Quais foram as principais mudanças realizadas por D João VI no Rio de Janeiro?

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No dia 22 de janeiro de 1808, chegava a Salvador a família real portuguesa, em fuga das tropas do exército francês, comandadas por Napoleão Bonaparte, que expandia seu domínio sobre a Península Ibérica. Politicamente, o evento significava a transferência do governo de Portugal e de suas colônias para o território brasileiro.

O Estado português estava, então, sob a regência do príncipe dom João de Bragança, uma vez que a rainha Maria 1ª., sua mãe, encontrava-se afastada do trono desde 1792, devido a problemas de saúde mental.

O papel do príncipe regente - que seria coroado rei de Portugal, dom João 6º, em 1816 - foi fundamental para a transformação da vida no Brasil da época, a partir do momento em que ocorreu o desembarque na Bahia.

Foram apenas 34 dias em Salvador. O breve tempo, porém, não impediu dom João de tomar decisões fundamentais para destravar a economia brasileira e promover o crescimento da cidade que, até 1763, foi a primeira capital do Brasil.

Abertura dos portos

Menos de uma semana após chegar à Bahia, o príncipe regente provocou uma verdadeira revolução na economia brasileira, ao decretar a abertura dos portos do país às nações amigas de Portugal. Era o fim do monopólio comercial português com o Brasil.

A medida permitiu que navios mercantes estrangeiros atracassem livremente nos portos brasileiros. O país passou a se beneficiar do comércio direto com a Inglaterra. Terminava o Pacto Colonial que, entre outras imposições, obrigava que todos os produtos das colônias passassem, primeiro, pelas alfândegas de Portugal. A decisão tem caráter histórico também por ser a primeira Carta Régia promulgada em território brasileiro, a 28 de janeiro de 1808.

Medicina e indústria

Em Salvador, o príncipe regente também fundou a Escola de Cirurgia da Bahia, embrião para a criação da primeira faculdade de medicina do Brasil. Erguida ao lado do Colégio dos Jesuítas (atual Catedral Basílica de Salvador), no Terreiro de Jesus, a Escola de Cirurgia - mais tarde Faculdade de Medicina - funcionou por mais um século no mesmo local, até ser incorporada pela UFBa (Universidade Federal da Bahia). Dois séculos depois, a obra deixada por dom João não perdeu o seu charme - suas salas centenárias abrigam grande parte do acervo da história da medicina do Brasil.

Antes de seguir para o Rio de Janeiro - o que aconteceu no dia 24 de fevereiro de 1808 -, dom João ainda autorizou a criação de indústrias de vidro, pólvora, tabaco e colheita de algodão. Naquele começo de século 19, o setor industrial brasileiro não passava de uma miragem por três motivos básicos: a mentalidade escravocrata dos "empresários", a falta de capital para investimento na expansão dos negócios e a concorrência inglesa.

Dom João tomaria outras decisões muito importantes para o desenvolvimento do Brasil ao chegar ao Rio de Janeiro, para onde transferiu a sede do governo português. Na verdade, a presença da corte portuguesa no país acelerou o processo que resultou em nossa Independência, proclamada pelo herdeiro de dom João, dom Pedro. Isso, porém, já é o começo de uma outra história.

Os treze anos em que D. João permaneceu no Brasil foram não só o período da internalização da metrópole, mas também o de internacionalização da colônia. Embora os dois conceitos deem destaque a questões diferentes, na prática eles se combinam.

Uma das primeiras evidências das mudanças ocorridas foi a criação de uma máquina burocrática estatal, tanto porque se impunha a continuação da gerência da coisa pública, quanto para dar condições de sustento a vários dos que acompanharam a família real no seu exílio tropical. A nova sede da Corte, a cidade do Rio de Janeiro, assiste à transplantação de estruturas administrativas até então só existentes em Lisboa, como, por exemplo, a Mesa do Desembargo do Paço e a Mesa de Consciência e Ordens, bem como a criação da Impressão Régia, quando, até aquele momento, no Brasil, se havia controlado a circulação de livros e impedido a existência de qualquer impressora.

Ocorre também o surgimento de novas instituições ligadas à conjuntura de guerra que se vivia, como, por exemplo, o Conselho Supremo Militar, a Academia Real Militar e a fábrica de pólvora.

Paralelamente, para fazer frente às necessidades de aparelhamento de uma cidade que crescia enormemente – pelas estatísticas disponíveis, a vinda da Corte fez a população do Rio de Janeiro crescer em vinte e cinco por cento – e que, sendo a sede de uma das mais antigas monarquias ocidentais, precisava se vestir "à europeia", foram criados também o Museu Real, a Biblioteca Real, o Teatro Real, o Banco do Brasil , bem como um imposto específico – a décima urbana – calculado sobre os rendimentos reais ou potenciais dos prédios urbanos, para socorrer as dificuldades financeiras que a Coroa então enfrentava.

As necessidades de abastecimento então colocadas, a obediência à convenção secreta com a Inglaterra sobre a vinda da família real para o Brasil e a necessidade de obtenção de recursos financeiros para o Estado impuseram a quebra do monopólio que havia sempre marcado a relação entre a metrópole e a colônia, consubstanciado na abertura dos portos brasileiros ao comércio com "as nações amigas", mesmo que a ideia de monopólio ainda se mantivesse entre alguns grupos, como se pode verificar numa petição dirigida ao príncipe regente.

