Por quê ex maridos passam a odiar tanto

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Por quê ex maridos passam a odiar tanto

(Foto: Getty Images)

Como não odiar o seu marido depois de ter filhos? É o que pergunta a jornalista americana Jancee Dunn, no título de seu livro publicado nos Estados Unidos este ano (ainda sem previsão de lançamento por aqui). A ideia surgiu pouco tempo depois de sua filha nascer, quando a autora se viu assustada com o tamanho da raiva que sentia do pai da filha, que simplesmente não enxergava que aquela mesma casa agora tinha uma nova rotina, com afazeres básicos adicionados. Quem nunca? Enquanto ela dava conta de tudo, das fraldas sujas ao jantar que não poderia ser resolvido com um delivery, ele “ajudava” aqui e ali – mas sempre dava um jeito de sair de bicicleta para longas voltas porque tinha a necessidade de ficar um tempo sozinho...

Gritos, ofensas e muita briga depois, ela teve um clique: pesquisar sobre o casamento, a maternidade e a paternidade – e por que aquele cara fingia que não ouvia o bebê chorando no meio da noite. Além de entender melhor o que estava acontecendo, ela queria saber se seria possível restaurar a paz dos tempos de casal sem filhos. Suas descobertas são interessantes, assim como acompanhar o processo de “cura” do casal. Mas, para chegar ao final feliz, Jancee deixa claro que não houve mágica, e sim terapia e boa vontade das duas partes.

Além de se aconselharem com psicólogos, eles voltaram a valorizar a participação de cada parte envolvida nesse “projeto” que é criar filhos – aqui se inclui ignorar a roupa “nada a ver” escolhida pelo pai para vestir a criança, entre outros detalhes. Os dois também aprenderam a discutir sem envolver a filha pequena na briga, com o cuidado de evitar palavras que poderiam ser um gatilho para mais uma saraivada de xingamentos. Uma das dicas reveladas no livro, aliás, são técnicas de negociação com o inimigo adotadas pela agência de inteligência estadunidense Federal Bureau of Investigation (o mundialmente famoso FBI) aprendidas com um amigo ex-funcionário da instituição – o que por si só já garante boas risadas, além de alertar sobre como brigas corriqueiras podem arruinar a relação a longo prazo.

Tamanho esforço é justificado com inúmeros estudos ao longo do livro. Segundo pesquisadores da Universidade de Oregon, por exemplo, bebês criados por casais infelizes podem apresentar uma série de problemas de desenvolvimento, como atraso de fala e de desfralde, até uma reduzida capacidade de se autoacalmar. Jancee provê a leitora, ainda, com uma boa porção de ferramentas para colocar em prática regras, limites e combinados que vão além da divisão de tarefas domésticas. Incluem conquistar um tempo para si, garantir um momento do casal, ensinar a criança a participar das tarefas da casa e, acima de tudo, respeitar um ao outro. Confira, a seguir, a entrevista exclusiva que Jancee concedeu à CRESCER. Se você se identifica com essa história, vai gostar de saber que: sim, há esperança.

Por que você se preocupou tanto em apresentar provas científicas no livro?

Quando meu marido roncava durante a noite enquanto nosso bebê chorava, achava que ele estava fingindo, só esperando que eu me levantasse. Encontrei uma pesquisa que mostra como os homens realmente não ouvem o som de um bebê chorando quando estão dormindo – na verdade, o choro não entra nem na lista das dez coisas que mais despertam um homem. Se eu soubesse disso, talvez não tivesse ficado tão irritada na época. Então, eu tinha essa preocupação em entender se havia base científica para algumas das crenças comuns sobre pais, e também sobre o quanto homens e mulheres são iguais, e o quanto eles diferem. Em outro estudo, o resultado foi contrário. Ouvia há anos essa ideia de que os homens, mais do que as mulheres, precisam de um “tempo sozinho”. Acontece que [segundo a ciência] todos os humanos necessitam desse intervalo, e não apenas os homens em particular.

Que tipo de acordo você e seu marido aplicam no dia a dia, que gostaria de destacar a outros casais?

