Quem foi condenado à morte pela inquisição acusado de bruxaria

Uma lista de pessoas executadas por bruxaria, disponível na Wikipedia, a enciclopédia livre da internet, traz o registro de dezenas de pessoas que morreram na fogueira nos séculos passados e até casos atuais de acusação de bruxaria. E o que chamou a atenção do BOL foi o fato de que três mulheres da lista dos séculos 17 e 18 são brasileiras, as quais teriam sido executadas em São Paulo.

Embora seja difícil comprovar historicamente os relatos, as histórias têm em comum o fim trágico para mulheres vítimas de boatos, situação que se repetiu com outra brasileira centenas de anos depois, em 2014, quando uma dona de casa foi linchada até a morte. Esse último caso, infelizmente, é comprovadamente real, ocorrido diante dos nossos olhos, e a vítima era inocente.

Conheça a seguir as histórias dessas quatro brasileiras que morreram acusadas de bruxaria.

  • Imagem: Reprodução/Pinterest

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    Mima Renard

    Bela e cobiçada, a franco-brasileira Mima Renard mudou-se da França para o Brasil com o marido, que foi morto por um pretendente da mulher. Mima passou a se prostituir para sobreviver, e as mulheres da vila começaram a acusá-la de atrair os homens com feitiços. Numa ocasião, dois de seus clientes brigaram e um deles foi assassinado. Mima foi denunciada ao padre local pelas esposas de seus clientes, sendo acusada de bruxaria. Foi julgada, condenada e executada em uma fogueira pública, em São Paulo, em 1692 (imagem ilustrativa).

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    Ursulina de Jesus

    Ursulina de Jesus foi acusada de bruxaria por seu marido, Sebastiano de Jesus, alegando que ela o havia deixado estéril pelo uso de magia. A amante de Sebastiano, Cesária, confirmou o testemunho no tribunal. Ursulina foi julgada e condenada por heresia e bruxaria e foi executada em uma fogueira pública, em São Paulo, em 1754 (imagem ilustrativa).

  • Imagem: Reprodução/Wikimedia

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    Maria da Conceição

    Maria da Conceição era uma mulher de notáveis conhecimentos sobre ervas medicinais, que eram usadas para preparar medicamentos para pessoas doentes. Um padre da região era contra as ações de Maria da Conceição e, num desentendimento, acusou-a de heresia e bruxaria. A mulher foi condenada à morte na fogueira, sendo executada em São Paulo, em 1798 (imagem ilustrativa).

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    Fabiana de Jesus

    Fabiana Maria de Jesus não foi acusada formalmente de bruxaria como as outras mulheres desta lista, mas foi "julgada e condenada" covardemente por populares por causa de um boato sobre magia. A história de uma mulher que sequestrava crianças para realizar rituais de magia negra circulou na internet como sendo verdadeira, com direito até a retrato falado da suspeita. Tudo não passava de um boato, mas Fabiana de Jesus, de 33 anos, foi vista dando frutas para um garoto em Guarujá (SP), e a mãe do menino a achou parecida com a imagem do retrato falado. Cerca de 100 pessoas que estavam nos arredores lincharam Fabiana, que morreu segurando uma Bíblia. Posteriormente foi provado que ela era inocente. O fato aconteceu em 3 de maio de 2014, e cinco dos acusados de linchamento foram presos. O líder da agressão foi condenado a 30 anos de prisão.

A influência dos tribunais da Inquisição e as crenças trazidas pelos europeus ajudaram a criar o imaginário da bruxaria em todo o Brasil, inclusive em Florianópolis. De acordo com o historiador e coordenador do Núcleo de Estudos Açorianos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e presidente da Comissão Catarinense de Folclore, Francisco do Vale Pereira, desde a Idade Média as pessoas que trabalhavam com ervas, orações, cantos, com atitudes diferentes dos costumes e modos de vida da sociedade da época, eram consideradas bruxas ou bruxos.

