Qual a relação entre o dualismo platônico e as filosofias de Heráclito e Parmênides?

Duas concepções dominaram o pensamento filosófico durante bastante tempo: por um lado, as ideias de Parmênides e, por outro, o pensamento de Heráclito. Heráclito defendia a ideia de um mundo contínuo, enquanto Parmênides definia um ser único, um ser imóvel.

O conflito de pensamento de Parmênides e Heráclito é fundamental, pois pode ser considerado o primeiro choque de ideias que ainda hoje tem força, afastando-se lentamente da Filosofia da Natureza e do misticismo de Pitágoras. Neste artigo, vamos abordar os conceitos e os pensamentos mais significativos dos dois filósofos, pontuando as diferenças entre eles.

A filosofia de Parmênides

Parmênides nasceu em Eleia, na Itália, por volta de 530 a. C e a sua filosofia define que o ser é único, imutável, infinito e imóvel, sempre idêntico a si mesmo. O filósofo também defende que a aparência sensível do mundo não existe. O que o filósofo quer dizer é que o nosso conhecimento sensitivo das coisas só nos dá uma ilusão do movimento, uma aparência, sendo que apenas o conhecimento intelectivo permite com se conceba a realidade como idêntica a si mesma.

Parmênides parte da ideia de tentar ordenar a realidade a partir das classes “aquelas que são” e “aquelas que não são”. Por exemplo, ao observar a luz e a escuridão, notou que a escuridão nada mais era que a negação da luz. Após denominar esses pares de opostos como “ser” (positiva) e “não-ser” (negativa), Parmênides postulou também que “O Ser é e o Não-Ser Não é”.

Qual a relação entre o dualismo platônico e as filosofias de Heráclito e Parmênides?

Foto: Reprodução

O pensamento de Heráclito

Heráclito defendia a ideia de um mundo contínuo, um mundo em constante movimento, onde nada permanece idêntico a si mesmo, e sim transforma-se no seu oposto (negação, contradição). O filósofo utilizou uma metáfora da vela acesa: ao vermos a chama acesa de uma vela, temos a impressão de que é sempre a mesma, no entanto, estamos vendo um processo de transformação que ocorre naquele mesmo instante, em que a cera da vela é transformada em fogo, o fogo em fumaça e a fumaça em ar.

Heráclito também foi conhecido como Skoteinós (“O Obscuro”) pelo fato de os seus pensamentos parecerem, muitas vezes, contraditórios e sem sentido.

O filósofo também aborda a divisão do universo entre dois pólos, “seres” e “não-seres” e enxerga uma unidade entre eles. No entanto, existe uma diferença com o pensamento de Parmênides: enquanto a unidade de Parmênides é idêntica e imutável, a de Heráclito está entre dois polos, isto é, mesmo que o Ser e o Não-Ser sejam parte e coabitem o mesmo, não podem ser descartados como simples ilusões.

Qual a relação de Platão Heráclito e Parmênides?

Parmênides teria propugnado um imobilismo radical. Esta oposição aparece claramente no diálogo platônico Sofista, no qual o filósofo ateniense mostra a impossibilidade de reduzir o ser ao movimento (como queriam, segundo Platão, os discípulos de Heráclito) ou ao repouso (como queriam os eleatas).

Qual a semelhança entre a filosofia de Heráclito e a de Parmênides?

Esses dois pensadores operam no plano da inteligibilidade do princípio enquanto tal, para além da compreensão imediata do homem comum. Ainda que variem as perspectivas desde as quais cada um nomeia a dimensão que permanece invisível ao homem que não filosofa, ambos afirmam a unidade e 'mesmidade' no e do princípio.

Como Platão incorpora as doutrinas de Heráclito e Parmênides na teoria dos dois mundos?

Para Platão, no mundo das ideias não existe mudança, pois tudo é eterno, assim como para Parmênides. E, no mundo dos sentidos de Platão tudo está mudando e sujeito ao erro, assim como para o pensamento de Heráclito.

Como Platão resolveu o problema de Heráclito e Parmênides?

RESPOSTA: Diante do grande paradoxo ontológico promovido por esses dois pensadores – em que Parmênides insistia que o ser era único, imóvel e imutável, não aceitando a ideia de movimento, variações e mudanças, ao passo que para Heráclito, tudo estava em constante mudança, sendo a realidade, portanto, uma multiplicidade ...