Onde ocorreu às primeiras competições esportivas para deficientes físicos?

Foram os gregos que inventaram os jogos olímpicos. Eram também os gregos que sacrificavam seus bebês quando estes nasciam com algum tipo de deficiência. Portanto, a associação entre a prática desportiva e a limitação física passava longe do cotidiano das antigas civilizações. Aliás, só no final do século 18, os indivíduos com deficiência visual começaram a ter chance de estudar.

Daí se pode imaginar que, com a ideia de que a deficiência resultava em incapacidade, demorou ainda mais para que a comunidade esportiva desse a essas pessoas o direito de praticar atividades físicas e participar de competições.

O esporte praticado por pessoas com deficiência começou na Inglaterra, nos anos 40, como medida terapêutica, para dar mais qualidade de vida a militares que foram mutilados durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1960, foi realizada a primeira edição dos Jogos Paraolímpicos de Verão em Roma, na Itália. Em 1989, foi criado o Comitê Paraolímpico Internacional e, em 2001, foi celebrado o acordo entre essa entidade e o COI, Comitê Olímpico Internacional. A partir daí, a cidade- sede das olimpíadas também organiza os jogos paraolímpicos.

A participação do Brasil nos jogos paraolímpicos começou em 1976, em Toronto, no Canadá. A primeira medalha veio quatro anos mais tarde e a criação do Comitê Paraolímpico Brasileiro data de 1996. Mas a prática desportiva para pessoas com deficiência física começou no país nos anos 50 com o Clube dos Paraplégicos de São Paulo. Quem nos conta esta história é o atual presidente do clube, João Antônio Bentim.

"O clube dos paraplégicos de São Paulo foi fundado por Sérgio Serafim Delgrandi, que foi um dos que trouxe para o Brasil o esporte em cadeiras de rodas, e, no Rio de Janeiro, foi o Robson Sampaio, que fundou o clube do Otimismo lá. Os dois fundados em 1958 com meses de diferença. E o pior de tudo é que era uma época muito ruim, onde o deficiente era uma vergonha para a família, diferente de hoje que, graças a Deus."

Em 1959, foi realizada no país a primeira partida de basquete em cadeira de rodas entre o Clube dos Paraplégicos e o Clube do Otimismo. João Antônio Bentim conta que a fundação do Clube dos Paraplégicos contou com apoios importantes, como os de vários clubes paulistas e o do chefe da delegação brasileira na Copa de 58, na Suécia, Marechal Paulo Machado de Carvalho.

Se o caminho das pessoas com deficiência física para a prática do esporte não foi exatamente fácil, a situação não foi diferente em relação aos cegos e pessoas com baixa visão. O quadro começou a mudar com a maior frequência dessas pessoas à escola e a melhor preparação dos professores de educação física para orientá-las. No entanto, durante muito tempo essa preparação foi opcional. Atualmente, o currículo acadêmico dos futuros professores já inclui disciplinas voltadas para os esportes praticados por pessoas com deficiência.

Nos anos 80, a prática da educação física nas instituições de ensino especial para cegos e para surdos avançou significativamente. E foi com essa prática que muitos atletas paraolímpicos foram revelados. Foi o caso da corredora Ádria Santos, descoberta por sua professora de educação física no Instituto São Rafael, em Belo Horizonte.

"Às vezes a gente fazia gincana no Instituto e eu sempre participava das provas de corrida, e sempre vencia. E o Presidente da Associação foi no Instituto para procurar atletas, para ver se tinha algum aluno interessado e a professora de Educação Física indicou alguns alunos e eu fui. Comecei a treinar pela Associação e no mesmo ano, já competi no campeonato brasileiro foi em 87 em Curitiba."

E a ascensão de Ádria foi rápida! Um ano depois de iniciar a carreira, ela disputava sua primeira paraolimpíada.

