O que é tecnologia segundo autores

Tecnologias na Educação

Autora: Lucia Helena Pazzini de Souza

RESUMO

Este artigo tem a finalidade de analisar alguns aspectos relacionados à evolução da tecnologia e de como a instituição escolar vem tratando esse assunto. Tentou-se verificar, por exemplo, o uso das tecnologias como uma “ferramenta” importante no processo de aprendizagem, não deixando também de avaliar alguns prejuízos decorrentes da utilização da mesma, na ausência de uma orientação adequada.

1. INTRODUÇÃO

O que é tecnologia? Em 1995, Reis (apud Almeida e Moran, 2005, p. 40), assim definiu tecnologia: “A tecnologia possui múltiplos significados que variam conforme o contexto, podendo ser vista como: artefato, cultura, atividade com determinado objetivo, processo de criação, conhecimento sobre uma técnica e seus respectivos processos, etc”.

O homem sempre fez uso da tecnologia, a qual, possibilitou a sua sobrevivência, principalmente nas eras mais remotas, nas quais os recursos existentes eram precários. No entanto, homem e “técnicas”, pareciam evoluir de uma forma lenta e, conjuntamente (a tecnologia, portanto, faz parte de sua vida). Naqueles tempos, o homem, buscava satisfazer suas necessidades no instante em que as dificuldades apareciam, sem grandes preocupações com o futuro. Com o crescimento das cidades (o progresso, a globalização), para viver nesse novo ambiente, ele, cada vez mais foi se aprimorando em seus conhecimentos e com o tempo passou a também “criar necessidades”. Houve assim uma inversão: num primeiro momento, o homem não precisava de uma sofisticação tecnológica, pois não tinha preocupação com o futuro, não tinha necessidade, o que possuía para sua sobrevivência, lhe bastava; num dado momento, através das inovações que foram construídas por ele, passou a preocupar-se com o futuro, criando necessidades e o que possui, já não lhe basta, sempre precisa de mais e “nunca tem tempo” para usufruir de suas conquistas. De forma muito intensa presencia-se atualmente, uma tecnologia diferente de outrora, tornando os produtos descartáveis e/ou obsoletos, em curto espaço de tempo, saturando o meio ambiente com materiais, muitos deles, tóxicos, de difícil destruição e/ou reciclagem. De maneira rápida e desenfreada, ocasionado também, pela expansão das multinacionais (globalizaçaõ), novos produtos vão surgindo no mercado, com fortes atrativos, na tentativa de substituir outros, através de uma livre concorrência de mercado: o lápis pela lapiseira, o caderno pelo fichário, a lapiseira e o fichário pelo computador, o computador pelo notebook e quem sabe, o professor por alguma tecnologia... Segundo Oliveira (2001) “há algumas décadas, acreditava-se que o avanço da tecnologia faria as pessoas trabalharem menos, pois a maior parte do trabalho seria realizado por máquinas e computadores”, nesse contexto, surgiram o forno microondas, a máquina de lavar, a geladeira fost free, o controle remoto, o telefone sem fio, o computador; também a catraca eletrônica (em shoppings centers e transporte rodoviário) e outros. Mas todos esses utensílios não contribuem para manter as pessoas um pouco mais no convívio familiar e lazer, pelo contrário, cria um isolamento, e o tempo que têm é utilizado para realizarem outras tarefas, assim, a cada dia tem se trabalhado mais. Esta autora também diz que “as pessoas mais qualificadas utilizam a tecnologia para produzirem mais e as menos qualificadas continuam realizando trabalhos braçais pesados”. No entanto, de acordo com Almeida e Moran (2005, p. 40 e 41),

As tecnologias e seus produtos não são bons nem maus em si mesmos, os problemas não estão na televisão, no computador, na internet, ou em qualquer outras mídias, e sim nos processos humanos, que podem empregá-los para a emancipação humana ou para a dominação.

Acrescentando que “o advento das tecnologias de informação e comunicação (TIC) resultante da junção entre informática e telecomunicações, gerou novos desafios e oportunidades para a incorporação de tecnologias na escola em relação a diferentes formas de representação e comunicação de idéias”.Estaria o homem perdendo a razão? Usando a tecnologia ele construiu a bomba atômica...

