Por que os fungos não devem ser classificados como plantas explique estabelecendo uma comparação entre fungos e plantas?

O que é fixação biológica de nitrogênio (FBN)

É o processo por meio do qual o nitrogênio (N2) presente na atmosfera é convertido em formas que podem ser utilizadas pelas plantas. A reação é catalisada pela enzima nitrogenase, que é encontrada em todas as bactérias fixadoras. Em termos de agricultura, a simbiose entre as bactérias fixadoras de nitrogênio (denominadas rizóbios) e leguminosas (família de plantas à qual pertencem a soja, o feijão, a ervilha, entre outras) é a mais importante.  

Todas as plantas fixam nitrogênio biologicamente em simbiose com os rizóbios?

Infelizmente não. A simbiose é restrita às leguminosas e se caracteriza pela formação de estruturas especializadas nas raízes, chamadas nódulos, nos quais ocorre o processo de FBN. Após a formação de nódulos nas raízes, a bactéria passa a fixar o nitrogênio atmosférico em compostos orgânicos que são utilizados pelas plantas, eliminando ou diminuindo a necessidade de uso de adubos nitrogenados.

Isso quer dizer que apenas as leguminosas são beneficiadas pelo FBN?

Não. Outras espécies de bactérias capazes de fixar o N2 atmosférico já foram encontradas em associação com gramíneas como o milho, o trigo e a cana-de-açúcar. Nessas plantas, não ocorre formação de nódulos nas raízes e as quantidades de N fixada são muito baixas. Por essa razão, não é possível dispensar a utilização de adubos nitrogenados nessas lavouras. Microrganismos fixadores também já foram encontrados em plantas como o café, dendê, mandioca, mamão e banana e a sua contribuição para essas plantas tem sido objeto de vários trabalhos de pesquisa.

Em que consiste o processo de inoculação?

Inoculação é o processo por meio do qual bactérias fixadoras de nitrogênio, selecionadas pela pesquisa, são adicionadas às sementes das plantas antes da semeadura. A inoculação é feita com um produto chamado de inoculante ou biofertilizante.

Em quais culturas é comum o uso de inoculante?

O produto vendido em maior escala é para aplicação na soja onde são vendidas mais de 20 milhões de doses no país. Outras plantas também fazem uso desta tecnologia como o feijão comum, o feijão caupi, amendoim, adubos verdes diversos, leguminosas arbóreas utilizadas na recuperação de áreas degradadas, sendo todas pertencentes a plantas que formam nódulos. Este é um produto inovador, mas bastante utilizado em outros países como o México e na Argentina, por exemplo.

O tratamento das sementes com fungicidas deve ser antes ou depois da inoculação?

Antes. É muito importante que o produtor atente para o fato de que o inoculante não pode ser misturado com os fungicidas ou micronutrientes, pois os mesmos são, em maior ou menor grau, tóxicos paras as bactérias. De maneira geral, fungicidas à base de metais pesados, como o zinco e o cobre, e alguns inseticidas organofosforados prejudicam a nodulação de leguminosas. Os herbicidas e os defensivos contra nematoides são menos tóxicos. No caso de sementes tratadas com fungicidas e inoculadas, a semeadura deve ser efetuada em, no máximo, 12 horas. Caso isso não seja possível, as sementes devem ser inoculadas novamente.

Qual a importância e as principais vantagens do processo de inoculação para a lavoura de soja?

No Brasil, graças ao processo de FBN, a inoculação substitui totalmente a necessidade do uso de adubos nitrogenados nas lavouras de soja. O inoculante contém bactérias selecionadas do gênero Bradyhrizobium, que quando associada às raízes de soja, conseguem converter o N2 da atmosfera em compostos nitrogenados, em quantidades de até 300 kg de N/ha, que serão utilizados pela planta. Além da economia obtida quando se substitui a utilização de fertilizantes nitrogenados industrias pela inoculação da soja com bactérias do gênero Bradyhrizobium, essa é uma tecnologia extremamente simples e que não polui o meio ambiente.

