Como diferenciar cobras peçonhentas e não peçonhentas

Graduação em Ciências Biológicas (Unicamp, 2012)
Mestrado Profissional em Conservação da Fauna Silvestre (UFSCar e Fundação Parque Zoológico de São Paulo, 2015).

Ouça este artigo:

As cobras, nome popular para as serpentes, são vertebrados carnívoros da classe Reptilia, dividida entre várias famílias. Possuem uma pele seca, com escamas, não possuem glândulas mucosas e são ectotérmicos, ou seja, ela fica próxima a do ambiente em que o animal se encontra. As cobras podem ser divididas em peçonhentas e não peçonhentas, que são aquelas que podem até produzir veneno, mas não possuem as peçonhas que o inoculam. Ainda assim, as não-peçonhentas podem morder e causar sintomas de febre, inchaço, ou mesmo contaminar com doenças como o tétano.

Reprodução

A maior parte das serpentes é ovípara, põe ovos em lugares que bate o sol e os abandonam, algumas são ovovivíparas, retendo os ovos até perto da eclosão. Nas regiões frias são mais comuns as vivíparas, que têm o desenvolvimento completo de filhotes dentro delas. Uma justificativa é porque assim conseguem controlar a temperatura para a eficácia do desenvolvimento.

Alimentação

São carnívoras, podendo se alimentar de ovos, pequenos invertebrados a vertebrados, como peixes, anfíbios, outras cobras, aves e mamíferos, principalmente os roedores. A principal forma de matar a presa nas não-peçonhentas é por constrição, apertando a presa até sua asfixia, como fazem a jiboia e a sucuri. As presas são engolidas inteiras, sem mastigação. Para digerir procuram locais mais quentes, para melhor funcionamento das enzimas digestivas e se perturbadas durante o processo podem vomitar a presa. Por isso, é comum o encontro com cobras tomando sol na lateral de trilhas.

No Brasil, há quase 400 espécies de serpentes descritas e apenas 70 delas são peçonhentas. As serpentes não têm orelha externa, detectam vibrações e a maioria delas capta odor pela língua (que é bifurcada), que está associada ao órgão de Jacobson.

Algumas espécies comuns não peçonhentas

Caninana (Spilotes pullatus): Dentição áglifa, sendo uma das maiores serpentes da Mata Atlântica (chega a 3 metros de comprimento). São ovíparas, diurnas, terrestres e arborícolas. Predam ninhos de aves, roedores, lagartos, morcegos, outras cobras. Ocorrem na Mata Atlântica e Cerrado.

Cobra cipó (Chironius sp.): Diurna, arborícola e terrestre, podem atingir 1,8 metros de comprimento. Comem anfíbios, lagartos, aves, entre outros animais. É ovípara e as encontramos em matas e capoeiras.

Falsa coral (Oxyrhopus sp.): É uma serpente que mimetiza a coloração da coral-verdadeira. Vivem em regiões abertas como os campos e cerrados. Podem atingir até 1 metro de comprimento e é ovípara.

Jiboia (Boa constrictor): Mede de 2 a 4 metros, sendo a segunda maior espécie de serpentes do Brasil. Pode ser encontrada na Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Caatinga. Aqui, existem duas subespécies. A gestação é vivípara para alguns biólogos e ovovivípara para outros. Alimentam-se de aves, lagartos e roedores, têm hábitos mais noturnos. É bastante perseguida por caçadores e para criação ilegal em cativeiro.

Como diferenciar cobras peçonhentas e não peçonhentas

Jiboia (Boa constrictor). Foto: Anton_Ivanov / Shutterstock.com

Sucuri (Eunectes murinus): Tem hábitos semiaquáticos. É comum o encontro em rios e lagos. Medem de 6 a 10 metros, sendo a maior cobra brasileira. Predam aves, mamíferos e até jacarés e são mais ativas durante o dia. São vivíparas. Há casos de ataque a humanos, segundo registros fotográficos, mas é bem incomum.

Como diferenciar cobras peçonhentas e não peçonhentas

Sucuri (Eunectes murinus). Foto: Patrick K. Campbell / Shutterstock.com

Píton reticulada (Phyton reticulatus): Maior serpente do mundo, podendo ultrapassar os 9 metros de comprimento. Não ocorre no Brasil, sendo que seu habitat natural é nas florestas tropicais e podem nadar em rios. Comumente encontrada na Ásia. Não é comum ataques a humanos, mas existem relatos.

Como diferenciar cobras peçonhentas e não peçonhentas

Píton reticulada (Phyton reticulatus). Foto: Ti_ser / Shutterstock.com

Referências bibliográficas:

http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/biodiversidade/fauna-brasileira/livro-vermelho/volumeII/Repteis.pdf

http://www.toxnet.com.br/download/serpentes.pdf

http://www.ra-bugio.org.br/repteis_cobras.php

http://www.vitalbrazil.rj.gov.br/cobras_nao_venenosas.html

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/repteis/cobras-nao-peconhentas/

Como saber se uma cobra é peçonhenta ou não?

A serpente peçonhenta é definida por três características fundamentais: presença de fosseta loreal; pre- sença de guizo ou chocalho no final da cauda; presença de anéis coloridos (vermelho, preto, branco ou amarelo).

Como diferenciar cobras venenosas e não venenosas?

O método mais seguro é observar a presença de um pequeno orifício entre os olhos e as narinas: a chamada fosseta loreal. “Todas as serpentes venenosas, com exceção da cobra coral, são dotadas desse orifício, que não aparece nas não-venenosas”, afirma o biólogo Otávio Marques, do Instituto Butantan, em São Paulo.

Qual serpente não é peçonhenta?

São exemplos de serpentes não peçonhentas a jibóia, a sucuri, a dormideira, a caninana, a cobra-cipó, a boipeva entre outras.

Quais as principais diferenças entre cobras peçonhentas e não peçonhentas de a função da fosseta loreal nestes animais?

A- Serpente peçonhenta: cabeça recoberta por escamas ásperas como as do resto do corpo; ausência de placas grandes na cabeça; pupila em fenda vertical; presença de fosseta loreal. B – Serpente não peçonhenta: presença de grandes placas na cabeça; pupila arredondada; ausência de fosseta loreal.