2. TECNOLOGIA: DA MÍDIA CLÁSSICA À MÍDIA ON LINE

Almeida e Moran (2005, p.63) dizem que: A mídia clássica é inaugurada com a imprensa de Gutemberg e teve seu apogeu entre a segunda metade do século XIX e a primeira do século XX, com o jornal, a fotografia, o cinema, o rádio e a televisão. Ela se contenta com fixar, reproduzir e transmitir a mensagem buscando o maior alcance e melhor difusão... estando à mensagem fechada em sua estabilidade material. Já a mídia on-line, segundo estes autores, faz melhor a difusão da mensagem, podendo esta ser manipulada e modificada a gosto do usuário, pois “imagem, som e texto não têm materialidade fixa”. Percebe-se a “evolução” de uma mídia que não podia ser manipulada e modificada para outra, com mais recursos, mas, no entanto, por não possuir materialidade fixa, é passível de clonagens.

3. A EDUCAÇÃO MEDIADA PELA TECNOLOGIA

Como conviver sem o uso da tecnologia, estando ela em todos os lugares? A tecnologia é parceira do ser humano. Na escola, essa convivência torna-se problemática, pois quando docente e discente encontram-se em “níveis tecnológicos”, muito diferenciados, distanciam-se dos momentos de troca (a interação fica comprometida), tão importantes, no processo de ensino-aprendizagem, prejudicando a aquisição do conhecimento. A tecnologia é mal utilizada por alguns alunos, como também não utilizada por alguns professores, ficando estes, “parados no tempo”, no seu tradicionalismo. A tecnologia não substitui o professor, que é quem tem na escola, a principal responsabilidade de formar cidadãos conscientes, Boff (2004, p. 99), diz que “um computador e um robô não têm condições de cuidar do meio ambiente...”, é do ser humano essa função, também a de educar, pensamos. Professores e alunos aprendem juntos e se complementam, pois segundo Brandão (1988 p. 22) “de um lado e do outro do trabalho em que se ensina-e-aprende, há sempre educadores-educandos e educandos-educadores. De lado a lado se ensina. De lado a lado se aprende”. A idéia de ensinar parece estar perdendo-se no tempo, penso, que aprende-se muito mais do que se ensina. Atualmente, o papel do professor parece ser muito mais de acompanhar, direcionar, complementar, esclarecer e, também de aprender com o aluno, utilizando o ambiente escolar como laboratório de aprendizagem, onde aluno/professor são parceiros nesse processo. Cabe então ao educador auxiliar o aluno na compreensão do verdadeiro sentido que devemos atribuir à tecnologia e assim, fazer um bom uso dela, pois Oliveira (1999) diz que “a tecnologia pode ajudar a escola a levar os seus alunos a um novo nível de atuação, de concentração no exercício do intelecto, desde que sirva a metas educacionais, sem dirigi-las; a tecnologia se destina a servir, não a ditar as nossas necessidades”.

4. O ALUNO UTILIZANDO TECNOLOGIA

O aluno não é mais aquele ser passivo, que somente recebe informações; ele participa ativamente do processo de aprendizagem, contribuindo com a apreensão do conhecimento, ele também se educa. Cabe ao professor a tarefa de “provocá-lo” e acompanhá-lo neste caminho, não permitindo, indiscriminadamente, alguns procedimentos modernos como o uso constante, do Ctrl+C e Ctrl+V, não fazendo referência às fontes (plagiando obras). Cabe ao professor educar o aluno neste aspecto, orientando-o na elaboração de trabalhos escolares, proveniente de textos da internet. Para Freire (apud Almeida, 2000, p. 53), fazendo menção à “educação bancária”.

A pedagogia deve deixar espaço para o aluno construir seu próprio conhecimento, sem se preocupar em repassar conceitos prontos, o que freqüentemente ocorre na prática tradicional, que faz do aluno um ser passivo, em que se “depositam” os conhecimentos para criar um banco de respostas em sua mente. Freire (2003, p. 58). A tecnologia auxilia o aluno a construir seu próprio conhecimento. Pensa-se que na atualidade, “o professor” não está conseguindo executar esses depósitos como outrora, o que é bom por um lado, mas, em contrapartida, não faz depósito “nenhum” e o aluno no curso de sua aprendizagem, se não tiver uma orientação nem dos pais nem dos professores, não adquire o conhecimento necessário para se viver em sociedade, fazendo sozinho novos tipos de “depósitos” utilizando de uma forma errônea, os meios tecnológicos.