Qual o custo do inoculante para o produtor?

Apesar do investimento em pesquisa e tecnologia, o custo do inoculante, suficiente para o plantio de um hectare, geralmente não ultrapassa o valor de R$ 8,00.

A bactéria fixadora de N2 mais conhecida pelo público é o rizobium aplicado na soja. Em quais outras culturas ele pode ser aplicado?

No feijão, ervilha, feijão-caupi, leguminosas forrageiras, arbóreas e de adubo verde. Em relação ao feijão, devido a uma série de fatores relacionados à bactéria, à planta e ao meio ambiente, de modo diferente da cultura da soja, a inoculação nem sempre é suficiente para fornecer todo o N exigido pela cultura. Mesmo assim, vários resultados de pesquisa indicam que o feijoeiro pode se beneficiar consideravelmente do processo biológico, principalmente porque os inoculantes incluem estirpes mais eficientes.

No caso da ervilha e lentilha, a Embrapa Cerrados selecionou e lançou estirpes de rizóbio adaptadas às condições de Cerrado, capazes de substituir totalmente o uso de adubos nitrogenados nessas culturas, de modo semelhante ao que ocorre com a soja. Para o feijão-caupi, em trabalhos coordenados pela Embrapa Agrobiologia, a seleção de estirpes eficientes e adaptadas às condições regionais culminou com o lançamento da estirpe BR 3267, que possibilitou incrementos de produtividade de até 40% em condições experimentais e de até 52% nas áreas de agricultores experimentadores.

O milho também é uma cultura que pode ser beneficiada pela FBN?

Sim. A pesquisa descobriu uma bactéria capaz de reduzir o nitrogênio do ar de forma assimilável pela planta, chamada de Herbaspirillum seropedicae. A bactéria foi isolada inicialmente de arroz, milho e sorgo e posteriormente de outras plantas tais como cana-de-açúcar e gramíneas forrageiras. Segundo a pesquisa, utilizando essa  bactéria para o inoculante de milho, o produtor poderá reduzir em até 50% a dose do N-fertilizante.

Além da nutrição nitrogenada, a inoculação com as bactérias fixadoras de N2 pode trazer outros benefícios para as plantas?

Além da FBN, a maioria dessas bactérias também é conhecida pela capacidade de produzir hormônios de crescimento das plantas. A produção dessas substâncias promotoras de crescimento pode estimular o aumento da densidade de pelos radiculares, da taxa de aparecimento de raízes secundárias e da superfície radicular. Esse incremento resulta em melhoria na absorção de água e nutrientes, aumentando assim, a capacidade de a planta produzir e suportar estresses ambientais.

Por que os fungos não podem ser classificados como plantas?

Todos os fungos são heterotróficos, ou seja, diferentemente das plantas, não são capazes de produzir seu próprio alimento, nutrindo-se por absorção. Além de heterotróficos, os fungos são seres eucarióticos e podem ser unicelulares, como no caso das leveduras, ou multicelulares, como os cogumelos.

Por que os fungos são confundidos com plantas?

Os fungos foram, por muito tempo, confundidos com plantas. Entretanto, eles são organismos heterotróficos. Alguns fungos, para produzir a energia de que necessitam, realizam o processo de fermentação.

Qual a principal característica que fez com que fungos não sejam classificados no reino planta?

A característica principal que diferencia os fungos das plantas é a nutrição. Enquanto fungos são heterotróficos, as plantas são autotróficas. No Reino Fungi, é possível encontrar representantes multicelulares e unicelulares.

Por que os fungos são considerados evolutivamente mais próximos dos animais do que das plantas?

Podem ser uni ou multicelulares, com parede formada predominantemente por quitina, armazenando glicogênio. Em razão dessas duas características e do tipo de nutrição é que, na atualidade, os fungos são considerados, evolutivamente falando, mais aparentados dos animais do que das plantas.