Dizemos “obrigado” com frequência. Tentamos agradecer um ao outro por pequenas coisas diariamente. Um conselheiro nos disse que as nossas interações deveriam ir além do simples respeito. Tratar uns aos outros com respeito no dia a dia não é fácil ou alcançável em alguns dias, vamos falar a verdade, mas é um ótimo objetivo. A minha dica é: procure o que há de bom em seu parceiro, em vez de se concentrar apenas no que é ruim, para não ter uma visão míope em relação às questões positivas.

Por quê ex maridos passam a odiar tanto

(Foto: Thinkstock)

Suas amigas também reclamavam dos maridos, como você contou no livro. Essa troca de experiências foi importante para você?

Minhas amigas foram minhas melhores pesquisadoras, até por terem problemas semelhantes. Elas faziam vários testes [para atender a meus pedidos] e apresentavam os resultados em detalhes minuciosos, em alguns casos, desconfortáveis para mim, ao final. Pensei que as conhecia intimamente antes de escrever o livro, mas as coisas que sei agora estão em um outro nível. Às vezes, mal posso cruzar os olhos com seus maridos quando os encontro na escola. E como também são extremamente sinceras, abriam o jogo quando não concordavam com alguma de minhas ideias. E sou grata por isso.

Como as técnicas de “negociar com inimigos” podem ser aplicadas no casamento?

O FBI possui um conjunto de métodos de negociação para acalmar as pessoas em assaltos a bancos ou motins na prisão quando, por exemplo, elas fazem um refém. Foi o que meu marido aprendeu, e mais tarde eu também, com um amigo nosso que é ex-chefe da Unidade de Negociação de Crises da instituição. Se eu brigar com ele por ter esquecido alguma coisa, ele pode responder algo do tipo “Você acha que não pode contar comigo”. Isso se chama parafrasear, que nada mais é do que reformular a frase [em vez de apenas rebater] para mostrar que você ouviu e entendeu o que a pessoa disse e, assim, ‘desarmá-­la’ e deixá-la mais tranquila. Tudo isso me faz rir, porque meu marido não é muito sutil, o que também alivia a tensão.

Você aponta no livro que também foi responsável pelo desandar do casamento. Mas concorda que o machismo e a má divisão de tarefas estão por trás dos desentendimentos dos casais?

Sim. Esta é uma colocação muito boa. Também ouvi de muitas mães: ‘Só porque quero uma casa organizada não significa que eu seja perfeccionista. Tenho três filhos e preciso que o lar funcione’. E elas estão certas.

Quantas vezes ouviu que “o livro descreve perfeitamente o meu casamento”?

Provavelmente umas 30 mil pessoas me disseram isso! [risos]

Por quê ex maridos passam a odiar tanto

How not to hate your husband after kids (como não odiar seu marido depois dos filhos, em tradução livre). A partir de US$ 4, na amazon.com

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Porque meu Ex

Maus tratos. Se seu ex parceiro/a recebeu algum tipo de abuso, seja físico ou psicológico de sua parte e, sobretudo, se isso é muito recente, é totalmente normal que agora esteja abrigando esse tipo de sentimento por você, pois você o desvalorizou e, definitivamente, não o respeitou.

Porque meu ex me trata tão mal?

Talvez o seu ex o trate mal para preservar seu orgulho e sua autoestima… E isso não mostra o que ele realmente sente! Pode ser que além de o desprezar também jogue na sua cara que a relação não funcionou por sua culpa e não pela responsabilidade de ambos (porque um casal é um trabalho de duas pessoas).

Quanto tempo leva para o casal separado voltar?

No caso do divórcio judicial a média de prazo é de uma semana, do consensual a média é de seis meses, já o litigioso possui prazo médio de dois anos.

É normal sentir ódio do marido?

Rejeitar o marido é algo que pode ser considerado normal, já que é impossível que desejemos contato com ele todo o tempo. Todas as pessoas podem se encontrar estressadas, cansadas ou simplesmente sem vontade ter um encontro íntimo e/ou sexual em alguns momentos.