5. O PROFESSOR UTILIZANDO TECNOLOGIA

Novas formas de ensinar e aprender incorporando novas mídias, fazem parte do cotidiano do aluno, auxiliando-o no caminho do conhecimento. A tradicional forma de ministrar aulas expositivas não mais “encanta” a maior parte dos alunos que em todo lugar tem outra forma de adquirir informações, que se transformarão em um conhecimento salutar ou não, de acordo com as escolhas que esse aluno fizer. Quadro, giz, livros, professor, até quando? Até o velho “pai dos burros”, o dicionário, se modernizou, está na internet... Mais do que nunca a função do professor é de mediar o conhecimento. Uma mediação diferente “expondo” mais o aluno, pois ele pode ser detentor de conhecimentos alheios ao do professor, que enriquecerão à aula. Sendo assim, deve propor constantes participações do aluno em trabalhos apresentados e/ou escritos, fazer uma inversão, ser colocar no lugar do aluno, mas sem perder o senso de educador, fazendo inferências e interferências, quando necessário. Aproveitar os conteúdos que o aluno traz para a escola que auxilie na aprendizagem de todos. O docente tem que está atualizado, acompanhando as transformações advindas do aceleramento tecnológico e procurar se adequar a eles, “pois ele também é um aprendiz”. Propor desafios. Construir sua aula com a participação do aluno. Promover debates, com o fim de que ocorram interações entre discentes/educador, fazendo uso das tecnologias que os alunos mais apreciam e que ele educador pode aprender a apreciá-las também. Lembrando que inovar faz parte do amplo conceito de tecnologia, que deve estar a serviço do homem e não ao contrário. Não se permitir, portanto, ser conduzido por ela, mas explorá-la, como “ferramenta” útil na construção do conhecimento, através de um processamento eficiente e marcante no intelecto. Cabe ao professor transformar a tecnologia em “cúmplice” no processo de aprender a ensinar e o aluno co-participante. O docente tem agora “novos aliados” que não só: o livro didático, quadro e giz, matérias-primas que davam suporte para produção de uma aula; apetrechos, atualmente em desuso, por alguns professores. Para exercer a função de educador de uma forma mais “natural”, Almeida e Moran (2005, p. 41) acham que é importante que ele esteja engajado em programas de formação continuada...”. Pois se não se reciclar vai ter muitas dificuldade em lecionar, pois, os alunos de hoje estão muito mais exigentes e as frases de ordem são: “o docente tem que se estar atualizado”, “tem que ser fazer reciclagem”, se não, fica “parado no tempo”, assim como alguns materiais, obsoletos, em desuso...

6. PRÓS E CONTRAS DA TECNOLOGIA

A tecnologia que auxilia e facilita a vida é a mesma que estimula a preguiça e atrai os olhares para fora do foco principal na escola, que é a aquisição do saber. No cotidiano aliena, isolando e desmotivando as pessoas à convivência social: os fones de ouvido, os laptops, o controle remoto, o computador, MP3, MP4 e outros. Cabe ao educador, além de ministrar os conteúdos, alertar os alunos da necessidade de manterem o diálogo e a amizade entre os colegas e a família, não entregando-se totalmente ao mundo virtual. É necessário e urgente um maior empenho por parte das autoridades em se fazer investimentos de modo a facilitar que a tecnologia dê uma resposta mais rápida e eficaz na cura de doenças, como o câncer e AIDS, na cura do planeta (poluição, efeito estufa, camada de ozônio, extinção de espécies, preservação dos ecossistemas), reforma agrária, crise do abastecimento de água; tema estes, com excelentes conteúdos para pesquisa em salas de aula. Como escrito na bíblia “o joio está sempre junto com o trigo” não dá para arrancar um sem prejudicar também o outro (Evangelho de Mateus, 13:24-29). Assim, junto com reciclagem, procedimentos bancários eficientes, inovação nos medicamentos, celulares, e outros, surgem também alimentos transgênicos, pedofília, clonagem e todo tipo de pirataria. Em 1995, Freire (apud Almeida, 2000 p. 54) justificou que não se faz educação sem técnica, o que Almeida (2000, p. 54) complementa dizendo que a educação não se deve reduzir à técnica. Segundo Boff (2004, p. 99), “há algo nos seres humanos que não se encontra nas máquinas... “o sentimento, a capacidade de emocionar-se, de envolver-se, de afetar e se sentir afetado, de ensinar e aprender”. Surge então um questionamento: Estaria o homem perdendo o sentimento, tornando-se mecânico, face ao isolamento e frieza que percebe-se atualmente nas pessoas? Segundo este mesmo autor, “a máquina pode seduzir, alienar, mas não substitui o olhar, o toque, o cheiro, o carinho, a atenção”. A esperança é que as pessoas continuem agindo como pessoas e não se deixem conduzir pela técnica .