"Com 14 anos, eu já consegui os índices determinados aqui no Brasil e fiz todos os índices que precisavam para as três provas: 100, 200 e 400; e fui convocada para as Paraolimpíadas de Seul. Na primeira, eu era muito novinha. Então, achei super legal viajar, competir fora, mas depois que eu fui vendo a importância que tinha aquilo para mim, de superar cada vez mais, mas foi marcante."

A Adevibel, entidade pela qual Ádria iniciou sua carreira no atletismo, foi fundada a partir da experiência bem sucedida de outras associações desportivas de pessoas com deficiência, como relata o ex-presidente e um dos fundadores da entidade, José Carlos Dias Filho.

"Em Belo Horizonte, por volta de 85, 86, a gente ficou sabendo que tinha algumas entidades pelo Brasil a fora que já praticavam esporte a nível de competição e a gente ainda não estava nesse estágio de competição, a gente não estava com esse estágio aqui em Belo Horizonte. A gente tinha algumas modalidades esportivas , mas não a nível de competição , então nós viajamos participando de outras equipes, por Uberlândia, alguns foram pelo Paraná, aí na volta a gente falou: nós podemos montar uma associação dessas aqui em Belo Horizonte e aí a gente reuniu uma turminha, com aquela precariedade toda, mas com muita vontade , a gente fundou a Adevibel."

A velocista Terezinha Guilhermina, dona de diversos recordes pan-americanos e mundiais nas provas de 100, 200 e 400 metros rasos, afirma que seu sonho era ser a melhor atleta do mundo em sua categoria. Mas o início da carreira dessa atleta, mineira de Betim, Região Metropolitana de Belo Horizonte, esbarrou em vários obstáculos.

"Tinha até uma equipe de atletismo na cidade de Betim para pessoas com deficiência , eu fui me inscrever, tinha acabado de concluir o segundo grau técnico em administração e não tinha emprego. Aí eu me inscrevi para natação na época porque eu tinha maiô e não tinha tênis , mas a minha intenção era correr. Aí eu contei para minha irmã , ela me deu o tênis e eu comecei a correr , mas como eu não tinha patrocínio, a única maneira de ganhar algum dinheiro era correndo rua. Então eu corria 100, 200, 400 em competição de pista, e corria até 21 quilômetros na rua para poder ganhar algum dinheiro ."

No dia 6 de fevereiro deste ano, Terezinha Guilhermina e o nadador Daniel Dias representaram o Brasil na cerimônia do Laureus, prêmio considerado o Oscar do esporte. Embora não tenham vencido o prêmio na categoria de melhor atleta paraolímpico, os brasileiros puderam transformar em realidade o sonho de estar no topo, entre os melhores atletas do mundo.

De Brasília, Edson Junior

Onde surgiram as primeiras competições para portadores de deficiência física?

Realizados pela primeira vez em 1960 em Roma, Itália, têm sua origem em Stoke Mandeville, na Inglaterra, onde ocorreram as primeiras competições esportivas para deficientes físicos, como forma de reabilitar militares feridos na Segunda Guerra Mundial.

Onde surgiram os primeiros indícios dos esportes paralímpicos?

Em 1948, Guttmann decidiu organizar competições esportivas envolvendo veteranos da Segunda Guerra Mundial com ferimentos na medula espinhal em Stoke Mandeville, England. Eram os primeiros jogos para atletas com deficiência fisìca.

Como surgiu as competições esportivas para pessoas com deficiência?

A primeira competição do tipo foi organizada, em 1948, por Ludwig Gutmann no tratamento de seus pacientes com lesões medulares. A primeira Paralimpíada aconteceu em Roma, em 1960. Desde 1988, é realizada no mesmo local que sedia os Jogos Olímpicos.

Quando e onde foi realizada a primeira modalidade esportiva adaptada para pessoas com deficiência?

Os Jogos Olímpicos para pessoas com deficiência, as Paraolimpíadas que conhecemos hoje, teve sua primeira edição em Roma apenas em 1960, envolvendo 400 atletas vindos de 23 países, e continua até os tempos atuais.