A ajuda inglesa à preservação da Coroa portuguesa permanecia, entretanto, necessitada de um reconhecimento mais efetivo, ainda que, para ambos os países, ficasse melhor que isso fosse considerado um ato de graça real, situação que enobrecia tanto quem gratuitamente havia socorrido, quanto quem livremente recompensava tal ação. Não tardou, entretanto, que a generosidade dos antigos aliados fosse respondida com gratidão real, expressada por meio de um tratado que não só proclamava a amizade que reinava entre as duas nações, mas que concedia um tratamento privilegiado à importação de mercadorias inglesas.

A conjuntura muito especial que, inclusive, já havia causado o fim do monopólio, determinou também a revogação da proibição de manufaturas no Brasil, instaurada por um alvará de D. Maria I. Fica claro, entretanto, que mais que isso, havia por parte do Estado português uma preocupação com o desenvolvimento do Brasil. O mesmo desejo de desenvolvimento econômico explica o recurso da importação de mão-de-obra estrangeira, seja para colonização, seja para domínio de técnicas específicas, como a do plantio do chá, para o que foram trazidos agricultores chineses.

Havia, também, uma evidente preocupação com a melhoria das condições de habitabilidade (1, 2 ) da cidade do Rio de Janeiro. Não por acaso é sobre a mesma cidade que surge o primeiro documento cartográfico gravado no Brasil.

Do ponto de vista diplomático, o período do governo de D. João no Brasil é marcado por intensa atividade visando manter posições, assegurar direitos e configurar alianças. Depois da declaração de guerra à França e da conseguinte retaliação à invasão de Portugal por igual ação portuguesa na Guiana, quando da reorganização da situação europeia no Congresso de Viena, D. João aproveita para resolver os tradicionais problemas de fronteiras entre o Brasil e a possessão francesa. Da mesma forma, a pretexto de garantir a estabilidade no sul do país, invadiu o território do atual Uruguai, o qual desocupou por direta intervenção britânica, adiando a anexação ao Brasil.

A elevação do Brasil a Reino Unido ao de Portugal e Algarves faz parte da mesma estratégia de garantir melhores condições de negociação à Coroa portuguesa, que prossegue com a política de casamento entre D. Pedro e D. Leopoldina, princesa austríaca.

Apesar de todos os seus esforços, Portugal foi forçado a assumir, desde os tratados de 1810, o compromisso de ir diminuindo o tráfico de escravos. Essa questão, crucial para uma nação cuja maior fonte de riqueza era exatamente gerada numa terra onde o trabalho compulsório era absolutamente predominante, foi sendo adiada o quanto se pôde, e a continuação de descumprimentos dessa interdição ocasionou uma série de discussões entre portugueses e ingleses, em que os primeiros queixavam-se dos prejuízos causados pela apreensão de suas embarcações pelos últimos.

Em 1815, quando também se realizava o Congresso de Viena, a situação complicou-se ainda mais, sendo Portugal levado a assinar um tratado que proibia o tráfico ao norte do Equador.

No cotidiano da Corte, nascimentos, mortes, aniversários e casamentos se comemoravam publicamente e em diversas partes do Brasil. Assim, enobrecia-se a monarquia e, em última análise, os seus súditos, e também construía-se uma ideia de aproximação entre esses mesmos súditos e seu monarca, numa relação quase familiar.

A maior das comemorações foi, sem dúvida, a aclamação de D. João como rei, marcada por festas públicas profanas e religiosas.

No entanto, não só festas e agrados da população marcaram o governo de D. João no Brasil. Havia também quem o criticasse, quem não reconhecesse sua autoridade soberana, como foram os casos de índios no Paraná, e os revolucionários de 1817, em Pernambuco.

Quais foram as modificações feitas pelo príncipe João no Rio de Janeiro?

João criou a primeira faculdade de medicina do Brasil. Outro reflexo imediato da nova economia do Brasil, em franco desenvolvimento, foi o aumento do tráfico de escravos. O número de escravos triplicou durante os 13 anos que a família real ficou por aqui.

Quais as principais medidas tomadas por D João VI que transformaram o Brasil em capital do império português no além mar?

João VI realizou uma série de medidas que contribuiu para a modernização do Brasil, promovendo desenvolvimento econômico e florescimento cultural e artístico. Duas medidas de destaque foram a abertura dos portos, em 1808, e a elevação do Brasil à condição de reino, em 1815.

Quais mudanças ocorrem na cidade do Rio de Janeiro com a vinda da família real em 1808?

A vinda da família real para o Brasil mudou, também, a fisionomia do Rio de Janeiro. A cidade que os estrangeiros acharam suja, feia e malcheirosa começou a se expandir e cuidar de sua aparência, abrindo-se às modas européias.

Quais foram as mudanças ocorridas com a chegada da família real?

A principal consequência da vinda da família real para o Brasil foi a aceleração do processo de independência do país. Em 1815, com fim das guerras napoleônicas, o Brasil foi declarado parte do Reino Unido de Portugal e Algarves, deixando de ser uma colônia.