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo não teve intenção de utilizar um posicionamento fechado em relação ao uso de tecnologias na educação, mas sim de analisar como isso tem sido realizado no âmbito escolar, através de posições de alguns autores em relação a este universo. Em plena era tecnológica, onde as pessoas convivem diretamente e o tempo todo com a tecnologia, vislumbra-se que tenhamos um futuro melhor. O presente está um tanto obscuro, onde as máquinas estão substituindo o homem. Qual será o futuro da escola, do professor, do aluno? Espera-se que professores e alunos não se “transformem em máquinas”, mas que façam, já, um caminho reverso, resgatando o que já foi perdido e reforçando o que ainda prevalece de bom, na escola, na famíla, na vida...

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini; MORAN, José Manuel (Org.). Integração das Tecnologias na Educação. In Salto para o Futuro. Brasília: Posigraf, 2005.
ALMEIDA, Maria Elizabeth de, ProInfo: Informática e Formação de Professores. In Série de estudos. Secretaria de educação a Distância. Brasília: Estação da Mídias, 2000, 192 p.
BÍBLIA. N.T. Mateus. Português. Bíblia sagrada. 46. ed. São Paulo: Imprimatur, 1971. 1632 p.
BOFF, Leonardo. Saber Cuidar. 11. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2004. 200 p.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Método Paulo Freire. 14. ed. São Paulo: Brasiliense, 1988. 113 p.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 35. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003. 184 p.
OLIVEIRA, Elvira de (Coord.). Atualidades. In Fique por Dentro. São Paulo: Klick, 2001. 48 p.
OLIVEIRA, Vera Barros de (Org.) Informática em Psicopedagogia. São Paulo: Senac, 1999.

Lucia Helena Pazzini de Souza - Especialista em Psicopedagogia; Licenciada e Bacharel em Geografia pela Universidade Federal do Espírito Santo e Pós-Graduada em Psicopedagogia pelo Instituto Saberes/Faculdade Facha.
Aluna do curso de Pós-Graduação em Educação de Jovens e Adultos e servidora do Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo, instituição que promove à Especialização em Educação de Jovens e Adultos.

O que é a tecnologia Segundo autores?

Segundo Longo (1984), "tecnologia é o conjunto de conhecimentos científicos ou empíricos empregados na produção e comercialização de bens e serviços".

Qual é o conceito da tecnologia?

Tecnologia é um produto da ciência e da engenharia que envolve um conjunto de instrumentos, métodos e técnicas que visam a resolução de problemas. É uma aplicação prática do conhecimento científico em diversas áreas de pesquisa.

O que é a tecnologia e como surgiu?

Tecnologia (do grego τέχνη — "técnica, arte, ofício" e -λογία — "estudo") é o conjunto de técnicas, habilidades, métodos e processos usados na produção de bens ou serviços, ou na realização de objetivos, como em investigações científicas. Tecnologia pode ser o conhecimento de técnicas, processos e similares.

O que é tecnologia artigo científico?

Em uma perspectiva técnico-científica, tecnologia refere-se à forma específica da relação entre o ser humano e a matéria, no processo de trabalho, que envolve o uso de meios de produção para agir sobre a matéria, com base em energia, conhecimento e informação.