O que foi o Destino Manifesto e quais as consequências para as populações nativas nos EUA Estados Unidos da América?

A descrição do puritano Abraham Lincoln de seu país como “a última e melhor esperança sobre a face da Terra” é uma célebre expressão dessa doutrina.

Com base nele, os Estados Unidos anexam o território do Texas (1845), Califórnia (1848) e invadem o México (1845). Como consequência, se apropriam do Colorado, Arizona, Novo México, Nevada, Utah e partes do Wyoming, Kansas e Oklahoma, num total de 2,1 milhões de quilômetros quadrados, ou 55% do território mexicano de então.

O Destino Manifesto se reavivou nos anos 1890, usada pelos republicanos como justificativa teórica para a expansão estadunidense fora da América do Norte. Foi também utilizado por Washington, no começo do século XX, pois grande parte de seus dirigentes crê na “missão” dos Estados Unidos de promover e defender a democracia em todo o planeta e que esse destino continua tendo forte influência em sua ideologia política.

Um dos exemplos mais claros da influência do Destino Manifesto foi dada pelo presidente Theodore Roosevelt em sua “Mensagem à Nação” de 1904: “Se uma nação demonstra que sabe agir com eficácia razoável e sentido das conveniências em matéria social e política, se mantém a ordem e respeita suas obrigações, não tem por quê temer uma intervenção dos Estados Unidos. (…) O relaxamento geral das regras de uma sociedade civilizada pode obrigar os Estados Unidos, ainda que contra sua vontade, em casos flagrantes de injustiça ou de impotência, a exercer um poder de polícia internacional”.

O presidente Woodrow Wilson deu prosseguimento à política intervencionista no hemisfério americano e redefiniu o Destino Manifesto numa perspectiva mundial. Em 1920, em mensagem ao Congresso, depois da I Guerra Mundial, declarou: “Penso que nós todos compreendemos que chegou o dia em que a Democracia está sofrendo sua última prova. O Velho Mundo está sofrendo agora de um repúdio obsceno do principio da democracia. (...) E é um tempo em que a democracia deve demonstrar sua pureza e seu poder espiritual para prevalecer. É certamente o Destino Manifesto dos Estados Unidos realizar o esforço para que esse espírito prevaleça”.

No entanto, na Guerra do Vietnã, a ideia de serem os norte-americanos um povo especial a perseguir ideais mais elevados do que a simples cobiça ou expansão territorial se viu seriamente danificada pelo fato de apoiar governos ditatoriais e sanguinários e de eles mesmos lançarem diretamente bombardeios maciços contra a população civil indefesa. O mesmo ocorreu na América Latina, ao longo de décadas, com apoio às ditaduras que mataram, torturaram e desapareceram com seus opositores.


(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.  

Também nesta data:

1886 - Teatro Folies Bergère estreia espetáculo de revista na noite parisiense
1903 -  Com auxílio dos EUA, Panamá proclama independência da Colômbia
1941 - É dada a ordem para bombardeio a Pearl Harbor
1948 - Chicago Tribune erra resultado das eleições nos EUA

Ouça este artigo:

A doutrina do "Destino Manifesto" é uma filosofia que expressa a crença de que o povo dos Estados Unidos foi eleito por Deus para comandar o mundo, sendo o expansionismo geopolítico norte-americano apenas uma expressão desta vontade divina.

Em meio a esta ideia de predomínio mundial norte-americano estava também a ideia do destino norte-americano de predominar sobre os povos da América Latina, pois estes estão localizados no mesmo continente e não terem desenvolvido a capacidade de exercer domínio sobre outros povos, o que era sintetizado em "Be strong while having slaves", frase de propaganda política do século XIX que tinha como principal objetivo demonstrar o quanto a cultura dos EUA era atraente e digna de apreço, fazendo uma imagem de que o país seria o melhor do mundo, com os melhores e mais preparados indivíduos, e, em última instância, fazer com que os cidadãos de outros países passassem a desprezar suas próprias pátrias, adorando o ideal americano de progresso e superioridade.

A frase é creditada ao jornalista nova iorquino John L. O'Sullivan na sua publicação de julho/agosto de 1845, United States Magazine and Democratic Review, em um ensaio entitulado "Annexation", tratando da questão do Texas, e sua iminente adesão à União.

O termo seria perpetuado através do tempo, justamente pelas ações político-militares norte-americanas, que pareciam seguir à risca tal orientação, tornando-se bastante apropriado para descrever a expansão territorial deste país, que se deu, primeiramente, na segunda metade do século XIX, em meio à anexação do norte do México aos EUA, e depois, no fim do mesmo século com a guerra contra a Espanha. A própria imprensa do país iria se utilizar fartamente deste conceito, utilizando-o para defender as atitudes muitas vezes arbitrárias de seu governo.

O uso desta doutrina seria oficialmente abandonado em 1850, apenas para ser revivida em 1880, passando então a ser amplamente utilizada pelos políticos da época, em meio à corrida colonial promovida pelas potências europeias. Após a realização de suas ambições, tanto o meio político como a mídia norte-americana em geral irá mais uma vez "enterrar" a doutrina, embora muitos especialistas acreditam que certas ideias do Destino Manifesto façam parte do ideário político-militar estadunidense até hoje, estando presente em muitas das ações unilaterais controversas realizadas pelo seu governo através das décadas. Como prova de tal persistência dos ideais do Destino Manifesto dentro da esfera de poder máxima do país, é flagrante observar os conceitos postos em discursos de líderes norte-americanos através do tempo, com destaque para as palavras de James Buchanan, em seu discurso de posse como presidente norte-americano, em 1857, e as de Colin Powell, secretário de estado do governo George W. Bush, em 2004:

"A expansão dos Estados Unidos sobre o continente americano, desde o Ártico até a América do Sul, é o destino de nossa raça (...) e nada pode detê-la". - Buchanan.

"O nosso objetivo com a Alca é garantir para as empresas norte-americanas o controle de um território que vai do Pólo Ártico até a Antártida".  - Powell.

Bibliografia:
A doutrina do Destino Manifesto. Disponível em: http://www.jornalorebate.com.br/site/internacional/6827-a-doutrina-do-destino-manifesto . Acesso em: 16 ago. 2011.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/filosofia/destino-manifesto/

Quais foram as consequências do Destino Manifesto para os povos indígenas nos Estados Unidos?

O destino manifesto teve sérias conseqüências para os nativos americanos, uma vez que a expansão continental implicitamente significava a ocupação e anexação de terras indígenas americanas, às vezes para expandir a escravidão.

O que é o chamado Destino Manifesto explique suas origens e suas consequências?

O destino manifesto foi a crença de que os americanos deveriam expandir o território das Treze Colônias em direção ao oeste, rumo ao Pacífico. O termo foi criado pelo jornalista John Louis O'Sullivan, em 1845, para incentivar a ocupação das terras a oeste, expandindo o domínio americano para a costa do Pacífico.

O que foi o Destino Manifesto dos Estados Unidos da América?

O Destino Manifesto foi uma doutrina baseada na crença de que o povo norte-americano tinha uma vocação para expandir seu domínio pelo mundo baseada na vontade divina. O Destino Manifesto motivou os norte-americanos a expandirem seus domínios a oeste das Treze Colônias.

Qual o impacto da expansão territorial dos Estados Unidos para as populações nativas?

A expansão e a ocupação dos territórios a oeste trouxeram o fortalecimento da economia norte-americana, porém, em troca da expansão industrial e capitalista, milhões de índios perderam suas vidas e foram extintos.