Esse imaginário não está ligado somente à construção do personagem da bruxa, mas também à mudança de cultura como um todo. Os açorianos trouxeram com eles os medos, receios e incertezas da mudança para uma terra desconhecida. Francisco explica que esses sentimentos se fortaleceram com tantas descobertas que tiveram que fazer: o conhecimento do tempo, das estações do ano, da capacidade do solo de produzir, da alimentação, etc. E ainda a falta de padres para atender às necessidades espirituais daquelas pessoas, que eram, e são, muito religiosas.

— No Arquipélago dos Açores, ainda hoje, há muitas manifestações de eventos sísmicos, vendavais, tempestades, agitações do oceano, e tudo isso faz com que as pessoas se apeguem aos astros, às crenças e às forças divinas e sobrenaturais para acalmar a alma e o espírito — diz Francisco.

Entretanto, bem antes disso, os hábitos indígenas de práticas de curas com ervas nativas, danças, cantos, preparos de poções à base de areias, barro e veneno de animais peçonhentos contribuíram para a construção desse universo mágico.

— O hábito bruxólico, o ser bruxa, está conosco desde sempre, uma vez com os indígenas, e depois incorporado dos hábitos trazidos pelos que vieram para o território. Temos que destacar que muitos costumes chamados “bruxólicos” vieram para cá com os africanos trazidos para essas terras. Portanto, desde a vinda de expedições com europeus houve a chegada e mistura de conhecimentos e práticas de cura, que para muitos são bruxaria — explica.

Os hábitos indígenas de práticas de curas contribuíram para a construção desse universo mágico.

Uma vertente de narrativa sobre bruxas sem influência católica cristã enraizada foi identificada pela pesquisadora Sônia Weidner Maluf, doutora em antropologia social e autora do livro “Encontros Noturnos - Bruxas e bruxarias na Lagoa da Conceição”. Segundo ela, uma das características da cristianização das crenças e cultos pagãos é a introdução da figura do diabo como protagonista dos rituais e de pactos bruxólicos:

— Nas narrativas de bruxas e embruxamentos que ouvi e recolhi nos anos 80 nas comunidades em torno da Lagoa da Conceição, percebi que não havia a figura do diabo. As bruxas agiam por conta própria, de certo modo. O que me fez pensar que seria uma vertente do imaginário pagão ainda não cristianizada.

Ela recolheu depoimentos de diversas pessoas na comunidade e conseguiu traçar uma narrativa comum nas histórias contadas pelos moradores da Lagoa. Embruxamento de crianças recém-nascidas e roubo de canoas de pescadores pelas bruxas são alguns dos temas mais recorrentes.

Os depoimentos foram colhidos nos anos 1980, mas muitas lendas sobrevivem ainda hoje.

Quem foi condenada à morte pela Inquisição?

"Para a Igreja, esse era um ato de blasfêmia do mais alto grau na escala de heresia. Esse foi o motivo pelo qual a Igreja Católica perseguiu e condenou Giordano Bruno à fogueira da Santa Inquisição."

Quem condenou As Bruxas de Salém?

Os grandes júris e julgamentos desse crime capital foram conduzidos por um Tribunal de Oyer e Terminer, em 1692, e por um Tribunal Superior de Justiça, em 1693, ambos realizados na cidade de Salém, onde também ocorreram os enforcamentos.

O que foi a inquisição das bruxas?

A Inquisição foi criada inicialmente para combater o sincretismo entre alguns grupos religiosos, que praticavam a adoração de plantas e animais. A Inquisição medieval, da qual derivam todas as demais, começou em 1184 no Languedoc (sul da França) para combater a heresia dos cátaros ou albigenses.

O que foi o julgamento de Salem?

Os julgamentos das Bruxas de Salem começaram durante a Primavera de 1692, depois de um grupo de raparigas na pequena cidade de Salem, Massachusetts, alegarem estar possuídas pelo diabo e acusarem várias mulheres locais de bruxaria.