais alguma coisa que eu não vi? Deixe aqui nos comentários.

Assista o vídeo sobre o filme que fizemos em nosso canal no Youtube.

Desde a cena que abre o filme, com a tela negra, um som de ópera de fundo com tons trágicos, ao plano seguinte em que vemos uma cirurgia cardíaca, percebemos que há algo lúgubre que reveste toda a trama. O fúnebre sonoro com a imagem do órgão do corpo, pulsando vida e sangue nas mãos de alguém.

Freud já dizia que “a neurose é o negativo da perversão”. Nesse sentido, tal situação parece fazer parte de todo o cenário de construção, não à toa que a direção rebuscada de Yorgos Lanthimos coloca sua encenação de atores sem quaisquer inflexões, como isentos de sentimentos. Uma adequação psicológica à representação da psicopatia? Ou aos símbolos de sua alegoria sobre a lei do retorno contra a frieza do homem?

Como um labirinto psicótico, a narrativa estabelece a desorganização familiar, através da figura lúgubre interpretada por Barry Keoghan – o indivíduo que adentra ao cenário insípido, seco e harmônico da família Murphy. É neste momento que o jovem Martin desconcerta as aparências e a mecânica conjugal estabelecidas em métodos. A rigidez e formalidade do médico imposto por Colin Farell; a quase frigidez de sua esposa, uma Nicole Kidman tão robótica quanto ele. Steve e Anna, um casal formal e metódico na intimidade.

A técnica parece fecundar o medo: as grandes angulares – o tal “olho de peixe” – deformam as extremidades dos ambientes e expandem sua profundidade; os travellings nos corredores que seguem os passos dos atores em cena, como um Deus que os acompanha; remetem ao horror psicológico visual proposto por Stanley Kubrick, em O Iluminado – promovem a imersão do público ao desequilíbrio em que a ação se desenrola. Inclusive, a trilha sonora, com seus acordes de violinos, gera uma tensão quase palpável, quase como uma sinfonia esquizofrênica sobre personagens perturbados emocionalmentes.

Para Lanthimos, o ser humano é capaz de qualquer atitude, até a mais perversa – isenta de moralidade ou julgamento. Como verbaliza Michael Haneke em suas abordagens, a narrativa fria e que esconde algo tenebroso nas entrelinhas, vemos uma amostra da natureza sobre a violência humana, sob um cenário aparentemente monocórdico e asséptico.

Aproveitando-se da releitura da tragédia grega Ifigênia, na qual o rei Agamêmnon mata um cervo sagrado numa caçada e assim eclode na ira da deusa Ártemis, o mesmo ocorre com o médico ao perceber que terá que sacrificar “algo” como lei do retorno, por conta de um erro que cometeu. Dessa forma, Lanthimos cria seu próprio texto de Eurípides em cima de um horror psicológico com nuances grotescas dentro de uma sociedade de aparências e punições.

Eis a teologia do sacrifício: uma “oferenda” exposta; uma espécie de ritual que caracteriza a imolação real ou simbólica de uma vítima ou pela entrega da “coisa ofertada” – são bases para o estudo da psicose intimista proposta por Lanthimos. Através desses sensos que flertam com a religiosidade, adentramos a um grotesco universo primário no terço final. É quando as personagens literalmente se arrastam pelos chãos, como analogias à submissão diante de uma condição de penitência para os erros.

Assim, Lanthimos exerce sua relação macabra com a Bíblia hebraica, colocando seus personagens em condição de violência catártica. O sacrifício surge não para que uma divindade a perdoe, mas, quase como um trato de subjugação à algo grotesco e quase satânico, aqui simbolicamente representado pela figura do jovem Martin. É irônico constatar a desorganização do tal cardiologista, de mãos limpas e vistas como perfeitas, tendo que machuca-las a favor de atitudes violentas. Uma ofensa ao papel de sua profissão de quem mantém a vida. Uma negação à moralidade da medicina e, também, humana.

E como um soco, o diretor nos induz numa reflexão sobre seu conto de provação em tempos que a humanidade parece fragilizada na onda de sangue e violência do qual não consegue se desvencilhar. Yorgos Lanthimos cria um conto sobre penitências e ajustes cósmicos; um conto agressivo e que exibe a face da natureza cruel de uma sociedade perversa.

Qual o sentido do filme O Sacrifício do cervo sagrado?

A consequência do pecado é o sacrifício, e o sacrifício é a pureza para a libertação do pecado. The Killing of a Sacred Deer é revelado em prol da desestruturação do orgulho de Steve, e a circunstância em que o longa é abordado tem relação ao grau de pureza de toda a família.

Qual é o final do filme o sacrifício do cervo sagrado?

Artemis vence. Em vários momentos do filme, a família de Steven tenta reafirmar Steven como o homem responsável, ao invés de Martin, para tentar um outro método de escapar do destino. Anna “logicamente” aponta que matar um dos filhos é uma escolha melhor porque eles podem ter outro.